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Bruna Frascolla
August 24, 2024
© Photo: Social media

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

Em 2020, a Cidade do México tinha 9,2 milhões de habitantes. Em 2022, a cidade de São Paulo tinha 11,5 milhões de habitantes. Parece seguro, portanto, afirmar que a maior cidade da América Latina se situa no estado de São Paulo, no Brasil. No mesmo censo, o estado de São Paulo tem 44,4 milhões de habitantes e o Brasil, 203 milhões. Quase um quarto do Brasil está no estado de São Paulo, e mais de um quarto do estado de São Paulo está na cidade de São Paulo.

Da cidade de São Paulo saíram os dois principais partidos da Nova República, iniciada em 1988: o PT e o PSDB, que de 1995 a 2016 se revezaram na presidência. Os governos de ambos os partidos podem ser considerados neoliberais, mas o Brasil passou esses anos todos se polarizando entre o PSDB e o PT como se fossem coisas opostas, com o PSDB representando a “direita” e o PT a “esquerda”. Em 2016, ocorre o impeachment de Dilma Rousseff e o vice-presidente termina o mandato. Depois disso, veio o bolsonarismo como representante da “direita”, e o PSDB entra em decadência. O Brasil fica polarizado, agora, entre petismo e bolsonarismo. Esta última força política é muito desorganizada e não tem um partido para chamar de seu.

O estado São Paulo permaneceu de 2001 a 2023 com governadores do PSDB e seus vices. Oito mandatos foram do atual vice-presidente Geraldo Alckmin, que chegou a ser o principal candidato presidencial contra Lula em 2006, e ainda em 2018 tentou enfrentar tanto o PT quanto Bolsonaro, mas não chegou ao segundo turno. O último governador tucano (isto é, do PSDB) de São Paulo foi João Dória – um caso atípico, pois se elegera com o apoio informal de Bolsonaro, que disputava pela primeira vez a eleição presidencial e teve êxito. Em 2022, Bolsonaro não conseguiu se eleger presidente, mas conseguiu eleger o governador Tarcísio Freitas, o primeiro governador a se eleger por um partido diferente do PSDB em décadas. Assim, com alguma razão, o estado de São Paulo é considerado bolsonarista ou de “direita”. O estado era tucano quando ser de “direita” era ser tucano. Quando ser de direita virou ser bolsonarista, o estado passou a eleger indicados de Bolsonaro.

A coisa é bem diferente na capital. Se o estado de São Paulo nunca elegeu um governador petista, a cidade de São Paulo marcou época ao eleger como prefeita Luiza Erundina, do PT, em 1988. Já com um viés politicamente correto, exaltava-se o fato de ela ser mulher e nordestina. (São Paulo não é tão populosa por ter uma taxa de natalidade fenomenal, mas sim por atrair muitos migrantes de outras partes do Brasil, e a região Nordeste, pobre e rural, é a origem de muitos deles.) São dignas de nota as eleições da sexóloga Marta Suplicy pelo PT em 2000 e de Fernando Haddad em 2012. Este último teve péssima avaliação, tentou se reeleger em 2016 e perdeu já no primeiro turno (o vencedor foi João Dória, que depois virou governador pelo PSDB com apoio de Bolsonaro). Ainda assim, Fernando Haddad é um homem muito importante do PT: foi um grande responsável pelo sucateamento das universidades públicas quando ministro da Educação de Lula entre 2005 e 2012 e é, agora, o ministro da fazenda que visa à responsabilidade fiscal. Em 2018, quando Lula não pôde concorrer à presidência, foi ele quem enfrentou Bolsonaro nas urnas.

Assim, como o estado de São Paulo se manteve à direita enquanto o país oscilou e pendeu mais para a esquerda, podemos dizer que a cidade de São Paulo também está em tensão com o estado, e tem uma sintonia melhor com a política federal. Por essas e outras, os olhos do país se voltam para as eleições municipais de São Paulo, que ocorrerão em outubro. Presidente e governador, só em 2026.

Em São Paulo tanto o bolsonarismo quanto a esquerda estão divididos. Talvez pela má memória de Haddad, o PT pela primeira vez não lançou um candidato à prefeitura de São Paulo. Em 2020, o desempenho do candidato petista foi péssimo, e o esquerdista que chegou ao segundo turno foi Guilherme Boulos, do PSOL. Este é um daqueles partidos woke que são iguais em qualquer lugar do mundo. Guilherme Boulos é o filho de um professor de medicina da faculdade mais prestigiosa do Brasil (a USP) que, no entanto, faz cosplay de Lula dos anos 70 e lidera um movimento de sem teto. Disputando a esquerda com ele, o nome mais relevante é o de Tabata Amaral, uma dentre os jovens brilhantes que foram enviados para Harvard e para a política por meio dos projetos sociais do bilionário Jorge Paulo Lemann.

À direita, tem-se uma verdadeira corrida maluca. Em vez de ter criado um partido, Bolsonaro pula de galho em galho, e ora se hospeda no PL de Valdemar da Costa Neto (ninguém relevante do ponto de vista eleitoral; no Brasil existe uma coisa informalmente chamada “partido de aluguel” e os donos desses partidos têm importância burocrática). O PL decidiu apoiar a reeleição do atual prefeito, Ricardo Nunes, do MDB (um partido importante, que costuma oferecer apoio regional, mas não liderar candidaturas nacionais na Nova República). Ele chegou à prefeitura, de certa forma, por ser o vice do vice. É que, na cidade de São Paulo, é normal o prefeito não concluir o mandato porque se candidatou a presidente ou governador. Quando Dória ganhou de Fernando Haddad em 2016, não concluiu o mandato porque em 2018 se candidatou ao governo do estado. Aí assumiu o seu vice, que em 2020, já sofrendo de câncer, se candidatou à reeleição. Ele ganhou, morreu, e assumiu o vice: Ricardo Nunes, que pela primeira vez tenta a reeleição. Sua gestão não é das mais bem avaliadas, e seu perfil discreto não dá nenhum motivo para que ele seja considerado “de direita”.

Por outro lado, uma candidatura “conservadora” segundo os moldes bolsonaristas é a do coach e influencer goiano Pablo Marçal. Parece-me que em condições normais um cidadão desse estaria abaixo de crítica, pois já foi condenado por furtar bancos. Seus problemas com a polícia são notórios e constam na Wikipédia. Neste artigo também dou exemplos de sua mitomania. Não obstante os absurdos, esse candidato é tido por conservador e Bolsonaro já o elogiou, ao tempo que se lastimava de ter de apoiar Nunes.

Além disso, há o apresentador de TV José Luís Datena, que denuncia os problemas de São Paulo e fala mal dos bandidos. Ele já havia ensaiado uma candidatura à prefeitura muitas vezes, e desta vez sai candidato pelo PSDB – algo que dificilmente aconteceria nos bons anos do partido.

À esquerda e à direita, ninguém sabe o que vai acontecer na eleição paulistana. Por isso, o Brasil acompanha-a com uma curiosidade maior do que o normal.

Em outubro, tem eleição na maior metrópole da América Latina

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Em 2020, a Cidade do México tinha 9,2 milhões de habitantes. Em 2022, a cidade de São Paulo tinha 11,5 milhões de habitantes. Parece seguro, portanto, afirmar que a maior cidade da América Latina se situa no estado de São Paulo, no Brasil. No mesmo censo, o estado de São Paulo tem 44,4 milhões de habitantes e o Brasil, 203 milhões. Quase um quarto do Brasil está no estado de São Paulo, e mais de um quarto do estado de São Paulo está na cidade de São Paulo.

Da cidade de São Paulo saíram os dois principais partidos da Nova República, iniciada em 1988: o PT e o PSDB, que de 1995 a 2016 se revezaram na presidência. Os governos de ambos os partidos podem ser considerados neoliberais, mas o Brasil passou esses anos todos se polarizando entre o PSDB e o PT como se fossem coisas opostas, com o PSDB representando a “direita” e o PT a “esquerda”. Em 2016, ocorre o impeachment de Dilma Rousseff e o vice-presidente termina o mandato. Depois disso, veio o bolsonarismo como representante da “direita”, e o PSDB entra em decadência. O Brasil fica polarizado, agora, entre petismo e bolsonarismo. Esta última força política é muito desorganizada e não tem um partido para chamar de seu.

O estado São Paulo permaneceu de 2001 a 2023 com governadores do PSDB e seus vices. Oito mandatos foram do atual vice-presidente Geraldo Alckmin, que chegou a ser o principal candidato presidencial contra Lula em 2006, e ainda em 2018 tentou enfrentar tanto o PT quanto Bolsonaro, mas não chegou ao segundo turno. O último governador tucano (isto é, do PSDB) de São Paulo foi João Dória – um caso atípico, pois se elegera com o apoio informal de Bolsonaro, que disputava pela primeira vez a eleição presidencial e teve êxito. Em 2022, Bolsonaro não conseguiu se eleger presidente, mas conseguiu eleger o governador Tarcísio Freitas, o primeiro governador a se eleger por um partido diferente do PSDB em décadas. Assim, com alguma razão, o estado de São Paulo é considerado bolsonarista ou de “direita”. O estado era tucano quando ser de “direita” era ser tucano. Quando ser de direita virou ser bolsonarista, o estado passou a eleger indicados de Bolsonaro.

A coisa é bem diferente na capital. Se o estado de São Paulo nunca elegeu um governador petista, a cidade de São Paulo marcou época ao eleger como prefeita Luiza Erundina, do PT, em 1988. Já com um viés politicamente correto, exaltava-se o fato de ela ser mulher e nordestina. (São Paulo não é tão populosa por ter uma taxa de natalidade fenomenal, mas sim por atrair muitos migrantes de outras partes do Brasil, e a região Nordeste, pobre e rural, é a origem de muitos deles.) São dignas de nota as eleições da sexóloga Marta Suplicy pelo PT em 2000 e de Fernando Haddad em 2012. Este último teve péssima avaliação, tentou se reeleger em 2016 e perdeu já no primeiro turno (o vencedor foi João Dória, que depois virou governador pelo PSDB com apoio de Bolsonaro). Ainda assim, Fernando Haddad é um homem muito importante do PT: foi um grande responsável pelo sucateamento das universidades públicas quando ministro da Educação de Lula entre 2005 e 2012 e é, agora, o ministro da fazenda que visa à responsabilidade fiscal. Em 2018, quando Lula não pôde concorrer à presidência, foi ele quem enfrentou Bolsonaro nas urnas.

Assim, como o estado de São Paulo se manteve à direita enquanto o país oscilou e pendeu mais para a esquerda, podemos dizer que a cidade de São Paulo também está em tensão com o estado, e tem uma sintonia melhor com a política federal. Por essas e outras, os olhos do país se voltam para as eleições municipais de São Paulo, que ocorrerão em outubro. Presidente e governador, só em 2026.

Em São Paulo tanto o bolsonarismo quanto a esquerda estão divididos. Talvez pela má memória de Haddad, o PT pela primeira vez não lançou um candidato à prefeitura de São Paulo. Em 2020, o desempenho do candidato petista foi péssimo, e o esquerdista que chegou ao segundo turno foi Guilherme Boulos, do PSOL. Este é um daqueles partidos woke que são iguais em qualquer lugar do mundo. Guilherme Boulos é o filho de um professor de medicina da faculdade mais prestigiosa do Brasil (a USP) que, no entanto, faz cosplay de Lula dos anos 70 e lidera um movimento de sem teto. Disputando a esquerda com ele, o nome mais relevante é o de Tabata Amaral, uma dentre os jovens brilhantes que foram enviados para Harvard e para a política por meio dos projetos sociais do bilionário Jorge Paulo Lemann.

À direita, tem-se uma verdadeira corrida maluca. Em vez de ter criado um partido, Bolsonaro pula de galho em galho, e ora se hospeda no PL de Valdemar da Costa Neto (ninguém relevante do ponto de vista eleitoral; no Brasil existe uma coisa informalmente chamada “partido de aluguel” e os donos desses partidos têm importância burocrática). O PL decidiu apoiar a reeleição do atual prefeito, Ricardo Nunes, do MDB (um partido importante, que costuma oferecer apoio regional, mas não liderar candidaturas nacionais na Nova República). Ele chegou à prefeitura, de certa forma, por ser o vice do vice. É que, na cidade de São Paulo, é normal o prefeito não concluir o mandato porque se candidatou a presidente ou governador. Quando Dória ganhou de Fernando Haddad em 2016, não concluiu o mandato porque em 2018 se candidatou ao governo do estado. Aí assumiu o seu vice, que em 2020, já sofrendo de câncer, se candidatou à reeleição. Ele ganhou, morreu, e assumiu o vice: Ricardo Nunes, que pela primeira vez tenta a reeleição. Sua gestão não é das mais bem avaliadas, e seu perfil discreto não dá nenhum motivo para que ele seja considerado “de direita”.

Por outro lado, uma candidatura “conservadora” segundo os moldes bolsonaristas é a do coach e influencer goiano Pablo Marçal. Parece-me que em condições normais um cidadão desse estaria abaixo de crítica, pois já foi condenado por furtar bancos. Seus problemas com a polícia são notórios e constam na Wikipédia. Neste artigo também dou exemplos de sua mitomania. Não obstante os absurdos, esse candidato é tido por conservador e Bolsonaro já o elogiou, ao tempo que se lastimava de ter de apoiar Nunes.

Além disso, há o apresentador de TV José Luís Datena, que denuncia os problemas de São Paulo e fala mal dos bandidos. Ele já havia ensaiado uma candidatura à prefeitura muitas vezes, e desta vez sai candidato pelo PSDB – algo que dificilmente aconteceria nos bons anos do partido.

À esquerda e à direita, ninguém sabe o que vai acontecer na eleição paulistana. Por isso, o Brasil acompanha-a com uma curiosidade maior do que o normal.

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Em 2020, a Cidade do México tinha 9,2 milhões de habitantes. Em 2022, a cidade de São Paulo tinha 11,5 milhões de habitantes. Parece seguro, portanto, afirmar que a maior cidade da América Latina se situa no estado de São Paulo, no Brasil. No mesmo censo, o estado de São Paulo tem 44,4 milhões de habitantes e o Brasil, 203 milhões. Quase um quarto do Brasil está no estado de São Paulo, e mais de um quarto do estado de São Paulo está na cidade de São Paulo.

Da cidade de São Paulo saíram os dois principais partidos da Nova República, iniciada em 1988: o PT e o PSDB, que de 1995 a 2016 se revezaram na presidência. Os governos de ambos os partidos podem ser considerados neoliberais, mas o Brasil passou esses anos todos se polarizando entre o PSDB e o PT como se fossem coisas opostas, com o PSDB representando a “direita” e o PT a “esquerda”. Em 2016, ocorre o impeachment de Dilma Rousseff e o vice-presidente termina o mandato. Depois disso, veio o bolsonarismo como representante da “direita”, e o PSDB entra em decadência. O Brasil fica polarizado, agora, entre petismo e bolsonarismo. Esta última força política é muito desorganizada e não tem um partido para chamar de seu.

O estado São Paulo permaneceu de 2001 a 2023 com governadores do PSDB e seus vices. Oito mandatos foram do atual vice-presidente Geraldo Alckmin, que chegou a ser o principal candidato presidencial contra Lula em 2006, e ainda em 2018 tentou enfrentar tanto o PT quanto Bolsonaro, mas não chegou ao segundo turno. O último governador tucano (isto é, do PSDB) de São Paulo foi João Dória – um caso atípico, pois se elegera com o apoio informal de Bolsonaro, que disputava pela primeira vez a eleição presidencial e teve êxito. Em 2022, Bolsonaro não conseguiu se eleger presidente, mas conseguiu eleger o governador Tarcísio Freitas, o primeiro governador a se eleger por um partido diferente do PSDB em décadas. Assim, com alguma razão, o estado de São Paulo é considerado bolsonarista ou de “direita”. O estado era tucano quando ser de “direita” era ser tucano. Quando ser de direita virou ser bolsonarista, o estado passou a eleger indicados de Bolsonaro.

A coisa é bem diferente na capital. Se o estado de São Paulo nunca elegeu um governador petista, a cidade de São Paulo marcou época ao eleger como prefeita Luiza Erundina, do PT, em 1988. Já com um viés politicamente correto, exaltava-se o fato de ela ser mulher e nordestina. (São Paulo não é tão populosa por ter uma taxa de natalidade fenomenal, mas sim por atrair muitos migrantes de outras partes do Brasil, e a região Nordeste, pobre e rural, é a origem de muitos deles.) São dignas de nota as eleições da sexóloga Marta Suplicy pelo PT em 2000 e de Fernando Haddad em 2012. Este último teve péssima avaliação, tentou se reeleger em 2016 e perdeu já no primeiro turno (o vencedor foi João Dória, que depois virou governador pelo PSDB com apoio de Bolsonaro). Ainda assim, Fernando Haddad é um homem muito importante do PT: foi um grande responsável pelo sucateamento das universidades públicas quando ministro da Educação de Lula entre 2005 e 2012 e é, agora, o ministro da fazenda que visa à responsabilidade fiscal. Em 2018, quando Lula não pôde concorrer à presidência, foi ele quem enfrentou Bolsonaro nas urnas.

Assim, como o estado de São Paulo se manteve à direita enquanto o país oscilou e pendeu mais para a esquerda, podemos dizer que a cidade de São Paulo também está em tensão com o estado, e tem uma sintonia melhor com a política federal. Por essas e outras, os olhos do país se voltam para as eleições municipais de São Paulo, que ocorrerão em outubro. Presidente e governador, só em 2026.

Em São Paulo tanto o bolsonarismo quanto a esquerda estão divididos. Talvez pela má memória de Haddad, o PT pela primeira vez não lançou um candidato à prefeitura de São Paulo. Em 2020, o desempenho do candidato petista foi péssimo, e o esquerdista que chegou ao segundo turno foi Guilherme Boulos, do PSOL. Este é um daqueles partidos woke que são iguais em qualquer lugar do mundo. Guilherme Boulos é o filho de um professor de medicina da faculdade mais prestigiosa do Brasil (a USP) que, no entanto, faz cosplay de Lula dos anos 70 e lidera um movimento de sem teto. Disputando a esquerda com ele, o nome mais relevante é o de Tabata Amaral, uma dentre os jovens brilhantes que foram enviados para Harvard e para a política por meio dos projetos sociais do bilionário Jorge Paulo Lemann.

À direita, tem-se uma verdadeira corrida maluca. Em vez de ter criado um partido, Bolsonaro pula de galho em galho, e ora se hospeda no PL de Valdemar da Costa Neto (ninguém relevante do ponto de vista eleitoral; no Brasil existe uma coisa informalmente chamada “partido de aluguel” e os donos desses partidos têm importância burocrática). O PL decidiu apoiar a reeleição do atual prefeito, Ricardo Nunes, do MDB (um partido importante, que costuma oferecer apoio regional, mas não liderar candidaturas nacionais na Nova República). Ele chegou à prefeitura, de certa forma, por ser o vice do vice. É que, na cidade de São Paulo, é normal o prefeito não concluir o mandato porque se candidatou a presidente ou governador. Quando Dória ganhou de Fernando Haddad em 2016, não concluiu o mandato porque em 2018 se candidatou ao governo do estado. Aí assumiu o seu vice, que em 2020, já sofrendo de câncer, se candidatou à reeleição. Ele ganhou, morreu, e assumiu o vice: Ricardo Nunes, que pela primeira vez tenta a reeleição. Sua gestão não é das mais bem avaliadas, e seu perfil discreto não dá nenhum motivo para que ele seja considerado “de direita”.

Por outro lado, uma candidatura “conservadora” segundo os moldes bolsonaristas é a do coach e influencer goiano Pablo Marçal. Parece-me que em condições normais um cidadão desse estaria abaixo de crítica, pois já foi condenado por furtar bancos. Seus problemas com a polícia são notórios e constam na Wikipédia. Neste artigo também dou exemplos de sua mitomania. Não obstante os absurdos, esse candidato é tido por conservador e Bolsonaro já o elogiou, ao tempo que se lastimava de ter de apoiar Nunes.

Além disso, há o apresentador de TV José Luís Datena, que denuncia os problemas de São Paulo e fala mal dos bandidos. Ele já havia ensaiado uma candidatura à prefeitura muitas vezes, e desta vez sai candidato pelo PSDB – algo que dificilmente aconteceria nos bons anos do partido.

À esquerda e à direita, ninguém sabe o que vai acontecer na eleição paulistana. Por isso, o Brasil acompanha-a com uma curiosidade maior do que o normal.

The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.

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