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Eduardo Vasco
August 30, 2024
© Photo: Social media

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

A eleição do presidente Nicolás Maduro na Venezuela continua sendo contestada pelo governo dos Estados Unidos e seus satélites. A ampla campanha propagandística contra o governo chavista utiliza como supostas autoridades que legitimariam essa contestação pretensas organizações de monitoramento eleitoral.

Isso porque os que monitoraram as eleições na Venezuela não eram observadores independentes, disseram repórteres e comentaristas das mais diversas redes de comunicação do imperialismo. No Brasil, por exemplo, o portal Poder 360 noticiou que a Venezuela “barrou a participação de observadores da União Europeia”. Já o jornal O Globo afirmou que o Carter Center foi “um dos poucos observadores internacionais no país”. O diário Folha de S.Paulo apontou que as outras organizações que participaram dessas missões são “simpáticas ao chavismo”.

Claro, só são organizações confiáveis as que estão no bolso dos Estados Unidos e de seus magnatas. É o caso da Transparencia Electoral America Latina.

Seu fundador não esconde suas opiniões políticas. As publicações do argentino Leandro Querido nas redes sociais evidenciam seu apoio a Jair Bolsonaro, à prisão ilegal do presidente Lula, ao golpe de Estado de 2019 na Bolívia, à tentativa fracassada de revolução colorida em 2021 em Cuba, à perseguição judicial contra a ex-presidenta Cristina Kirchner na Argentina, pedido de fechamento contra partidos de esquerda, apoio ao genocídio de Israel contra os palestinos de Gaza, ataques ao papa Francisco, além de ser um propagandista dos EUA.

Obviamente, ele tem feito ampla campanha contra o resultado das eleições na Venezuela, acusando Maduro de “usurpador” e chamando o grupo de negociação formado por Lula, Gustavo Petro e López Obrador para solucionar a questão venezuelana de “enviesado”, pois todos são aliados do governo venezuelano.

Embora ele mesmo seja um observador eleitoral que expressa publicamente suas opiniões claramente reacionárias, criticou os “falsos observadores eleitorais” na Venezuela por terem posições políticas. Em outra postagem no X, afirmou: “entre os falsos observadores eleitorais nas eleições da Venezuela se destacam membros do partido das ex-FARC, partidos comunistas do Brasil e da Argentina e outros países, um grupo de palestinos que podem ter vínculo com o Hamas e muitos espanhois de esquerda.”

A Transparencia Electoral utiliza sua própria conta no X mais como um mural de propaganda contra Cuba e Venezuela do que como um órgão eleitoral. A bio da conta marca outras contas. Uma delas é a do World Movement for Democracy, cujo “Secretariado está sediado no Fundo Nacional para a Democracia (NED) em Washington, DC”, segundo o próprio site da organização – nada mais precisa ser dito sobre essa entidade. Outra é a Global Network of Domestic Election Monitors, que agradece, em seu site, “o apoio providenciado pelo Fundo Nacional para a Democracia (NED)”. E a terceira é a Forum 2000, que tem como um dos seus principais parceiros… o NED – além da OTAN e da embaixada dos EUA na República Tcheca.

De acordo com o perfil de Querido no LinkedIn, ele também tem passagem pela Latin American and Caribbean Network for Democracy como diretor. A instituição tem alianças com o próprio World Movement for Democracy, com a Civicus – ONG parceira da USAID –, a Community of Democracies – fundada por Madeleine Albright, ex-secretária de Estado dos EUA –, a Global Democracy Coalition (coordenada pelo International IDEA, relatado abaixo, e o Counterpart International, que é financiado pelo governo dos EUA). A rede também é aliada da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Isso mesmo, a OEA. O “ministério das colônias” dos EUA, que monitorou as eleições de 2019 na Bolívia e disse que elas haviam sido fraudadas por Evo Morales, possibilitando um golpe de Estado no país.

Mais tarde a OEA foi desmascarada por um estudo do Center for Economic and Policy Research, de Washington, que analisou sua auditoria da eleição boliviana e concluiu que a conduta da OEA foi “desonesta, parcial e pouco profissional“. Os autores afirmaram que a atuação da OEA afetou profundamente a credibilidade da instituição para conferir as eleições realizadas no continente (atuação que já havia sido irregular nas eleições de 2010 no Haiti, prejudicando o partido do ex-presidente Jean Bertrand Aristide, que já havia sido derrubado por golpes patrocinados pelos EUA em 1991 e 2004). Outra análise, de pesquisadores do MIT, também publicada em 2020, corroborou as conclusões de que a OEA manipulou o relatório, que serviu de base para a oposição dar um golpe de Estado contra Morales.

Apesar disso, Leandro Querido, da Transparencia Electoral, continua acusando Morales de fraude. “Voa daqui, narco[traficante] e ladrão de eleições”, respondeu Querido a uma publicação do ex-presidente boliviano no X em novembro do ano passado. Essa não é a postura que se espera de um observador eleitoral pretensamente imparcial.

Tentei entrar em contato com ele pelo X para pedir uma entrevista. Me apresentei como jornalista que estava produzindo um material sobre a Transparencia Electoral e também pedi informações sobre a atuação e o financiamento da organização. Querido não respondeu à minha mensagem e me bloqueou. Também não consegui contato com ele e a Transparencia Electoral pelo Instagram.

Tanto a Transparencia Electoral quanto a OEA enviaram missões para observar as eleições de 2022 no Brasil, a convite do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Transparencia Electoral: quando ONGs financiam a extrema-direita para interferir em eleições

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A eleição do presidente Nicolás Maduro na Venezuela continua sendo contestada pelo governo dos Estados Unidos e seus satélites. A ampla campanha propagandística contra o governo chavista utiliza como supostas autoridades que legitimariam essa contestação pretensas organizações de monitoramento eleitoral.

Isso porque os que monitoraram as eleições na Venezuela não eram observadores independentes, disseram repórteres e comentaristas das mais diversas redes de comunicação do imperialismo. No Brasil, por exemplo, o portal Poder 360 noticiou que a Venezuela “barrou a participação de observadores da União Europeia”. Já o jornal O Globo afirmou que o Carter Center foi “um dos poucos observadores internacionais no país”. O diário Folha de S.Paulo apontou que as outras organizações que participaram dessas missões são “simpáticas ao chavismo”.

Claro, só são organizações confiáveis as que estão no bolso dos Estados Unidos e de seus magnatas. É o caso da Transparencia Electoral America Latina.

Seu fundador não esconde suas opiniões políticas. As publicações do argentino Leandro Querido nas redes sociais evidenciam seu apoio a Jair Bolsonaro, à prisão ilegal do presidente Lula, ao golpe de Estado de 2019 na Bolívia, à tentativa fracassada de revolução colorida em 2021 em Cuba, à perseguição judicial contra a ex-presidenta Cristina Kirchner na Argentina, pedido de fechamento contra partidos de esquerda, apoio ao genocídio de Israel contra os palestinos de Gaza, ataques ao papa Francisco, além de ser um propagandista dos EUA.

Obviamente, ele tem feito ampla campanha contra o resultado das eleições na Venezuela, acusando Maduro de “usurpador” e chamando o grupo de negociação formado por Lula, Gustavo Petro e López Obrador para solucionar a questão venezuelana de “enviesado”, pois todos são aliados do governo venezuelano.

Embora ele mesmo seja um observador eleitoral que expressa publicamente suas opiniões claramente reacionárias, criticou os “falsos observadores eleitorais” na Venezuela por terem posições políticas. Em outra postagem no X, afirmou: “entre os falsos observadores eleitorais nas eleições da Venezuela se destacam membros do partido das ex-FARC, partidos comunistas do Brasil e da Argentina e outros países, um grupo de palestinos que podem ter vínculo com o Hamas e muitos espanhois de esquerda.”

A Transparencia Electoral utiliza sua própria conta no X mais como um mural de propaganda contra Cuba e Venezuela do que como um órgão eleitoral. A bio da conta marca outras contas. Uma delas é a do World Movement for Democracy, cujo “Secretariado está sediado no Fundo Nacional para a Democracia (NED) em Washington, DC”, segundo o próprio site da organização – nada mais precisa ser dito sobre essa entidade. Outra é a Global Network of Domestic Election Monitors, que agradece, em seu site, “o apoio providenciado pelo Fundo Nacional para a Democracia (NED)”. E a terceira é a Forum 2000, que tem como um dos seus principais parceiros… o NED – além da OTAN e da embaixada dos EUA na República Tcheca.

De acordo com o perfil de Querido no LinkedIn, ele também tem passagem pela Latin American and Caribbean Network for Democracy como diretor. A instituição tem alianças com o próprio World Movement for Democracy, com a Civicus – ONG parceira da USAID –, a Community of Democracies – fundada por Madeleine Albright, ex-secretária de Estado dos EUA –, a Global Democracy Coalition (coordenada pelo International IDEA, relatado abaixo, e o Counterpart International, que é financiado pelo governo dos EUA). A rede também é aliada da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Isso mesmo, a OEA. O “ministério das colônias” dos EUA, que monitorou as eleições de 2019 na Bolívia e disse que elas haviam sido fraudadas por Evo Morales, possibilitando um golpe de Estado no país.

Mais tarde a OEA foi desmascarada por um estudo do Center for Economic and Policy Research, de Washington, que analisou sua auditoria da eleição boliviana e concluiu que a conduta da OEA foi “desonesta, parcial e pouco profissional“. Os autores afirmaram que a atuação da OEA afetou profundamente a credibilidade da instituição para conferir as eleições realizadas no continente (atuação que já havia sido irregular nas eleições de 2010 no Haiti, prejudicando o partido do ex-presidente Jean Bertrand Aristide, que já havia sido derrubado por golpes patrocinados pelos EUA em 1991 e 2004). Outra análise, de pesquisadores do MIT, também publicada em 2020, corroborou as conclusões de que a OEA manipulou o relatório, que serviu de base para a oposição dar um golpe de Estado contra Morales.

Apesar disso, Leandro Querido, da Transparencia Electoral, continua acusando Morales de fraude. “Voa daqui, narco[traficante] e ladrão de eleições”, respondeu Querido a uma publicação do ex-presidente boliviano no X em novembro do ano passado. Essa não é a postura que se espera de um observador eleitoral pretensamente imparcial.

Tentei entrar em contato com ele pelo X para pedir uma entrevista. Me apresentei como jornalista que estava produzindo um material sobre a Transparencia Electoral e também pedi informações sobre a atuação e o financiamento da organização. Querido não respondeu à minha mensagem e me bloqueou. Também não consegui contato com ele e a Transparencia Electoral pelo Instagram.

Tanto a Transparencia Electoral quanto a OEA enviaram missões para observar as eleições de 2022 no Brasil, a convite do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

A eleição do presidente Nicolás Maduro na Venezuela continua sendo contestada pelo governo dos Estados Unidos e seus satélites. A ampla campanha propagandística contra o governo chavista utiliza como supostas autoridades que legitimariam essa contestação pretensas organizações de monitoramento eleitoral.

Isso porque os que monitoraram as eleições na Venezuela não eram observadores independentes, disseram repórteres e comentaristas das mais diversas redes de comunicação do imperialismo. No Brasil, por exemplo, o portal Poder 360 noticiou que a Venezuela “barrou a participação de observadores da União Europeia”. Já o jornal O Globo afirmou que o Carter Center foi “um dos poucos observadores internacionais no país”. O diário Folha de S.Paulo apontou que as outras organizações que participaram dessas missões são “simpáticas ao chavismo”.

Claro, só são organizações confiáveis as que estão no bolso dos Estados Unidos e de seus magnatas. É o caso da Transparencia Electoral America Latina.

Seu fundador não esconde suas opiniões políticas. As publicações do argentino Leandro Querido nas redes sociais evidenciam seu apoio a Jair Bolsonaro, à prisão ilegal do presidente Lula, ao golpe de Estado de 2019 na Bolívia, à tentativa fracassada de revolução colorida em 2021 em Cuba, à perseguição judicial contra a ex-presidenta Cristina Kirchner na Argentina, pedido de fechamento contra partidos de esquerda, apoio ao genocídio de Israel contra os palestinos de Gaza, ataques ao papa Francisco, além de ser um propagandista dos EUA.

Obviamente, ele tem feito ampla campanha contra o resultado das eleições na Venezuela, acusando Maduro de “usurpador” e chamando o grupo de negociação formado por Lula, Gustavo Petro e López Obrador para solucionar a questão venezuelana de “enviesado”, pois todos são aliados do governo venezuelano.

Embora ele mesmo seja um observador eleitoral que expressa publicamente suas opiniões claramente reacionárias, criticou os “falsos observadores eleitorais” na Venezuela por terem posições políticas. Em outra postagem no X, afirmou: “entre os falsos observadores eleitorais nas eleições da Venezuela se destacam membros do partido das ex-FARC, partidos comunistas do Brasil e da Argentina e outros países, um grupo de palestinos que podem ter vínculo com o Hamas e muitos espanhois de esquerda.”

A Transparencia Electoral utiliza sua própria conta no X mais como um mural de propaganda contra Cuba e Venezuela do que como um órgão eleitoral. A bio da conta marca outras contas. Uma delas é a do World Movement for Democracy, cujo “Secretariado está sediado no Fundo Nacional para a Democracia (NED) em Washington, DC”, segundo o próprio site da organização – nada mais precisa ser dito sobre essa entidade. Outra é a Global Network of Domestic Election Monitors, que agradece, em seu site, “o apoio providenciado pelo Fundo Nacional para a Democracia (NED)”. E a terceira é a Forum 2000, que tem como um dos seus principais parceiros… o NED – além da OTAN e da embaixada dos EUA na República Tcheca.

De acordo com o perfil de Querido no LinkedIn, ele também tem passagem pela Latin American and Caribbean Network for Democracy como diretor. A instituição tem alianças com o próprio World Movement for Democracy, com a Civicus – ONG parceira da USAID –, a Community of Democracies – fundada por Madeleine Albright, ex-secretária de Estado dos EUA –, a Global Democracy Coalition (coordenada pelo International IDEA, relatado abaixo, e o Counterpart International, que é financiado pelo governo dos EUA). A rede também é aliada da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Isso mesmo, a OEA. O “ministério das colônias” dos EUA, que monitorou as eleições de 2019 na Bolívia e disse que elas haviam sido fraudadas por Evo Morales, possibilitando um golpe de Estado no país.

Mais tarde a OEA foi desmascarada por um estudo do Center for Economic and Policy Research, de Washington, que analisou sua auditoria da eleição boliviana e concluiu que a conduta da OEA foi “desonesta, parcial e pouco profissional“. Os autores afirmaram que a atuação da OEA afetou profundamente a credibilidade da instituição para conferir as eleições realizadas no continente (atuação que já havia sido irregular nas eleições de 2010 no Haiti, prejudicando o partido do ex-presidente Jean Bertrand Aristide, que já havia sido derrubado por golpes patrocinados pelos EUA em 1991 e 2004). Outra análise, de pesquisadores do MIT, também publicada em 2020, corroborou as conclusões de que a OEA manipulou o relatório, que serviu de base para a oposição dar um golpe de Estado contra Morales.

Apesar disso, Leandro Querido, da Transparencia Electoral, continua acusando Morales de fraude. “Voa daqui, narco[traficante] e ladrão de eleições”, respondeu Querido a uma publicação do ex-presidente boliviano no X em novembro do ano passado. Essa não é a postura que se espera de um observador eleitoral pretensamente imparcial.

Tentei entrar em contato com ele pelo X para pedir uma entrevista. Me apresentei como jornalista que estava produzindo um material sobre a Transparencia Electoral e também pedi informações sobre a atuação e o financiamento da organização. Querido não respondeu à minha mensagem e me bloqueou. Também não consegui contato com ele e a Transparencia Electoral pelo Instagram.

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The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.

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