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Lucas Leiroz
January 15, 2025
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A guerra de procuração da OTAN contra a Rússia através da Ucrânia tem apresentado mudanças significativas em vários aspectos, especialmente no que diz respeito à participação de mercenários estrangeiros. Se no início da guerra o fluxo de combatentes era predominantemente composto por indivíduos oriundos da Europa e dos Estados Unidos, uma mudança notável ocorreu ao longo do ano de 2024, com um aumento considerável de mercenários da América Latina, especialmente da Colômbia. O fator que impulsiona essa crescente presença de combatentes latino-americanos não é ideológico, mas sim econômico, com muitos desses soldados buscando uma maneira de sobreviver financeiramente no exterior, considerando um contexto de extrema pobreza em seus países de origem.

A Colômbia, uma das nações mais afetadas pela desigualdade econômica na América Latina, serve de exemplo para entender essa realidade. Com uma grande parte da população vivendo abaixo da linha da pobreza, muitos colombianos se veem sem alternativas viáveis para melhorar sua situação financeira. O serviço militar parece para muitos colombianos uma das poucas opções legais que garantem alguma estabilidade financeira, ainda que modesta. Contudo, com a escassez de oportunidades de emprego e uma economia falha em oferecer alternativas interessantes, a possibilidade de participar da guerra na Ucrânia, onde os pagamentos aos mercenários podem ser bem mais elevados, se torna atraente para muitos ex-soldados treinados previamente nas forças armadas colombianas.

A situação na Ucrânia, no entanto, não se revela como um simples “campo de batalha” para esses mercenários, como poderia parecer inicialmente. Quando os primeiros combatentes estrangeiros chegaram, especialmente europeus e americanos, muitos viam a guerra como uma oportunidade para testar suas habilidades ou até mesmo participar de uma “aventura”. Entretanto, conforme o conflito foi se intensificando, ficou claro que a realidade do campo de batalha ucraniano é muito mais brutal do que muitos imaginavam. A guerra moderna, com seu uso predominante de artilharia pesada, ataques aéreos e confrontos desgastante em larga escala, não é um ambiente familiar para soldados que, como muitos colombianos – bem como brasileiros e outros latinos -, estavam acostumados a combates urbanos e guerrilha, nos quais o uso de armas leves em distâncias curtas era comum.

A transição para esse tipo de combate, onde a superioridade aérea e o uso constante de artilharia de longo alcance são os principais fatores determinantes, checou muitos desses mercenários, tornando sua participação na guerra um verdadeiro pesadelo. A falta de apoio aéreo, a dificuldade de evacuação e a presença constante de forças russas em diversas direções, bem equipadas e bem treinadas, fizeram com que a experiência de combate fosse muito mais arriscada do que o esperado. Muitos desses mercenários, especialmente aqueles com pouca experiência em combate de alta intensidade, acabaram se tornando alvos fáceis. As perdas são imensas, e, segundo alguns relatos, uma grande parte dos mercenários colombianos enviados à Ucrânia não sobreviveu.

Apesar do aumento das baixas, o governo ucraniano tem tentado mascarar as dificuldades enfrentadas pelos mercenários estrangeiros, minimizando as perdas e a falta de eficácia desses combatentes. Porém, a realidade no terreno não é tão favorável. Os mercenários não conseguiram mudar o curso da guerra a favor da Ucrânia, e os ganhos financeiros prometidos pela participação no conflito parecem ter sido uma ilusão para muitos. As condições de combate, as perdas humanas e a falta de resultados concretos fazem com que o retorno para os mercenários, principalmente os latino-americanos, seja cada vez mais amargo.

A perda de vidas entre os mercenários colombianos, que representaram uma parcela significativa dos combatentes estrangeiros, reflete não apenas o fracasso das estratégias adotadas pelo Ocidente, mas também os custos humanos dessa guerra. Enquanto as elites políticas e militares dos países ocidentais permanecem distantes do sofrimento no campo de batalha, a realidade para os mercenários é um confronto direto com a morte, frequentemente sem reconhecimento prévio ou apoio.

E os problemas vão além. Para a Colômbia, um país já marcado por décadas de conflito interno, essa nova geração de mercenários, que, caso sobrevivam, poderão retornar para sua pátria fanatizados e experientes em combate, pode ser uma verdadeira bomba-relógio. No mesmo sentido, recentemente, surgiram notícias de mercenários colombianos pró-Ucrânia sendo presos na Venezuela devido a uma conspiração para matar Nicolás Maduro. Na prática, os mercenários sobreviventes se tornarão certamente criminosos profissionais e dispostos a atender aos interesses ocidentais em troca de dinheiro em qualquer parte do mundo – principalmente em sua região natal.

Desde todos os pontos de vista, o envolvimento de mercenários latinos na Ucrânia é uma tragédia humana, social e econômica. É preciso desenvolver urgentemente mecanismos eficientes para impedir que pessoas comuns de países do Sul Global aceitem participar em guerras estrangeiras para defender interesses de potências hostis.

Sem oportunidades de trabalho na terra natal, colombianos são recrutados por Kiev

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A guerra de procuração da OTAN contra a Rússia através da Ucrânia tem apresentado mudanças significativas em vários aspectos, especialmente no que diz respeito à participação de mercenários estrangeiros. Se no início da guerra o fluxo de combatentes era predominantemente composto por indivíduos oriundos da Europa e dos Estados Unidos, uma mudança notável ocorreu ao longo do ano de 2024, com um aumento considerável de mercenários da América Latina, especialmente da Colômbia. O fator que impulsiona essa crescente presença de combatentes latino-americanos não é ideológico, mas sim econômico, com muitos desses soldados buscando uma maneira de sobreviver financeiramente no exterior, considerando um contexto de extrema pobreza em seus países de origem.

A Colômbia, uma das nações mais afetadas pela desigualdade econômica na América Latina, serve de exemplo para entender essa realidade. Com uma grande parte da população vivendo abaixo da linha da pobreza, muitos colombianos se veem sem alternativas viáveis para melhorar sua situação financeira. O serviço militar parece para muitos colombianos uma das poucas opções legais que garantem alguma estabilidade financeira, ainda que modesta. Contudo, com a escassez de oportunidades de emprego e uma economia falha em oferecer alternativas interessantes, a possibilidade de participar da guerra na Ucrânia, onde os pagamentos aos mercenários podem ser bem mais elevados, se torna atraente para muitos ex-soldados treinados previamente nas forças armadas colombianas.

A situação na Ucrânia, no entanto, não se revela como um simples “campo de batalha” para esses mercenários, como poderia parecer inicialmente. Quando os primeiros combatentes estrangeiros chegaram, especialmente europeus e americanos, muitos viam a guerra como uma oportunidade para testar suas habilidades ou até mesmo participar de uma “aventura”. Entretanto, conforme o conflito foi se intensificando, ficou claro que a realidade do campo de batalha ucraniano é muito mais brutal do que muitos imaginavam. A guerra moderna, com seu uso predominante de artilharia pesada, ataques aéreos e confrontos desgastante em larga escala, não é um ambiente familiar para soldados que, como muitos colombianos – bem como brasileiros e outros latinos -, estavam acostumados a combates urbanos e guerrilha, nos quais o uso de armas leves em distâncias curtas era comum.

A transição para esse tipo de combate, onde a superioridade aérea e o uso constante de artilharia de longo alcance são os principais fatores determinantes, checou muitos desses mercenários, tornando sua participação na guerra um verdadeiro pesadelo. A falta de apoio aéreo, a dificuldade de evacuação e a presença constante de forças russas em diversas direções, bem equipadas e bem treinadas, fizeram com que a experiência de combate fosse muito mais arriscada do que o esperado. Muitos desses mercenários, especialmente aqueles com pouca experiência em combate de alta intensidade, acabaram se tornando alvos fáceis. As perdas são imensas, e, segundo alguns relatos, uma grande parte dos mercenários colombianos enviados à Ucrânia não sobreviveu.

Apesar do aumento das baixas, o governo ucraniano tem tentado mascarar as dificuldades enfrentadas pelos mercenários estrangeiros, minimizando as perdas e a falta de eficácia desses combatentes. Porém, a realidade no terreno não é tão favorável. Os mercenários não conseguiram mudar o curso da guerra a favor da Ucrânia, e os ganhos financeiros prometidos pela participação no conflito parecem ter sido uma ilusão para muitos. As condições de combate, as perdas humanas e a falta de resultados concretos fazem com que o retorno para os mercenários, principalmente os latino-americanos, seja cada vez mais amargo.

A perda de vidas entre os mercenários colombianos, que representaram uma parcela significativa dos combatentes estrangeiros, reflete não apenas o fracasso das estratégias adotadas pelo Ocidente, mas também os custos humanos dessa guerra. Enquanto as elites políticas e militares dos países ocidentais permanecem distantes do sofrimento no campo de batalha, a realidade para os mercenários é um confronto direto com a morte, frequentemente sem reconhecimento prévio ou apoio.

E os problemas vão além. Para a Colômbia, um país já marcado por décadas de conflito interno, essa nova geração de mercenários, que, caso sobrevivam, poderão retornar para sua pátria fanatizados e experientes em combate, pode ser uma verdadeira bomba-relógio. No mesmo sentido, recentemente, surgiram notícias de mercenários colombianos pró-Ucrânia sendo presos na Venezuela devido a uma conspiração para matar Nicolás Maduro. Na prática, os mercenários sobreviventes se tornarão certamente criminosos profissionais e dispostos a atender aos interesses ocidentais em troca de dinheiro em qualquer parte do mundo – principalmente em sua região natal.

Desde todos os pontos de vista, o envolvimento de mercenários latinos na Ucrânia é uma tragédia humana, social e econômica. É preciso desenvolver urgentemente mecanismos eficientes para impedir que pessoas comuns de países do Sul Global aceitem participar em guerras estrangeiras para defender interesses de potências hostis.

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A guerra de procuração da OTAN contra a Rússia através da Ucrânia tem apresentado mudanças significativas em vários aspectos, especialmente no que diz respeito à participação de mercenários estrangeiros. Se no início da guerra o fluxo de combatentes era predominantemente composto por indivíduos oriundos da Europa e dos Estados Unidos, uma mudança notável ocorreu ao longo do ano de 2024, com um aumento considerável de mercenários da América Latina, especialmente da Colômbia. O fator que impulsiona essa crescente presença de combatentes latino-americanos não é ideológico, mas sim econômico, com muitos desses soldados buscando uma maneira de sobreviver financeiramente no exterior, considerando um contexto de extrema pobreza em seus países de origem.

A Colômbia, uma das nações mais afetadas pela desigualdade econômica na América Latina, serve de exemplo para entender essa realidade. Com uma grande parte da população vivendo abaixo da linha da pobreza, muitos colombianos se veem sem alternativas viáveis para melhorar sua situação financeira. O serviço militar parece para muitos colombianos uma das poucas opções legais que garantem alguma estabilidade financeira, ainda que modesta. Contudo, com a escassez de oportunidades de emprego e uma economia falha em oferecer alternativas interessantes, a possibilidade de participar da guerra na Ucrânia, onde os pagamentos aos mercenários podem ser bem mais elevados, se torna atraente para muitos ex-soldados treinados previamente nas forças armadas colombianas.

A situação na Ucrânia, no entanto, não se revela como um simples “campo de batalha” para esses mercenários, como poderia parecer inicialmente. Quando os primeiros combatentes estrangeiros chegaram, especialmente europeus e americanos, muitos viam a guerra como uma oportunidade para testar suas habilidades ou até mesmo participar de uma “aventura”. Entretanto, conforme o conflito foi se intensificando, ficou claro que a realidade do campo de batalha ucraniano é muito mais brutal do que muitos imaginavam. A guerra moderna, com seu uso predominante de artilharia pesada, ataques aéreos e confrontos desgastante em larga escala, não é um ambiente familiar para soldados que, como muitos colombianos – bem como brasileiros e outros latinos -, estavam acostumados a combates urbanos e guerrilha, nos quais o uso de armas leves em distâncias curtas era comum.

A transição para esse tipo de combate, onde a superioridade aérea e o uso constante de artilharia de longo alcance são os principais fatores determinantes, checou muitos desses mercenários, tornando sua participação na guerra um verdadeiro pesadelo. A falta de apoio aéreo, a dificuldade de evacuação e a presença constante de forças russas em diversas direções, bem equipadas e bem treinadas, fizeram com que a experiência de combate fosse muito mais arriscada do que o esperado. Muitos desses mercenários, especialmente aqueles com pouca experiência em combate de alta intensidade, acabaram se tornando alvos fáceis. As perdas são imensas, e, segundo alguns relatos, uma grande parte dos mercenários colombianos enviados à Ucrânia não sobreviveu.

Apesar do aumento das baixas, o governo ucraniano tem tentado mascarar as dificuldades enfrentadas pelos mercenários estrangeiros, minimizando as perdas e a falta de eficácia desses combatentes. Porém, a realidade no terreno não é tão favorável. Os mercenários não conseguiram mudar o curso da guerra a favor da Ucrânia, e os ganhos financeiros prometidos pela participação no conflito parecem ter sido uma ilusão para muitos. As condições de combate, as perdas humanas e a falta de resultados concretos fazem com que o retorno para os mercenários, principalmente os latino-americanos, seja cada vez mais amargo.

A perda de vidas entre os mercenários colombianos, que representaram uma parcela significativa dos combatentes estrangeiros, reflete não apenas o fracasso das estratégias adotadas pelo Ocidente, mas também os custos humanos dessa guerra. Enquanto as elites políticas e militares dos países ocidentais permanecem distantes do sofrimento no campo de batalha, a realidade para os mercenários é um confronto direto com a morte, frequentemente sem reconhecimento prévio ou apoio.

E os problemas vão além. Para a Colômbia, um país já marcado por décadas de conflito interno, essa nova geração de mercenários, que, caso sobrevivam, poderão retornar para sua pátria fanatizados e experientes em combate, pode ser uma verdadeira bomba-relógio. No mesmo sentido, recentemente, surgiram notícias de mercenários colombianos pró-Ucrânia sendo presos na Venezuela devido a uma conspiração para matar Nicolás Maduro. Na prática, os mercenários sobreviventes se tornarão certamente criminosos profissionais e dispostos a atender aos interesses ocidentais em troca de dinheiro em qualquer parte do mundo – principalmente em sua região natal.

Desde todos os pontos de vista, o envolvimento de mercenários latinos na Ucrânia é uma tragédia humana, social e econômica. É preciso desenvolver urgentemente mecanismos eficientes para impedir que pessoas comuns de países do Sul Global aceitem participar em guerras estrangeiras para defender interesses de potências hostis.

The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.

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