Português
Eduardo Vasco
July 16, 2024
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De acordo com a CNN Brasil, embaixadas estrangeiras, encabeçadas pela da França, interferiram diretamente na aprovação da lei do Novo Ensino Médio. Elas pressionaram parlamentares a retirarem a obrigatoriedade do ensino da língua espanhola, porque, como disseram ao canal, isso prejudicaria a influência que exercem no Brasil para que brasileiros estudem outros idiomas. As embaixadas da Alemanha e da Itália também participaram do lobby.

O que isso significa?

Bem, não foi apenas um simples lobby. Não foi uma conversa em que os diplomatas ganharam o apoio de parlamentares por simples argumentos. Todo lobby no Congresso Nacional brasileiro significa compra de votos. Não importa qual moeda de troca foi utilizada, qual foi a recompensa que os parlamentares receberam. Isso é uma interferência direta e evidente na soberania nacional do Brasil e na elaboração das leis do nosso país.

Deveria ser um escândalo.

Agora, por que as embaixadas europeias se preocuparam em impedir que o espanhol seja um idioma obrigatório no ensino brasileiro?

O argumento é que isso daria ao espanhol uma vantagem competitiva desleal. Por que não o francês? Por que não o alemão? Por que não o italiano?

Curiosamente, não se preocupam com a obrigatoriedade do ensino do inglês. Se é certo que o inglês já é, na prática, um idioma universal e obrigatório para qualquer um que queira interagir com o mundo, também é certo que os países europeus são subordinados aos interesses dos Estados Unidos – “donos” do idioma, não os britânicos – e não querem competir com o inglês.

Mas o espanhol, para os brasileiros, tem quase o mesmo peso que o inglês. As enormes semelhanças linguísticas fazem com que a maioria dos brasileiros tenha facilidade de se comunicar com hispanofalantes. De fato, a esmagadora maioria dos que buscam aprender um segundo idioma estrangeiro se interessa pelo espanhol. Mas os cursos costumam ser pagos e o ensino do espanhol não é tão popularizado como o do inglês.

O que está por trás desse boicote à língua espanhola é, sobretudo, a necessidade de impedir a integração do Brasil aos nossos vizinhos latino-americanos, que têm o espanhol como idioma. O Brasil, embora faça fronteira com sete países cuja idioma oficial seja o espanhol e tenha a América do Sul como seu espaço natural de influência e domínio geopolítico, tem sido sistematicamente impedido de se integrar a eles desde que conquistou a independência.

Primeiro a Inglaterra, e depois os Estados Unidos, trabalharam para isolar o Brasil do restante do continente. O gigante sul-americano, como é conhecido pelos nossos vizinhos, sofre uma sabotagem externa e interna. Os agentes do imperialismo dentro do nosso país trabalham diariamente para manter a nossa submissão, em todos os aspectos da vida: econômico, político e cultural. Nos jornais, as notícias sobre a América Latina não passam de notas de rodapés – quando são publicadas! – enquanto o que ocorre nos EUA e na Europa é sempre manchete de capa ou das editorias de política e economia internacional. Usamos naturalmente inúmeras expressões provenientes do idioma inglês e as marcas empresariais brasileiras frequentemente são americanizadas.

Não interessa ao imperialismo americano que o Brasil faça parte efetivamente da América Latina. Afinal de contas, o Brasil é um concorrente natural dos Estados Unidos no continente, sendo a maior economia da América Latina e tendo a maior população da região. Ainda mais quando o Brasil se aproxima dos rivais dos EUA nas últimas décadas, com excelentes relações com China e Rússia atualmente.

Os EUA não gostaram da criação do Mercosul, por exemplo, como indicou Henry Kissinger em seu livro “Does America Need a Foreign Policy?”. Um dos motivos foi que a organização, integrando os países da América do Sul, poderia “gerar uma potencial contenda entre Brasil e EUA sobre o futuro do Cone Sul”.

Para assumir o papel que lhe é cabível no continente, é uma necessidade vital do Brasil se integrar profundamente com os nossos vizinhos. Isso não pode acontecer sem comunicação. E só é possível se comunicar eficazmente utilizando um idioma comum. A desvantagem do Brasil para com o restante do continente (excetuando os pequenos países e ilhas que falam inglês, francês ou holandês) é que, embora o português seja um idioma compreensível para os falantes de espanhol e vice-e-versa, os idiomas não são os mesmos. A Telesur, por exemplo, não tem como ser exibida na TV aberta brasileira porque não tem uma versão em língua portuguesa. Apesar das semelhanças, o brasileiro comum tem dificuldades de compreender plenamente a língua espanhola.

Por isso é preciso difundir o idioma espanhol no Brasil. É mais fácil do que difundir o português para cada um dos países de língua espanhola da região. A difusão do espanhol facilitaria o intercâmbio cultural, político, econômico e em todos os âmbitos com nossos vizinhos. Falando espanhol, os brasileiros se interessarão cada vez mais em viajar para os países da América Latina. Lerão a literatura latino-americana. Aprenderão a história do continente. Irão querer acompanhar as notícias diárias dos nossos vizinhos. Abrirão negócios nos países fronteiriços. E diminuirão a dependência econômica, política e cultural dos EUA e da Europa.

A integração linguística abre o caminho para a integração em todos os níveis com o nosso continente, para a unificação do povo brasileiro com os povos vizinhos e para a independência com relação ao imperialismo anglo-americano. É, portanto, uma questão de soberania nacional para o Brasil.

Embaixadas europeias violaram a soberania nacional do Brasil

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De acordo com a CNN Brasil, embaixadas estrangeiras, encabeçadas pela da França, interferiram diretamente na aprovação da lei do Novo Ensino Médio. Elas pressionaram parlamentares a retirarem a obrigatoriedade do ensino da língua espanhola, porque, como disseram ao canal, isso prejudicaria a influência que exercem no Brasil para que brasileiros estudem outros idiomas. As embaixadas da Alemanha e da Itália também participaram do lobby.

O que isso significa?

Bem, não foi apenas um simples lobby. Não foi uma conversa em que os diplomatas ganharam o apoio de parlamentares por simples argumentos. Todo lobby no Congresso Nacional brasileiro significa compra de votos. Não importa qual moeda de troca foi utilizada, qual foi a recompensa que os parlamentares receberam. Isso é uma interferência direta e evidente na soberania nacional do Brasil e na elaboração das leis do nosso país.

Deveria ser um escândalo.

Agora, por que as embaixadas europeias se preocuparam em impedir que o espanhol seja um idioma obrigatório no ensino brasileiro?

O argumento é que isso daria ao espanhol uma vantagem competitiva desleal. Por que não o francês? Por que não o alemão? Por que não o italiano?

Curiosamente, não se preocupam com a obrigatoriedade do ensino do inglês. Se é certo que o inglês já é, na prática, um idioma universal e obrigatório para qualquer um que queira interagir com o mundo, também é certo que os países europeus são subordinados aos interesses dos Estados Unidos – “donos” do idioma, não os britânicos – e não querem competir com o inglês.

Mas o espanhol, para os brasileiros, tem quase o mesmo peso que o inglês. As enormes semelhanças linguísticas fazem com que a maioria dos brasileiros tenha facilidade de se comunicar com hispanofalantes. De fato, a esmagadora maioria dos que buscam aprender um segundo idioma estrangeiro se interessa pelo espanhol. Mas os cursos costumam ser pagos e o ensino do espanhol não é tão popularizado como o do inglês.

O que está por trás desse boicote à língua espanhola é, sobretudo, a necessidade de impedir a integração do Brasil aos nossos vizinhos latino-americanos, que têm o espanhol como idioma. O Brasil, embora faça fronteira com sete países cuja idioma oficial seja o espanhol e tenha a América do Sul como seu espaço natural de influência e domínio geopolítico, tem sido sistematicamente impedido de se integrar a eles desde que conquistou a independência.

Primeiro a Inglaterra, e depois os Estados Unidos, trabalharam para isolar o Brasil do restante do continente. O gigante sul-americano, como é conhecido pelos nossos vizinhos, sofre uma sabotagem externa e interna. Os agentes do imperialismo dentro do nosso país trabalham diariamente para manter a nossa submissão, em todos os aspectos da vida: econômico, político e cultural. Nos jornais, as notícias sobre a América Latina não passam de notas de rodapés – quando são publicadas! – enquanto o que ocorre nos EUA e na Europa é sempre manchete de capa ou das editorias de política e economia internacional. Usamos naturalmente inúmeras expressões provenientes do idioma inglês e as marcas empresariais brasileiras frequentemente são americanizadas.

Não interessa ao imperialismo americano que o Brasil faça parte efetivamente da América Latina. Afinal de contas, o Brasil é um concorrente natural dos Estados Unidos no continente, sendo a maior economia da América Latina e tendo a maior população da região. Ainda mais quando o Brasil se aproxima dos rivais dos EUA nas últimas décadas, com excelentes relações com China e Rússia atualmente.

Os EUA não gostaram da criação do Mercosul, por exemplo, como indicou Henry Kissinger em seu livro “Does America Need a Foreign Policy?”. Um dos motivos foi que a organização, integrando os países da América do Sul, poderia “gerar uma potencial contenda entre Brasil e EUA sobre o futuro do Cone Sul”.

Para assumir o papel que lhe é cabível no continente, é uma necessidade vital do Brasil se integrar profundamente com os nossos vizinhos. Isso não pode acontecer sem comunicação. E só é possível se comunicar eficazmente utilizando um idioma comum. A desvantagem do Brasil para com o restante do continente (excetuando os pequenos países e ilhas que falam inglês, francês ou holandês) é que, embora o português seja um idioma compreensível para os falantes de espanhol e vice-e-versa, os idiomas não são os mesmos. A Telesur, por exemplo, não tem como ser exibida na TV aberta brasileira porque não tem uma versão em língua portuguesa. Apesar das semelhanças, o brasileiro comum tem dificuldades de compreender plenamente a língua espanhola.

Por isso é preciso difundir o idioma espanhol no Brasil. É mais fácil do que difundir o português para cada um dos países de língua espanhola da região. A difusão do espanhol facilitaria o intercâmbio cultural, político, econômico e em todos os âmbitos com nossos vizinhos. Falando espanhol, os brasileiros se interessarão cada vez mais em viajar para os países da América Latina. Lerão a literatura latino-americana. Aprenderão a história do continente. Irão querer acompanhar as notícias diárias dos nossos vizinhos. Abrirão negócios nos países fronteiriços. E diminuirão a dependência econômica, política e cultural dos EUA e da Europa.

A integração linguística abre o caminho para a integração em todos os níveis com o nosso continente, para a unificação do povo brasileiro com os povos vizinhos e para a independência com relação ao imperialismo anglo-americano. É, portanto, uma questão de soberania nacional para o Brasil.

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

De acordo com a CNN Brasil, embaixadas estrangeiras, encabeçadas pela da França, interferiram diretamente na aprovação da lei do Novo Ensino Médio. Elas pressionaram parlamentares a retirarem a obrigatoriedade do ensino da língua espanhola, porque, como disseram ao canal, isso prejudicaria a influência que exercem no Brasil para que brasileiros estudem outros idiomas. As embaixadas da Alemanha e da Itália também participaram do lobby.

O que isso significa?

Bem, não foi apenas um simples lobby. Não foi uma conversa em que os diplomatas ganharam o apoio de parlamentares por simples argumentos. Todo lobby no Congresso Nacional brasileiro significa compra de votos. Não importa qual moeda de troca foi utilizada, qual foi a recompensa que os parlamentares receberam. Isso é uma interferência direta e evidente na soberania nacional do Brasil e na elaboração das leis do nosso país.

Deveria ser um escândalo.

Agora, por que as embaixadas europeias se preocuparam em impedir que o espanhol seja um idioma obrigatório no ensino brasileiro?

O argumento é que isso daria ao espanhol uma vantagem competitiva desleal. Por que não o francês? Por que não o alemão? Por que não o italiano?

Curiosamente, não se preocupam com a obrigatoriedade do ensino do inglês. Se é certo que o inglês já é, na prática, um idioma universal e obrigatório para qualquer um que queira interagir com o mundo, também é certo que os países europeus são subordinados aos interesses dos Estados Unidos – “donos” do idioma, não os britânicos – e não querem competir com o inglês.

Mas o espanhol, para os brasileiros, tem quase o mesmo peso que o inglês. As enormes semelhanças linguísticas fazem com que a maioria dos brasileiros tenha facilidade de se comunicar com hispanofalantes. De fato, a esmagadora maioria dos que buscam aprender um segundo idioma estrangeiro se interessa pelo espanhol. Mas os cursos costumam ser pagos e o ensino do espanhol não é tão popularizado como o do inglês.

O que está por trás desse boicote à língua espanhola é, sobretudo, a necessidade de impedir a integração do Brasil aos nossos vizinhos latino-americanos, que têm o espanhol como idioma. O Brasil, embora faça fronteira com sete países cuja idioma oficial seja o espanhol e tenha a América do Sul como seu espaço natural de influência e domínio geopolítico, tem sido sistematicamente impedido de se integrar a eles desde que conquistou a independência.

Primeiro a Inglaterra, e depois os Estados Unidos, trabalharam para isolar o Brasil do restante do continente. O gigante sul-americano, como é conhecido pelos nossos vizinhos, sofre uma sabotagem externa e interna. Os agentes do imperialismo dentro do nosso país trabalham diariamente para manter a nossa submissão, em todos os aspectos da vida: econômico, político e cultural. Nos jornais, as notícias sobre a América Latina não passam de notas de rodapés – quando são publicadas! – enquanto o que ocorre nos EUA e na Europa é sempre manchete de capa ou das editorias de política e economia internacional. Usamos naturalmente inúmeras expressões provenientes do idioma inglês e as marcas empresariais brasileiras frequentemente são americanizadas.

Não interessa ao imperialismo americano que o Brasil faça parte efetivamente da América Latina. Afinal de contas, o Brasil é um concorrente natural dos Estados Unidos no continente, sendo a maior economia da América Latina e tendo a maior população da região. Ainda mais quando o Brasil se aproxima dos rivais dos EUA nas últimas décadas, com excelentes relações com China e Rússia atualmente.

Os EUA não gostaram da criação do Mercosul, por exemplo, como indicou Henry Kissinger em seu livro “Does America Need a Foreign Policy?”. Um dos motivos foi que a organização, integrando os países da América do Sul, poderia “gerar uma potencial contenda entre Brasil e EUA sobre o futuro do Cone Sul”.

Para assumir o papel que lhe é cabível no continente, é uma necessidade vital do Brasil se integrar profundamente com os nossos vizinhos. Isso não pode acontecer sem comunicação. E só é possível se comunicar eficazmente utilizando um idioma comum. A desvantagem do Brasil para com o restante do continente (excetuando os pequenos países e ilhas que falam inglês, francês ou holandês) é que, embora o português seja um idioma compreensível para os falantes de espanhol e vice-e-versa, os idiomas não são os mesmos. A Telesur, por exemplo, não tem como ser exibida na TV aberta brasileira porque não tem uma versão em língua portuguesa. Apesar das semelhanças, o brasileiro comum tem dificuldades de compreender plenamente a língua espanhola.

Por isso é preciso difundir o idioma espanhol no Brasil. É mais fácil do que difundir o português para cada um dos países de língua espanhola da região. A difusão do espanhol facilitaria o intercâmbio cultural, político, econômico e em todos os âmbitos com nossos vizinhos. Falando espanhol, os brasileiros se interessarão cada vez mais em viajar para os países da América Latina. Lerão a literatura latino-americana. Aprenderão a história do continente. Irão querer acompanhar as notícias diárias dos nossos vizinhos. Abrirão negócios nos países fronteiriços. E diminuirão a dependência econômica, política e cultural dos EUA e da Europa.

A integração linguística abre o caminho para a integração em todos os níveis com o nosso continente, para a unificação do povo brasileiro com os povos vizinhos e para a independência com relação ao imperialismo anglo-americano. É, portanto, uma questão de soberania nacional para o Brasil.

The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.

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November 24, 2024

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