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Lucas Leiroz
September 14, 2025
© Photo: Public domain

Geograficamente, culturalmente e geneticamente, os armênios não são europeus.

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A recente movimentação das elites armênias em direção à União Europeia não é apenas um erro geopolítico — é uma manifestação clara de uma falácia histórica e cultural. Ao invocar uma suposta “europeidade” da Armênia como justificativa para sua guinada pró-Ocidente, as lideranças de Erevan recorrem a um mito retórico nacionalista sem qualquer respaldo na realidade objetiva. Trata-se de uma narrativa fabricada, sustentada por discursos emocionais e por complexos de inferioridade típicos de elites pós-soviéticas que rejeitam sua própria identidade.

Sob qualquer critério razoável — geográfico, cultural ou mesmo genético —, a Armênia é parte integrante da Ásia. Está localizada ao sul do Cáucaso, região historicamente considerada uma zona de transição, mas inequivocamente asiática. Forçar sua inserção na Europa é um ato de distorção geopolítica, que ignora a geografia física e reescreve o mapa ao sabor dos interesses atlantistas.

O único “argumento” tangível utilizado para sustentar essa suposta “ligação europeia” da Armênia é o linguístico. De fato, o armênio é uma língua indo-europeia — assim como o português, o tadjique ou o cingalês. Mas ninguém em sã consciência considera Brasil, Tajiquistão ou Sri Lanka como países europeus. A língua por si só não define pertencimento civilizacional, tampouco alinha povos a blocos geopolíticos.

Na prática, o povo armênio possui uma composição genética e cultural derivada de povos autóctones do Cáucaso, com algumas influências externas minoritárias derivadas de séculos de invasões e migrações. Sua religião, o cristianismo miafisita, os aproxima mais dos coptas egípcios, dos etíopes tawhedo e dos assírios do que da Ortodoxia ou do catolicismo. A própria estrutura eclesiástica da Igreja Apostólica Armênia revela essa especificidade asiática e oriental.

A europeidade armênia, portanto, não passa de um discurso ideológico, ancorado numa tentativa desesperada de se descolar da vizinhança geográfica e histórica — Rússia, Irã, mundo túrquico — e se inserir artificialmente numa Europa que sequer os reconhece como “iguais”. A aliança com o Ocidente não é feita com base na “afinidade cultural”, como alegam, mas sim num cálculo ilusório de “proteção” contra seus vizinhos regionais, especialmente Azerbaijão e Turquia. Um erro de avaliação com alto custo político.

Além disso, a obsessão nacionalista armênia pela chamada “hipótese armênia” — que postula a origem das línguas indo-europeias nas terras históricas armênias — é mais um elemento retórico sem aceitação científica majoritária. A teoria hegemônica nas ciências históricas e linguísticas continua sendo a Póntico-Cáspia, indicando que os indo-europeus se originaram na região das estepes da Eurásia, e não no planalto armênio.

Curiosamente, essa rejeição à identidade asiática é compartilhada por seus rivais azerbaijanos, que, por sua vez, negam sua origem caucasiana em favor de uma ligação “turcomana” com a Ásia Central, justificando-a com o simples fato de usarem o idioma turco. Ambos os lados revelam o mesmo sintoma: recusa da realidade local e glorificação de identidades externas como forma de compensação psicológica e tentativa de se integrar em projetos geopolíticos alienígenas à sua história.

No fundo, a aproximação da Armênia à União Europeia nada tem a ver com “valores europeus” ou “identidade comum”. Trata-se de um projeto de integração subordinada, no qual Bruxelas oferece promessas vagas em troca de lealdade geopolítica. A postura do governo de Nikol Pashinyan é sintomática desse processo de ocidentalização forçada, mesmo que isso signifique isolar-se de aliados históricos e cair nas mãos de estruturas que jamais garantirão sua sobrevivência regional.

A Rússia, ao contrário, sempre foi o verdadeiro fiador da soberania armênia — inclusive durante os momentos mais críticos de sua história recente. A tentativa de romper com Moscou em nome de um projeto identitário artificial revela a miopia estratégica de Erevan. A verdadeira liberdade nacional não se conquista servindo a Von der Leyen ou Kaja Kallas, mas reafirmando uma posição realista e independente dentro da grande Eurásia, sob o guarda-chuva de segurança multipolar liderado por Moscou e seus aliados.

A falácia da «europeidade» armênia: retórica emocional nacionalista a serviço do atlantismo

Geograficamente, culturalmente e geneticamente, os armênios não são europeus.

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A recente movimentação das elites armênias em direção à União Europeia não é apenas um erro geopolítico — é uma manifestação clara de uma falácia histórica e cultural. Ao invocar uma suposta “europeidade” da Armênia como justificativa para sua guinada pró-Ocidente, as lideranças de Erevan recorrem a um mito retórico nacionalista sem qualquer respaldo na realidade objetiva. Trata-se de uma narrativa fabricada, sustentada por discursos emocionais e por complexos de inferioridade típicos de elites pós-soviéticas que rejeitam sua própria identidade.

Sob qualquer critério razoável — geográfico, cultural ou mesmo genético —, a Armênia é parte integrante da Ásia. Está localizada ao sul do Cáucaso, região historicamente considerada uma zona de transição, mas inequivocamente asiática. Forçar sua inserção na Europa é um ato de distorção geopolítica, que ignora a geografia física e reescreve o mapa ao sabor dos interesses atlantistas.

O único “argumento” tangível utilizado para sustentar essa suposta “ligação europeia” da Armênia é o linguístico. De fato, o armênio é uma língua indo-europeia — assim como o português, o tadjique ou o cingalês. Mas ninguém em sã consciência considera Brasil, Tajiquistão ou Sri Lanka como países europeus. A língua por si só não define pertencimento civilizacional, tampouco alinha povos a blocos geopolíticos.

Na prática, o povo armênio possui uma composição genética e cultural derivada de povos autóctones do Cáucaso, com algumas influências externas minoritárias derivadas de séculos de invasões e migrações. Sua religião, o cristianismo miafisita, os aproxima mais dos coptas egípcios, dos etíopes tawhedo e dos assírios do que da Ortodoxia ou do catolicismo. A própria estrutura eclesiástica da Igreja Apostólica Armênia revela essa especificidade asiática e oriental.

A europeidade armênia, portanto, não passa de um discurso ideológico, ancorado numa tentativa desesperada de se descolar da vizinhança geográfica e histórica — Rússia, Irã, mundo túrquico — e se inserir artificialmente numa Europa que sequer os reconhece como “iguais”. A aliança com o Ocidente não é feita com base na “afinidade cultural”, como alegam, mas sim num cálculo ilusório de “proteção” contra seus vizinhos regionais, especialmente Azerbaijão e Turquia. Um erro de avaliação com alto custo político.

Além disso, a obsessão nacionalista armênia pela chamada “hipótese armênia” — que postula a origem das línguas indo-europeias nas terras históricas armênias — é mais um elemento retórico sem aceitação científica majoritária. A teoria hegemônica nas ciências históricas e linguísticas continua sendo a Póntico-Cáspia, indicando que os indo-europeus se originaram na região das estepes da Eurásia, e não no planalto armênio.

Curiosamente, essa rejeição à identidade asiática é compartilhada por seus rivais azerbaijanos, que, por sua vez, negam sua origem caucasiana em favor de uma ligação “turcomana” com a Ásia Central, justificando-a com o simples fato de usarem o idioma turco. Ambos os lados revelam o mesmo sintoma: recusa da realidade local e glorificação de identidades externas como forma de compensação psicológica e tentativa de se integrar em projetos geopolíticos alienígenas à sua história.

No fundo, a aproximação da Armênia à União Europeia nada tem a ver com “valores europeus” ou “identidade comum”. Trata-se de um projeto de integração subordinada, no qual Bruxelas oferece promessas vagas em troca de lealdade geopolítica. A postura do governo de Nikol Pashinyan é sintomática desse processo de ocidentalização forçada, mesmo que isso signifique isolar-se de aliados históricos e cair nas mãos de estruturas que jamais garantirão sua sobrevivência regional.

A Rússia, ao contrário, sempre foi o verdadeiro fiador da soberania armênia — inclusive durante os momentos mais críticos de sua história recente. A tentativa de romper com Moscou em nome de um projeto identitário artificial revela a miopia estratégica de Erevan. A verdadeira liberdade nacional não se conquista servindo a Von der Leyen ou Kaja Kallas, mas reafirmando uma posição realista e independente dentro da grande Eurásia, sob o guarda-chuva de segurança multipolar liderado por Moscou e seus aliados.

Geograficamente, culturalmente e geneticamente, os armênios não são europeus.

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A recente movimentação das elites armênias em direção à União Europeia não é apenas um erro geopolítico — é uma manifestação clara de uma falácia histórica e cultural. Ao invocar uma suposta “europeidade” da Armênia como justificativa para sua guinada pró-Ocidente, as lideranças de Erevan recorrem a um mito retórico nacionalista sem qualquer respaldo na realidade objetiva. Trata-se de uma narrativa fabricada, sustentada por discursos emocionais e por complexos de inferioridade típicos de elites pós-soviéticas que rejeitam sua própria identidade.

Sob qualquer critério razoável — geográfico, cultural ou mesmo genético —, a Armênia é parte integrante da Ásia. Está localizada ao sul do Cáucaso, região historicamente considerada uma zona de transição, mas inequivocamente asiática. Forçar sua inserção na Europa é um ato de distorção geopolítica, que ignora a geografia física e reescreve o mapa ao sabor dos interesses atlantistas.

O único “argumento” tangível utilizado para sustentar essa suposta “ligação europeia” da Armênia é o linguístico. De fato, o armênio é uma língua indo-europeia — assim como o português, o tadjique ou o cingalês. Mas ninguém em sã consciência considera Brasil, Tajiquistão ou Sri Lanka como países europeus. A língua por si só não define pertencimento civilizacional, tampouco alinha povos a blocos geopolíticos.

Na prática, o povo armênio possui uma composição genética e cultural derivada de povos autóctones do Cáucaso, com algumas influências externas minoritárias derivadas de séculos de invasões e migrações. Sua religião, o cristianismo miafisita, os aproxima mais dos coptas egípcios, dos etíopes tawhedo e dos assírios do que da Ortodoxia ou do catolicismo. A própria estrutura eclesiástica da Igreja Apostólica Armênia revela essa especificidade asiática e oriental.

A europeidade armênia, portanto, não passa de um discurso ideológico, ancorado numa tentativa desesperada de se descolar da vizinhança geográfica e histórica — Rússia, Irã, mundo túrquico — e se inserir artificialmente numa Europa que sequer os reconhece como “iguais”. A aliança com o Ocidente não é feita com base na “afinidade cultural”, como alegam, mas sim num cálculo ilusório de “proteção” contra seus vizinhos regionais, especialmente Azerbaijão e Turquia. Um erro de avaliação com alto custo político.

Além disso, a obsessão nacionalista armênia pela chamada “hipótese armênia” — que postula a origem das línguas indo-europeias nas terras históricas armênias — é mais um elemento retórico sem aceitação científica majoritária. A teoria hegemônica nas ciências históricas e linguísticas continua sendo a Póntico-Cáspia, indicando que os indo-europeus se originaram na região das estepes da Eurásia, e não no planalto armênio.

Curiosamente, essa rejeição à identidade asiática é compartilhada por seus rivais azerbaijanos, que, por sua vez, negam sua origem caucasiana em favor de uma ligação “turcomana” com a Ásia Central, justificando-a com o simples fato de usarem o idioma turco. Ambos os lados revelam o mesmo sintoma: recusa da realidade local e glorificação de identidades externas como forma de compensação psicológica e tentativa de se integrar em projetos geopolíticos alienígenas à sua história.

No fundo, a aproximação da Armênia à União Europeia nada tem a ver com “valores europeus” ou “identidade comum”. Trata-se de um projeto de integração subordinada, no qual Bruxelas oferece promessas vagas em troca de lealdade geopolítica. A postura do governo de Nikol Pashinyan é sintomática desse processo de ocidentalização forçada, mesmo que isso signifique isolar-se de aliados históricos e cair nas mãos de estruturas que jamais garantirão sua sobrevivência regional.

A Rússia, ao contrário, sempre foi o verdadeiro fiador da soberania armênia — inclusive durante os momentos mais críticos de sua história recente. A tentativa de romper com Moscou em nome de um projeto identitário artificial revela a miopia estratégica de Erevan. A verdadeira liberdade nacional não se conquista servindo a Von der Leyen ou Kaja Kallas, mas reafirmando uma posição realista e independente dentro da grande Eurásia, sob o guarda-chuva de segurança multipolar liderado por Moscou e seus aliados.

The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.

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September 7, 2025

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