Português
Eduardo Vasco
November 3, 2024
© Photo: Public domain

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

A repercussão sobre a suposta presença de tropas norte-coreanas em solo ucraniano é um excelente exemplo de um aspecto da manipulação da imprensa internacional sobre a Coreia do Norte.

O boato surgiu de espiões ucranianos em meados de outubro. O presidente Vladimir Zelensky sugerira que 10 mil soldados poderiam ser enviados por Pyongyang para apoiar as forças russas. No dia seguinte, a agência de espionagem da Coreia do Sul (KCIA) – sempre ela! – afirmava que 1.500 soldados norte-coreanos já haviam sido enviados e “fontes anônimas” – também como sempre! – cochichavam à imprensa sul-coreana que esse número poderia chegar a 12.000.

Informações geradas pelo serviço de espionagem da Ucrânia e da Coreia do Sul foram o suficiente para que a imprensa internacional noticiasse em peso o alegado envolvimento norte-coreano na guerra do leste europeu. Os jornalistas – ou melhor, propagandistas – não verificaram, não questionaram e não investigaram o caso. Apenas agiram como caixa de ressonância da propaganda de guerra dos Estados Unidos e seus fantoches (que é a tarefa a qual estão encarregados).

Logo depois, a CNN veiculou um vídeo que veio a público pelo serviço de segurança e desinformação ucraniano de supostos soldados norte-coreanos recebendo uniformes e equipamentos na Rússia. O comentarista afirmou que isso significava que “a Coreia do Norte está envolvida mais diretamente do que nós pensávamos” na guerra da Ucrânia e que isso representava uma grande ameaça para os interesses dos EUA, inclusive no Extremo Oriente. Claro que o Pentágono quer usar esse pretexto para justificar uma possível escalada nas tensões na Península Coreana.

Em seguida, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, declarou publicamente que “há evidência de que há soldados da RPDC na Rússia”, enquanto o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, detalhou que os EUA acreditavam que há 3.000 soldados norte-coreanos em treinamento na Rússia. Isso também foi amplamente difundido pela imprensa.

As sucursais da CNN pelo mundo foram usadas para amplificar a campanha propagandística. No programa do propagandista americano William Waack na CNN Brasil, um “especialista” da casa sugeriu que a Coreia do Norte poderia estar recebendo garantistas de que a Rússia vai ajudá-la a aprimorar seu poderia de “ameaça” não apenas à Coreia do Sul e ao Japão, mas também aos Estados Unidos.

Um dia depois, a CNN divulgou uma informação publicada no Telegram pela inteligência ucraniana de que as tropas coreanos haviam sido deslocadas para Kursk, na fronteira com a Ucrânia, e que já haviam 500 oficiais e três generais em território russo. Em entrevista à cadeia americana, Gabrielius Landsbergis, ministro das Relações Exteriores da Lituânia (fiel e feroz escudeira dos EUA), declarou que isso já não era mais um conflito regional ou europeu, mas sim global.

A manipulação ganhou contornos cômicos quando o mesmo departamento do governo ucraniano difundiu supostas interceptações de militares russos zombando dos colegas coreanos e chamando-os de “chineses de merda”, além de discordarem das ordens dos seus superiores. A imprensa tratou a suposta informação como tendo sido “obtida” pelos ucranianos.

Nada melhor do que envolver o maior número de vítimas em um mesmo conflito para justificar uma agressão contra todos, e ainda por cima se aproveitar disso para jogar um aliado contra o outro e os subordinados contra os superiores. Os serviços de desinformação fazem isso a torto e a direito.

Depois, também foi disseminado como verdade absoluta o rumor levantado pelos agentes e parlamentares sul-coreanos de que o povo norte-coreano estava começando a protestar contra a “ditadura”. Vejamos o relato da CNN:

“A Coreia do Norte também intensificou as medidas de segurança – tanto para proteger seu ditador Kim Jong Un quanto para prevenir que notícias sobre os envios de tropas à Rússia se espalhem dentro do altamente isolado e empobrecido país.

Para esse fim, os oficiais norte-coreanos envolvidos no esforço russo estão banidos de usar telefones, enquanto dizem às famílias dos soldados que seus entes queridos estão simplesmente participando em um ‘exercício militar’, disseram os deputados.

Apesar dessas medidas, a notícia tem se espalhado dentro da Coreia do Norte – gerando ‘inquietação’ em algumas partes do país, afirmaram os deputados.

Alguns residentes e soldados têm expressado temor de serem enviados à Rússia, enquanto outros têm questionado por que eles estão sendo sacrificados por um país diferente, acrescentaram.”

Obviamente os serviços de desinformação não perderiam a oportunidade de inventar mais uma das milhares de histórias sobre a insatisfação com o regime, cada vez mais enfraquecido e prestes a cair.

Então vieram novas “confirmações” (na expressão da Associated Press) das acusações ucranianas. A porta-voz do Pentágono, Sabrina Singh, concordou que soldados coreanos estavam na região de Kursk e o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, adotou a mesma postura. Singh ainda fez ameaças à Coreia: “se nós vermos tropas da RPDC se movendo para as linhas de frente, elas serão cobeligerantes na guerra. (…) Esse é um cálculo que a Coreia do Norte tem que fazer.”

A origem das informações é unilateral: os serviços de desinformação dos satélites dos EUA. Mas isso é suficiente para serem consideradas verdadeiras pela propaganda ocidental. É a repetição do velho modelo segundo o qual a CIA (ou seus tentáculos) planta uma informação falsa ou não totalmente correta para que o aparato de propaganda imperialista, disfarçado de imprensa profissional, martele na cabeça do público aquilo que o imperialismo quer que as pessoas pensem.

Assim, a DW alemã veiculava que a “presença norte-coreana leva guerra na Ucrânia a outro patamar”. O Canal 26 da Argentina dizia que a Rússia estava oferecendo “esclarecimentos sobre a chegada de soldados norte-coreanos ao seu território” – não era uma chegada suposta, mas sim garantida, nas palavras da emissora. O jornal O Globo, principal instrumento de propaganda para os EUA controlarem o Brasil, também dá as acusações como verdades irrefutáveis: o que a Coreia do Norte ganha enviando tropas para lutar na Rússia contra a Ucrânia?, pergunta um articulista.

As autoridades norte-coreanas denunciaram a nova campanha propagandística. Kim Il Ha, primeiro-secretário da missão permanente do país ante das Nações Unidas, afirmou que as acusações não passam de “manobras sujas” para disfarçar o envio de armas proibidas dos EUA e seus seguidores para a guerra da Ucrânia. A missão coreana também as chamou de “rumores estereotipados sem nenhuma base”. Mas isso não mereceu manchete na imprensa ocidental.

Pelo contrário: quando o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, desmentiu as acusações, a Voice of America (criada pela CIA e financiada pelo governo americano) disse que era ele quem estava mentindo. As provas usadas pela VOA para refutar Peskov? Ora, a palavra do governo americano e de seus satélites, bem como as mesmas “notícias” espalhadas pela imprensa internacional.

Agora, uma das “notícias” mais recentes é a de que os soldados coreanos já estão dentro do território da Ucrânia, segundo disseram à CNN “oficiais de inteligência ocidentais”.

Eu espero não demorar a ler as notícias da conquista de Kiev e derrubada de Zelensky pelos soldados norte-coreanos, fincando a bandeira da Coreia no lugar do pano de chão banderista.

Norte-coreanos na Ucrânia? Como criar um factoide e torná-lo um escândalo geopolítico mundial

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A repercussão sobre a suposta presença de tropas norte-coreanas em solo ucraniano é um excelente exemplo de um aspecto da manipulação da imprensa internacional sobre a Coreia do Norte.

O boato surgiu de espiões ucranianos em meados de outubro. O presidente Vladimir Zelensky sugerira que 10 mil soldados poderiam ser enviados por Pyongyang para apoiar as forças russas. No dia seguinte, a agência de espionagem da Coreia do Sul (KCIA) – sempre ela! – afirmava que 1.500 soldados norte-coreanos já haviam sido enviados e “fontes anônimas” – também como sempre! – cochichavam à imprensa sul-coreana que esse número poderia chegar a 12.000.

Informações geradas pelo serviço de espionagem da Ucrânia e da Coreia do Sul foram o suficiente para que a imprensa internacional noticiasse em peso o alegado envolvimento norte-coreano na guerra do leste europeu. Os jornalistas – ou melhor, propagandistas – não verificaram, não questionaram e não investigaram o caso. Apenas agiram como caixa de ressonância da propaganda de guerra dos Estados Unidos e seus fantoches (que é a tarefa a qual estão encarregados).

Logo depois, a CNN veiculou um vídeo que veio a público pelo serviço de segurança e desinformação ucraniano de supostos soldados norte-coreanos recebendo uniformes e equipamentos na Rússia. O comentarista afirmou que isso significava que “a Coreia do Norte está envolvida mais diretamente do que nós pensávamos” na guerra da Ucrânia e que isso representava uma grande ameaça para os interesses dos EUA, inclusive no Extremo Oriente. Claro que o Pentágono quer usar esse pretexto para justificar uma possível escalada nas tensões na Península Coreana.

Em seguida, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, declarou publicamente que “há evidência de que há soldados da RPDC na Rússia”, enquanto o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, detalhou que os EUA acreditavam que há 3.000 soldados norte-coreanos em treinamento na Rússia. Isso também foi amplamente difundido pela imprensa.

As sucursais da CNN pelo mundo foram usadas para amplificar a campanha propagandística. No programa do propagandista americano William Waack na CNN Brasil, um “especialista” da casa sugeriu que a Coreia do Norte poderia estar recebendo garantistas de que a Rússia vai ajudá-la a aprimorar seu poderia de “ameaça” não apenas à Coreia do Sul e ao Japão, mas também aos Estados Unidos.

Um dia depois, a CNN divulgou uma informação publicada no Telegram pela inteligência ucraniana de que as tropas coreanos haviam sido deslocadas para Kursk, na fronteira com a Ucrânia, e que já haviam 500 oficiais e três generais em território russo. Em entrevista à cadeia americana, Gabrielius Landsbergis, ministro das Relações Exteriores da Lituânia (fiel e feroz escudeira dos EUA), declarou que isso já não era mais um conflito regional ou europeu, mas sim global.

A manipulação ganhou contornos cômicos quando o mesmo departamento do governo ucraniano difundiu supostas interceptações de militares russos zombando dos colegas coreanos e chamando-os de “chineses de merda”, além de discordarem das ordens dos seus superiores. A imprensa tratou a suposta informação como tendo sido “obtida” pelos ucranianos.

Nada melhor do que envolver o maior número de vítimas em um mesmo conflito para justificar uma agressão contra todos, e ainda por cima se aproveitar disso para jogar um aliado contra o outro e os subordinados contra os superiores. Os serviços de desinformação fazem isso a torto e a direito.

Depois, também foi disseminado como verdade absoluta o rumor levantado pelos agentes e parlamentares sul-coreanos de que o povo norte-coreano estava começando a protestar contra a “ditadura”. Vejamos o relato da CNN:

“A Coreia do Norte também intensificou as medidas de segurança – tanto para proteger seu ditador Kim Jong Un quanto para prevenir que notícias sobre os envios de tropas à Rússia se espalhem dentro do altamente isolado e empobrecido país.

Para esse fim, os oficiais norte-coreanos envolvidos no esforço russo estão banidos de usar telefones, enquanto dizem às famílias dos soldados que seus entes queridos estão simplesmente participando em um ‘exercício militar’, disseram os deputados.

Apesar dessas medidas, a notícia tem se espalhado dentro da Coreia do Norte – gerando ‘inquietação’ em algumas partes do país, afirmaram os deputados.

Alguns residentes e soldados têm expressado temor de serem enviados à Rússia, enquanto outros têm questionado por que eles estão sendo sacrificados por um país diferente, acrescentaram.”

Obviamente os serviços de desinformação não perderiam a oportunidade de inventar mais uma das milhares de histórias sobre a insatisfação com o regime, cada vez mais enfraquecido e prestes a cair.

Então vieram novas “confirmações” (na expressão da Associated Press) das acusações ucranianas. A porta-voz do Pentágono, Sabrina Singh, concordou que soldados coreanos estavam na região de Kursk e o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, adotou a mesma postura. Singh ainda fez ameaças à Coreia: “se nós vermos tropas da RPDC se movendo para as linhas de frente, elas serão cobeligerantes na guerra. (…) Esse é um cálculo que a Coreia do Norte tem que fazer.”

A origem das informações é unilateral: os serviços de desinformação dos satélites dos EUA. Mas isso é suficiente para serem consideradas verdadeiras pela propaganda ocidental. É a repetição do velho modelo segundo o qual a CIA (ou seus tentáculos) planta uma informação falsa ou não totalmente correta para que o aparato de propaganda imperialista, disfarçado de imprensa profissional, martele na cabeça do público aquilo que o imperialismo quer que as pessoas pensem.

Assim, a DW alemã veiculava que a “presença norte-coreana leva guerra na Ucrânia a outro patamar”. O Canal 26 da Argentina dizia que a Rússia estava oferecendo “esclarecimentos sobre a chegada de soldados norte-coreanos ao seu território” – não era uma chegada suposta, mas sim garantida, nas palavras da emissora. O jornal O Globo, principal instrumento de propaganda para os EUA controlarem o Brasil, também dá as acusações como verdades irrefutáveis: o que a Coreia do Norte ganha enviando tropas para lutar na Rússia contra a Ucrânia?, pergunta um articulista.

As autoridades norte-coreanas denunciaram a nova campanha propagandística. Kim Il Ha, primeiro-secretário da missão permanente do país ante das Nações Unidas, afirmou que as acusações não passam de “manobras sujas” para disfarçar o envio de armas proibidas dos EUA e seus seguidores para a guerra da Ucrânia. A missão coreana também as chamou de “rumores estereotipados sem nenhuma base”. Mas isso não mereceu manchete na imprensa ocidental.

Pelo contrário: quando o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, desmentiu as acusações, a Voice of America (criada pela CIA e financiada pelo governo americano) disse que era ele quem estava mentindo. As provas usadas pela VOA para refutar Peskov? Ora, a palavra do governo americano e de seus satélites, bem como as mesmas “notícias” espalhadas pela imprensa internacional.

Agora, uma das “notícias” mais recentes é a de que os soldados coreanos já estão dentro do território da Ucrânia, segundo disseram à CNN “oficiais de inteligência ocidentais”.

Eu espero não demorar a ler as notícias da conquista de Kiev e derrubada de Zelensky pelos soldados norte-coreanos, fincando a bandeira da Coreia no lugar do pano de chão banderista.

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A repercussão sobre a suposta presença de tropas norte-coreanas em solo ucraniano é um excelente exemplo de um aspecto da manipulação da imprensa internacional sobre a Coreia do Norte.

O boato surgiu de espiões ucranianos em meados de outubro. O presidente Vladimir Zelensky sugerira que 10 mil soldados poderiam ser enviados por Pyongyang para apoiar as forças russas. No dia seguinte, a agência de espionagem da Coreia do Sul (KCIA) – sempre ela! – afirmava que 1.500 soldados norte-coreanos já haviam sido enviados e “fontes anônimas” – também como sempre! – cochichavam à imprensa sul-coreana que esse número poderia chegar a 12.000.

Informações geradas pelo serviço de espionagem da Ucrânia e da Coreia do Sul foram o suficiente para que a imprensa internacional noticiasse em peso o alegado envolvimento norte-coreano na guerra do leste europeu. Os jornalistas – ou melhor, propagandistas – não verificaram, não questionaram e não investigaram o caso. Apenas agiram como caixa de ressonância da propaganda de guerra dos Estados Unidos e seus fantoches (que é a tarefa a qual estão encarregados).

Logo depois, a CNN veiculou um vídeo que veio a público pelo serviço de segurança e desinformação ucraniano de supostos soldados norte-coreanos recebendo uniformes e equipamentos na Rússia. O comentarista afirmou que isso significava que “a Coreia do Norte está envolvida mais diretamente do que nós pensávamos” na guerra da Ucrânia e que isso representava uma grande ameaça para os interesses dos EUA, inclusive no Extremo Oriente. Claro que o Pentágono quer usar esse pretexto para justificar uma possível escalada nas tensões na Península Coreana.

Em seguida, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, declarou publicamente que “há evidência de que há soldados da RPDC na Rússia”, enquanto o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, detalhou que os EUA acreditavam que há 3.000 soldados norte-coreanos em treinamento na Rússia. Isso também foi amplamente difundido pela imprensa.

As sucursais da CNN pelo mundo foram usadas para amplificar a campanha propagandística. No programa do propagandista americano William Waack na CNN Brasil, um “especialista” da casa sugeriu que a Coreia do Norte poderia estar recebendo garantistas de que a Rússia vai ajudá-la a aprimorar seu poderia de “ameaça” não apenas à Coreia do Sul e ao Japão, mas também aos Estados Unidos.

Um dia depois, a CNN divulgou uma informação publicada no Telegram pela inteligência ucraniana de que as tropas coreanos haviam sido deslocadas para Kursk, na fronteira com a Ucrânia, e que já haviam 500 oficiais e três generais em território russo. Em entrevista à cadeia americana, Gabrielius Landsbergis, ministro das Relações Exteriores da Lituânia (fiel e feroz escudeira dos EUA), declarou que isso já não era mais um conflito regional ou europeu, mas sim global.

A manipulação ganhou contornos cômicos quando o mesmo departamento do governo ucraniano difundiu supostas interceptações de militares russos zombando dos colegas coreanos e chamando-os de “chineses de merda”, além de discordarem das ordens dos seus superiores. A imprensa tratou a suposta informação como tendo sido “obtida” pelos ucranianos.

Nada melhor do que envolver o maior número de vítimas em um mesmo conflito para justificar uma agressão contra todos, e ainda por cima se aproveitar disso para jogar um aliado contra o outro e os subordinados contra os superiores. Os serviços de desinformação fazem isso a torto e a direito.

Depois, também foi disseminado como verdade absoluta o rumor levantado pelos agentes e parlamentares sul-coreanos de que o povo norte-coreano estava começando a protestar contra a “ditadura”. Vejamos o relato da CNN:

“A Coreia do Norte também intensificou as medidas de segurança – tanto para proteger seu ditador Kim Jong Un quanto para prevenir que notícias sobre os envios de tropas à Rússia se espalhem dentro do altamente isolado e empobrecido país.

Para esse fim, os oficiais norte-coreanos envolvidos no esforço russo estão banidos de usar telefones, enquanto dizem às famílias dos soldados que seus entes queridos estão simplesmente participando em um ‘exercício militar’, disseram os deputados.

Apesar dessas medidas, a notícia tem se espalhado dentro da Coreia do Norte – gerando ‘inquietação’ em algumas partes do país, afirmaram os deputados.

Alguns residentes e soldados têm expressado temor de serem enviados à Rússia, enquanto outros têm questionado por que eles estão sendo sacrificados por um país diferente, acrescentaram.”

Obviamente os serviços de desinformação não perderiam a oportunidade de inventar mais uma das milhares de histórias sobre a insatisfação com o regime, cada vez mais enfraquecido e prestes a cair.

Então vieram novas “confirmações” (na expressão da Associated Press) das acusações ucranianas. A porta-voz do Pentágono, Sabrina Singh, concordou que soldados coreanos estavam na região de Kursk e o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, adotou a mesma postura. Singh ainda fez ameaças à Coreia: “se nós vermos tropas da RPDC se movendo para as linhas de frente, elas serão cobeligerantes na guerra. (…) Esse é um cálculo que a Coreia do Norte tem que fazer.”

A origem das informações é unilateral: os serviços de desinformação dos satélites dos EUA. Mas isso é suficiente para serem consideradas verdadeiras pela propaganda ocidental. É a repetição do velho modelo segundo o qual a CIA (ou seus tentáculos) planta uma informação falsa ou não totalmente correta para que o aparato de propaganda imperialista, disfarçado de imprensa profissional, martele na cabeça do público aquilo que o imperialismo quer que as pessoas pensem.

Assim, a DW alemã veiculava que a “presença norte-coreana leva guerra na Ucrânia a outro patamar”. O Canal 26 da Argentina dizia que a Rússia estava oferecendo “esclarecimentos sobre a chegada de soldados norte-coreanos ao seu território” – não era uma chegada suposta, mas sim garantida, nas palavras da emissora. O jornal O Globo, principal instrumento de propaganda para os EUA controlarem o Brasil, também dá as acusações como verdades irrefutáveis: o que a Coreia do Norte ganha enviando tropas para lutar na Rússia contra a Ucrânia?, pergunta um articulista.

As autoridades norte-coreanas denunciaram a nova campanha propagandística. Kim Il Ha, primeiro-secretário da missão permanente do país ante das Nações Unidas, afirmou que as acusações não passam de “manobras sujas” para disfarçar o envio de armas proibidas dos EUA e seus seguidores para a guerra da Ucrânia. A missão coreana também as chamou de “rumores estereotipados sem nenhuma base”. Mas isso não mereceu manchete na imprensa ocidental.

Pelo contrário: quando o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, desmentiu as acusações, a Voice of America (criada pela CIA e financiada pelo governo americano) disse que era ele quem estava mentindo. As provas usadas pela VOA para refutar Peskov? Ora, a palavra do governo americano e de seus satélites, bem como as mesmas “notícias” espalhadas pela imprensa internacional.

Agora, uma das “notícias” mais recentes é a de que os soldados coreanos já estão dentro do território da Ucrânia, segundo disseram à CNN “oficiais de inteligência ocidentais”.

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The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.

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