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Eduardo Vasco
August 5, 2024
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Escreva para nós: info@strategic-culture.su

A nova tentativa de golpe de Estado contra o governo bolivariano da Venezuela, na verdade, não é nenhuma novidade. Desde 2002 houve inúmeras investidas golpistas contra Hugo Chávez e Nicolás Maduro, particularmente após a direita perder as eleições.

Os opositores que tentam derrubar Maduro acusando-o de cometer uma fraude eleitoral são os mesmos de sempre (literalmente). Em particular María Corina Machado. Esta senhora é conhecida há mais de 20 anos – não tanto pelos venezuelanos quanto pelos serviços de inteligência dos Estados Unidos. De fato, ela foi uma das mais proeminentes figuras políticas fabricadas pela CIA em seus cursos de “formação de lideranças” em Yale – tal como o russo Alexei Navalny.

Esses cursos de formação de liderança não passam de uma fachada muito mal disfarçada para uma escola de agentes diretos do governo americano, provenientes de todas as partes do mundo, para voltarem a seus países e produzirem mudanças de regime, revoluções coloridas ou qualquer outra denominação que queiramos dar para golpes de Estado.

Ao receber o seu diploma de agente da CIA, María Corina fundou uma ONG chamada Súmate, sustentada por quantias volumosas de dinheiro enviado por fundações ligadas ao governo dos Estados Unidos, particularmente o NED. Além disso, manteve reuniões na embaixada americana e na própria Casa Branca, com ninguém menos que o então presidente George W. Bush.

O treinamento, o dinheiro e as orientações têm servido há duas décadas para organizar golpes, sabotagens e o apoio a intervenções militares estrangeiras contra o seu próprio país. Ela acusa o governo venezuelano de ser uma ditadura antidemocrática por não ter podido concorrer à presidência, mas é livre o suficiente para impor um fantoche como Edmundo González Urrutia como seu candidato e controlar toda a sua campanha política – incluindo o pós-eleições, ou seja, a desestabilização golpista atual.

O fato de uma agente estrangeira comprovada por A+B como ela não estar apodrecendo na cadeia é a evidência mais clara de que o governo venezuelano é qualquer coisa menos uma ditadura. Na verdade, não precisa ser uma ditadura para se prender um político que recebe treinamento, dinheiro e instruções de uma potência estrangeira para derrubar o governo de seu próprio país e entregar seu petróleo às empresas dessa potência. Hipocritamente, os EUA, que financiam centenas de Marías Corinas Machado por todo o mundo, têm numerosos prisioneiros em suas cárceres acusados de trabalhar para a Rússia, China, Cuba ou outros países que são vítimas precisamente desse tipo de maquinação estadunidense.

Corina e seus correligionários recebem grande destaque dos grandes meios de comunicação privados da Venezuela e de todo o mundo. Mas nenhum material sobre ela cita essa relação promíscua com os EUA. Justamente porque esses mesmos meios de comunicação também têm relações promíscuas com o governo ou com representantes do regime americano.

Por isso ela e sua ala da oposição são retratados como combatentes pela democracia e pelos direitos humanos, lutadores da liberdade contra a tirania e pessoas de excelente índole.

Mas o histórico de María Corina e outros opositores é o do incentivo à violência, ao ódio aos chavistas (ou seja, qualquer pessoa que não seja branca e loira), à destruição de todas as organizações populares que apoiam Maduro e à entrega das riquezas da Venezuela às companhias americanas.

Há duas grandes diferenças da atual tentativa golpista com relação às anteriores. A primeira é de caráter interno. O chavismo foi muito prejudicado pela guerra econômica e o golpe de Estado continuado (porém derrotado) de 2013 a 2019. O bloqueio econômico, os boicotes e sabotagens externos que o país sofreu, a queda induzida dos preços do petróleo, as sanções que afetaram o sistema de saúde e causaram a morte de inúmeras pessoas nos hospitais e, finalmente, a quase invasão sofrida em 2019 foram um golpe muito duro ao governo.

Por sua vez, uma situação de crise econômica e desestabilização política como essa favoreceu os setores do chavismo que sempre ficaram na sombra, os parasitas que se aproveitaram das conquistas da revolução bolivariana para ganhar capital político e que encontraram a grande oportunidade de assumir fatias do poder com o caos instalado no país. Não estou falando, logicamente, do presidente Maduro, mas de políticos que foram se acoplando ao Grande Polo Patriótico desde a eleição de 1998 até hoje, com uma política aparentemente progressista e nacionalista, mas direitista e burguesa, representantes de setores da burguesia e da burocracia estatal e partidária tradicional, estranhos ao movimento da classe operária e dos camponeses pobres.

Esses setores oportunistas ganharam força a partir do desgaste do governo, que teve de travar uma batalha inglória contra o imperialismo americano na última década. Foram tomando conta do aparato partidário das organizações que foram o GPP (hoje Grande Polo Patriótico Simón Bolívar) e de instituições e empresas do Estado. São a quinta-coluna que deve ser combatida duramente e expurgada do governo pelas massas populares que apoiam o presidente Maduro. É graças a essa camada parasitária que o chavismo tem perdido certo apoio popular, expressado pela queda no número de votos de um milhão de eleitores a cada uma das três últimas eleições presidenciais.

A outra grande diferença é de caráter externo. O fato de Colômbia e Brasil terem governos de esquerda aliados de Maduro causa uma impressão equivocada da correlação de forças continental. Tanto é assim que nenhum governo amigo do chavismo saiu em sua defesa de maneira contundente. A votação ocorrida na OEA não teve nenhuma manifestação contrária à proposta imperialista de aumentar a pressão sobre o governo diante da “fraude” eleitoral. Os governos de direita votaram a favor da proposta, outros se ausentaram e Brasil, Colômbia, Bolívia e Honduras, junto com sete países do Caribe, se abstiveram. Isso foi suficiente para barrar o golpismo da OEA, mas demonstra, junto com as declarações públicas extremamente acanhadas, que nem mesmo os aliados da Venezuela querem comprar essa briga.

Mas por quê? Porque todos eles estão sentindo a pressão da escalada golpista, patrocinada pelos Estados Unidos, que foi iniciada com a eleição farsesca de Javier Milei na Argentina e continuada com a eleição igualmente farsesca de Daniel Noboa no Equador e a reeleição (sobre essa não se dá um pio) também farsesca de Nayib Bukele em El Salvador. A Bolívia acaba de tomar um susto com um putsch precipitado – sinal de um golpe que está sendo preparado. Gustavo Petro também sabe que há intenções golpistas contra ele. Lula talvez também saiba disso, mas está demorando muito para agir, enquanto mantém as eternas ilusões com seus supostos aliados internos.

O destino imediato da Venezuela – a queda do governo ou a derrota do golpe – será decisivo para a correlação de forças no continente. Se María Corina Machado sair vitoriosa, facilitará enormemente a disseminação dos tentáculos da CIA para que abracem o Brasil, a Colômbia e a Bolívia.

O rostinho dos EUA no golpe na Venezuela

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A nova tentativa de golpe de Estado contra o governo bolivariano da Venezuela, na verdade, não é nenhuma novidade. Desde 2002 houve inúmeras investidas golpistas contra Hugo Chávez e Nicolás Maduro, particularmente após a direita perder as eleições.

Os opositores que tentam derrubar Maduro acusando-o de cometer uma fraude eleitoral são os mesmos de sempre (literalmente). Em particular María Corina Machado. Esta senhora é conhecida há mais de 20 anos – não tanto pelos venezuelanos quanto pelos serviços de inteligência dos Estados Unidos. De fato, ela foi uma das mais proeminentes figuras políticas fabricadas pela CIA em seus cursos de “formação de lideranças” em Yale – tal como o russo Alexei Navalny.

Esses cursos de formação de liderança não passam de uma fachada muito mal disfarçada para uma escola de agentes diretos do governo americano, provenientes de todas as partes do mundo, para voltarem a seus países e produzirem mudanças de regime, revoluções coloridas ou qualquer outra denominação que queiramos dar para golpes de Estado.

Ao receber o seu diploma de agente da CIA, María Corina fundou uma ONG chamada Súmate, sustentada por quantias volumosas de dinheiro enviado por fundações ligadas ao governo dos Estados Unidos, particularmente o NED. Além disso, manteve reuniões na embaixada americana e na própria Casa Branca, com ninguém menos que o então presidente George W. Bush.

O treinamento, o dinheiro e as orientações têm servido há duas décadas para organizar golpes, sabotagens e o apoio a intervenções militares estrangeiras contra o seu próprio país. Ela acusa o governo venezuelano de ser uma ditadura antidemocrática por não ter podido concorrer à presidência, mas é livre o suficiente para impor um fantoche como Edmundo González Urrutia como seu candidato e controlar toda a sua campanha política – incluindo o pós-eleições, ou seja, a desestabilização golpista atual.

O fato de uma agente estrangeira comprovada por A+B como ela não estar apodrecendo na cadeia é a evidência mais clara de que o governo venezuelano é qualquer coisa menos uma ditadura. Na verdade, não precisa ser uma ditadura para se prender um político que recebe treinamento, dinheiro e instruções de uma potência estrangeira para derrubar o governo de seu próprio país e entregar seu petróleo às empresas dessa potência. Hipocritamente, os EUA, que financiam centenas de Marías Corinas Machado por todo o mundo, têm numerosos prisioneiros em suas cárceres acusados de trabalhar para a Rússia, China, Cuba ou outros países que são vítimas precisamente desse tipo de maquinação estadunidense.

Corina e seus correligionários recebem grande destaque dos grandes meios de comunicação privados da Venezuela e de todo o mundo. Mas nenhum material sobre ela cita essa relação promíscua com os EUA. Justamente porque esses mesmos meios de comunicação também têm relações promíscuas com o governo ou com representantes do regime americano.

Por isso ela e sua ala da oposição são retratados como combatentes pela democracia e pelos direitos humanos, lutadores da liberdade contra a tirania e pessoas de excelente índole.

Mas o histórico de María Corina e outros opositores é o do incentivo à violência, ao ódio aos chavistas (ou seja, qualquer pessoa que não seja branca e loira), à destruição de todas as organizações populares que apoiam Maduro e à entrega das riquezas da Venezuela às companhias americanas.

Há duas grandes diferenças da atual tentativa golpista com relação às anteriores. A primeira é de caráter interno. O chavismo foi muito prejudicado pela guerra econômica e o golpe de Estado continuado (porém derrotado) de 2013 a 2019. O bloqueio econômico, os boicotes e sabotagens externos que o país sofreu, a queda induzida dos preços do petróleo, as sanções que afetaram o sistema de saúde e causaram a morte de inúmeras pessoas nos hospitais e, finalmente, a quase invasão sofrida em 2019 foram um golpe muito duro ao governo.

Por sua vez, uma situação de crise econômica e desestabilização política como essa favoreceu os setores do chavismo que sempre ficaram na sombra, os parasitas que se aproveitaram das conquistas da revolução bolivariana para ganhar capital político e que encontraram a grande oportunidade de assumir fatias do poder com o caos instalado no país. Não estou falando, logicamente, do presidente Maduro, mas de políticos que foram se acoplando ao Grande Polo Patriótico desde a eleição de 1998 até hoje, com uma política aparentemente progressista e nacionalista, mas direitista e burguesa, representantes de setores da burguesia e da burocracia estatal e partidária tradicional, estranhos ao movimento da classe operária e dos camponeses pobres.

Esses setores oportunistas ganharam força a partir do desgaste do governo, que teve de travar uma batalha inglória contra o imperialismo americano na última década. Foram tomando conta do aparato partidário das organizações que foram o GPP (hoje Grande Polo Patriótico Simón Bolívar) e de instituições e empresas do Estado. São a quinta-coluna que deve ser combatida duramente e expurgada do governo pelas massas populares que apoiam o presidente Maduro. É graças a essa camada parasitária que o chavismo tem perdido certo apoio popular, expressado pela queda no número de votos de um milhão de eleitores a cada uma das três últimas eleições presidenciais.

A outra grande diferença é de caráter externo. O fato de Colômbia e Brasil terem governos de esquerda aliados de Maduro causa uma impressão equivocada da correlação de forças continental. Tanto é assim que nenhum governo amigo do chavismo saiu em sua defesa de maneira contundente. A votação ocorrida na OEA não teve nenhuma manifestação contrária à proposta imperialista de aumentar a pressão sobre o governo diante da “fraude” eleitoral. Os governos de direita votaram a favor da proposta, outros se ausentaram e Brasil, Colômbia, Bolívia e Honduras, junto com sete países do Caribe, se abstiveram. Isso foi suficiente para barrar o golpismo da OEA, mas demonstra, junto com as declarações públicas extremamente acanhadas, que nem mesmo os aliados da Venezuela querem comprar essa briga.

Mas por quê? Porque todos eles estão sentindo a pressão da escalada golpista, patrocinada pelos Estados Unidos, que foi iniciada com a eleição farsesca de Javier Milei na Argentina e continuada com a eleição igualmente farsesca de Daniel Noboa no Equador e a reeleição (sobre essa não se dá um pio) também farsesca de Nayib Bukele em El Salvador. A Bolívia acaba de tomar um susto com um putsch precipitado – sinal de um golpe que está sendo preparado. Gustavo Petro também sabe que há intenções golpistas contra ele. Lula talvez também saiba disso, mas está demorando muito para agir, enquanto mantém as eternas ilusões com seus supostos aliados internos.

O destino imediato da Venezuela – a queda do governo ou a derrota do golpe – será decisivo para a correlação de forças no continente. Se María Corina Machado sair vitoriosa, facilitará enormemente a disseminação dos tentáculos da CIA para que abracem o Brasil, a Colômbia e a Bolívia.

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

A nova tentativa de golpe de Estado contra o governo bolivariano da Venezuela, na verdade, não é nenhuma novidade. Desde 2002 houve inúmeras investidas golpistas contra Hugo Chávez e Nicolás Maduro, particularmente após a direita perder as eleições.

Os opositores que tentam derrubar Maduro acusando-o de cometer uma fraude eleitoral são os mesmos de sempre (literalmente). Em particular María Corina Machado. Esta senhora é conhecida há mais de 20 anos – não tanto pelos venezuelanos quanto pelos serviços de inteligência dos Estados Unidos. De fato, ela foi uma das mais proeminentes figuras políticas fabricadas pela CIA em seus cursos de “formação de lideranças” em Yale – tal como o russo Alexei Navalny.

Esses cursos de formação de liderança não passam de uma fachada muito mal disfarçada para uma escola de agentes diretos do governo americano, provenientes de todas as partes do mundo, para voltarem a seus países e produzirem mudanças de regime, revoluções coloridas ou qualquer outra denominação que queiramos dar para golpes de Estado.

Ao receber o seu diploma de agente da CIA, María Corina fundou uma ONG chamada Súmate, sustentada por quantias volumosas de dinheiro enviado por fundações ligadas ao governo dos Estados Unidos, particularmente o NED. Além disso, manteve reuniões na embaixada americana e na própria Casa Branca, com ninguém menos que o então presidente George W. Bush.

O treinamento, o dinheiro e as orientações têm servido há duas décadas para organizar golpes, sabotagens e o apoio a intervenções militares estrangeiras contra o seu próprio país. Ela acusa o governo venezuelano de ser uma ditadura antidemocrática por não ter podido concorrer à presidência, mas é livre o suficiente para impor um fantoche como Edmundo González Urrutia como seu candidato e controlar toda a sua campanha política – incluindo o pós-eleições, ou seja, a desestabilização golpista atual.

O fato de uma agente estrangeira comprovada por A+B como ela não estar apodrecendo na cadeia é a evidência mais clara de que o governo venezuelano é qualquer coisa menos uma ditadura. Na verdade, não precisa ser uma ditadura para se prender um político que recebe treinamento, dinheiro e instruções de uma potência estrangeira para derrubar o governo de seu próprio país e entregar seu petróleo às empresas dessa potência. Hipocritamente, os EUA, que financiam centenas de Marías Corinas Machado por todo o mundo, têm numerosos prisioneiros em suas cárceres acusados de trabalhar para a Rússia, China, Cuba ou outros países que são vítimas precisamente desse tipo de maquinação estadunidense.

Corina e seus correligionários recebem grande destaque dos grandes meios de comunicação privados da Venezuela e de todo o mundo. Mas nenhum material sobre ela cita essa relação promíscua com os EUA. Justamente porque esses mesmos meios de comunicação também têm relações promíscuas com o governo ou com representantes do regime americano.

Por isso ela e sua ala da oposição são retratados como combatentes pela democracia e pelos direitos humanos, lutadores da liberdade contra a tirania e pessoas de excelente índole.

Mas o histórico de María Corina e outros opositores é o do incentivo à violência, ao ódio aos chavistas (ou seja, qualquer pessoa que não seja branca e loira), à destruição de todas as organizações populares que apoiam Maduro e à entrega das riquezas da Venezuela às companhias americanas.

Há duas grandes diferenças da atual tentativa golpista com relação às anteriores. A primeira é de caráter interno. O chavismo foi muito prejudicado pela guerra econômica e o golpe de Estado continuado (porém derrotado) de 2013 a 2019. O bloqueio econômico, os boicotes e sabotagens externos que o país sofreu, a queda induzida dos preços do petróleo, as sanções que afetaram o sistema de saúde e causaram a morte de inúmeras pessoas nos hospitais e, finalmente, a quase invasão sofrida em 2019 foram um golpe muito duro ao governo.

Por sua vez, uma situação de crise econômica e desestabilização política como essa favoreceu os setores do chavismo que sempre ficaram na sombra, os parasitas que se aproveitaram das conquistas da revolução bolivariana para ganhar capital político e que encontraram a grande oportunidade de assumir fatias do poder com o caos instalado no país. Não estou falando, logicamente, do presidente Maduro, mas de políticos que foram se acoplando ao Grande Polo Patriótico desde a eleição de 1998 até hoje, com uma política aparentemente progressista e nacionalista, mas direitista e burguesa, representantes de setores da burguesia e da burocracia estatal e partidária tradicional, estranhos ao movimento da classe operária e dos camponeses pobres.

Esses setores oportunistas ganharam força a partir do desgaste do governo, que teve de travar uma batalha inglória contra o imperialismo americano na última década. Foram tomando conta do aparato partidário das organizações que foram o GPP (hoje Grande Polo Patriótico Simón Bolívar) e de instituições e empresas do Estado. São a quinta-coluna que deve ser combatida duramente e expurgada do governo pelas massas populares que apoiam o presidente Maduro. É graças a essa camada parasitária que o chavismo tem perdido certo apoio popular, expressado pela queda no número de votos de um milhão de eleitores a cada uma das três últimas eleições presidenciais.

A outra grande diferença é de caráter externo. O fato de Colômbia e Brasil terem governos de esquerda aliados de Maduro causa uma impressão equivocada da correlação de forças continental. Tanto é assim que nenhum governo amigo do chavismo saiu em sua defesa de maneira contundente. A votação ocorrida na OEA não teve nenhuma manifestação contrária à proposta imperialista de aumentar a pressão sobre o governo diante da “fraude” eleitoral. Os governos de direita votaram a favor da proposta, outros se ausentaram e Brasil, Colômbia, Bolívia e Honduras, junto com sete países do Caribe, se abstiveram. Isso foi suficiente para barrar o golpismo da OEA, mas demonstra, junto com as declarações públicas extremamente acanhadas, que nem mesmo os aliados da Venezuela querem comprar essa briga.

Mas por quê? Porque todos eles estão sentindo a pressão da escalada golpista, patrocinada pelos Estados Unidos, que foi iniciada com a eleição farsesca de Javier Milei na Argentina e continuada com a eleição igualmente farsesca de Daniel Noboa no Equador e a reeleição (sobre essa não se dá um pio) também farsesca de Nayib Bukele em El Salvador. A Bolívia acaba de tomar um susto com um putsch precipitado – sinal de um golpe que está sendo preparado. Gustavo Petro também sabe que há intenções golpistas contra ele. Lula talvez também saiba disso, mas está demorando muito para agir, enquanto mantém as eternas ilusões com seus supostos aliados internos.

O destino imediato da Venezuela – a queda do governo ou a derrota do golpe – será decisivo para a correlação de forças no continente. Se María Corina Machado sair vitoriosa, facilitará enormemente a disseminação dos tentáculos da CIA para que abracem o Brasil, a Colômbia e a Bolívia.

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