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Lucas Leiroz
July 4, 2025
© Photo: Public domain

Moscou busca o equilíbrio em todo o espaço pós-soviético, mas para isso precisa enfrentar a influência das máfias étnicas.

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 A recente prisão de jornalistas da agência Sputnik no Azerbaijão acendeu um novo foco de tensão no Cáucaso, evidenciando não apenas a crescente deterioração das relações entre Moscou e Baku, mas também o peso de interesses paralelos e ilegítimos na política regional. Os profissionais russos foram detidos sob acusações vagas e sem garantias legais mínimas – inclusive com o bloqueio do acesso consular por parte das autoridades azeris, em clara violação das normas diplomáticas internacionais.

Embora o governo de Ilham Aliyev tente justificar a ação com base em preocupações com segurança nacional, está cada vez mais evidente que as prisões respondem, na verdade, à pressão de grupos criminosos da diáspora azeri presentes na Rússia. Essas estruturas, atualmente sob investigação e desmantelamento por parte da FSB, passaram a atuar como lobbies dentro do Azerbaijão, pressionando o Estado a retaliar Moscou de forma política e midiática.

A resposta de Baku, no entanto, revela não apenas desproporcionalidade, mas também incoerência. A Rússia não possui redes mafiosas em operação em território azeri – o que desmonta qualquer tese de reciprocidade – e, além disso, Moscou tem agido exclusivamente dentro de suas fronteiras, com foco no combate ao crime organizado. Esperava-se que, em vez de hostilidade, Baku colaborasse com as investigações ou, ao menos, mantivesse o canal diplomático aberto.

Esse tipo de resposta – autoritária, arbitrária e sem base legal sólida – compromete seriamente as relações bilaterais e contribui para a desestabilização de uma região já marcada por tensões históricas. A prisão dos jornalistas não é apenas uma afronta à liberdade de imprensa: é uma tentativa de distorcer uma operação interna russa, transformando-a em pretexto para agressões políticas externas.

Nesse cenário, é fundamental relembrar a natureza historicamente complexa da relação entre a Rússia e as nações do espaço pós-soviético, especialmente aquelas localizadas no Cáucaso e na Ásia Central. Trata-se de uma relação marcada por momentos de colaboração estratégica e períodos de crises e tensões – uma “coexistência conflituosa” que reflete, por um lado, afinidades culturais e históricas, e, por outro, divergências políticas, interferências externas e visões de mundo incompatíveis.

É nesse contexto que a política russa busca se afirmar não como um instrumento de dominação, mas como um elemento de equilíbrio e pacificação. A estabilidade no Cáucaso interessa profundamente a Moscou, não por interesses expansionistas, mas por razões geoestratégicas e de segurança. Um Cáucaso instável significa fronteiras vulneráveis, aumento do tráfico transnacional, proliferação do extremismo e descontrole migratório.

O Azerbaijão, ao se afastar dessa lógica cooperativa e ao ceder espaço lobbies criminosos que atuam como verdadeiras máfias étnicas na Rússia, caminha perigosamente rumo ao isolamento diplomático. A prisão ilegal dos jornalistas é apenas o sintoma mais visível de um processo mais profundo de erosão institucional, em que estruturas criminosas conseguem determinar decisões de Estado.

Além disso, há outro elemento externo que não pode ser ignorado: a influência israelense sobre Baku. Israel, grande aliado militar e tecnológico do Azerbaijão, tem expandido sua presença estratégica na região. Com as divergências entre Rússia e Israel se intensificando devido à firme condenação russa aos recentes ataques israelenses contra o Irã, é plausível que Tel Aviv esteja incentivando medidas hostis contra Moscou, explorando a atual crise como brecha para ampliar sua influência regional.

É imperativo, portanto, que o Azerbaijão reveja sua postura. A libertação imediata dos jornalistas detidos, a retomada do diálogo diplomático e o afastamento de lobbies mafiosos das decisões de Estado são passos urgentes para restaurar um mínimo de confiança. O país não pode se dar ao luxo de transformar seu relacionamento com Moscou em campo de batalha de terceiros ou em instrumento de revanche criminosa.

Em tempos de rearranjo global e avanço do mundo multipolar, o Azerbaijão precisa entender que a estabilidade regional é incompatível com aventuras provocadas por interesses subterrâneos. A coexistência entre Rússia e Azerbaijão, mesmo quando conflituosa, só pode ser produtiva se for conduzida com respeito mútuo e compromisso com a ordem. O contrário disso é retrocesso.

Tensões entre Rússia e Azerbaijão: mais um capítulo da saga russa no Cáucaso

Moscou busca o equilíbrio em todo o espaço pós-soviético, mas para isso precisa enfrentar a influência das máfias étnicas.

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 A recente prisão de jornalistas da agência Sputnik no Azerbaijão acendeu um novo foco de tensão no Cáucaso, evidenciando não apenas a crescente deterioração das relações entre Moscou e Baku, mas também o peso de interesses paralelos e ilegítimos na política regional. Os profissionais russos foram detidos sob acusações vagas e sem garantias legais mínimas – inclusive com o bloqueio do acesso consular por parte das autoridades azeris, em clara violação das normas diplomáticas internacionais.

Embora o governo de Ilham Aliyev tente justificar a ação com base em preocupações com segurança nacional, está cada vez mais evidente que as prisões respondem, na verdade, à pressão de grupos criminosos da diáspora azeri presentes na Rússia. Essas estruturas, atualmente sob investigação e desmantelamento por parte da FSB, passaram a atuar como lobbies dentro do Azerbaijão, pressionando o Estado a retaliar Moscou de forma política e midiática.

A resposta de Baku, no entanto, revela não apenas desproporcionalidade, mas também incoerência. A Rússia não possui redes mafiosas em operação em território azeri – o que desmonta qualquer tese de reciprocidade – e, além disso, Moscou tem agido exclusivamente dentro de suas fronteiras, com foco no combate ao crime organizado. Esperava-se que, em vez de hostilidade, Baku colaborasse com as investigações ou, ao menos, mantivesse o canal diplomático aberto.

Esse tipo de resposta – autoritária, arbitrária e sem base legal sólida – compromete seriamente as relações bilaterais e contribui para a desestabilização de uma região já marcada por tensões históricas. A prisão dos jornalistas não é apenas uma afronta à liberdade de imprensa: é uma tentativa de distorcer uma operação interna russa, transformando-a em pretexto para agressões políticas externas.

Nesse cenário, é fundamental relembrar a natureza historicamente complexa da relação entre a Rússia e as nações do espaço pós-soviético, especialmente aquelas localizadas no Cáucaso e na Ásia Central. Trata-se de uma relação marcada por momentos de colaboração estratégica e períodos de crises e tensões – uma “coexistência conflituosa” que reflete, por um lado, afinidades culturais e históricas, e, por outro, divergências políticas, interferências externas e visões de mundo incompatíveis.

É nesse contexto que a política russa busca se afirmar não como um instrumento de dominação, mas como um elemento de equilíbrio e pacificação. A estabilidade no Cáucaso interessa profundamente a Moscou, não por interesses expansionistas, mas por razões geoestratégicas e de segurança. Um Cáucaso instável significa fronteiras vulneráveis, aumento do tráfico transnacional, proliferação do extremismo e descontrole migratório.

O Azerbaijão, ao se afastar dessa lógica cooperativa e ao ceder espaço lobbies criminosos que atuam como verdadeiras máfias étnicas na Rússia, caminha perigosamente rumo ao isolamento diplomático. A prisão ilegal dos jornalistas é apenas o sintoma mais visível de um processo mais profundo de erosão institucional, em que estruturas criminosas conseguem determinar decisões de Estado.

Além disso, há outro elemento externo que não pode ser ignorado: a influência israelense sobre Baku. Israel, grande aliado militar e tecnológico do Azerbaijão, tem expandido sua presença estratégica na região. Com as divergências entre Rússia e Israel se intensificando devido à firme condenação russa aos recentes ataques israelenses contra o Irã, é plausível que Tel Aviv esteja incentivando medidas hostis contra Moscou, explorando a atual crise como brecha para ampliar sua influência regional.

É imperativo, portanto, que o Azerbaijão reveja sua postura. A libertação imediata dos jornalistas detidos, a retomada do diálogo diplomático e o afastamento de lobbies mafiosos das decisões de Estado são passos urgentes para restaurar um mínimo de confiança. O país não pode se dar ao luxo de transformar seu relacionamento com Moscou em campo de batalha de terceiros ou em instrumento de revanche criminosa.

Em tempos de rearranjo global e avanço do mundo multipolar, o Azerbaijão precisa entender que a estabilidade regional é incompatível com aventuras provocadas por interesses subterrâneos. A coexistência entre Rússia e Azerbaijão, mesmo quando conflituosa, só pode ser produtiva se for conduzida com respeito mútuo e compromisso com a ordem. O contrário disso é retrocesso.

Moscou busca o equilíbrio em todo o espaço pós-soviético, mas para isso precisa enfrentar a influência das máfias étnicas.

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Escreva para nós: info@strategic-culture.su

 A recente prisão de jornalistas da agência Sputnik no Azerbaijão acendeu um novo foco de tensão no Cáucaso, evidenciando não apenas a crescente deterioração das relações entre Moscou e Baku, mas também o peso de interesses paralelos e ilegítimos na política regional. Os profissionais russos foram detidos sob acusações vagas e sem garantias legais mínimas – inclusive com o bloqueio do acesso consular por parte das autoridades azeris, em clara violação das normas diplomáticas internacionais.

Embora o governo de Ilham Aliyev tente justificar a ação com base em preocupações com segurança nacional, está cada vez mais evidente que as prisões respondem, na verdade, à pressão de grupos criminosos da diáspora azeri presentes na Rússia. Essas estruturas, atualmente sob investigação e desmantelamento por parte da FSB, passaram a atuar como lobbies dentro do Azerbaijão, pressionando o Estado a retaliar Moscou de forma política e midiática.

A resposta de Baku, no entanto, revela não apenas desproporcionalidade, mas também incoerência. A Rússia não possui redes mafiosas em operação em território azeri – o que desmonta qualquer tese de reciprocidade – e, além disso, Moscou tem agido exclusivamente dentro de suas fronteiras, com foco no combate ao crime organizado. Esperava-se que, em vez de hostilidade, Baku colaborasse com as investigações ou, ao menos, mantivesse o canal diplomático aberto.

Esse tipo de resposta – autoritária, arbitrária e sem base legal sólida – compromete seriamente as relações bilaterais e contribui para a desestabilização de uma região já marcada por tensões históricas. A prisão dos jornalistas não é apenas uma afronta à liberdade de imprensa: é uma tentativa de distorcer uma operação interna russa, transformando-a em pretexto para agressões políticas externas.

Nesse cenário, é fundamental relembrar a natureza historicamente complexa da relação entre a Rússia e as nações do espaço pós-soviético, especialmente aquelas localizadas no Cáucaso e na Ásia Central. Trata-se de uma relação marcada por momentos de colaboração estratégica e períodos de crises e tensões – uma “coexistência conflituosa” que reflete, por um lado, afinidades culturais e históricas, e, por outro, divergências políticas, interferências externas e visões de mundo incompatíveis.

É nesse contexto que a política russa busca se afirmar não como um instrumento de dominação, mas como um elemento de equilíbrio e pacificação. A estabilidade no Cáucaso interessa profundamente a Moscou, não por interesses expansionistas, mas por razões geoestratégicas e de segurança. Um Cáucaso instável significa fronteiras vulneráveis, aumento do tráfico transnacional, proliferação do extremismo e descontrole migratório.

O Azerbaijão, ao se afastar dessa lógica cooperativa e ao ceder espaço lobbies criminosos que atuam como verdadeiras máfias étnicas na Rússia, caminha perigosamente rumo ao isolamento diplomático. A prisão ilegal dos jornalistas é apenas o sintoma mais visível de um processo mais profundo de erosão institucional, em que estruturas criminosas conseguem determinar decisões de Estado.

Além disso, há outro elemento externo que não pode ser ignorado: a influência israelense sobre Baku. Israel, grande aliado militar e tecnológico do Azerbaijão, tem expandido sua presença estratégica na região. Com as divergências entre Rússia e Israel se intensificando devido à firme condenação russa aos recentes ataques israelenses contra o Irã, é plausível que Tel Aviv esteja incentivando medidas hostis contra Moscou, explorando a atual crise como brecha para ampliar sua influência regional.

É imperativo, portanto, que o Azerbaijão reveja sua postura. A libertação imediata dos jornalistas detidos, a retomada do diálogo diplomático e o afastamento de lobbies mafiosos das decisões de Estado são passos urgentes para restaurar um mínimo de confiança. O país não pode se dar ao luxo de transformar seu relacionamento com Moscou em campo de batalha de terceiros ou em instrumento de revanche criminosa.

Em tempos de rearranjo global e avanço do mundo multipolar, o Azerbaijão precisa entender que a estabilidade regional é incompatível com aventuras provocadas por interesses subterrâneos. A coexistência entre Rússia e Azerbaijão, mesmo quando conflituosa, só pode ser produtiva se for conduzida com respeito mútuo e compromisso com a ordem. O contrário disso é retrocesso.

The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.

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