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Bruna Frascolla
December 29, 2024
© Photo: REUTERS

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

No último texto, vimos que o Estado, ao ter como finalidade o bem dos seus cidadãos, pode fazer o bem até mesmo a cidadãos estrangeiros. Um exemplo disso é o Estado russo, que, financiando sua imprensa no estrangeiro, faz com que europeus ocidentais e norte-americanos tenham acesso a informações e opiniões diferentes daquelas que os veículos dos seus países, orientados pelo lucro, divulgam. A despeito de toda a propaganda liberal, uma coisa é certa: se algo tem por finalidade o lucro, não tem por finalidade o bem comum. Por isso mesmo, um Estado liberal, como o dos EUA, não tende a ter os mesmos efeitos que um Estado normal.

O Estado dos EUA tem por finalidade o bem comum dos seus cidadãos? Olhando para a saúde, o ensino e a moradia, podemos dizer que não: a finalidade do Estado dos EUA é o enriquecimento dos donos de capitais. Na saúde, Luigi Mangione lançou renovadas luzes sobre o fato de que os seguros lucram horrores negando tratamentos aos segurados. Seu manifesto, muito racional, só foi publicado por um jornalista independente; e Michael Moore, citado como referência, relatou ter sido procurado pela mídia para condenar homicídios. Seu texto sobre o assunto, que foi outro manifesto, ficou escondido do público também.

No ensino superior, o Brasil viu, com os governos petistas, a chegada dos conglomerados dos EUA: eles compram todas as faculdades privadas, pagam salários de fome aos professores e cobram as mensalidades do governo, endividando os pobres, que ao cabo recebem um diploma irrelevante, devido à má qualidade do curso. O ensino básico dos EUA, seja público ou privado, também não é dos melhores, e é notória a falta de conhecimentos gerais dos norte-americanos. Outra coisa que víamos nos filmes – os norte-americanos pagando hipotecas porque não têm casa própria – se tornou uma chaga nacional, com a cópia dos modelos de financiamento de habitações populares dos EUA foi copiado.

A própria pesquisa também é voltada para interesses empresariais. Os laboratórios pegam dinheiro público e criam medicamentos com patentes, que em seguida são vendidos ao Estado para que aplique nos cidadãos. A segurança e a eficácia de tais medicamentos é atestada pelas agências reguladoras conhecidas pela sua “porta giratória”, devido ao revezamento entre postos públicos e privados ocupados pelos mesmos indivíduos. Nunca é demais lembrar que a epidemia de vício em opioides é culpa da Purdue Pharma e da FDA.

As elites dos EUA podem deixar seus concidadãos na ignorância, já que os empregos qualificados podem ser preenchidos por imigrantes asiáticos. Quanto aos trabalhadores não-qualificados, eles podem morrer devido à falta de assistência médica ou ao vício em drogas, que uma multidão do terceiro mundo, em especial da América espanhola, supre as necessidades desse tipo de mão de obra. Nos EUA, a vida dos cidadãos é descartável porque é facilmente substituída por estrangeiros.

Assim como os homens, os Estados têm uma personalidade moral e devem ser julgados segundo suas ações passadas. Se os EUA tratam assim os seus cidadãos, por que deveríamos crer que tratam melhor os cidadãos do estrangeiro?

Não é de admirar, portanto, que o discurso anti-Estado seja tão comum nos EUA, seja à esquerda (com o anarquismo), seja à direita (com o anarcocapitalismo). A ideia de que é preciso criar comunidades alternativas para escapar do Estado central é tão antiga quanto as colônias inglesas, povoadas por protestantes sectários que queriam criar suas próprias comunidades independentes dos anglicanos. Diante dessa perspectiva, é natural que o Estado seja visto como um “mal necessário” – e, se as pessoas de saída já pensam no Estado como um mal, mais natural ainda é que o Estado fundado por elas de fato seja mau.

Mas para não dizer que tudo é um vale de lágrimas, não podemos deixar de apontar que a revolução na informática e na comunicação – desde a invenção da internet e do GPS às ferramentas de busca e às redes sociais – deve muito à tecnologia militar e à inteligência dos EUA. Esse peculiar Estado que não liga para o bem-estar dos seus cidadãos liga, por outro lado, para seu poderio militar. Esta com certeza é uma finalidade diferente do lucro de particulares, e por isso mesmo os EUA deram tal contribuição ao conhecimento e capacidades humanas.

O Estado dos EUA não visa ao bem dos seus cidadãos

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No último texto, vimos que o Estado, ao ter como finalidade o bem dos seus cidadãos, pode fazer o bem até mesmo a cidadãos estrangeiros. Um exemplo disso é o Estado russo, que, financiando sua imprensa no estrangeiro, faz com que europeus ocidentais e norte-americanos tenham acesso a informações e opiniões diferentes daquelas que os veículos dos seus países, orientados pelo lucro, divulgam. A despeito de toda a propaganda liberal, uma coisa é certa: se algo tem por finalidade o lucro, não tem por finalidade o bem comum. Por isso mesmo, um Estado liberal, como o dos EUA, não tende a ter os mesmos efeitos que um Estado normal.

O Estado dos EUA tem por finalidade o bem comum dos seus cidadãos? Olhando para a saúde, o ensino e a moradia, podemos dizer que não: a finalidade do Estado dos EUA é o enriquecimento dos donos de capitais. Na saúde, Luigi Mangione lançou renovadas luzes sobre o fato de que os seguros lucram horrores negando tratamentos aos segurados. Seu manifesto, muito racional, só foi publicado por um jornalista independente; e Michael Moore, citado como referência, relatou ter sido procurado pela mídia para condenar homicídios. Seu texto sobre o assunto, que foi outro manifesto, ficou escondido do público também.

No ensino superior, o Brasil viu, com os governos petistas, a chegada dos conglomerados dos EUA: eles compram todas as faculdades privadas, pagam salários de fome aos professores e cobram as mensalidades do governo, endividando os pobres, que ao cabo recebem um diploma irrelevante, devido à má qualidade do curso. O ensino básico dos EUA, seja público ou privado, também não é dos melhores, e é notória a falta de conhecimentos gerais dos norte-americanos. Outra coisa que víamos nos filmes – os norte-americanos pagando hipotecas porque não têm casa própria – se tornou uma chaga nacional, com a cópia dos modelos de financiamento de habitações populares dos EUA foi copiado.

A própria pesquisa também é voltada para interesses empresariais. Os laboratórios pegam dinheiro público e criam medicamentos com patentes, que em seguida são vendidos ao Estado para que aplique nos cidadãos. A segurança e a eficácia de tais medicamentos é atestada pelas agências reguladoras conhecidas pela sua “porta giratória”, devido ao revezamento entre postos públicos e privados ocupados pelos mesmos indivíduos. Nunca é demais lembrar que a epidemia de vício em opioides é culpa da Purdue Pharma e da FDA.

As elites dos EUA podem deixar seus concidadãos na ignorância, já que os empregos qualificados podem ser preenchidos por imigrantes asiáticos. Quanto aos trabalhadores não-qualificados, eles podem morrer devido à falta de assistência médica ou ao vício em drogas, que uma multidão do terceiro mundo, em especial da América espanhola, supre as necessidades desse tipo de mão de obra. Nos EUA, a vida dos cidadãos é descartável porque é facilmente substituída por estrangeiros.

Assim como os homens, os Estados têm uma personalidade moral e devem ser julgados segundo suas ações passadas. Se os EUA tratam assim os seus cidadãos, por que deveríamos crer que tratam melhor os cidadãos do estrangeiro?

Não é de admirar, portanto, que o discurso anti-Estado seja tão comum nos EUA, seja à esquerda (com o anarquismo), seja à direita (com o anarcocapitalismo). A ideia de que é preciso criar comunidades alternativas para escapar do Estado central é tão antiga quanto as colônias inglesas, povoadas por protestantes sectários que queriam criar suas próprias comunidades independentes dos anglicanos. Diante dessa perspectiva, é natural que o Estado seja visto como um “mal necessário” – e, se as pessoas de saída já pensam no Estado como um mal, mais natural ainda é que o Estado fundado por elas de fato seja mau.

Mas para não dizer que tudo é um vale de lágrimas, não podemos deixar de apontar que a revolução na informática e na comunicação – desde a invenção da internet e do GPS às ferramentas de busca e às redes sociais – deve muito à tecnologia militar e à inteligência dos EUA. Esse peculiar Estado que não liga para o bem-estar dos seus cidadãos liga, por outro lado, para seu poderio militar. Esta com certeza é uma finalidade diferente do lucro de particulares, e por isso mesmo os EUA deram tal contribuição ao conhecimento e capacidades humanas.

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

No último texto, vimos que o Estado, ao ter como finalidade o bem dos seus cidadãos, pode fazer o bem até mesmo a cidadãos estrangeiros. Um exemplo disso é o Estado russo, que, financiando sua imprensa no estrangeiro, faz com que europeus ocidentais e norte-americanos tenham acesso a informações e opiniões diferentes daquelas que os veículos dos seus países, orientados pelo lucro, divulgam. A despeito de toda a propaganda liberal, uma coisa é certa: se algo tem por finalidade o lucro, não tem por finalidade o bem comum. Por isso mesmo, um Estado liberal, como o dos EUA, não tende a ter os mesmos efeitos que um Estado normal.

O Estado dos EUA tem por finalidade o bem comum dos seus cidadãos? Olhando para a saúde, o ensino e a moradia, podemos dizer que não: a finalidade do Estado dos EUA é o enriquecimento dos donos de capitais. Na saúde, Luigi Mangione lançou renovadas luzes sobre o fato de que os seguros lucram horrores negando tratamentos aos segurados. Seu manifesto, muito racional, só foi publicado por um jornalista independente; e Michael Moore, citado como referência, relatou ter sido procurado pela mídia para condenar homicídios. Seu texto sobre o assunto, que foi outro manifesto, ficou escondido do público também.

No ensino superior, o Brasil viu, com os governos petistas, a chegada dos conglomerados dos EUA: eles compram todas as faculdades privadas, pagam salários de fome aos professores e cobram as mensalidades do governo, endividando os pobres, que ao cabo recebem um diploma irrelevante, devido à má qualidade do curso. O ensino básico dos EUA, seja público ou privado, também não é dos melhores, e é notória a falta de conhecimentos gerais dos norte-americanos. Outra coisa que víamos nos filmes – os norte-americanos pagando hipotecas porque não têm casa própria – se tornou uma chaga nacional, com a cópia dos modelos de financiamento de habitações populares dos EUA foi copiado.

A própria pesquisa também é voltada para interesses empresariais. Os laboratórios pegam dinheiro público e criam medicamentos com patentes, que em seguida são vendidos ao Estado para que aplique nos cidadãos. A segurança e a eficácia de tais medicamentos é atestada pelas agências reguladoras conhecidas pela sua “porta giratória”, devido ao revezamento entre postos públicos e privados ocupados pelos mesmos indivíduos. Nunca é demais lembrar que a epidemia de vício em opioides é culpa da Purdue Pharma e da FDA.

As elites dos EUA podem deixar seus concidadãos na ignorância, já que os empregos qualificados podem ser preenchidos por imigrantes asiáticos. Quanto aos trabalhadores não-qualificados, eles podem morrer devido à falta de assistência médica ou ao vício em drogas, que uma multidão do terceiro mundo, em especial da América espanhola, supre as necessidades desse tipo de mão de obra. Nos EUA, a vida dos cidadãos é descartável porque é facilmente substituída por estrangeiros.

Assim como os homens, os Estados têm uma personalidade moral e devem ser julgados segundo suas ações passadas. Se os EUA tratam assim os seus cidadãos, por que deveríamos crer que tratam melhor os cidadãos do estrangeiro?

Não é de admirar, portanto, que o discurso anti-Estado seja tão comum nos EUA, seja à esquerda (com o anarquismo), seja à direita (com o anarcocapitalismo). A ideia de que é preciso criar comunidades alternativas para escapar do Estado central é tão antiga quanto as colônias inglesas, povoadas por protestantes sectários que queriam criar suas próprias comunidades independentes dos anglicanos. Diante dessa perspectiva, é natural que o Estado seja visto como um “mal necessário” – e, se as pessoas de saída já pensam no Estado como um mal, mais natural ainda é que o Estado fundado por elas de fato seja mau.

Mas para não dizer que tudo é um vale de lágrimas, não podemos deixar de apontar que a revolução na informática e na comunicação – desde a invenção da internet e do GPS às ferramentas de busca e às redes sociais – deve muito à tecnologia militar e à inteligência dos EUA. Esse peculiar Estado que não liga para o bem-estar dos seus cidadãos liga, por outro lado, para seu poderio militar. Esta com certeza é uma finalidade diferente do lucro de particulares, e por isso mesmo os EUA deram tal contribuição ao conhecimento e capacidades humanas.

The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.

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