Português
Stephen Karganovic
August 3, 2024
© Photo: Public domain

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

A polícia grega, por instigação do Patriarca Bartolomeu em Istambul, fez recentemente tentativa agressiva de ocupar o mosteiro ortodoxo Esfigmenou, situado no território da república monástica autônoma do Monte Athos. O principal objetivo era expulsar à força os monges tradicionalistas que aí vivem e rezam. O objetivo secundário do ataque era criar pretexto para estacionar permanentemente forças governamentais gregas nas proximidades de cada um dos mosteiros da península de Athos. O vergonhoso assalto foi réplica copiar/colar de operação semelhante que tinha sido anteriormente levada a cabo pelo regime de Kiev contra os monges do Lavra das Grutas de Kiev, na Ucrânia.

As analogias são notáveis e vão consideravelmente mais longe do que o mero desalojamento/despejo. Em ambos os casos o objetivo final por detrás do ataque indecoroso a comunidade religiosa pacífica era arrancá-la fisicamente dos utilizadores legítimos, a fim de transferi-la para controle de outro grupo ilegítimo, mas cooperativo. No caso ucraniano o beneficiário ilegítimo é a Igreja Ortodoxa não canônica da Ucrânia, que foi criada em 2018 na sequência de procedimento questionável improvisado pelo mesmo Patriarca Bartolomeu. No Monte Athos, há alguns dias, a intenção por trás da tentativa de aquisição era instalar no mosteiro Esfigmenou desocupado pequeno grupo de monges submissos/colaboracionistas que professavam lealdade ao Patriarcado de Istambul. Mais uma vez vemos aqui a pegada/as impressões digitais de Bartolomeu.

Do mesmo modo que o ultraje perpetrado pelo regime de Kiev contra o Lavra recebeu pouca atenção na grande mídia do Ocidente, as mesmas fontes de “informação” também permaneceram conspicuamente silenciosas acerca da perseguição aos monges ortodoxos de Esfigmenou e da ameaça de invasão do seu mosteiro pela polícia grega.

Há dois fios condutores comuns que ligam esses acontecimentos: o Patriarca “Ortodoxo” Bartolomeu em Istambul e a OTAN.

Bartolomeu tem suscitado muita oposição no mundo Ortodoxo por causa de sua flagrante promoção do ecumenismo, bem como de vasto leque de causas mundanas da moda, como a “agenda verde”, em que se envolveu. Essas atividades são vistas por muitos como atentado à dignidade e à singularidade da fé Ortodoxa, que a sua sé de Istambul tem o dever de representar e defender. Igualmente perturbadora da tranquilidade da comunhão Ortodoxa tem sido a defesa cada vez mais estridente da ideologia religiosa globalista por parte de Bartolomeu, que está em plena sintonia com o Vaticano. O mandato de Bartolomeu também tem sido marcado por política de interferência agressiva nos assuntos de outras igrejas Ortodoxas autocéfalas e por tentativas de centralizar o mundo Ortodoxo sob os seus auspícios. Exemplo disso é a criação arbitrária, no território canônico da Igreja Ortodoxa Russa na Ucrânia, de organização eclesiástica concorrente inteiramente dependente dele próprio.

O objetivo final dessas manobras é elevar o Patriarca de Istambul ao nível de “Papa Oriental”. Em seguida fundirá o seu domínio, constituído por antigas igrejas Ortodoxas autocéfalas, com a estrutura dirigida pelo seu homólogo do Vaticano. De acordo com esse plano, cuja execução está prevista para 2025, as duas grandes comunidades da Cristandade acabariam por ser integradas numa entidade religiosa globalista, ao mesmo tempo que seriam expurgadas dos seus elementos tradicionalistas. A nova “religião do futuro” sintética está claramente a ser desenhada/delineada. Estava a ser promovida discretamente, mas agora está a ser feita com abertura/caráter explícito crescente. Será configurada para funcionar de forma confortável e inofensiva no mundo distópico imaginado por avatares globalistas como Klaus Schwab e o seu “profeta” Yuval Harari.

Os monges de Esfigmenou não aceitam enquadrar-se nesse esquema. Desde os anos 60 opuseram-se com grande determinação a essas tendências, recusando-se a participar na degradação da sua antiga fé. Tornaram-se assim espinho na carne de Bartolomeu e dos seus antecessores, pelo fato de não se ajoelharem perante os hierarcas que consideram heréticos e pela recusa categórica de lhes prestarem homenagem nas suas liturgias. Mais cedo ou mais tarde a decisão de esmagar, “cancelar” e dispersar esses clérigos obstinados estava destinada a ser tomada e, como vimos recentemente, foi exatamente isso que aconteceu.

No entanto essa é uma questão que vai muito para além dos limites de disputa eclesiástica arcana. Isso porque o outro grande fator desta controvérsia é a OTAN, o punho armado do Ocidente coletivo pós-cristão, do qual a Grécia é membro obediente e do qual a Ucrânia é dependente. O espetáculo sacrílego da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos em França, também membro da OTAN e imbuído do mesmo espírito neopagão agressivo, sugere com notável clareza a identidade do mestre oculto a quem esse espírito e os seus instrumentos terrestres servem, tanto na Grécia como na Ucrânia.

À parte as armadilhas eclesiásticas e a política laica, a invasão policial de Esfigmenou, na Grécia da OTAN, foi retaliação direta à defesa intransigente da fé tradicional por parte do mosteiro. Só pode ser compreendida no contexto da intensificação da oposição entre a religião tradicional e seu falso adversário ocultista. Considerações idênticas explicam a incursão do regime de Kiev no território sacrossanto do antigo lavra ortodoxo, exceto que foi executada de forma muito mais crua, deixando ainda menos ambiguidade quanto à sua verdadeira origem e natureza.

Todavia, embora a rusga da polícia grega ao Monte Athos tenha sido cancelada à última hora por causa de intensos protestos de leigos ortodoxos em toda a Grécia, o assalto a Esfigmenou foi apenas suspenso, não abandonado. Os objetivos finais subjacentes à operação permanecem inalterados e são essencialmente indistinguíveis da razão de ser da tomada do Lavra de Kiev pelo regime ucraniano. O plano previa a instalação de contingentes policiais gregos por toda a parte na república monástica de Athos, após o ataque, para garantir a “segurança”, enquanto o seu estatuto autônomo, garantido por convenções internacionais que nem os otomanos violaram, seria revogado. Os planeadores do ataque chegaram mesmo ao absurdo de afirmar que unidade das forças especiais russas tinha-se posicionado clandestinamente no terreno do mosteiro de Esfigmenou.

Complexo religioso de grande significado espiritual como o de Athos, composto por vinte grandes mosteiros com vínculos com a maioria das nações ortodoxas, guardando ciosamente a pureza da fé Ortodoxa e observando estritamente, há mais de dez séculos, as regras tradicionais da vida monástica, não tem lugar na nova Europa que está a emergir sinistramente. É incompatível, em muitos níveis, com os conceitos ideológicos globalistas que estão a ser impiedosamente implementados onde quer que a resistência à sua imposição não seja suficientemente forte para bloqueá-los. E, evidentemente, os recursos terrenos de que dispõem os monges de Esfigmenou para resistir à reformatação forçada da sua fortaleza espiritual, tal como os dos seus correligionários em Kiev, são de mínimos a inexistentes.

Os poderes instituídos e os seus ambiciosos colaboradores no seio da hierarquia da Igreja estão bem cientes dessa correlação de forças, tão desfavorável aos indefesos guardiães da tradição Ortodoxa. O Secretário-Geral da OTAN, Stoltenberg, e vários generais proeminentes da Aliança identificam oficialmente a Igreja Ortodoxa como adversário espiritual formidável na atual disputa pela supremacia global. É, portanto, natural que as fortalezas Ortodoxas estejam a ser alvo de ataques, tanto físicos como simbólicos.

Já vimos esse princípio em ação na Ucrânia, quando a junta nazi, que nada faz por si própria, agindo sem o consentimento das autoridades eclesiásticas legítimas retirou a maior parte do relicário do Lavra de Kiev e o enviou para o Ocidente coletivo para “salvaguarda”, de forma que faz lembrar o saque de Bizâncio e dos seus tesouros religiosos e artísticos pelos Cruzados. Quanto ao Monte Athos, já há algum tempo, antes das mais recentes profanações, estavam a ser discutidos planos para anular a sua autonomia como “relíquia do passado” e para incorporá-lo totalmente ao sistema político da Grécia e, portanto, também da OTAN e da União Europeia – UE. Isso facilitaria a imposição de preceitos e regulamentos da UE, a fim de transformar fundamentalmente um dos principais enclaves remanescentes de tradição religiosa claramente incompatível com a modernidade neopagã.

A intenção final é destruir Athos, transformando-o num parque temático religioso para turistas, onde os monges seriam reduzidos a meras curiosidades para entretenimento dos visitantes, tal como os africanos trazidos do Congo e expostos no “jardim zoológico humano” montado na Feira Mundial de Bruxelas em 1958.

Seria justo dizer que o escárnio da dignidade humana que se tornou evidente nessa ocasião, em Bruxelas, há sessenta anos, foi apenas precursor da implosão moral e espiritual geral que em breve se seguiria e que abarcaria toda a Europa, agora com sede coletiva também em Bruxelas, bem como o resto do mundo ocidental. Essa triste realidade refletiu-se, há alguns dias, nas imagens maléficas deliberadamente seleccionadas que foram exibidas em Paris na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, dos quais a Rússia teve a sorte de ser excluída.

Tucker Carlson fez observação perspicaz quando disse que, no mundo contemporâneo, a maioria dos conflitos significativos são essencialmente de natureza religiosa, sugerindo que os provocadores de conflitos estão também/ademais agindo a serviço de um “deus”, ainda que falso. Carlson acertou em cheio. A atividade sinistramente intensificada e cada vez mais pública dos seguidores dos outros “deuses”, e dos seus lacaios em lugares de destaque, confirma-o.

Da Ucrânia a guerra contra a Ortodoxia volta-se agora para a Grécia

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A polícia grega, por instigação do Patriarca Bartolomeu em Istambul, fez recentemente tentativa agressiva de ocupar o mosteiro ortodoxo Esfigmenou, situado no território da república monástica autônoma do Monte Athos. O principal objetivo era expulsar à força os monges tradicionalistas que aí vivem e rezam. O objetivo secundário do ataque era criar pretexto para estacionar permanentemente forças governamentais gregas nas proximidades de cada um dos mosteiros da península de Athos. O vergonhoso assalto foi réplica copiar/colar de operação semelhante que tinha sido anteriormente levada a cabo pelo regime de Kiev contra os monges do Lavra das Grutas de Kiev, na Ucrânia.

As analogias são notáveis e vão consideravelmente mais longe do que o mero desalojamento/despejo. Em ambos os casos o objetivo final por detrás do ataque indecoroso a comunidade religiosa pacífica era arrancá-la fisicamente dos utilizadores legítimos, a fim de transferi-la para controle de outro grupo ilegítimo, mas cooperativo. No caso ucraniano o beneficiário ilegítimo é a Igreja Ortodoxa não canônica da Ucrânia, que foi criada em 2018 na sequência de procedimento questionável improvisado pelo mesmo Patriarca Bartolomeu. No Monte Athos, há alguns dias, a intenção por trás da tentativa de aquisição era instalar no mosteiro Esfigmenou desocupado pequeno grupo de monges submissos/colaboracionistas que professavam lealdade ao Patriarcado de Istambul. Mais uma vez vemos aqui a pegada/as impressões digitais de Bartolomeu.

Do mesmo modo que o ultraje perpetrado pelo regime de Kiev contra o Lavra recebeu pouca atenção na grande mídia do Ocidente, as mesmas fontes de “informação” também permaneceram conspicuamente silenciosas acerca da perseguição aos monges ortodoxos de Esfigmenou e da ameaça de invasão do seu mosteiro pela polícia grega.

Há dois fios condutores comuns que ligam esses acontecimentos: o Patriarca “Ortodoxo” Bartolomeu em Istambul e a OTAN.

Bartolomeu tem suscitado muita oposição no mundo Ortodoxo por causa de sua flagrante promoção do ecumenismo, bem como de vasto leque de causas mundanas da moda, como a “agenda verde”, em que se envolveu. Essas atividades são vistas por muitos como atentado à dignidade e à singularidade da fé Ortodoxa, que a sua sé de Istambul tem o dever de representar e defender. Igualmente perturbadora da tranquilidade da comunhão Ortodoxa tem sido a defesa cada vez mais estridente da ideologia religiosa globalista por parte de Bartolomeu, que está em plena sintonia com o Vaticano. O mandato de Bartolomeu também tem sido marcado por política de interferência agressiva nos assuntos de outras igrejas Ortodoxas autocéfalas e por tentativas de centralizar o mundo Ortodoxo sob os seus auspícios. Exemplo disso é a criação arbitrária, no território canônico da Igreja Ortodoxa Russa na Ucrânia, de organização eclesiástica concorrente inteiramente dependente dele próprio.

O objetivo final dessas manobras é elevar o Patriarca de Istambul ao nível de “Papa Oriental”. Em seguida fundirá o seu domínio, constituído por antigas igrejas Ortodoxas autocéfalas, com a estrutura dirigida pelo seu homólogo do Vaticano. De acordo com esse plano, cuja execução está prevista para 2025, as duas grandes comunidades da Cristandade acabariam por ser integradas numa entidade religiosa globalista, ao mesmo tempo que seriam expurgadas dos seus elementos tradicionalistas. A nova “religião do futuro” sintética está claramente a ser desenhada/delineada. Estava a ser promovida discretamente, mas agora está a ser feita com abertura/caráter explícito crescente. Será configurada para funcionar de forma confortável e inofensiva no mundo distópico imaginado por avatares globalistas como Klaus Schwab e o seu “profeta” Yuval Harari.

Os monges de Esfigmenou não aceitam enquadrar-se nesse esquema. Desde os anos 60 opuseram-se com grande determinação a essas tendências, recusando-se a participar na degradação da sua antiga fé. Tornaram-se assim espinho na carne de Bartolomeu e dos seus antecessores, pelo fato de não se ajoelharem perante os hierarcas que consideram heréticos e pela recusa categórica de lhes prestarem homenagem nas suas liturgias. Mais cedo ou mais tarde a decisão de esmagar, “cancelar” e dispersar esses clérigos obstinados estava destinada a ser tomada e, como vimos recentemente, foi exatamente isso que aconteceu.

No entanto essa é uma questão que vai muito para além dos limites de disputa eclesiástica arcana. Isso porque o outro grande fator desta controvérsia é a OTAN, o punho armado do Ocidente coletivo pós-cristão, do qual a Grécia é membro obediente e do qual a Ucrânia é dependente. O espetáculo sacrílego da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos em França, também membro da OTAN e imbuído do mesmo espírito neopagão agressivo, sugere com notável clareza a identidade do mestre oculto a quem esse espírito e os seus instrumentos terrestres servem, tanto na Grécia como na Ucrânia.

À parte as armadilhas eclesiásticas e a política laica, a invasão policial de Esfigmenou, na Grécia da OTAN, foi retaliação direta à defesa intransigente da fé tradicional por parte do mosteiro. Só pode ser compreendida no contexto da intensificação da oposição entre a religião tradicional e seu falso adversário ocultista. Considerações idênticas explicam a incursão do regime de Kiev no território sacrossanto do antigo lavra ortodoxo, exceto que foi executada de forma muito mais crua, deixando ainda menos ambiguidade quanto à sua verdadeira origem e natureza.

Todavia, embora a rusga da polícia grega ao Monte Athos tenha sido cancelada à última hora por causa de intensos protestos de leigos ortodoxos em toda a Grécia, o assalto a Esfigmenou foi apenas suspenso, não abandonado. Os objetivos finais subjacentes à operação permanecem inalterados e são essencialmente indistinguíveis da razão de ser da tomada do Lavra de Kiev pelo regime ucraniano. O plano previa a instalação de contingentes policiais gregos por toda a parte na república monástica de Athos, após o ataque, para garantir a “segurança”, enquanto o seu estatuto autônomo, garantido por convenções internacionais que nem os otomanos violaram, seria revogado. Os planeadores do ataque chegaram mesmo ao absurdo de afirmar que unidade das forças especiais russas tinha-se posicionado clandestinamente no terreno do mosteiro de Esfigmenou.

Complexo religioso de grande significado espiritual como o de Athos, composto por vinte grandes mosteiros com vínculos com a maioria das nações ortodoxas, guardando ciosamente a pureza da fé Ortodoxa e observando estritamente, há mais de dez séculos, as regras tradicionais da vida monástica, não tem lugar na nova Europa que está a emergir sinistramente. É incompatível, em muitos níveis, com os conceitos ideológicos globalistas que estão a ser impiedosamente implementados onde quer que a resistência à sua imposição não seja suficientemente forte para bloqueá-los. E, evidentemente, os recursos terrenos de que dispõem os monges de Esfigmenou para resistir à reformatação forçada da sua fortaleza espiritual, tal como os dos seus correligionários em Kiev, são de mínimos a inexistentes.

Os poderes instituídos e os seus ambiciosos colaboradores no seio da hierarquia da Igreja estão bem cientes dessa correlação de forças, tão desfavorável aos indefesos guardiães da tradição Ortodoxa. O Secretário-Geral da OTAN, Stoltenberg, e vários generais proeminentes da Aliança identificam oficialmente a Igreja Ortodoxa como adversário espiritual formidável na atual disputa pela supremacia global. É, portanto, natural que as fortalezas Ortodoxas estejam a ser alvo de ataques, tanto físicos como simbólicos.

Já vimos esse princípio em ação na Ucrânia, quando a junta nazi, que nada faz por si própria, agindo sem o consentimento das autoridades eclesiásticas legítimas retirou a maior parte do relicário do Lavra de Kiev e o enviou para o Ocidente coletivo para “salvaguarda”, de forma que faz lembrar o saque de Bizâncio e dos seus tesouros religiosos e artísticos pelos Cruzados. Quanto ao Monte Athos, já há algum tempo, antes das mais recentes profanações, estavam a ser discutidos planos para anular a sua autonomia como “relíquia do passado” e para incorporá-lo totalmente ao sistema político da Grécia e, portanto, também da OTAN e da União Europeia – UE. Isso facilitaria a imposição de preceitos e regulamentos da UE, a fim de transformar fundamentalmente um dos principais enclaves remanescentes de tradição religiosa claramente incompatível com a modernidade neopagã.

A intenção final é destruir Athos, transformando-o num parque temático religioso para turistas, onde os monges seriam reduzidos a meras curiosidades para entretenimento dos visitantes, tal como os africanos trazidos do Congo e expostos no “jardim zoológico humano” montado na Feira Mundial de Bruxelas em 1958.

Seria justo dizer que o escárnio da dignidade humana que se tornou evidente nessa ocasião, em Bruxelas, há sessenta anos, foi apenas precursor da implosão moral e espiritual geral que em breve se seguiria e que abarcaria toda a Europa, agora com sede coletiva também em Bruxelas, bem como o resto do mundo ocidental. Essa triste realidade refletiu-se, há alguns dias, nas imagens maléficas deliberadamente seleccionadas que foram exibidas em Paris na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, dos quais a Rússia teve a sorte de ser excluída.

Tucker Carlson fez observação perspicaz quando disse que, no mundo contemporâneo, a maioria dos conflitos significativos são essencialmente de natureza religiosa, sugerindo que os provocadores de conflitos estão também/ademais agindo a serviço de um “deus”, ainda que falso. Carlson acertou em cheio. A atividade sinistramente intensificada e cada vez mais pública dos seguidores dos outros “deuses”, e dos seus lacaios em lugares de destaque, confirma-o.

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

A polícia grega, por instigação do Patriarca Bartolomeu em Istambul, fez recentemente tentativa agressiva de ocupar o mosteiro ortodoxo Esfigmenou, situado no território da república monástica autônoma do Monte Athos. O principal objetivo era expulsar à força os monges tradicionalistas que aí vivem e rezam. O objetivo secundário do ataque era criar pretexto para estacionar permanentemente forças governamentais gregas nas proximidades de cada um dos mosteiros da península de Athos. O vergonhoso assalto foi réplica copiar/colar de operação semelhante que tinha sido anteriormente levada a cabo pelo regime de Kiev contra os monges do Lavra das Grutas de Kiev, na Ucrânia.

As analogias são notáveis e vão consideravelmente mais longe do que o mero desalojamento/despejo. Em ambos os casos o objetivo final por detrás do ataque indecoroso a comunidade religiosa pacífica era arrancá-la fisicamente dos utilizadores legítimos, a fim de transferi-la para controle de outro grupo ilegítimo, mas cooperativo. No caso ucraniano o beneficiário ilegítimo é a Igreja Ortodoxa não canônica da Ucrânia, que foi criada em 2018 na sequência de procedimento questionável improvisado pelo mesmo Patriarca Bartolomeu. No Monte Athos, há alguns dias, a intenção por trás da tentativa de aquisição era instalar no mosteiro Esfigmenou desocupado pequeno grupo de monges submissos/colaboracionistas que professavam lealdade ao Patriarcado de Istambul. Mais uma vez vemos aqui a pegada/as impressões digitais de Bartolomeu.

Do mesmo modo que o ultraje perpetrado pelo regime de Kiev contra o Lavra recebeu pouca atenção na grande mídia do Ocidente, as mesmas fontes de “informação” também permaneceram conspicuamente silenciosas acerca da perseguição aos monges ortodoxos de Esfigmenou e da ameaça de invasão do seu mosteiro pela polícia grega.

Há dois fios condutores comuns que ligam esses acontecimentos: o Patriarca “Ortodoxo” Bartolomeu em Istambul e a OTAN.

Bartolomeu tem suscitado muita oposição no mundo Ortodoxo por causa de sua flagrante promoção do ecumenismo, bem como de vasto leque de causas mundanas da moda, como a “agenda verde”, em que se envolveu. Essas atividades são vistas por muitos como atentado à dignidade e à singularidade da fé Ortodoxa, que a sua sé de Istambul tem o dever de representar e defender. Igualmente perturbadora da tranquilidade da comunhão Ortodoxa tem sido a defesa cada vez mais estridente da ideologia religiosa globalista por parte de Bartolomeu, que está em plena sintonia com o Vaticano. O mandato de Bartolomeu também tem sido marcado por política de interferência agressiva nos assuntos de outras igrejas Ortodoxas autocéfalas e por tentativas de centralizar o mundo Ortodoxo sob os seus auspícios. Exemplo disso é a criação arbitrária, no território canônico da Igreja Ortodoxa Russa na Ucrânia, de organização eclesiástica concorrente inteiramente dependente dele próprio.

O objetivo final dessas manobras é elevar o Patriarca de Istambul ao nível de “Papa Oriental”. Em seguida fundirá o seu domínio, constituído por antigas igrejas Ortodoxas autocéfalas, com a estrutura dirigida pelo seu homólogo do Vaticano. De acordo com esse plano, cuja execução está prevista para 2025, as duas grandes comunidades da Cristandade acabariam por ser integradas numa entidade religiosa globalista, ao mesmo tempo que seriam expurgadas dos seus elementos tradicionalistas. A nova “religião do futuro” sintética está claramente a ser desenhada/delineada. Estava a ser promovida discretamente, mas agora está a ser feita com abertura/caráter explícito crescente. Será configurada para funcionar de forma confortável e inofensiva no mundo distópico imaginado por avatares globalistas como Klaus Schwab e o seu “profeta” Yuval Harari.

Os monges de Esfigmenou não aceitam enquadrar-se nesse esquema. Desde os anos 60 opuseram-se com grande determinação a essas tendências, recusando-se a participar na degradação da sua antiga fé. Tornaram-se assim espinho na carne de Bartolomeu e dos seus antecessores, pelo fato de não se ajoelharem perante os hierarcas que consideram heréticos e pela recusa categórica de lhes prestarem homenagem nas suas liturgias. Mais cedo ou mais tarde a decisão de esmagar, “cancelar” e dispersar esses clérigos obstinados estava destinada a ser tomada e, como vimos recentemente, foi exatamente isso que aconteceu.

No entanto essa é uma questão que vai muito para além dos limites de disputa eclesiástica arcana. Isso porque o outro grande fator desta controvérsia é a OTAN, o punho armado do Ocidente coletivo pós-cristão, do qual a Grécia é membro obediente e do qual a Ucrânia é dependente. O espetáculo sacrílego da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos em França, também membro da OTAN e imbuído do mesmo espírito neopagão agressivo, sugere com notável clareza a identidade do mestre oculto a quem esse espírito e os seus instrumentos terrestres servem, tanto na Grécia como na Ucrânia.

À parte as armadilhas eclesiásticas e a política laica, a invasão policial de Esfigmenou, na Grécia da OTAN, foi retaliação direta à defesa intransigente da fé tradicional por parte do mosteiro. Só pode ser compreendida no contexto da intensificação da oposição entre a religião tradicional e seu falso adversário ocultista. Considerações idênticas explicam a incursão do regime de Kiev no território sacrossanto do antigo lavra ortodoxo, exceto que foi executada de forma muito mais crua, deixando ainda menos ambiguidade quanto à sua verdadeira origem e natureza.

Todavia, embora a rusga da polícia grega ao Monte Athos tenha sido cancelada à última hora por causa de intensos protestos de leigos ortodoxos em toda a Grécia, o assalto a Esfigmenou foi apenas suspenso, não abandonado. Os objetivos finais subjacentes à operação permanecem inalterados e são essencialmente indistinguíveis da razão de ser da tomada do Lavra de Kiev pelo regime ucraniano. O plano previa a instalação de contingentes policiais gregos por toda a parte na república monástica de Athos, após o ataque, para garantir a “segurança”, enquanto o seu estatuto autônomo, garantido por convenções internacionais que nem os otomanos violaram, seria revogado. Os planeadores do ataque chegaram mesmo ao absurdo de afirmar que unidade das forças especiais russas tinha-se posicionado clandestinamente no terreno do mosteiro de Esfigmenou.

Complexo religioso de grande significado espiritual como o de Athos, composto por vinte grandes mosteiros com vínculos com a maioria das nações ortodoxas, guardando ciosamente a pureza da fé Ortodoxa e observando estritamente, há mais de dez séculos, as regras tradicionais da vida monástica, não tem lugar na nova Europa que está a emergir sinistramente. É incompatível, em muitos níveis, com os conceitos ideológicos globalistas que estão a ser impiedosamente implementados onde quer que a resistência à sua imposição não seja suficientemente forte para bloqueá-los. E, evidentemente, os recursos terrenos de que dispõem os monges de Esfigmenou para resistir à reformatação forçada da sua fortaleza espiritual, tal como os dos seus correligionários em Kiev, são de mínimos a inexistentes.

Os poderes instituídos e os seus ambiciosos colaboradores no seio da hierarquia da Igreja estão bem cientes dessa correlação de forças, tão desfavorável aos indefesos guardiães da tradição Ortodoxa. O Secretário-Geral da OTAN, Stoltenberg, e vários generais proeminentes da Aliança identificam oficialmente a Igreja Ortodoxa como adversário espiritual formidável na atual disputa pela supremacia global. É, portanto, natural que as fortalezas Ortodoxas estejam a ser alvo de ataques, tanto físicos como simbólicos.

Já vimos esse princípio em ação na Ucrânia, quando a junta nazi, que nada faz por si própria, agindo sem o consentimento das autoridades eclesiásticas legítimas retirou a maior parte do relicário do Lavra de Kiev e o enviou para o Ocidente coletivo para “salvaguarda”, de forma que faz lembrar o saque de Bizâncio e dos seus tesouros religiosos e artísticos pelos Cruzados. Quanto ao Monte Athos, já há algum tempo, antes das mais recentes profanações, estavam a ser discutidos planos para anular a sua autonomia como “relíquia do passado” e para incorporá-lo totalmente ao sistema político da Grécia e, portanto, também da OTAN e da União Europeia – UE. Isso facilitaria a imposição de preceitos e regulamentos da UE, a fim de transformar fundamentalmente um dos principais enclaves remanescentes de tradição religiosa claramente incompatível com a modernidade neopagã.

A intenção final é destruir Athos, transformando-o num parque temático religioso para turistas, onde os monges seriam reduzidos a meras curiosidades para entretenimento dos visitantes, tal como os africanos trazidos do Congo e expostos no “jardim zoológico humano” montado na Feira Mundial de Bruxelas em 1958.

Seria justo dizer que o escárnio da dignidade humana que se tornou evidente nessa ocasião, em Bruxelas, há sessenta anos, foi apenas precursor da implosão moral e espiritual geral que em breve se seguiria e que abarcaria toda a Europa, agora com sede coletiva também em Bruxelas, bem como o resto do mundo ocidental. Essa triste realidade refletiu-se, há alguns dias, nas imagens maléficas deliberadamente seleccionadas que foram exibidas em Paris na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, dos quais a Rússia teve a sorte de ser excluída.

Tucker Carlson fez observação perspicaz quando disse que, no mundo contemporâneo, a maioria dos conflitos significativos são essencialmente de natureza religiosa, sugerindo que os provocadores de conflitos estão também/ademais agindo a serviço de um “deus”, ainda que falso. Carlson acertou em cheio. A atividade sinistramente intensificada e cada vez mais pública dos seguidores dos outros “deuses”, e dos seus lacaios em lugares de destaque, confirma-o.

The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.

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