Português
Eduardo Vasco
March 10, 2024
© Photo: SCF

O áudio vazado comprova que a guerra na Ucrânia não é uma guerra entre Rússia e Ucrânia, mas sim uma guerra entre Rússia e OTAN.

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No dia 1º de março, a editora-chefe do grupo Rossiya Segodnya, a jornalista Margarita Simonyan, revelou, em seu canal no Telegram, um áudio de 38 minutos em que oficiais da Força Aérea Alemã (Luftwaffe) discutiam a possibilidade do envio de mísseis de longo-alcance Taurus à Ucrânia e se eles conseguiriam atingir a ponte da Crimeia, no Estreito de Kerch, que liga a península ao continente e é território russo.

A imprensa russa, naturalmente, deu grande destaque à revelação. Isso obrigou os principais meios de comunicação ocidentais – principalmente os alemães – a noticiarem o vazamento. Mas quem achava que um milagre aconteceria, isto é, que a imprensa ocidental finalmente levantaria a questão das ameaças militares da OTAN contra a Rússia… bem, essas pessoas simplesmente são muito ingênuas.

Os meios de comunicação de massa do Ocidente, como sempre, trataram de manipular o noticiário e esconder a questão principal.

New York Times, The Washington Post, BBC, The Guardian, Die Welt e Der Spiegel publicaram 39 artigos sobre o tema em seus respectivos websites entre o momento da revelação da notícia e a noite do dia 6 de março (quando escrevo estas linhas).

Os dois jornais norte-americanos não quiseram dar destaque ao assunto. O Post publicou duas reportagens e o Times apenas uma. As três expressaram preocupação com a fragilidade dos sistemas de segurança da inteligência alemã diante da espionagem russa.

Os europeus, como vem ocorrendo há tempos, carregaram muito mais na propaganda contra a Rússia. A BBC publicou quatro matérias, todas se referindo à falha de proteção das comunicações da Luftwaffe. The Guardian veiculou cinco artigos. A maioria alerta para a falha dos alemães e trata os russos como grandes vilões ameaçadores. No entanto, é preciso fazer uma menção honrosa à coluna de Simon Jenkins, o único que foi permitido dizer que as conversas vazadas demonstram que a OTAN está ameaçando a Rússia com uma escalada no conflito.

Como todos sabemos, essa gota de água no meio do oceano não tem a menor possibilidade de contrabalancear a inundação de propaganda de guerra e fake news da imprensa britânica contra a Rússia. Os donos dos jornais só permitem a liberdade de expressão quando ela é inofensiva – e tratam de isolar as opiniões minimamente independentes.

Agora falemos sobre a cobertura dos jornais alemães. O Die Welt publicou 18 peças sobre o escândalo do vazamento, e o tratou como tal. É claro que o principal motivo do escândalo foi – para os propagandistas de guerra alemães – a interceptação e divulgação da conversa, e não o seu conteúdo.

Toda a repercussão do Die Welt gira em torno das falhas no sistema de segurança das forças armadas da Alemanha e na espionagem russa. Discute-se brevemente a possibilidade de Olaf Scholz enviar os Taurus para Zelensky e chega-se a afirmar que a Alemanha está colocando em perigo os seus aliados ocidentais, ao permitir a interceptação de conversas que possam mencionar informações confidenciais e comprometedoras – como a participação de soldados britânicos na Ucrânia, conforme foi citado na conversa em questão.

Uma única reportagem do Die Welt apresenta uma opinião “dissidente”, que não seja “propaganda russa”: a breve fala de um membro do AfD – que, no entanto, é tachado de agente russo pelo Estado alemão e seus agentes, como a imprensa.

Artigo assinado por Pavel Lokshin tem o seguinte título: “Kremlin está usando os vazamentos do Taurus para ameaçar uma guerra contra a Alemanha”. Claro, foram os russos que cogitaram explodir uma ponte em território alemão, não?

Por sua vez, o Der Spiegel, em suas nove matérias sobre o caso, reproduz o mesmo discurso do Die Welt sobre as falhas na segurança alemã e o perigo da espionagem russa. Também desqualifica as denúncias do Kremlin de que a conversa é uma prova clara do envolvimento direto da OTAN na guerra na Ucrânia e o quanto isso ameaça a segurança nacional russa.

análise de Christina Hebel é a única peça nesses dois veículos alemães que leva mais a sério as acusações do governo russo e o envolvimento alemão na guerra, mas seria um exagero dizer que essa publicação estaria na esfera do jornalismo.

Em resumo, a cobertura desses jornais – e a cobertura dos outros veículos de grande circulação no Ocidente não é diferente – é absolutamente enviesada e manipulada. Na verdade, como sempre ocorre, eles invertem os papéis: a Alemanha, que ameaçou explodir uma ponte na Rússia, é a vítima, enquanto a Rússia é a vilã!

Se ao menos algum desses jornais realmente fosse uma ferramenta jornalística, e não de propaganda, deveria publicar um artigo com um título como “Oficiais alemães cogitaram explodir ponte na Rússia” ou “Áudios revelam discussão sobre ataque à Rússia com armas alemãs”.

Afinal de contas, o que é mais grave: o vazamento do áudio pela inteligência russa ou a discussão entre altos oficiais alemães sobre um ataque militar à Rússia? Nenhuma pessoa honesta optaria pela primeira opção. Mas não estamos lidando com pessoas honestas quando falamos sobre o “jornalismo” na Europa e nos Estados Unidos.

Não posso deixar de questionar: e se fosse o contrário? E se uma conversa entre oficiais russos discutindo a explosão de uma ponte na Alemanha tivesse sido revelada? Será que a cobertura da imprensa ocidental também trataria o vazamento como algo mais grave que as ameaças de ataque militar?

É claro que não! Se fosse a Rússia cogitando atacar a Alemanha, não haveria 39 matérias nesses veículos, mas sim 3.900. A Rússia seria retratada como uma ameaça à civilização humana (mais do que é retratada hoje), um caos seria espalhado na sociedade alemã e ocidental e os tambores da guerra contra a Rússia estariam sendo tocados a plenos pulmões. Reuniões estariam sendo chamadas com urgência no Conselho de Segurança da ONU, as sanções unilaterais aumentariam absurdamente, todos os governos lacaios dos EUA e da União Europeia se pronunciaram publicamente condenando a loucura de Vladimir Putin.

São verdadeiros hipócritas. Contra a Rússia, vale tudo.

E, embora a maioria desses veículos de comunicação seja privada, atuam todos como órgãos governamentais, sob estrito controle de seus respectivos Estados, como verdadeiros porta-vozes dos governantes. Mas quem controla a imprensa é a Rússia, quem difunde propaganda é a Rússia e quem desinforma é a Rússia, não é mesmo?

O áudio vazado comprova que a guerra na Ucrânia não é uma guerra entre Rússia e Ucrânia, mas sim uma guerra entre Rússia e OTAN. A imprensa ocidental fortalece essa afirmação ao fazer propaganda de guerra contra a Rússia e a incentivar ataques contra a Rússia.

A imprensa, segundo o próprio discurso ocidental, seria um protetor do interesse público contra os arbítrios dos governantes. Isso é conversa mole. A imprensa, na verdade, mesmo as empresas privadas, são ferramentas desses mesmos governantes para controlar e oprimir os governados.

Um número crescente de alemães se opõe ao envio de armas à Ucrânia e à participação da Alemanha em uma guerra contra a Rússia, mas são enganados e traídos sistematicamente pelo seu governo e pelos meios de comunicação de massa.

O que a imprensa ocidental não disse sobre o vazamento da conversa na Luftwaffe

O áudio vazado comprova que a guerra na Ucrânia não é uma guerra entre Rússia e Ucrânia, mas sim uma guerra entre Rússia e OTAN.

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No dia 1º de março, a editora-chefe do grupo Rossiya Segodnya, a jornalista Margarita Simonyan, revelou, em seu canal no Telegram, um áudio de 38 minutos em que oficiais da Força Aérea Alemã (Luftwaffe) discutiam a possibilidade do envio de mísseis de longo-alcance Taurus à Ucrânia e se eles conseguiriam atingir a ponte da Crimeia, no Estreito de Kerch, que liga a península ao continente e é território russo.

A imprensa russa, naturalmente, deu grande destaque à revelação. Isso obrigou os principais meios de comunicação ocidentais – principalmente os alemães – a noticiarem o vazamento. Mas quem achava que um milagre aconteceria, isto é, que a imprensa ocidental finalmente levantaria a questão das ameaças militares da OTAN contra a Rússia… bem, essas pessoas simplesmente são muito ingênuas.

Os meios de comunicação de massa do Ocidente, como sempre, trataram de manipular o noticiário e esconder a questão principal.

New York Times, The Washington Post, BBC, The Guardian, Die Welt e Der Spiegel publicaram 39 artigos sobre o tema em seus respectivos websites entre o momento da revelação da notícia e a noite do dia 6 de março (quando escrevo estas linhas).

Os dois jornais norte-americanos não quiseram dar destaque ao assunto. O Post publicou duas reportagens e o Times apenas uma. As três expressaram preocupação com a fragilidade dos sistemas de segurança da inteligência alemã diante da espionagem russa.

Os europeus, como vem ocorrendo há tempos, carregaram muito mais na propaganda contra a Rússia. A BBC publicou quatro matérias, todas se referindo à falha de proteção das comunicações da Luftwaffe. The Guardian veiculou cinco artigos. A maioria alerta para a falha dos alemães e trata os russos como grandes vilões ameaçadores. No entanto, é preciso fazer uma menção honrosa à coluna de Simon Jenkins, o único que foi permitido dizer que as conversas vazadas demonstram que a OTAN está ameaçando a Rússia com uma escalada no conflito.

Como todos sabemos, essa gota de água no meio do oceano não tem a menor possibilidade de contrabalancear a inundação de propaganda de guerra e fake news da imprensa britânica contra a Rússia. Os donos dos jornais só permitem a liberdade de expressão quando ela é inofensiva – e tratam de isolar as opiniões minimamente independentes.

Agora falemos sobre a cobertura dos jornais alemães. O Die Welt publicou 18 peças sobre o escândalo do vazamento, e o tratou como tal. É claro que o principal motivo do escândalo foi – para os propagandistas de guerra alemães – a interceptação e divulgação da conversa, e não o seu conteúdo.

Toda a repercussão do Die Welt gira em torno das falhas no sistema de segurança das forças armadas da Alemanha e na espionagem russa. Discute-se brevemente a possibilidade de Olaf Scholz enviar os Taurus para Zelensky e chega-se a afirmar que a Alemanha está colocando em perigo os seus aliados ocidentais, ao permitir a interceptação de conversas que possam mencionar informações confidenciais e comprometedoras – como a participação de soldados britânicos na Ucrânia, conforme foi citado na conversa em questão.

Uma única reportagem do Die Welt apresenta uma opinião “dissidente”, que não seja “propaganda russa”: a breve fala de um membro do AfD – que, no entanto, é tachado de agente russo pelo Estado alemão e seus agentes, como a imprensa.

Artigo assinado por Pavel Lokshin tem o seguinte título: “Kremlin está usando os vazamentos do Taurus para ameaçar uma guerra contra a Alemanha”. Claro, foram os russos que cogitaram explodir uma ponte em território alemão, não?

Por sua vez, o Der Spiegel, em suas nove matérias sobre o caso, reproduz o mesmo discurso do Die Welt sobre as falhas na segurança alemã e o perigo da espionagem russa. Também desqualifica as denúncias do Kremlin de que a conversa é uma prova clara do envolvimento direto da OTAN na guerra na Ucrânia e o quanto isso ameaça a segurança nacional russa.

análise de Christina Hebel é a única peça nesses dois veículos alemães que leva mais a sério as acusações do governo russo e o envolvimento alemão na guerra, mas seria um exagero dizer que essa publicação estaria na esfera do jornalismo.

Em resumo, a cobertura desses jornais – e a cobertura dos outros veículos de grande circulação no Ocidente não é diferente – é absolutamente enviesada e manipulada. Na verdade, como sempre ocorre, eles invertem os papéis: a Alemanha, que ameaçou explodir uma ponte na Rússia, é a vítima, enquanto a Rússia é a vilã!

Se ao menos algum desses jornais realmente fosse uma ferramenta jornalística, e não de propaganda, deveria publicar um artigo com um título como “Oficiais alemães cogitaram explodir ponte na Rússia” ou “Áudios revelam discussão sobre ataque à Rússia com armas alemãs”.

Afinal de contas, o que é mais grave: o vazamento do áudio pela inteligência russa ou a discussão entre altos oficiais alemães sobre um ataque militar à Rússia? Nenhuma pessoa honesta optaria pela primeira opção. Mas não estamos lidando com pessoas honestas quando falamos sobre o “jornalismo” na Europa e nos Estados Unidos.

Não posso deixar de questionar: e se fosse o contrário? E se uma conversa entre oficiais russos discutindo a explosão de uma ponte na Alemanha tivesse sido revelada? Será que a cobertura da imprensa ocidental também trataria o vazamento como algo mais grave que as ameaças de ataque militar?

É claro que não! Se fosse a Rússia cogitando atacar a Alemanha, não haveria 39 matérias nesses veículos, mas sim 3.900. A Rússia seria retratada como uma ameaça à civilização humana (mais do que é retratada hoje), um caos seria espalhado na sociedade alemã e ocidental e os tambores da guerra contra a Rússia estariam sendo tocados a plenos pulmões. Reuniões estariam sendo chamadas com urgência no Conselho de Segurança da ONU, as sanções unilaterais aumentariam absurdamente, todos os governos lacaios dos EUA e da União Europeia se pronunciaram publicamente condenando a loucura de Vladimir Putin.

São verdadeiros hipócritas. Contra a Rússia, vale tudo.

E, embora a maioria desses veículos de comunicação seja privada, atuam todos como órgãos governamentais, sob estrito controle de seus respectivos Estados, como verdadeiros porta-vozes dos governantes. Mas quem controla a imprensa é a Rússia, quem difunde propaganda é a Rússia e quem desinforma é a Rússia, não é mesmo?

O áudio vazado comprova que a guerra na Ucrânia não é uma guerra entre Rússia e Ucrânia, mas sim uma guerra entre Rússia e OTAN. A imprensa ocidental fortalece essa afirmação ao fazer propaganda de guerra contra a Rússia e a incentivar ataques contra a Rússia.

A imprensa, segundo o próprio discurso ocidental, seria um protetor do interesse público contra os arbítrios dos governantes. Isso é conversa mole. A imprensa, na verdade, mesmo as empresas privadas, são ferramentas desses mesmos governantes para controlar e oprimir os governados.

Um número crescente de alemães se opõe ao envio de armas à Ucrânia e à participação da Alemanha em uma guerra contra a Rússia, mas são enganados e traídos sistematicamente pelo seu governo e pelos meios de comunicação de massa.

O áudio vazado comprova que a guerra na Ucrânia não é uma guerra entre Rússia e Ucrânia, mas sim uma guerra entre Rússia e OTAN.

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No dia 1º de março, a editora-chefe do grupo Rossiya Segodnya, a jornalista Margarita Simonyan, revelou, em seu canal no Telegram, um áudio de 38 minutos em que oficiais da Força Aérea Alemã (Luftwaffe) discutiam a possibilidade do envio de mísseis de longo-alcance Taurus à Ucrânia e se eles conseguiriam atingir a ponte da Crimeia, no Estreito de Kerch, que liga a península ao continente e é território russo.

A imprensa russa, naturalmente, deu grande destaque à revelação. Isso obrigou os principais meios de comunicação ocidentais – principalmente os alemães – a noticiarem o vazamento. Mas quem achava que um milagre aconteceria, isto é, que a imprensa ocidental finalmente levantaria a questão das ameaças militares da OTAN contra a Rússia… bem, essas pessoas simplesmente são muito ingênuas.

Os meios de comunicação de massa do Ocidente, como sempre, trataram de manipular o noticiário e esconder a questão principal.

New York Times, The Washington Post, BBC, The Guardian, Die Welt e Der Spiegel publicaram 39 artigos sobre o tema em seus respectivos websites entre o momento da revelação da notícia e a noite do dia 6 de março (quando escrevo estas linhas).

Os dois jornais norte-americanos não quiseram dar destaque ao assunto. O Post publicou duas reportagens e o Times apenas uma. As três expressaram preocupação com a fragilidade dos sistemas de segurança da inteligência alemã diante da espionagem russa.

Os europeus, como vem ocorrendo há tempos, carregaram muito mais na propaganda contra a Rússia. A BBC publicou quatro matérias, todas se referindo à falha de proteção das comunicações da Luftwaffe. The Guardian veiculou cinco artigos. A maioria alerta para a falha dos alemães e trata os russos como grandes vilões ameaçadores. No entanto, é preciso fazer uma menção honrosa à coluna de Simon Jenkins, o único que foi permitido dizer que as conversas vazadas demonstram que a OTAN está ameaçando a Rússia com uma escalada no conflito.

Como todos sabemos, essa gota de água no meio do oceano não tem a menor possibilidade de contrabalancear a inundação de propaganda de guerra e fake news da imprensa britânica contra a Rússia. Os donos dos jornais só permitem a liberdade de expressão quando ela é inofensiva – e tratam de isolar as opiniões minimamente independentes.

Agora falemos sobre a cobertura dos jornais alemães. O Die Welt publicou 18 peças sobre o escândalo do vazamento, e o tratou como tal. É claro que o principal motivo do escândalo foi – para os propagandistas de guerra alemães – a interceptação e divulgação da conversa, e não o seu conteúdo.

Toda a repercussão do Die Welt gira em torno das falhas no sistema de segurança das forças armadas da Alemanha e na espionagem russa. Discute-se brevemente a possibilidade de Olaf Scholz enviar os Taurus para Zelensky e chega-se a afirmar que a Alemanha está colocando em perigo os seus aliados ocidentais, ao permitir a interceptação de conversas que possam mencionar informações confidenciais e comprometedoras – como a participação de soldados britânicos na Ucrânia, conforme foi citado na conversa em questão.

Uma única reportagem do Die Welt apresenta uma opinião “dissidente”, que não seja “propaganda russa”: a breve fala de um membro do AfD – que, no entanto, é tachado de agente russo pelo Estado alemão e seus agentes, como a imprensa.

Artigo assinado por Pavel Lokshin tem o seguinte título: “Kremlin está usando os vazamentos do Taurus para ameaçar uma guerra contra a Alemanha”. Claro, foram os russos que cogitaram explodir uma ponte em território alemão, não?

Por sua vez, o Der Spiegel, em suas nove matérias sobre o caso, reproduz o mesmo discurso do Die Welt sobre as falhas na segurança alemã e o perigo da espionagem russa. Também desqualifica as denúncias do Kremlin de que a conversa é uma prova clara do envolvimento direto da OTAN na guerra na Ucrânia e o quanto isso ameaça a segurança nacional russa.

análise de Christina Hebel é a única peça nesses dois veículos alemães que leva mais a sério as acusações do governo russo e o envolvimento alemão na guerra, mas seria um exagero dizer que essa publicação estaria na esfera do jornalismo.

Em resumo, a cobertura desses jornais – e a cobertura dos outros veículos de grande circulação no Ocidente não é diferente – é absolutamente enviesada e manipulada. Na verdade, como sempre ocorre, eles invertem os papéis: a Alemanha, que ameaçou explodir uma ponte na Rússia, é a vítima, enquanto a Rússia é a vilã!

Se ao menos algum desses jornais realmente fosse uma ferramenta jornalística, e não de propaganda, deveria publicar um artigo com um título como “Oficiais alemães cogitaram explodir ponte na Rússia” ou “Áudios revelam discussão sobre ataque à Rússia com armas alemãs”.

Afinal de contas, o que é mais grave: o vazamento do áudio pela inteligência russa ou a discussão entre altos oficiais alemães sobre um ataque militar à Rússia? Nenhuma pessoa honesta optaria pela primeira opção. Mas não estamos lidando com pessoas honestas quando falamos sobre o “jornalismo” na Europa e nos Estados Unidos.

Não posso deixar de questionar: e se fosse o contrário? E se uma conversa entre oficiais russos discutindo a explosão de uma ponte na Alemanha tivesse sido revelada? Será que a cobertura da imprensa ocidental também trataria o vazamento como algo mais grave que as ameaças de ataque militar?

É claro que não! Se fosse a Rússia cogitando atacar a Alemanha, não haveria 39 matérias nesses veículos, mas sim 3.900. A Rússia seria retratada como uma ameaça à civilização humana (mais do que é retratada hoje), um caos seria espalhado na sociedade alemã e ocidental e os tambores da guerra contra a Rússia estariam sendo tocados a plenos pulmões. Reuniões estariam sendo chamadas com urgência no Conselho de Segurança da ONU, as sanções unilaterais aumentariam absurdamente, todos os governos lacaios dos EUA e da União Europeia se pronunciaram publicamente condenando a loucura de Vladimir Putin.

São verdadeiros hipócritas. Contra a Rússia, vale tudo.

E, embora a maioria desses veículos de comunicação seja privada, atuam todos como órgãos governamentais, sob estrito controle de seus respectivos Estados, como verdadeiros porta-vozes dos governantes. Mas quem controla a imprensa é a Rússia, quem difunde propaganda é a Rússia e quem desinforma é a Rússia, não é mesmo?

O áudio vazado comprova que a guerra na Ucrânia não é uma guerra entre Rússia e Ucrânia, mas sim uma guerra entre Rússia e OTAN. A imprensa ocidental fortalece essa afirmação ao fazer propaganda de guerra contra a Rússia e a incentivar ataques contra a Rússia.

A imprensa, segundo o próprio discurso ocidental, seria um protetor do interesse público contra os arbítrios dos governantes. Isso é conversa mole. A imprensa, na verdade, mesmo as empresas privadas, são ferramentas desses mesmos governantes para controlar e oprimir os governados.

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The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.

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