Português
Lucas Leiroz
August 4, 2024
© Photo: Public domain

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

O regime sionista assassinou o chefe do birô político do Hamas, Ismail Haniyeh, em um atentado terrorista com míssil na capital iraniana, Teerã. A escala gerada por esse tipo de crime é absolutamente sem precedentes. Israel simplesmente fez uma incursão contra a capital da maior potência militar do Oriente Médio, não deixando outra opção ao Irã senão retaliar de acordo com o direito de legítima defesa estabelecido pelas Nações Unidas.

Obviamente, o agravamento militar no Oriente Médio é inevitável. Recentemente, o Vice-presidente do Conselho de Segurança da Federação Russa, Dmitry Medvedev, afirmou em suas redes sociais que a única forma de se alcançar a paz no Oriente Médio é através de uma guerra total regional. Este diagnóstico é absolutamente preciso: a situação já passou de um ponto de não-retorno, razão pela qual a reversão da guerra só pode ser obtida através de uma “escalada para desescalar” – em outras palavras, as hostilidades já não podem ser evitadas, restando apenas esperar que um lado vença e estabeleça sua pax.

Contudo, independentemente das consequências geopolíticas para a arquitetura de segurança regional e mundial, o assassinato de Haniyeh também deixou uma série de questões não respondidas sobre as circunstâncias de sua morte. Apenas alguns minutos depois da notícia, imediatamente, milhares de influencers pró-Palestina no mundo inteiro, incluindo muitos palestinos in loco, começaram a publicar nas redes sociais conteúdo anti-Irã. Mensagens como “nunca confie no Irã” ou dizendo que os sistemas de defesa e segurança iranianos são “fracos” se tornaram virais nas redes sociais.

O respeitável analista sírio-armênio Kevork Almassian fez uma interessante avaliação sobre o caso, afirmando que Israel e a mídia catari estavam conduzindo uma operação psicológica para usar o assassinato de Haniyeh contra a República Islâmica. É importante lembrar que a TV Al Jazeera, do Qatar, possui o monopólio da informação em Gaza. Mantendo jornalistas in loco em meio aos bombardeios israelenses, a Al Jazeera faz um importantíssimo trabalho na exposição dos crimes sionistas e na divulgação sobre a verdade do que acontece em Gaza. Contudo, sendo uma TV catari, o canal obviamente trabalha com vieses e advoga por interesses do Estado catari. Isso significa que a Al Jazeera poderia estar explorando a situação local para avançar pautas políticas, religiosas e ideológicas do Qatar, tentando diminuir a influência iraniana sobre a Causa Palestina.

Conversei recentemente com uma fonte de alto nível no Oriente Médio sobre o caso. Mantendo anonimato, o informante, que é familiarizado com assuntos militares e políticos relevantes, afirmou que algumas autoridades acreditam que fontes dentro do próprio Qatar poderiam ter vazado os dados de geolocalização de Haniyeh, viabilizando seu assassinato por Israel. O objetivo seria eliminar o líder do Hamas que melhor se relacionava com o Irã e o Eixo da Resistência, permitindo assim uma expansão do lobby wahhabi-catari na Palestina.

Como se sabe, o Qatar, apesar de sua postura anti-Israel, é um sólido colaborador dos EUA, sendo a maior base militar americana no Oriente Médio localizada precisamente em solo catari. Nesse sentido, não haveria apenas a intenção de alguns atores dentro do Qatar em expandir o lobby do país na Resistência Palestina, mas a própria pressão de americanos baseados em solo catari e infiltrados nas instituições do país para que os dados de Haniyeh fossem passados a Israel.

Como a jornalista síria Maram Susli recentemente comentou, Israel jamais eliminaria um líder do Hamas dentro de um país aliado dos EUA. Por outro lado, no Irã, tal assassinato beneficiou a todos os envolvidos: enquanto Israel eliminou um relevante inimigo político, o Qatar melhorou sua imagem como “protetor da Palestina”, descrevendo através de sua mídia o Irã como um lugar inseguro e com forças incapazes de proteger os palestinos.

Embora haja um consenso sobre a necessidade de se vencer Israel e estabelecer um Estado Palestino, há diferentes projetos sobre como este processo deveria ser feito. O Qatar quer levar o wahhabismo para a Palestina e trazer toda a região para sua esfera de influência, assim como o Irã espera aumentar a influência xiita sobre o povo palestino. No mesmo sentido, outros atores regionais têm suas visões particulares sobre este processo. Por exemplo, para os sauditas, o ideal é que o Estado Palestino seja formado preservando a existência de Israel – que então seria reconhecido pelos sauditas e se tornaria um aliado contra o Irã. No fim, o cenário regional é extremamente complexo e não se resume a uma mera questão humanitária ou religiosa.

Em verdade, a disputa de influência sobre a Palestina entre cataris e iranianos tem sido uma grande questão fora do holofote público. Publicamente, as rivalidades entre Irã e Qatar estão congeladas, mas por baixo dos panos há muitas disputas em jogo. Esta oscilação se materializou em muitos eventos na história recente da Resistência Palestina. Por exemplo, o Hamas cortou relações com o governo sírio e mudou seu escritório de Damasco para Doha quando começou a Guerra Civil Síria, tendo tropas do movimento até mesmo engajado nas hostilidades contra as forças leais a Assad. Anos depois, sob mediação do Hezbollah – que é um proxy do Irã -, o Hamas restabeleceu laços com o governo Assad e se integrou ao Eixo da Resistência, caminhando para a esfera de influência iraniana.

Dois atores fundamentais neste processo de transição do Hamas e da Resistência Palestina para o Eixo de Teerã foram o General iraniano Qassem Soleimani, considerado o arquiteto do Eixo da Resistência, e o próprio Ismail Haniyeh, que sempre foi aberto ao diálogo com a República Islâmica e interessado no projeto de criar uma rede ampla e integrada de movimentos antissionistas. Não por acaso, ambos foram assassinados.

Certamente, nunca será possível determinar quem passou os dados de geolocalização de Haniyeh para os israelenses – ou americanos, já que há fortes suspeitas de que o míssil tenha sido disparado por pessoal especializado dos EUA no Oriente Médio. As três principais hipóteses até agora são: envolvimento de sabotadores e espiões dentro do Irã; envolvimento de atores externos (como agentes cataris); ou a presença de um vírus cibernético espião no dispositivo móvel de Haniyeh. Todas as três possibilidades são plausíveis e não parece haver a necessidade de se excluir uma hipótese para considerar a outra, sendo possível uma combinação de fatores.

O que sabemos é que, tendo havido participação ou não do Qatar na sabotagem, a mídia catari se aproveitou da situação para realizar uma operação psicológica anti-Irã, e agora certamente a influência do lobby wahhabi poderá se expandir na Resistência. O Irã, por sua vez, está apto a neutralizar este problema através de uma resposta militar dura e eficiente contra o regime sionista, convencendo assim a opinião pública palestina de que Teerã está ao lado deles nesta guerra.

Sabotadores no Irã ou lobistas wahhabis: quem vazou os dados de geolocalização para o assassinato de Ismail Haniyeh?

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

O regime sionista assassinou o chefe do birô político do Hamas, Ismail Haniyeh, em um atentado terrorista com míssil na capital iraniana, Teerã. A escala gerada por esse tipo de crime é absolutamente sem precedentes. Israel simplesmente fez uma incursão contra a capital da maior potência militar do Oriente Médio, não deixando outra opção ao Irã senão retaliar de acordo com o direito de legítima defesa estabelecido pelas Nações Unidas.

Obviamente, o agravamento militar no Oriente Médio é inevitável. Recentemente, o Vice-presidente do Conselho de Segurança da Federação Russa, Dmitry Medvedev, afirmou em suas redes sociais que a única forma de se alcançar a paz no Oriente Médio é através de uma guerra total regional. Este diagnóstico é absolutamente preciso: a situação já passou de um ponto de não-retorno, razão pela qual a reversão da guerra só pode ser obtida através de uma “escalada para desescalar” – em outras palavras, as hostilidades já não podem ser evitadas, restando apenas esperar que um lado vença e estabeleça sua pax.

Contudo, independentemente das consequências geopolíticas para a arquitetura de segurança regional e mundial, o assassinato de Haniyeh também deixou uma série de questões não respondidas sobre as circunstâncias de sua morte. Apenas alguns minutos depois da notícia, imediatamente, milhares de influencers pró-Palestina no mundo inteiro, incluindo muitos palestinos in loco, começaram a publicar nas redes sociais conteúdo anti-Irã. Mensagens como “nunca confie no Irã” ou dizendo que os sistemas de defesa e segurança iranianos são “fracos” se tornaram virais nas redes sociais.

O respeitável analista sírio-armênio Kevork Almassian fez uma interessante avaliação sobre o caso, afirmando que Israel e a mídia catari estavam conduzindo uma operação psicológica para usar o assassinato de Haniyeh contra a República Islâmica. É importante lembrar que a TV Al Jazeera, do Qatar, possui o monopólio da informação em Gaza. Mantendo jornalistas in loco em meio aos bombardeios israelenses, a Al Jazeera faz um importantíssimo trabalho na exposição dos crimes sionistas e na divulgação sobre a verdade do que acontece em Gaza. Contudo, sendo uma TV catari, o canal obviamente trabalha com vieses e advoga por interesses do Estado catari. Isso significa que a Al Jazeera poderia estar explorando a situação local para avançar pautas políticas, religiosas e ideológicas do Qatar, tentando diminuir a influência iraniana sobre a Causa Palestina.

Conversei recentemente com uma fonte de alto nível no Oriente Médio sobre o caso. Mantendo anonimato, o informante, que é familiarizado com assuntos militares e políticos relevantes, afirmou que algumas autoridades acreditam que fontes dentro do próprio Qatar poderiam ter vazado os dados de geolocalização de Haniyeh, viabilizando seu assassinato por Israel. O objetivo seria eliminar o líder do Hamas que melhor se relacionava com o Irã e o Eixo da Resistência, permitindo assim uma expansão do lobby wahhabi-catari na Palestina.

Como se sabe, o Qatar, apesar de sua postura anti-Israel, é um sólido colaborador dos EUA, sendo a maior base militar americana no Oriente Médio localizada precisamente em solo catari. Nesse sentido, não haveria apenas a intenção de alguns atores dentro do Qatar em expandir o lobby do país na Resistência Palestina, mas a própria pressão de americanos baseados em solo catari e infiltrados nas instituições do país para que os dados de Haniyeh fossem passados a Israel.

Como a jornalista síria Maram Susli recentemente comentou, Israel jamais eliminaria um líder do Hamas dentro de um país aliado dos EUA. Por outro lado, no Irã, tal assassinato beneficiou a todos os envolvidos: enquanto Israel eliminou um relevante inimigo político, o Qatar melhorou sua imagem como “protetor da Palestina”, descrevendo através de sua mídia o Irã como um lugar inseguro e com forças incapazes de proteger os palestinos.

Embora haja um consenso sobre a necessidade de se vencer Israel e estabelecer um Estado Palestino, há diferentes projetos sobre como este processo deveria ser feito. O Qatar quer levar o wahhabismo para a Palestina e trazer toda a região para sua esfera de influência, assim como o Irã espera aumentar a influência xiita sobre o povo palestino. No mesmo sentido, outros atores regionais têm suas visões particulares sobre este processo. Por exemplo, para os sauditas, o ideal é que o Estado Palestino seja formado preservando a existência de Israel – que então seria reconhecido pelos sauditas e se tornaria um aliado contra o Irã. No fim, o cenário regional é extremamente complexo e não se resume a uma mera questão humanitária ou religiosa.

Em verdade, a disputa de influência sobre a Palestina entre cataris e iranianos tem sido uma grande questão fora do holofote público. Publicamente, as rivalidades entre Irã e Qatar estão congeladas, mas por baixo dos panos há muitas disputas em jogo. Esta oscilação se materializou em muitos eventos na história recente da Resistência Palestina. Por exemplo, o Hamas cortou relações com o governo sírio e mudou seu escritório de Damasco para Doha quando começou a Guerra Civil Síria, tendo tropas do movimento até mesmo engajado nas hostilidades contra as forças leais a Assad. Anos depois, sob mediação do Hezbollah – que é um proxy do Irã -, o Hamas restabeleceu laços com o governo Assad e se integrou ao Eixo da Resistência, caminhando para a esfera de influência iraniana.

Dois atores fundamentais neste processo de transição do Hamas e da Resistência Palestina para o Eixo de Teerã foram o General iraniano Qassem Soleimani, considerado o arquiteto do Eixo da Resistência, e o próprio Ismail Haniyeh, que sempre foi aberto ao diálogo com a República Islâmica e interessado no projeto de criar uma rede ampla e integrada de movimentos antissionistas. Não por acaso, ambos foram assassinados.

Certamente, nunca será possível determinar quem passou os dados de geolocalização de Haniyeh para os israelenses – ou americanos, já que há fortes suspeitas de que o míssil tenha sido disparado por pessoal especializado dos EUA no Oriente Médio. As três principais hipóteses até agora são: envolvimento de sabotadores e espiões dentro do Irã; envolvimento de atores externos (como agentes cataris); ou a presença de um vírus cibernético espião no dispositivo móvel de Haniyeh. Todas as três possibilidades são plausíveis e não parece haver a necessidade de se excluir uma hipótese para considerar a outra, sendo possível uma combinação de fatores.

O que sabemos é que, tendo havido participação ou não do Qatar na sabotagem, a mídia catari se aproveitou da situação para realizar uma operação psicológica anti-Irã, e agora certamente a influência do lobby wahhabi poderá se expandir na Resistência. O Irã, por sua vez, está apto a neutralizar este problema através de uma resposta militar dura e eficiente contra o regime sionista, convencendo assim a opinião pública palestina de que Teerã está ao lado deles nesta guerra.

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

O regime sionista assassinou o chefe do birô político do Hamas, Ismail Haniyeh, em um atentado terrorista com míssil na capital iraniana, Teerã. A escala gerada por esse tipo de crime é absolutamente sem precedentes. Israel simplesmente fez uma incursão contra a capital da maior potência militar do Oriente Médio, não deixando outra opção ao Irã senão retaliar de acordo com o direito de legítima defesa estabelecido pelas Nações Unidas.

Obviamente, o agravamento militar no Oriente Médio é inevitável. Recentemente, o Vice-presidente do Conselho de Segurança da Federação Russa, Dmitry Medvedev, afirmou em suas redes sociais que a única forma de se alcançar a paz no Oriente Médio é através de uma guerra total regional. Este diagnóstico é absolutamente preciso: a situação já passou de um ponto de não-retorno, razão pela qual a reversão da guerra só pode ser obtida através de uma “escalada para desescalar” – em outras palavras, as hostilidades já não podem ser evitadas, restando apenas esperar que um lado vença e estabeleça sua pax.

Contudo, independentemente das consequências geopolíticas para a arquitetura de segurança regional e mundial, o assassinato de Haniyeh também deixou uma série de questões não respondidas sobre as circunstâncias de sua morte. Apenas alguns minutos depois da notícia, imediatamente, milhares de influencers pró-Palestina no mundo inteiro, incluindo muitos palestinos in loco, começaram a publicar nas redes sociais conteúdo anti-Irã. Mensagens como “nunca confie no Irã” ou dizendo que os sistemas de defesa e segurança iranianos são “fracos” se tornaram virais nas redes sociais.

O respeitável analista sírio-armênio Kevork Almassian fez uma interessante avaliação sobre o caso, afirmando que Israel e a mídia catari estavam conduzindo uma operação psicológica para usar o assassinato de Haniyeh contra a República Islâmica. É importante lembrar que a TV Al Jazeera, do Qatar, possui o monopólio da informação em Gaza. Mantendo jornalistas in loco em meio aos bombardeios israelenses, a Al Jazeera faz um importantíssimo trabalho na exposição dos crimes sionistas e na divulgação sobre a verdade do que acontece em Gaza. Contudo, sendo uma TV catari, o canal obviamente trabalha com vieses e advoga por interesses do Estado catari. Isso significa que a Al Jazeera poderia estar explorando a situação local para avançar pautas políticas, religiosas e ideológicas do Qatar, tentando diminuir a influência iraniana sobre a Causa Palestina.

Conversei recentemente com uma fonte de alto nível no Oriente Médio sobre o caso. Mantendo anonimato, o informante, que é familiarizado com assuntos militares e políticos relevantes, afirmou que algumas autoridades acreditam que fontes dentro do próprio Qatar poderiam ter vazado os dados de geolocalização de Haniyeh, viabilizando seu assassinato por Israel. O objetivo seria eliminar o líder do Hamas que melhor se relacionava com o Irã e o Eixo da Resistência, permitindo assim uma expansão do lobby wahhabi-catari na Palestina.

Como se sabe, o Qatar, apesar de sua postura anti-Israel, é um sólido colaborador dos EUA, sendo a maior base militar americana no Oriente Médio localizada precisamente em solo catari. Nesse sentido, não haveria apenas a intenção de alguns atores dentro do Qatar em expandir o lobby do país na Resistência Palestina, mas a própria pressão de americanos baseados em solo catari e infiltrados nas instituições do país para que os dados de Haniyeh fossem passados a Israel.

Como a jornalista síria Maram Susli recentemente comentou, Israel jamais eliminaria um líder do Hamas dentro de um país aliado dos EUA. Por outro lado, no Irã, tal assassinato beneficiou a todos os envolvidos: enquanto Israel eliminou um relevante inimigo político, o Qatar melhorou sua imagem como “protetor da Palestina”, descrevendo através de sua mídia o Irã como um lugar inseguro e com forças incapazes de proteger os palestinos.

Embora haja um consenso sobre a necessidade de se vencer Israel e estabelecer um Estado Palestino, há diferentes projetos sobre como este processo deveria ser feito. O Qatar quer levar o wahhabismo para a Palestina e trazer toda a região para sua esfera de influência, assim como o Irã espera aumentar a influência xiita sobre o povo palestino. No mesmo sentido, outros atores regionais têm suas visões particulares sobre este processo. Por exemplo, para os sauditas, o ideal é que o Estado Palestino seja formado preservando a existência de Israel – que então seria reconhecido pelos sauditas e se tornaria um aliado contra o Irã. No fim, o cenário regional é extremamente complexo e não se resume a uma mera questão humanitária ou religiosa.

Em verdade, a disputa de influência sobre a Palestina entre cataris e iranianos tem sido uma grande questão fora do holofote público. Publicamente, as rivalidades entre Irã e Qatar estão congeladas, mas por baixo dos panos há muitas disputas em jogo. Esta oscilação se materializou em muitos eventos na história recente da Resistência Palestina. Por exemplo, o Hamas cortou relações com o governo sírio e mudou seu escritório de Damasco para Doha quando começou a Guerra Civil Síria, tendo tropas do movimento até mesmo engajado nas hostilidades contra as forças leais a Assad. Anos depois, sob mediação do Hezbollah – que é um proxy do Irã -, o Hamas restabeleceu laços com o governo Assad e se integrou ao Eixo da Resistência, caminhando para a esfera de influência iraniana.

Dois atores fundamentais neste processo de transição do Hamas e da Resistência Palestina para o Eixo de Teerã foram o General iraniano Qassem Soleimani, considerado o arquiteto do Eixo da Resistência, e o próprio Ismail Haniyeh, que sempre foi aberto ao diálogo com a República Islâmica e interessado no projeto de criar uma rede ampla e integrada de movimentos antissionistas. Não por acaso, ambos foram assassinados.

Certamente, nunca será possível determinar quem passou os dados de geolocalização de Haniyeh para os israelenses – ou americanos, já que há fortes suspeitas de que o míssil tenha sido disparado por pessoal especializado dos EUA no Oriente Médio. As três principais hipóteses até agora são: envolvimento de sabotadores e espiões dentro do Irã; envolvimento de atores externos (como agentes cataris); ou a presença de um vírus cibernético espião no dispositivo móvel de Haniyeh. Todas as três possibilidades são plausíveis e não parece haver a necessidade de se excluir uma hipótese para considerar a outra, sendo possível uma combinação de fatores.

O que sabemos é que, tendo havido participação ou não do Qatar na sabotagem, a mídia catari se aproveitou da situação para realizar uma operação psicológica anti-Irã, e agora certamente a influência do lobby wahhabi poderá se expandir na Resistência. O Irã, por sua vez, está apto a neutralizar este problema através de uma resposta militar dura e eficiente contra o regime sionista, convencendo assim a opinião pública palestina de que Teerã está ao lado deles nesta guerra.

The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.

See also

September 4, 2024
August 29, 2024
August 27, 2024

See also

September 4, 2024
August 29, 2024
August 27, 2024
The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.