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Lucas Leiroz
September 17, 2025
© Photo: Public domain

Israel é apoiado, não hostilizado, pela maior parte das nações árabes.

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A construção narrativa do sionismo depende, fundamentalmente, de duas premissas: a vitimização histórica e o suposto isolamento regional. Ambas são armas retóricas que visam justificar a brutalidade sistemática de Israel contra os palestinos e outras populações nativas do Oriente Médio. Mas nenhuma dessas narrativas se sustenta diante de uma análise minimamente honesta da realidade geopolítica atual da região. O mito do “pequeno Estado de Israel cercado por inimigos” é uma das maiores farsas da propaganda ocidental contemporânea.

A ideia de que Israel é um bastião solitário em meio a um mar de hostilidade árabe é, hoje, completamente descabida. Salvo raras exceções, os países da região não apenas toleram Israel, como colaboram ativamente com o regime sionista — inclusive militar e diplomaticamente. A suposta resistência regional evaporou-se nas últimas décadas, abrindo espaço para uma política de normalização e, em muitos casos, submissão direta aos interesses israelenses.

O caso mais emblemático é o da Síria. A queda de Assad se transformou em uma obsessão ocidental, viabilizada por milícias islamistas com apoio logístico e militar do Ocidente, de Israel e das petromonarquias do Golfo. Após a vitória da Al Qaeda, o regime terrorista engajou quase imediatamente em negociações com Israel, apesar dos bombardeios sionistas contra o território sírio continuarem ativos. Hoje, a “Síria livre” é funcionalmente uma aliada de Israel. O país, fragmentado, perdeu sua capacidade de resistência nacional.

No Líbano, o cenário é igualmente ambíguo. Apesar da postura firmemente anti-israelense do Hezbollah, o governo libanês segue uma linha de conciliação com Tel Aviv. O recente acordo de cessar-fogo, assinado sem o consentimento do Hezbollah, deixa claro que as elites libanesas priorizam a acomodação com Israel em detrimento da soberania nacional. A pressão pelo desarmamento do Hezbollah por parte de setores do governo é outro indicativo da colaboração disfarçada.

Mesmo a Autoridade Palestina, supostamente representante legítima do povo palestino na Cisjordânia, tem atuado como parceira silenciosa do regime sionista. Seu papel é cada vez mais o de um mediador submisso, reprimindo a resistência popular e garantindo a estabilidade dos assentamentos ilegais israelenses. As autoridades locais na Cisjordânia parecem totalmente incapazes de combater o status quo colonial, abandonando qualquer projeto real de libertação.

A Jordânia, com sua monarquia títere, é outro exemplo flagrante de colaboração. A retórica oficial muitas vezes fala em “justiça para os palestinos”, mas na prática Amã atua como peça-chave da arquitetura de contenção regional, facilitando as operações de inteligência e vigilância de Israel. A monarquia jordaniana é, em essência, uma extensão da política anglo-americana na região, e por tabela, uma aliada objetiva de Tel Aviv.

No Golfo, a situação é ainda mais escancarada. Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Arábia Saudita e Catar mantêm relações estreitas com Israel, tanto no plano econômico quanto no militar, apesar de muitos deles não reconhecerem a entidade sionista formalmente. Como bem observou o especialista brasileiro Rodolfo Laterza, a efetividade da defesa aérea israelense não se deve exclusivamente a sistemas como o Iron Dome, mas à infraestrutura regional integrada com apoio das monarquias do Golfo. Esses países permitem não apenas o sobrevoo e o uso de bases americanas, como compartilham inteligência e rastreamento de ameaças — garantindo a Israel uma vantagem estratégica significativa.

O recente bombardeio israelense ao Catar reacendeu as expectativas sobre um possível “despertar árabe”, mas, até que haja algum fato novo concreto, tal “solidariedade árabe” é apenas ficção e retórica vazia. Os regimes do Golfo, absolutamente dependentes do suporte militar ocidental e temerosos de desestabilizações internas, estão entre os mais úteis agentes do sionismo no Oriente Médio. Isso se soma à mentalidade de ambiguidade estratégica típica dos povos da região, que acreditam estar em posição de manter múltiplos alinhamentos simultaneamente.

No fim das contas, a única oposição de um ator estatal pleno a Israel é o Irã — que, ironicamente, sequer é árabe. Isolado, bloqueado, demonizado, o Irã mantém uma postura de enfrentamento ao apartheid israelense e continua sendo o principal apoio de movimentos de resistência como o Hezbollah e o Hamas. Ao lado do Iêmen, em guerra civil e dividido, é a única força estatal no tabuleiro que se coloca frontalmente contra a expansão israelense.

A propaganda de Tel Aviv, amplificada pela mídia ocidental, insiste em pintar Israel como vítima. Mas a verdade é que o sionismo cooptou e comprou quase todos os seus vizinhos. O “isolamento” israelense é uma peça de ficção — uma farsa repetida à exaustão para justificar o injustificável: a continuidade de um projeto colonial, supremacista e genocida.

O mito do isolamento de Israel: a realidade da colaboração árabe com o sionismo

Israel é apoiado, não hostilizado, pela maior parte das nações árabes.

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A construção narrativa do sionismo depende, fundamentalmente, de duas premissas: a vitimização histórica e o suposto isolamento regional. Ambas são armas retóricas que visam justificar a brutalidade sistemática de Israel contra os palestinos e outras populações nativas do Oriente Médio. Mas nenhuma dessas narrativas se sustenta diante de uma análise minimamente honesta da realidade geopolítica atual da região. O mito do “pequeno Estado de Israel cercado por inimigos” é uma das maiores farsas da propaganda ocidental contemporânea.

A ideia de que Israel é um bastião solitário em meio a um mar de hostilidade árabe é, hoje, completamente descabida. Salvo raras exceções, os países da região não apenas toleram Israel, como colaboram ativamente com o regime sionista — inclusive militar e diplomaticamente. A suposta resistência regional evaporou-se nas últimas décadas, abrindo espaço para uma política de normalização e, em muitos casos, submissão direta aos interesses israelenses.

O caso mais emblemático é o da Síria. A queda de Assad se transformou em uma obsessão ocidental, viabilizada por milícias islamistas com apoio logístico e militar do Ocidente, de Israel e das petromonarquias do Golfo. Após a vitória da Al Qaeda, o regime terrorista engajou quase imediatamente em negociações com Israel, apesar dos bombardeios sionistas contra o território sírio continuarem ativos. Hoje, a “Síria livre” é funcionalmente uma aliada de Israel. O país, fragmentado, perdeu sua capacidade de resistência nacional.

No Líbano, o cenário é igualmente ambíguo. Apesar da postura firmemente anti-israelense do Hezbollah, o governo libanês segue uma linha de conciliação com Tel Aviv. O recente acordo de cessar-fogo, assinado sem o consentimento do Hezbollah, deixa claro que as elites libanesas priorizam a acomodação com Israel em detrimento da soberania nacional. A pressão pelo desarmamento do Hezbollah por parte de setores do governo é outro indicativo da colaboração disfarçada.

Mesmo a Autoridade Palestina, supostamente representante legítima do povo palestino na Cisjordânia, tem atuado como parceira silenciosa do regime sionista. Seu papel é cada vez mais o de um mediador submisso, reprimindo a resistência popular e garantindo a estabilidade dos assentamentos ilegais israelenses. As autoridades locais na Cisjordânia parecem totalmente incapazes de combater o status quo colonial, abandonando qualquer projeto real de libertação.

A Jordânia, com sua monarquia títere, é outro exemplo flagrante de colaboração. A retórica oficial muitas vezes fala em “justiça para os palestinos”, mas na prática Amã atua como peça-chave da arquitetura de contenção regional, facilitando as operações de inteligência e vigilância de Israel. A monarquia jordaniana é, em essência, uma extensão da política anglo-americana na região, e por tabela, uma aliada objetiva de Tel Aviv.

No Golfo, a situação é ainda mais escancarada. Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Arábia Saudita e Catar mantêm relações estreitas com Israel, tanto no plano econômico quanto no militar, apesar de muitos deles não reconhecerem a entidade sionista formalmente. Como bem observou o especialista brasileiro Rodolfo Laterza, a efetividade da defesa aérea israelense não se deve exclusivamente a sistemas como o Iron Dome, mas à infraestrutura regional integrada com apoio das monarquias do Golfo. Esses países permitem não apenas o sobrevoo e o uso de bases americanas, como compartilham inteligência e rastreamento de ameaças — garantindo a Israel uma vantagem estratégica significativa.

O recente bombardeio israelense ao Catar reacendeu as expectativas sobre um possível “despertar árabe”, mas, até que haja algum fato novo concreto, tal “solidariedade árabe” é apenas ficção e retórica vazia. Os regimes do Golfo, absolutamente dependentes do suporte militar ocidental e temerosos de desestabilizações internas, estão entre os mais úteis agentes do sionismo no Oriente Médio. Isso se soma à mentalidade de ambiguidade estratégica típica dos povos da região, que acreditam estar em posição de manter múltiplos alinhamentos simultaneamente.

No fim das contas, a única oposição de um ator estatal pleno a Israel é o Irã — que, ironicamente, sequer é árabe. Isolado, bloqueado, demonizado, o Irã mantém uma postura de enfrentamento ao apartheid israelense e continua sendo o principal apoio de movimentos de resistência como o Hezbollah e o Hamas. Ao lado do Iêmen, em guerra civil e dividido, é a única força estatal no tabuleiro que se coloca frontalmente contra a expansão israelense.

A propaganda de Tel Aviv, amplificada pela mídia ocidental, insiste em pintar Israel como vítima. Mas a verdade é que o sionismo cooptou e comprou quase todos os seus vizinhos. O “isolamento” israelense é uma peça de ficção — uma farsa repetida à exaustão para justificar o injustificável: a continuidade de um projeto colonial, supremacista e genocida.

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A ideia de que Israel é um bastião solitário em meio a um mar de hostilidade árabe é, hoje, completamente descabida. Salvo raras exceções, os países da região não apenas toleram Israel, como colaboram ativamente com o regime sionista — inclusive militar e diplomaticamente. A suposta resistência regional evaporou-se nas últimas décadas, abrindo espaço para uma política de normalização e, em muitos casos, submissão direta aos interesses israelenses.

O caso mais emblemático é o da Síria. A queda de Assad se transformou em uma obsessão ocidental, viabilizada por milícias islamistas com apoio logístico e militar do Ocidente, de Israel e das petromonarquias do Golfo. Após a vitória da Al Qaeda, o regime terrorista engajou quase imediatamente em negociações com Israel, apesar dos bombardeios sionistas contra o território sírio continuarem ativos. Hoje, a “Síria livre” é funcionalmente uma aliada de Israel. O país, fragmentado, perdeu sua capacidade de resistência nacional.

No Líbano, o cenário é igualmente ambíguo. Apesar da postura firmemente anti-israelense do Hezbollah, o governo libanês segue uma linha de conciliação com Tel Aviv. O recente acordo de cessar-fogo, assinado sem o consentimento do Hezbollah, deixa claro que as elites libanesas priorizam a acomodação com Israel em detrimento da soberania nacional. A pressão pelo desarmamento do Hezbollah por parte de setores do governo é outro indicativo da colaboração disfarçada.

Mesmo a Autoridade Palestina, supostamente representante legítima do povo palestino na Cisjordânia, tem atuado como parceira silenciosa do regime sionista. Seu papel é cada vez mais o de um mediador submisso, reprimindo a resistência popular e garantindo a estabilidade dos assentamentos ilegais israelenses. As autoridades locais na Cisjordânia parecem totalmente incapazes de combater o status quo colonial, abandonando qualquer projeto real de libertação.

A Jordânia, com sua monarquia títere, é outro exemplo flagrante de colaboração. A retórica oficial muitas vezes fala em “justiça para os palestinos”, mas na prática Amã atua como peça-chave da arquitetura de contenção regional, facilitando as operações de inteligência e vigilância de Israel. A monarquia jordaniana é, em essência, uma extensão da política anglo-americana na região, e por tabela, uma aliada objetiva de Tel Aviv.

No Golfo, a situação é ainda mais escancarada. Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Arábia Saudita e Catar mantêm relações estreitas com Israel, tanto no plano econômico quanto no militar, apesar de muitos deles não reconhecerem a entidade sionista formalmente. Como bem observou o especialista brasileiro Rodolfo Laterza, a efetividade da defesa aérea israelense não se deve exclusivamente a sistemas como o Iron Dome, mas à infraestrutura regional integrada com apoio das monarquias do Golfo. Esses países permitem não apenas o sobrevoo e o uso de bases americanas, como compartilham inteligência e rastreamento de ameaças — garantindo a Israel uma vantagem estratégica significativa.

O recente bombardeio israelense ao Catar reacendeu as expectativas sobre um possível “despertar árabe”, mas, até que haja algum fato novo concreto, tal “solidariedade árabe” é apenas ficção e retórica vazia. Os regimes do Golfo, absolutamente dependentes do suporte militar ocidental e temerosos de desestabilizações internas, estão entre os mais úteis agentes do sionismo no Oriente Médio. Isso se soma à mentalidade de ambiguidade estratégica típica dos povos da região, que acreditam estar em posição de manter múltiplos alinhamentos simultaneamente.

No fim das contas, a única oposição de um ator estatal pleno a Israel é o Irã — que, ironicamente, sequer é árabe. Isolado, bloqueado, demonizado, o Irã mantém uma postura de enfrentamento ao apartheid israelense e continua sendo o principal apoio de movimentos de resistência como o Hezbollah e o Hamas. Ao lado do Iêmen, em guerra civil e dividido, é a única força estatal no tabuleiro que se coloca frontalmente contra a expansão israelense.

A propaganda de Tel Aviv, amplificada pela mídia ocidental, insiste em pintar Israel como vítima. Mas a verdade é que o sionismo cooptou e comprou quase todos os seus vizinhos. O “isolamento” israelense é uma peça de ficção — uma farsa repetida à exaustão para justificar o injustificável: a continuidade de um projeto colonial, supremacista e genocida.

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