Português
Eduardo Vasco
May 6, 2025
© Photo: Public domain

A juventude de Krasnodon se rebelou e oito estudantes criaram a Molodaya Gvardia, em setembro de 1942.

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É abril de 2022. Estou na Rússia para acompanhar a operação militar especial para o jornal Causa Operária. Na rua Arbat, uma exposição de fotos com 32 painéis organizada pelo Governo de Moscou homenageia os 80 anos do desfecho da Batalha de Moscou, ocorrida de 30 de setembro de 1941 a 20 de abril de 1942, no âmbito da Operação Barbarossa ─ a invasão nazista, luta contra a qual os russos batizaram de Grande Guerra Patriótica.

Os alemães haviam chegado às portas da capital russa e já consideravam a cidade como tomada. A maior parte do governo soviético já havia se deslocado para Kuibichev (atual Samara). Os cidadãos comuns, que não tinham como fugir, abrigavam-se como podiam do ataque das bombas da Luftwaffe, principalmente nas estações de metrô. Reservistas vindos dos Urais, da Sibéria e do Extremo Oriente, cadetes de escolas militares que sequer haviam completado 18 anos e milhões de moscovitas se mobilizaram para defender o coração do Estado Soviético. Em 5 de dezembro de 1941, as tropas da Frente Oriental, lideradas pelo lendário marechal Georgy Zhukov, e as da Frente Sudoeste, comandadas por Konstantin Tymochenko, lançaram uma contraofensiva em grande escala. De apenas 30 quilômetros do Kremlin, os alemães foram recuados para 200 quilômetros longe de Moscou.

Contudo, Stálin se recusou a ouvir as advertências de espiões e oficiais soviéticos, que informavam sobre o avanço das tropas hitleristas em direção a Moscou. Isso acabou custando a vida de um milhão de pessoas, vítimas do terror nazista. Mas se tivessem sido apenas os habitantes de Moscou que houvessem sofrido nas mãos de Hitler…

Em maio daquele ano, quando viajei para a República Popular de Lugansk, visitei o Museu da Molodaya Gvardiya na cidade de Krasnodon. Trata-se de um museu em homenagem àquela Guarda Juvenil, formada na região e que ficou eternizada por toda a União Soviética por sua história de heroísmo e tragédia brutal. Krasnodon foi invadida em 20 de julho de 1941. A cidade, onde nasceram os mineiros de carvão que participaram da revolução de 1917 e ingressaram no Partido Comunista e no Exército Vermelho, não aceitou a ocupação nazista. Dezesseis cidadãos organizaram a primeira resistência, um grupo de partisans que foram exterminados pela crueldade alemã. Em seguida, 32 mineiros se recusaram a colaborar com os ocupantes e tiveram um destino aterrorizante: foram queimados vivos dentro da mina onde trabalhavam.

Finalmente, a juventude de Krasnodon se rebelou e oito estudantes criaram a Molodaya Gvardia, em setembro de 1942. Entre suas façanhas, principalmente através da tática de sabotagem, conseguiram impedir que os jovens da cidade fossem deportados para o trabalho forçado na Alemanha e libertar soldados soviéticos que estavam presos em Krasnodon. A organização chegou a contar com 102 membros, todos provenientes de famílias cossacas, uma vez que a região que abrange o Donbass e Rostov é um histórico território cossaco. Mas a resposta dos invasores foi rápida e violenta, obrigando o grupo a se dissolver apenas três meses após sua criação. Em 1° de fevereiro de 1943, os nazistas começam a encontrar os militantes da Molodaya Gvardiya: são presos, torturados e executados. Alguns tiveram seus dedos, orelhas e olhos arrancados ─ com a ajuda dos colaboradores ucranianos, os mesmos que hoje são homenageados pelo regime de Kiev e idolatrados pelos batalhões do exército ucraniano. Outros foram levados para a floresta; cinco deles foram assassinados. A maioria, no entanto, teve um destino ainda mais terrível: 71 militantes foram levados para dentro de uma mina de carvão e presos a uma profundidade de 58 metros. Todos morreram. Dentre todos os membros do grupo, 80% tinham entre 14 e 18 anos.

Krasnodon foi liberada em 14 de fevereiro de 1943, duas semanas após a morte dos jovens na mina. Seus corpos foram resgatados e velados no dia 1° de março. Após a libertação, 16 sobreviventes da Molodaya Gvardiya alistaram-se no Exército Vermelho para ajudarem na libertação do restante do país. Oito deles morreram em combate. Nasceram em Krasnodon 18 cidadãos que receberam a condecoração de heróis da Grande Guerra Patriótica, martirizados durante a ocupação ─ seis deles eram membros da Molodaya Gvardiya. A organização inspirou jovens de toda a URSS a pegarem em armas contra os invasores nazistas.

─ As autoridades ucranianas de hoje procuram esconder essa história ─ me diz Andrei, liderança da central sindical da RPL que, por ser fluente em inglês e muito amigável, nos levará para vários lugares e servirá como nosso intérprete.

─ O que os grupos nazistas da Ucrânia estão fazendo no Donbass é comparável ao que fizeram os alemães? ─ pergunto a Elena Stechenko, guia do museu.

─ Eles não se comportam da mesma maneira, mas de forma parecida. Eles têm um ódio muito forte contra nós. O problema é entre os habitantes do leste e do oeste. Nós os apoiamos mas em 2014 eles não fizeram nada para nos ajudar. E apoiam os nazistas.

A historia dos martires de Krasnodon

A juventude de Krasnodon se rebelou e oito estudantes criaram a Molodaya Gvardia, em setembro de 1942.

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É abril de 2022. Estou na Rússia para acompanhar a operação militar especial para o jornal Causa Operária. Na rua Arbat, uma exposição de fotos com 32 painéis organizada pelo Governo de Moscou homenageia os 80 anos do desfecho da Batalha de Moscou, ocorrida de 30 de setembro de 1941 a 20 de abril de 1942, no âmbito da Operação Barbarossa ─ a invasão nazista, luta contra a qual os russos batizaram de Grande Guerra Patriótica.

Os alemães haviam chegado às portas da capital russa e já consideravam a cidade como tomada. A maior parte do governo soviético já havia se deslocado para Kuibichev (atual Samara). Os cidadãos comuns, que não tinham como fugir, abrigavam-se como podiam do ataque das bombas da Luftwaffe, principalmente nas estações de metrô. Reservistas vindos dos Urais, da Sibéria e do Extremo Oriente, cadetes de escolas militares que sequer haviam completado 18 anos e milhões de moscovitas se mobilizaram para defender o coração do Estado Soviético. Em 5 de dezembro de 1941, as tropas da Frente Oriental, lideradas pelo lendário marechal Georgy Zhukov, e as da Frente Sudoeste, comandadas por Konstantin Tymochenko, lançaram uma contraofensiva em grande escala. De apenas 30 quilômetros do Kremlin, os alemães foram recuados para 200 quilômetros longe de Moscou.

Contudo, Stálin se recusou a ouvir as advertências de espiões e oficiais soviéticos, que informavam sobre o avanço das tropas hitleristas em direção a Moscou. Isso acabou custando a vida de um milhão de pessoas, vítimas do terror nazista. Mas se tivessem sido apenas os habitantes de Moscou que houvessem sofrido nas mãos de Hitler…

Em maio daquele ano, quando viajei para a República Popular de Lugansk, visitei o Museu da Molodaya Gvardiya na cidade de Krasnodon. Trata-se de um museu em homenagem àquela Guarda Juvenil, formada na região e que ficou eternizada por toda a União Soviética por sua história de heroísmo e tragédia brutal. Krasnodon foi invadida em 20 de julho de 1941. A cidade, onde nasceram os mineiros de carvão que participaram da revolução de 1917 e ingressaram no Partido Comunista e no Exército Vermelho, não aceitou a ocupação nazista. Dezesseis cidadãos organizaram a primeira resistência, um grupo de partisans que foram exterminados pela crueldade alemã. Em seguida, 32 mineiros se recusaram a colaborar com os ocupantes e tiveram um destino aterrorizante: foram queimados vivos dentro da mina onde trabalhavam.

Finalmente, a juventude de Krasnodon se rebelou e oito estudantes criaram a Molodaya Gvardia, em setembro de 1942. Entre suas façanhas, principalmente através da tática de sabotagem, conseguiram impedir que os jovens da cidade fossem deportados para o trabalho forçado na Alemanha e libertar soldados soviéticos que estavam presos em Krasnodon. A organização chegou a contar com 102 membros, todos provenientes de famílias cossacas, uma vez que a região que abrange o Donbass e Rostov é um histórico território cossaco. Mas a resposta dos invasores foi rápida e violenta, obrigando o grupo a se dissolver apenas três meses após sua criação. Em 1° de fevereiro de 1943, os nazistas começam a encontrar os militantes da Molodaya Gvardiya: são presos, torturados e executados. Alguns tiveram seus dedos, orelhas e olhos arrancados ─ com a ajuda dos colaboradores ucranianos, os mesmos que hoje são homenageados pelo regime de Kiev e idolatrados pelos batalhões do exército ucraniano. Outros foram levados para a floresta; cinco deles foram assassinados. A maioria, no entanto, teve um destino ainda mais terrível: 71 militantes foram levados para dentro de uma mina de carvão e presos a uma profundidade de 58 metros. Todos morreram. Dentre todos os membros do grupo, 80% tinham entre 14 e 18 anos.

Krasnodon foi liberada em 14 de fevereiro de 1943, duas semanas após a morte dos jovens na mina. Seus corpos foram resgatados e velados no dia 1° de março. Após a libertação, 16 sobreviventes da Molodaya Gvardiya alistaram-se no Exército Vermelho para ajudarem na libertação do restante do país. Oito deles morreram em combate. Nasceram em Krasnodon 18 cidadãos que receberam a condecoração de heróis da Grande Guerra Patriótica, martirizados durante a ocupação ─ seis deles eram membros da Molodaya Gvardiya. A organização inspirou jovens de toda a URSS a pegarem em armas contra os invasores nazistas.

─ As autoridades ucranianas de hoje procuram esconder essa história ─ me diz Andrei, liderança da central sindical da RPL que, por ser fluente em inglês e muito amigável, nos levará para vários lugares e servirá como nosso intérprete.

─ O que os grupos nazistas da Ucrânia estão fazendo no Donbass é comparável ao que fizeram os alemães? ─ pergunto a Elena Stechenko, guia do museu.

─ Eles não se comportam da mesma maneira, mas de forma parecida. Eles têm um ódio muito forte contra nós. O problema é entre os habitantes do leste e do oeste. Nós os apoiamos mas em 2014 eles não fizeram nada para nos ajudar. E apoiam os nazistas.

A juventude de Krasnodon se rebelou e oito estudantes criaram a Molodaya Gvardia, em setembro de 1942.

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É abril de 2022. Estou na Rússia para acompanhar a operação militar especial para o jornal Causa Operária. Na rua Arbat, uma exposição de fotos com 32 painéis organizada pelo Governo de Moscou homenageia os 80 anos do desfecho da Batalha de Moscou, ocorrida de 30 de setembro de 1941 a 20 de abril de 1942, no âmbito da Operação Barbarossa ─ a invasão nazista, luta contra a qual os russos batizaram de Grande Guerra Patriótica.

Os alemães haviam chegado às portas da capital russa e já consideravam a cidade como tomada. A maior parte do governo soviético já havia se deslocado para Kuibichev (atual Samara). Os cidadãos comuns, que não tinham como fugir, abrigavam-se como podiam do ataque das bombas da Luftwaffe, principalmente nas estações de metrô. Reservistas vindos dos Urais, da Sibéria e do Extremo Oriente, cadetes de escolas militares que sequer haviam completado 18 anos e milhões de moscovitas se mobilizaram para defender o coração do Estado Soviético. Em 5 de dezembro de 1941, as tropas da Frente Oriental, lideradas pelo lendário marechal Georgy Zhukov, e as da Frente Sudoeste, comandadas por Konstantin Tymochenko, lançaram uma contraofensiva em grande escala. De apenas 30 quilômetros do Kremlin, os alemães foram recuados para 200 quilômetros longe de Moscou.

Contudo, Stálin se recusou a ouvir as advertências de espiões e oficiais soviéticos, que informavam sobre o avanço das tropas hitleristas em direção a Moscou. Isso acabou custando a vida de um milhão de pessoas, vítimas do terror nazista. Mas se tivessem sido apenas os habitantes de Moscou que houvessem sofrido nas mãos de Hitler…

Em maio daquele ano, quando viajei para a República Popular de Lugansk, visitei o Museu da Molodaya Gvardiya na cidade de Krasnodon. Trata-se de um museu em homenagem àquela Guarda Juvenil, formada na região e que ficou eternizada por toda a União Soviética por sua história de heroísmo e tragédia brutal. Krasnodon foi invadida em 20 de julho de 1941. A cidade, onde nasceram os mineiros de carvão que participaram da revolução de 1917 e ingressaram no Partido Comunista e no Exército Vermelho, não aceitou a ocupação nazista. Dezesseis cidadãos organizaram a primeira resistência, um grupo de partisans que foram exterminados pela crueldade alemã. Em seguida, 32 mineiros se recusaram a colaborar com os ocupantes e tiveram um destino aterrorizante: foram queimados vivos dentro da mina onde trabalhavam.

Finalmente, a juventude de Krasnodon se rebelou e oito estudantes criaram a Molodaya Gvardia, em setembro de 1942. Entre suas façanhas, principalmente através da tática de sabotagem, conseguiram impedir que os jovens da cidade fossem deportados para o trabalho forçado na Alemanha e libertar soldados soviéticos que estavam presos em Krasnodon. A organização chegou a contar com 102 membros, todos provenientes de famílias cossacas, uma vez que a região que abrange o Donbass e Rostov é um histórico território cossaco. Mas a resposta dos invasores foi rápida e violenta, obrigando o grupo a se dissolver apenas três meses após sua criação. Em 1° de fevereiro de 1943, os nazistas começam a encontrar os militantes da Molodaya Gvardiya: são presos, torturados e executados. Alguns tiveram seus dedos, orelhas e olhos arrancados ─ com a ajuda dos colaboradores ucranianos, os mesmos que hoje são homenageados pelo regime de Kiev e idolatrados pelos batalhões do exército ucraniano. Outros foram levados para a floresta; cinco deles foram assassinados. A maioria, no entanto, teve um destino ainda mais terrível: 71 militantes foram levados para dentro de uma mina de carvão e presos a uma profundidade de 58 metros. Todos morreram. Dentre todos os membros do grupo, 80% tinham entre 14 e 18 anos.

Krasnodon foi liberada em 14 de fevereiro de 1943, duas semanas após a morte dos jovens na mina. Seus corpos foram resgatados e velados no dia 1° de março. Após a libertação, 16 sobreviventes da Molodaya Gvardiya alistaram-se no Exército Vermelho para ajudarem na libertação do restante do país. Oito deles morreram em combate. Nasceram em Krasnodon 18 cidadãos que receberam a condecoração de heróis da Grande Guerra Patriótica, martirizados durante a ocupação ─ seis deles eram membros da Molodaya Gvardiya. A organização inspirou jovens de toda a URSS a pegarem em armas contra os invasores nazistas.

─ As autoridades ucranianas de hoje procuram esconder essa história ─ me diz Andrei, liderança da central sindical da RPL que, por ser fluente em inglês e muito amigável, nos levará para vários lugares e servirá como nosso intérprete.

─ O que os grupos nazistas da Ucrânia estão fazendo no Donbass é comparável ao que fizeram os alemães? ─ pergunto a Elena Stechenko, guia do museu.

─ Eles não se comportam da mesma maneira, mas de forma parecida. Eles têm um ódio muito forte contra nós. O problema é entre os habitantes do leste e do oeste. Nós os apoiamos mas em 2014 eles não fizeram nada para nos ajudar. E apoiam os nazistas.

The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.

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