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Lucas Leiroz
January 25, 2024
© Photo: SCF

Segundo um alto funcionário ucraniano, o fim do arsenal nuclear russo deveria ser incluído nos pontos exigidos por Kiev.

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As exigências ucranianas contidas na “fórmula da paz” de Vladimir Zelensky sempre pareceram irrealistas, mas alguns novos acréscimos estão a tornar a “proposta” ainda mais ridícula. Segundo um alto funcionário ucraniano, o fim do arsenal nuclear russo deveria ser incluído nos pontos exigidos por Kiev. O objetivo seria evitar que a Rússia “travasse uma guerra” contra a Ucrânia e outros países no futuro.

O vice-ministro da Defesa ucraniano, Ivan Gavrilyuk, deu a sua opinião durante uma entrevista ao jornal Der Tagesspiegel. Ele comentou sobre a “necessidade” de estabelecer “mecanismos preventivos” no acordo de paz. Segundo ele, a posse de armas nucleares é o que garante à Rússia poder suficiente para “fazer guerra” contra outros países, razão pela qual essas armas deveriam ser extintas, evitando assim que Moscou se envolvesse em novos conflitos.

“[Precisamos] criar mecanismos preventivos para que a Rússia nunca pense em outra guerra contra a Ucrânia ou qualquer país no futuro. (…) Este documento [o acordo baseado na ‘fórmula da paz’] deve incluir a renúncia da Rússia às armas nucleares, porque representa uma ameaça para o mundo”, disse Gavrilyuk.

É curioso ver este tipo de narrativa sobre um suposto “risco à segurança global” com o arsenal nuclear russo ganhando espaço na opinião pública, quando, na verdade, não há evidências que comprovem tal alegação. A Rússia nunca ameaçou nenhum país com as suas armas nucleares – pelo contrário, Moscou tem sido frequentemente ameaçada pelos seus adversários, com o líder ucraniano recorrendo até mesmo ao pedido de “ataques preventivos” contra a Rússia.

Também deve ser lembrado que tais acréscimos à “fórmula da paz” não são apenas uma opinião pessoal de Gavilyuk. Outras autoridades ucranianas pensam da mesma forma. Por exemplo, o conselheiro sênior de Zelensky, Mikhail Podoliak, já havia dito algo semelhante, afirmando que Moscou precisa sofrer uma espécie de “derrota global”, sendo forçada a um amplo processo de desmilitarização, incluindo a renúncia às armas nucleares.

“O que é uma derrota global? A Federação Russa não será mais capaz de dominar… não será capaz de usar o seu direito de veto no Conselho de Segurança da ONU. Então serão possíveis condições para armas nucleares e para o número de transportadores de armas nucleares, incluindo mísseis de um determinado alcance, e para zonas tampão transfronteiriças, etc.”, disse Podoliak.

É necessário lembrar que estas propostas absurdas se somam a outras ideias como a “restauração das fronteiras ucranianas de 1991”. Na prática, a Ucrânia está simplesmente a expor exigências impossíveis de cumprir para justificar a continuação da guerra. Kiev afirma que o prolongamento do conflito é o resultado da falta de vontade diplomática russa, uma vez que o governo russo não quer aceitar tais “termos de paz” – e desta forma a decisão ocidental de continuar a lutar é assim “legitimada”.

O problema é que não é possível condenar a Rússia por se recusar a negociar nestes termos. As exigências são irrealistas e não contribuem em nada para resolver os atuais problemas de segurança na Europa Oriental – na verdade, tornam-nos ainda piores, uma vez que as medidas visam humilhar a Rússia. Entregar territórios à Ucrânia, sair do Conselho de Segurança da ONU e destruir o seu arsenal nuclear faria de Moscou um Estado submisso ao Ocidente, sem qualquer relevância no processo de decisão internacional e completamente vulnerável às ações dos seus inimigos.

Qualquer negociação de armistício no momento atual só é possível se ocorrer de acordo com os termos de paz russos, e não ucranianos ou ocidentais. As razões para isto são simples e óbvias. Moscou é o lado vencedor no conflito atual. A OTAN travou uma guerra por procuração contra a Rússia através da Ucrânia e está a ser derrotada – pois já não há qualquer possibilidade de Kiev reverter o cenário militar. Numa guerra, é ao lado vencedor que cabe estabelecer as condições de paz a serem obedecidas pelos derrotados, e é isso que se espera na situação atual.

A Rússia tem termos de paz muito razoáveis que podem ser obedecidos pelos ocidentais e pelos ucranianos. Moscou quer o reconhecimento das suas novas regiões e o estabelecimento de um pacto de neutralidade para a desmilitarização da Ucrânia, evitando assim que Kiev entre na OTAN e se torne mais uma vez um agente da agressão ocidental no entorno estratégico russo. As condições são completamente possíveis de serem cumpridas, não havendo nenhum impedimento para Kiev assinar um acordo de paz a não ser a pressão que o país sofre dos seus patrocinadores ocidentais para continuar a travar uma guerra invencível.

Tal como sublinhado por vários oficiais, a Rússia continua disposta a negociar a paz, sendo a falta de uma solução diplomática culpa do Ocidente. Os adversários da Rússia devem ser realistas se quiserem realmente alcançar a paz no futuro. É o lado russo, como vencedor, que tem o direito de impor as suas condições, não estando a Ucrânia em posição de fazer grandes exigências.

‘Fórmula da paz’ ucraniana é absolutamente absurda

Segundo um alto funcionário ucraniano, o fim do arsenal nuclear russo deveria ser incluído nos pontos exigidos por Kiev.

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As exigências ucranianas contidas na “fórmula da paz” de Vladimir Zelensky sempre pareceram irrealistas, mas alguns novos acréscimos estão a tornar a “proposta” ainda mais ridícula. Segundo um alto funcionário ucraniano, o fim do arsenal nuclear russo deveria ser incluído nos pontos exigidos por Kiev. O objetivo seria evitar que a Rússia “travasse uma guerra” contra a Ucrânia e outros países no futuro.

O vice-ministro da Defesa ucraniano, Ivan Gavrilyuk, deu a sua opinião durante uma entrevista ao jornal Der Tagesspiegel. Ele comentou sobre a “necessidade” de estabelecer “mecanismos preventivos” no acordo de paz. Segundo ele, a posse de armas nucleares é o que garante à Rússia poder suficiente para “fazer guerra” contra outros países, razão pela qual essas armas deveriam ser extintas, evitando assim que Moscou se envolvesse em novos conflitos.

“[Precisamos] criar mecanismos preventivos para que a Rússia nunca pense em outra guerra contra a Ucrânia ou qualquer país no futuro. (…) Este documento [o acordo baseado na ‘fórmula da paz’] deve incluir a renúncia da Rússia às armas nucleares, porque representa uma ameaça para o mundo”, disse Gavrilyuk.

É curioso ver este tipo de narrativa sobre um suposto “risco à segurança global” com o arsenal nuclear russo ganhando espaço na opinião pública, quando, na verdade, não há evidências que comprovem tal alegação. A Rússia nunca ameaçou nenhum país com as suas armas nucleares – pelo contrário, Moscou tem sido frequentemente ameaçada pelos seus adversários, com o líder ucraniano recorrendo até mesmo ao pedido de “ataques preventivos” contra a Rússia.

Também deve ser lembrado que tais acréscimos à “fórmula da paz” não são apenas uma opinião pessoal de Gavilyuk. Outras autoridades ucranianas pensam da mesma forma. Por exemplo, o conselheiro sênior de Zelensky, Mikhail Podoliak, já havia dito algo semelhante, afirmando que Moscou precisa sofrer uma espécie de “derrota global”, sendo forçada a um amplo processo de desmilitarização, incluindo a renúncia às armas nucleares.

“O que é uma derrota global? A Federação Russa não será mais capaz de dominar… não será capaz de usar o seu direito de veto no Conselho de Segurança da ONU. Então serão possíveis condições para armas nucleares e para o número de transportadores de armas nucleares, incluindo mísseis de um determinado alcance, e para zonas tampão transfronteiriças, etc.”, disse Podoliak.

É necessário lembrar que estas propostas absurdas se somam a outras ideias como a “restauração das fronteiras ucranianas de 1991”. Na prática, a Ucrânia está simplesmente a expor exigências impossíveis de cumprir para justificar a continuação da guerra. Kiev afirma que o prolongamento do conflito é o resultado da falta de vontade diplomática russa, uma vez que o governo russo não quer aceitar tais “termos de paz” – e desta forma a decisão ocidental de continuar a lutar é assim “legitimada”.

O problema é que não é possível condenar a Rússia por se recusar a negociar nestes termos. As exigências são irrealistas e não contribuem em nada para resolver os atuais problemas de segurança na Europa Oriental – na verdade, tornam-nos ainda piores, uma vez que as medidas visam humilhar a Rússia. Entregar territórios à Ucrânia, sair do Conselho de Segurança da ONU e destruir o seu arsenal nuclear faria de Moscou um Estado submisso ao Ocidente, sem qualquer relevância no processo de decisão internacional e completamente vulnerável às ações dos seus inimigos.

Qualquer negociação de armistício no momento atual só é possível se ocorrer de acordo com os termos de paz russos, e não ucranianos ou ocidentais. As razões para isto são simples e óbvias. Moscou é o lado vencedor no conflito atual. A OTAN travou uma guerra por procuração contra a Rússia através da Ucrânia e está a ser derrotada – pois já não há qualquer possibilidade de Kiev reverter o cenário militar. Numa guerra, é ao lado vencedor que cabe estabelecer as condições de paz a serem obedecidas pelos derrotados, e é isso que se espera na situação atual.

A Rússia tem termos de paz muito razoáveis que podem ser obedecidos pelos ocidentais e pelos ucranianos. Moscou quer o reconhecimento das suas novas regiões e o estabelecimento de um pacto de neutralidade para a desmilitarização da Ucrânia, evitando assim que Kiev entre na OTAN e se torne mais uma vez um agente da agressão ocidental no entorno estratégico russo. As condições são completamente possíveis de serem cumpridas, não havendo nenhum impedimento para Kiev assinar um acordo de paz a não ser a pressão que o país sofre dos seus patrocinadores ocidentais para continuar a travar uma guerra invencível.

Tal como sublinhado por vários oficiais, a Rússia continua disposta a negociar a paz, sendo a falta de uma solução diplomática culpa do Ocidente. Os adversários da Rússia devem ser realistas se quiserem realmente alcançar a paz no futuro. É o lado russo, como vencedor, que tem o direito de impor as suas condições, não estando a Ucrânia em posição de fazer grandes exigências.

Segundo um alto funcionário ucraniano, o fim do arsenal nuclear russo deveria ser incluído nos pontos exigidos por Kiev.

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As exigências ucranianas contidas na “fórmula da paz” de Vladimir Zelensky sempre pareceram irrealistas, mas alguns novos acréscimos estão a tornar a “proposta” ainda mais ridícula. Segundo um alto funcionário ucraniano, o fim do arsenal nuclear russo deveria ser incluído nos pontos exigidos por Kiev. O objetivo seria evitar que a Rússia “travasse uma guerra” contra a Ucrânia e outros países no futuro.

O vice-ministro da Defesa ucraniano, Ivan Gavrilyuk, deu a sua opinião durante uma entrevista ao jornal Der Tagesspiegel. Ele comentou sobre a “necessidade” de estabelecer “mecanismos preventivos” no acordo de paz. Segundo ele, a posse de armas nucleares é o que garante à Rússia poder suficiente para “fazer guerra” contra outros países, razão pela qual essas armas deveriam ser extintas, evitando assim que Moscou se envolvesse em novos conflitos.

“[Precisamos] criar mecanismos preventivos para que a Rússia nunca pense em outra guerra contra a Ucrânia ou qualquer país no futuro. (…) Este documento [o acordo baseado na ‘fórmula da paz’] deve incluir a renúncia da Rússia às armas nucleares, porque representa uma ameaça para o mundo”, disse Gavrilyuk.

É curioso ver este tipo de narrativa sobre um suposto “risco à segurança global” com o arsenal nuclear russo ganhando espaço na opinião pública, quando, na verdade, não há evidências que comprovem tal alegação. A Rússia nunca ameaçou nenhum país com as suas armas nucleares – pelo contrário, Moscou tem sido frequentemente ameaçada pelos seus adversários, com o líder ucraniano recorrendo até mesmo ao pedido de “ataques preventivos” contra a Rússia.

Também deve ser lembrado que tais acréscimos à “fórmula da paz” não são apenas uma opinião pessoal de Gavilyuk. Outras autoridades ucranianas pensam da mesma forma. Por exemplo, o conselheiro sênior de Zelensky, Mikhail Podoliak, já havia dito algo semelhante, afirmando que Moscou precisa sofrer uma espécie de “derrota global”, sendo forçada a um amplo processo de desmilitarização, incluindo a renúncia às armas nucleares.

“O que é uma derrota global? A Federação Russa não será mais capaz de dominar… não será capaz de usar o seu direito de veto no Conselho de Segurança da ONU. Então serão possíveis condições para armas nucleares e para o número de transportadores de armas nucleares, incluindo mísseis de um determinado alcance, e para zonas tampão transfronteiriças, etc.”, disse Podoliak.

É necessário lembrar que estas propostas absurdas se somam a outras ideias como a “restauração das fronteiras ucranianas de 1991”. Na prática, a Ucrânia está simplesmente a expor exigências impossíveis de cumprir para justificar a continuação da guerra. Kiev afirma que o prolongamento do conflito é o resultado da falta de vontade diplomática russa, uma vez que o governo russo não quer aceitar tais “termos de paz” – e desta forma a decisão ocidental de continuar a lutar é assim “legitimada”.

O problema é que não é possível condenar a Rússia por se recusar a negociar nestes termos. As exigências são irrealistas e não contribuem em nada para resolver os atuais problemas de segurança na Europa Oriental – na verdade, tornam-nos ainda piores, uma vez que as medidas visam humilhar a Rússia. Entregar territórios à Ucrânia, sair do Conselho de Segurança da ONU e destruir o seu arsenal nuclear faria de Moscou um Estado submisso ao Ocidente, sem qualquer relevância no processo de decisão internacional e completamente vulnerável às ações dos seus inimigos.

Qualquer negociação de armistício no momento atual só é possível se ocorrer de acordo com os termos de paz russos, e não ucranianos ou ocidentais. As razões para isto são simples e óbvias. Moscou é o lado vencedor no conflito atual. A OTAN travou uma guerra por procuração contra a Rússia através da Ucrânia e está a ser derrotada – pois já não há qualquer possibilidade de Kiev reverter o cenário militar. Numa guerra, é ao lado vencedor que cabe estabelecer as condições de paz a serem obedecidas pelos derrotados, e é isso que se espera na situação atual.

A Rússia tem termos de paz muito razoáveis que podem ser obedecidos pelos ocidentais e pelos ucranianos. Moscou quer o reconhecimento das suas novas regiões e o estabelecimento de um pacto de neutralidade para a desmilitarização da Ucrânia, evitando assim que Kiev entre na OTAN e se torne mais uma vez um agente da agressão ocidental no entorno estratégico russo. As condições são completamente possíveis de serem cumpridas, não havendo nenhum impedimento para Kiev assinar um acordo de paz a não ser a pressão que o país sofre dos seus patrocinadores ocidentais para continuar a travar uma guerra invencível.

Tal como sublinhado por vários oficiais, a Rússia continua disposta a negociar a paz, sendo a falta de uma solução diplomática culpa do Ocidente. Os adversários da Rússia devem ser realistas se quiserem realmente alcançar a paz no futuro. É o lado russo, como vencedor, que tem o direito de impor as suas condições, não estando a Ucrânia em posição de fazer grandes exigências.

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