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As recentes eleições russas representaram todo um novo nível de agressão ao conceito de “jornalismo” e ao direito à informação dos povos ocidentais. Se alguém pensou que, até aqui, os monopólios da comunicação mainstream – ainda disfarçados de serviços de “comunicação social” – já tinham atingido o seu nível mais baixo… Estas eleições ameaçam ficar conhecidas como as mais mortais de sempre!
Os dias, semanas, que antecederam os três dias de acto eleitoral funcionaram como um processo de aquecimento para o que aí viria. Mácron – L’imitation de Napoléon – tomou a batuta e, qual general em ceroulas, desatou a ameaçar a Rússia de que a sua França, esse portento militar, poderia enviar tropas para a Ucrânia. Não contente com a ameaça, ainda afirmou que não haviam limites, linhas vermelhas ou hipóteses afastadas, à partida.
Depois de precisar que tal só sucederia se as forças Russas tentassem aproximar-se em direcção a Kiev ou Odessa (terá “oferecido” tudo o que está no meio?), num acto que levou muita gente a pensar – eu incluído – que Mácron havia metido travões a fundo, recuando várias linhas de defesa, o facto é que, na sequência, celebrou um acordo com a Moldávia, no que constitui uma clara provocação ao executivo presidido por Vladimir Putin, e reuniu com os seus comparsas da Alemanha e Polónia, para garantir uma coesão na agressão.
Por portas travessas, ainda houve quem fizesse sair para os escaparates a ideia, segundo a qual, o nano Napoleão estaria furioso com a suposta cobardia de Scholz, concretamente, a respeito da resistência da salchicha vegana alemã em enviar os mísseis Taurus, para o regime de Kiev continuar a matar civis no Donbass, Kursk ou Belgorod. Já que quanto a matar militares russos, a coisa está mais difícil do que nunca.
Tenho para mim que toda esta azáfama do l’enfant terrible visou, entre outras coisas, colocar pressão sobre Vladimir Putin, precisamente antes do acto eleitoral, e, ao mesmo tempo, tentar testar a resolução do povo russo no que concerne ao apoio ao seu líder. A ideia, a meu ver, seria a de sujeitar o povo russo a uma ameaça de escalada, colocando a tónica nas acções do seu presidente, dando a entender, ao mesmo tempo, que as probabilidades de intervenção da OTAN, em território ucraniano, dependem exclusivamente da presença, do que este exército, burocrata e servilista, considera constituir a única ameaça responsável pelo confronto entre os dois blocos: Vladimir Putin. Tratou-se de uma espécie de chantagem subliminar ao povo russo: elegem o “autocrata”, o “tirano”, o “ditador” e arriscam um confronto directo entre o vosso país e a Europa, leia-se “OTAN”.
Se, da parte dos órgãos comunicacionais monopolistas, a única questão suscitada residiu na aventada possibilidade de que Mácron faria isto por razões relacionadas com a sua própria propaganda eleitoral para as eleições europeias, a verdade é que os barómetros existentes, quanto à possibilidade de envio de tropas para a Ucrânia, nomeadamente a sondagem feita pela BMF TV, dizem que 57% dos franceses consideram que Mácron está errado, neste propósito.
Ora, se o povo Francês rejeita a possibilidade, não faz qualquer sentido que tenha sido por razões eleitorais internas que a ameaça tenha sido esgrimida. E a respeito disso, concordo com a defesa feita por Mácron, segundo a qual, nada disto teria a ver com qualquer ímpeto eleitoralista…. Interno! Ou seja, a L’imitation de Napoléon mentiu parcialmente. O ímpeto eleitoralista estava relacionado com uma tentativa de ingerir nas eleições russas. Algo que tanto se condena a Rússia por supostamente tentar fazê-lo, do lado de cá.
Antes, já todo o processo Navalny tinha sido uma espécie de sketch ilusionista que visou criar a ilusão de que a contestação a Vladimir Putin era maior do que efectivamente é. Considerando que a sua morte constituiu uma parte do espectáculo montado, face aos resultados obtidos, lamento informar aqueles que viram, num racista corrupto, uma qualquer imagem libertadora, que Navalny morreu em vão. Aliás, estamos mesmo perante um daqueles caricatos casos em que o ilusionista, para operar com sucesso o seu acto, acaba a matar o assistente. Uma tristeza.
Como tentativa de dar alguma credibilidade às ameaças, quer de confronto, quer de sedição, na semana que antecedeu o início do acto eleitoral, foi montada uma operação mediática, com alcance militar, em que uns supostos grupos, intitulados “The Freedom of Russia Legion (FRL)” e o “Siberian Battalion (SB)”, atravessaram a fronteira e reclamaram a ocupação de dois vilarejos. Muitas fotos com bandeiras e vídeos depois, surgiram as imagens que confirmavam o abate de grande parte dos mercenários – com os quais o regime de Kiev diz nada ter a ver – e dos seus carros de combate. A operação Kamikaze estendeu-se durante dias, perdendo-se bem mais do que um milhar de soldados, nesta operação de marketing militar.
Aquela que podemos caracterizar como a estratégia de campanha eleitoral da OTAN, para as eleições russas, ficará conhecida como a mais mortífera, ruinosa e falhada operação de propaganda política. Os principais figurantes e “ativistas” morreram quase todos! A este ritmo e ao ritmo que Putin ganha eleições, não sei quantos mais Navalnys ou batalhões kamikazes a CIA vai ter de inventar. Não admira que o New York Times confirme, tardiamente, o que sabemos há muito: as aldeias ucranianas já poucos homens têm, e Lindsay Graham agora diz a Zelensky que é hora de mandar os mais novos para a linha da frente!
Contudo, há algo que temos de dar a mão à palmatória: é deveras perigoso fazer campanha (anti) eleitoral contra Vladimir Putin…. É mesmo mortal! Às mãos da CIA e do regime de Kiev, morreram um número considerável de propagandistas. E para quê? No final, a adesão às urnas foi um recorde em anos e o presidente russo obteve o seu maior resultado de sempre.
Se toda a “campanha (anti) eleitoral” da OTAN não deu resultado, a intimidação, a estratégia para espalhar o medo, a dúvida e a confusão, por entre o povo russo, também não surtiu o efeito desejado, podendo mesmo dizer-se que obteve o efeito contrário. O povo russo deu uma lição de cidadania, responsabilidade, coragem e resistência, que orgulharia qualquer cidadão, de um qualquer país, que observasse o seu próprio povo comportar-se dessa forma. Independentemente da direcção do voto, um povo assim mobilizado não deixará de tomar o seu futuro nas suas próprias mãos.
Já por cá, foi um circo antipedagógico. Em três dias foi dito tudo e o seu contrário sobre o acto eleitoral russo. Não obstante estarem presentes 1.125 observadores independentes, de 129 países, nas televisões dizia-se que o acto eleitoral não estava a ser monitorizado por observadores internacionais. Como se no ocidente houvesse alguma monitorização e como se, o ocidente resvalante para o neofascismo, estivesse, ele próprio, em condições de dar lições de democráticas a algum país. Quem apoia regimes fascistas e nazis, como o de Kiev, ou regimes xenófobos, como nos países bálticos, perde toda a credibilidade para dar qualquer tipo de lição.
Choveram acusações de repressão e até se chegou a alegar que o voto, na Rússia, é obrigatório. Afinal, havia que justificar a “síndrome de Estocolmo” de 77% dos eleitores, os quais, não obstante os “avisos”, mesmo assim pretenderam dizer “presente”. E se nos dias anteriores haviam chovido “avisos”, vindos de embaixadas ocidentais, a alertar os seus cidadãos para o perigo de ataques terroristas na Rússia, aconselhando-os a evitar aglomerados de gente. Como se, a haver ataques, não fossem os mesmos perpetrados por si próprios.
O próprio fantasma de Navalny voltou à baila… O desgaste a que submetam esta figura! Navalny tinha prometido desestabilizar o acto eleitoral com a operação “twelve noon”. A Reuters chegou a tirar fotografias às enormes filas para votar e dizer que se tratavam de protestos pacíficos da “oposição” russa. “Milhares”! Disse a Reuters. Como se num país, com mais de uma centena de milhões de eleitores, uns escassos milhares fossem representativos do que quer que fosse. Nas embaixadas pela europa fora, apesar das operações de boicote, como a expulsão de diplomatas, as filas fizeram-se sentir e foram, em muitos casos, noticiadas como se estivessem desligadas de da vontade de votar.
Líquidos derramados em urnas, bombardeamento de civis pelo regime de Kiev, actos de subversão em secções de voto, tudo isso passou ao lado de uma análise objectiva, nos que se dizem ser os serviços informativos das democracias ocidentais. Uma coisa é certa, se a adesão do povo russo, ao acto eleitoral, constituiu um grito de afirmação da sua identidade e um verdadeiro acto de combate e ofensiva, contra uma agressão continuada contrária aos seus interesses, os povos ocidentais, menos atentos, não ouviram tal grito. Mas não deixarão de sentir os efeitos da ofensiva.
Tal como com a cobertura “noticiosa” dos órgãos monopolistas, os povos ocidentais sofrerão os efeitos da ofensiva popular russa em vários domínios das suas vidas: nas suas condições de vida, vítimas do desvio de verbas dos serviços públicos para as industrias de armamento; na repressão dos seus direitos, através da intensificação das operações de censura das informações que não estejam em consonância com a verdade única; na aceleração da promoção do neofascismo, o único mecanismo ao dispor do imperialismo para garantir a governação através do ódio e da xenofonia contra o povo russo; na promoção de estratégias de diversão que os desviem das suas reais ansiedades: o direito à paz, à alimentação, à educação, saúde e habitação!
O povo russo saiu vitorioso da agressão sofrida, perpetrando um contra-ataque retumbante contra a ofensiva subliminar da OTAN; já os povos ocidentais, não acordando para a realidade, ficarão numa situação tal que nem serão capazes de identificar de onde vêm os ataques que sentem!
Se algo prova tudo o que disse sobre esta agressão à “informação”, é que os povos ocidentais estão a ser levados, de olhos vendados, para um confronto mortal!