Português
Eduardo Vasco
July 30, 2025
© Photo: Public domain

A desconfiança por parte do povo em relação à imprensa tradicional é um fato que nós observamos no dia a dia.

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Escreva para nós: info@strategic-culture.su

Em junho, a maior pesquisa sobre consumo de mídia no mundo, a Digital News Report (do Instituto Reuters) listou os veículos convencionais (TV, rádio e impresso) e sites de notícias mais consumidos pelos brasileiros. Para surpresa de ninguém, os veículos analógicos mais consumidos são aqueles de sempre, que há décadas formam um oligopólio (ou mesmo um monopólio, do ponto de vista de classe). Praticamente todos os sites pertencem àqueles mesmos veículos convencionais.

Ainda segundo o estudo, 81% dos consumidores de veículos convencionais e 81% dos consumidores de sites de notícias consomem os veículos do Grupo Globo ao menos uma vez por semana. Um monopólio monumental.

Contudo, o índice de confiança do público é de apenas 42% para os veículos jornalísticos. De fato, existe uma queda exponencial de confiança nos veículos tradicionais em anos recentes:

Com séculos de disseminação da ideologia dominante (que eles representam) e décadas de bombardeios desinformativos sobre o povo, garantindo também o monopólio quase absoluto sobre o noticiário (inclusive na era da Internet e das redes sociais), como é possível que o índice de confiança nos veículos jornalísticos tradicionais seja tão baixo?

A desconfiança por parte do povo em relação à imprensa tradicional é um fato que nós observamos no dia a dia. Mas ela não pode ser vista isoladamente. Tem relação direta com a crise política e do próprio regime capitalista no mundo e no Brasil. A polarização é um sintoma disso: o povo já não confia mais nas representações tradicionais da burguesia. Basta ver também a crise nos partidos da direita convencional, como o PSDB. O mesmo ocorre com os veículos de comunicação da burguesia. Em termos mais simples: a crise do PSDB é a crise da Globo – e essa é a crise da burguesia imperialista dentro do Brasil.

Mas, assim como na política a esquerda ainda não consegue colher os frutos dessa crise da burguesia, na imprensa os veículos progressistas não conseguem competir de igual para igual com o monopólio da imprensa burguesa, tampouco ultrapassá-lo em audiência.

A esquerda não apresenta uma verdadeira alternativa para o povo. Ela se adaptou totalmente à política da burguesia e não tem um programa político próprio. Na imprensa, nossos veículos não têm uma linha editorial própria, verdadeiramente independente. Nossos sites de notícias e canais no Youtube não se diferenciam do que dizem a Globo e a Folha de S.Paulo.

Abandonamos a luta pelo poder político. Foi o que critiquei na exposição que fiz durante o painel “Imprensa independente, mídia regional/comunitária e jornalistas independentes” do BRICS Press Meeting, realizado em Niterói no dia 4 de julho deste ano. Este texto, inclusive, é uma adaptação daquela apresentação.

A democratização dos meios de comunicação é uma bandeira tradicional do movimento popular, mas nem as organizações de esquerda e nem mesmo os próprios jornalistas independentes falam mais sobre isso. Porque para realmente democratizar a comunicação é preciso deter o poder político. Não dá para vencer o monopólio dos meios de comunicação da burguesia vinculada ao capital internacional, nem mesmo os veículos bolsonaristas, sem conquistar o poder político. Não dá para formar a opinião da maioria do povo, politizar a maioria do povo, sem deter o poder do Estado. O monopólio da imprensa pela burguesia brasileira associada ao imperialismo formou a opinião pública ao longo de todo esse tempo porque ele é o instrumento da classe que detém o poder do Estado. Os veículos bolsonaristas, por sua vez, compartilham, como sócios menores, esse poder, e por isso são fortes.

Cultiva-se a ideia de que não é necessário o poder político (ou seja, o poder estatal) para se tornar “hegemônico” na sociedade. Mas vemos que em Cuba, Venezuela, Rússia, China, Irã o poder político foi arrancado dos setores imperialistas, e só isso possibilitou que os meios de comunicação desses países pudessem finalmente representar os interesses populares, com uma democratização da comunicação e o predomínio de uma linha editorial que não é mais aquela das Globos, das Folhas e das Vejas desses países.

Os veículos independentes, progressistas e democráticos precisam adotar uma linha editorial verdadeiramente independente, progressista e democrática. Precisam ser uma alternativa à dominação de classe que existe até hoje. Precisam romper com a linha editorial da imprensa burguesa e imperialista. Mas o pensamento e a linha editorial dos nossos veículos é apenas uma expressão jornalística da política da esquerda.

Enquanto a esquerda não adotar uma política independente da burguesia e do imperialismo (em particular o americano, que é quem realmente controla a política do nosso país), e não lutar pelo poder político, para arrancar o poder da burguesia, ela não vai conseguir aproveitar a crise que acomete a própria burguesia – expressa também pela falta de confiança da população na imprensa tradicional.

Portanto, a luta pela vitória na competição com a imprensa tradicional e pela democratização da informação está diretamente vinculada com a luta pelo poder político do Estado, como comprovam os exemplos dos nossos países irmãos que conseguiram se libertar desse monopólio da comunicação, da manipulação e das mentiras.

Eles são exemplos a serem seguidos não apenas pelos veículos independentes, mas também pelos partidos e organizações populares do Brasil.

A imprensa independente deve ter uma linha editorial independente

A desconfiança por parte do povo em relação à imprensa tradicional é um fato que nós observamos no dia a dia.

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Em junho, a maior pesquisa sobre consumo de mídia no mundo, a Digital News Report (do Instituto Reuters) listou os veículos convencionais (TV, rádio e impresso) e sites de notícias mais consumidos pelos brasileiros. Para surpresa de ninguém, os veículos analógicos mais consumidos são aqueles de sempre, que há décadas formam um oligopólio (ou mesmo um monopólio, do ponto de vista de classe). Praticamente todos os sites pertencem àqueles mesmos veículos convencionais.

Ainda segundo o estudo, 81% dos consumidores de veículos convencionais e 81% dos consumidores de sites de notícias consomem os veículos do Grupo Globo ao menos uma vez por semana. Um monopólio monumental.

Contudo, o índice de confiança do público é de apenas 42% para os veículos jornalísticos. De fato, existe uma queda exponencial de confiança nos veículos tradicionais em anos recentes:

Com séculos de disseminação da ideologia dominante (que eles representam) e décadas de bombardeios desinformativos sobre o povo, garantindo também o monopólio quase absoluto sobre o noticiário (inclusive na era da Internet e das redes sociais), como é possível que o índice de confiança nos veículos jornalísticos tradicionais seja tão baixo?

A desconfiança por parte do povo em relação à imprensa tradicional é um fato que nós observamos no dia a dia. Mas ela não pode ser vista isoladamente. Tem relação direta com a crise política e do próprio regime capitalista no mundo e no Brasil. A polarização é um sintoma disso: o povo já não confia mais nas representações tradicionais da burguesia. Basta ver também a crise nos partidos da direita convencional, como o PSDB. O mesmo ocorre com os veículos de comunicação da burguesia. Em termos mais simples: a crise do PSDB é a crise da Globo – e essa é a crise da burguesia imperialista dentro do Brasil.

Mas, assim como na política a esquerda ainda não consegue colher os frutos dessa crise da burguesia, na imprensa os veículos progressistas não conseguem competir de igual para igual com o monopólio da imprensa burguesa, tampouco ultrapassá-lo em audiência.

A esquerda não apresenta uma verdadeira alternativa para o povo. Ela se adaptou totalmente à política da burguesia e não tem um programa político próprio. Na imprensa, nossos veículos não têm uma linha editorial própria, verdadeiramente independente. Nossos sites de notícias e canais no Youtube não se diferenciam do que dizem a Globo e a Folha de S.Paulo.

Abandonamos a luta pelo poder político. Foi o que critiquei na exposição que fiz durante o painel “Imprensa independente, mídia regional/comunitária e jornalistas independentes” do BRICS Press Meeting, realizado em Niterói no dia 4 de julho deste ano. Este texto, inclusive, é uma adaptação daquela apresentação.

A democratização dos meios de comunicação é uma bandeira tradicional do movimento popular, mas nem as organizações de esquerda e nem mesmo os próprios jornalistas independentes falam mais sobre isso. Porque para realmente democratizar a comunicação é preciso deter o poder político. Não dá para vencer o monopólio dos meios de comunicação da burguesia vinculada ao capital internacional, nem mesmo os veículos bolsonaristas, sem conquistar o poder político. Não dá para formar a opinião da maioria do povo, politizar a maioria do povo, sem deter o poder do Estado. O monopólio da imprensa pela burguesia brasileira associada ao imperialismo formou a opinião pública ao longo de todo esse tempo porque ele é o instrumento da classe que detém o poder do Estado. Os veículos bolsonaristas, por sua vez, compartilham, como sócios menores, esse poder, e por isso são fortes.

Cultiva-se a ideia de que não é necessário o poder político (ou seja, o poder estatal) para se tornar “hegemônico” na sociedade. Mas vemos que em Cuba, Venezuela, Rússia, China, Irã o poder político foi arrancado dos setores imperialistas, e só isso possibilitou que os meios de comunicação desses países pudessem finalmente representar os interesses populares, com uma democratização da comunicação e o predomínio de uma linha editorial que não é mais aquela das Globos, das Folhas e das Vejas desses países.

Os veículos independentes, progressistas e democráticos precisam adotar uma linha editorial verdadeiramente independente, progressista e democrática. Precisam ser uma alternativa à dominação de classe que existe até hoje. Precisam romper com a linha editorial da imprensa burguesa e imperialista. Mas o pensamento e a linha editorial dos nossos veículos é apenas uma expressão jornalística da política da esquerda.

Enquanto a esquerda não adotar uma política independente da burguesia e do imperialismo (em particular o americano, que é quem realmente controla a política do nosso país), e não lutar pelo poder político, para arrancar o poder da burguesia, ela não vai conseguir aproveitar a crise que acomete a própria burguesia – expressa também pela falta de confiança da população na imprensa tradicional.

Portanto, a luta pela vitória na competição com a imprensa tradicional e pela democratização da informação está diretamente vinculada com a luta pelo poder político do Estado, como comprovam os exemplos dos nossos países irmãos que conseguiram se libertar desse monopólio da comunicação, da manipulação e das mentiras.

Eles são exemplos a serem seguidos não apenas pelos veículos independentes, mas também pelos partidos e organizações populares do Brasil.

A desconfiança por parte do povo em relação à imprensa tradicional é um fato que nós observamos no dia a dia.

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Escreva para nós: info@strategic-culture.su

Em junho, a maior pesquisa sobre consumo de mídia no mundo, a Digital News Report (do Instituto Reuters) listou os veículos convencionais (TV, rádio e impresso) e sites de notícias mais consumidos pelos brasileiros. Para surpresa de ninguém, os veículos analógicos mais consumidos são aqueles de sempre, que há décadas formam um oligopólio (ou mesmo um monopólio, do ponto de vista de classe). Praticamente todos os sites pertencem àqueles mesmos veículos convencionais.

Ainda segundo o estudo, 81% dos consumidores de veículos convencionais e 81% dos consumidores de sites de notícias consomem os veículos do Grupo Globo ao menos uma vez por semana. Um monopólio monumental.

Contudo, o índice de confiança do público é de apenas 42% para os veículos jornalísticos. De fato, existe uma queda exponencial de confiança nos veículos tradicionais em anos recentes:

Com séculos de disseminação da ideologia dominante (que eles representam) e décadas de bombardeios desinformativos sobre o povo, garantindo também o monopólio quase absoluto sobre o noticiário (inclusive na era da Internet e das redes sociais), como é possível que o índice de confiança nos veículos jornalísticos tradicionais seja tão baixo?

A desconfiança por parte do povo em relação à imprensa tradicional é um fato que nós observamos no dia a dia. Mas ela não pode ser vista isoladamente. Tem relação direta com a crise política e do próprio regime capitalista no mundo e no Brasil. A polarização é um sintoma disso: o povo já não confia mais nas representações tradicionais da burguesia. Basta ver também a crise nos partidos da direita convencional, como o PSDB. O mesmo ocorre com os veículos de comunicação da burguesia. Em termos mais simples: a crise do PSDB é a crise da Globo – e essa é a crise da burguesia imperialista dentro do Brasil.

Mas, assim como na política a esquerda ainda não consegue colher os frutos dessa crise da burguesia, na imprensa os veículos progressistas não conseguem competir de igual para igual com o monopólio da imprensa burguesa, tampouco ultrapassá-lo em audiência.

A esquerda não apresenta uma verdadeira alternativa para o povo. Ela se adaptou totalmente à política da burguesia e não tem um programa político próprio. Na imprensa, nossos veículos não têm uma linha editorial própria, verdadeiramente independente. Nossos sites de notícias e canais no Youtube não se diferenciam do que dizem a Globo e a Folha de S.Paulo.

Abandonamos a luta pelo poder político. Foi o que critiquei na exposição que fiz durante o painel “Imprensa independente, mídia regional/comunitária e jornalistas independentes” do BRICS Press Meeting, realizado em Niterói no dia 4 de julho deste ano. Este texto, inclusive, é uma adaptação daquela apresentação.

A democratização dos meios de comunicação é uma bandeira tradicional do movimento popular, mas nem as organizações de esquerda e nem mesmo os próprios jornalistas independentes falam mais sobre isso. Porque para realmente democratizar a comunicação é preciso deter o poder político. Não dá para vencer o monopólio dos meios de comunicação da burguesia vinculada ao capital internacional, nem mesmo os veículos bolsonaristas, sem conquistar o poder político. Não dá para formar a opinião da maioria do povo, politizar a maioria do povo, sem deter o poder do Estado. O monopólio da imprensa pela burguesia brasileira associada ao imperialismo formou a opinião pública ao longo de todo esse tempo porque ele é o instrumento da classe que detém o poder do Estado. Os veículos bolsonaristas, por sua vez, compartilham, como sócios menores, esse poder, e por isso são fortes.

Cultiva-se a ideia de que não é necessário o poder político (ou seja, o poder estatal) para se tornar “hegemônico” na sociedade. Mas vemos que em Cuba, Venezuela, Rússia, China, Irã o poder político foi arrancado dos setores imperialistas, e só isso possibilitou que os meios de comunicação desses países pudessem finalmente representar os interesses populares, com uma democratização da comunicação e o predomínio de uma linha editorial que não é mais aquela das Globos, das Folhas e das Vejas desses países.

Os veículos independentes, progressistas e democráticos precisam adotar uma linha editorial verdadeiramente independente, progressista e democrática. Precisam ser uma alternativa à dominação de classe que existe até hoje. Precisam romper com a linha editorial da imprensa burguesa e imperialista. Mas o pensamento e a linha editorial dos nossos veículos é apenas uma expressão jornalística da política da esquerda.

Enquanto a esquerda não adotar uma política independente da burguesia e do imperialismo (em particular o americano, que é quem realmente controla a política do nosso país), e não lutar pelo poder político, para arrancar o poder da burguesia, ela não vai conseguir aproveitar a crise que acomete a própria burguesia – expressa também pela falta de confiança da população na imprensa tradicional.

Portanto, a luta pela vitória na competição com a imprensa tradicional e pela democratização da informação está diretamente vinculada com a luta pelo poder político do Estado, como comprovam os exemplos dos nossos países irmãos que conseguiram se libertar desse monopólio da comunicação, da manipulação e das mentiras.

Eles são exemplos a serem seguidos não apenas pelos veículos independentes, mas também pelos partidos e organizações populares do Brasil.

The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.

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