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Eduardo Vasco
July 18, 2024
© Photo: Public domain

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

Meses de genocídio ininterrupto não foram suficientes para derrotar os heroicos combatentes armados e o povo palestino. Em junho, o porta-voz das forças armadas sionistas, Daniel Hagari, deu uma declaração chocante, refutando todo o discurso que havia sido emitido por seu governo – e por ele mesmo – até então. Ele disse, em entrevista ao Channel 13:

Esse negócio de destruir o Hamas, de fazer o Hamas desaparecer – isso é simplesmente jogar areia nos olhos do público. […] O Hamas é uma ideia, o Hamas é um partido. Ele está enraizado nos corações das pessoas – quem acha que nós podemos eliminar o Hamas está errado.

Dias depois, o Jerusalem Post informava que o Hamas estava recuperando controle de partes da cidade de Khan Yunis, na Faixa de Gaza, e recrutando jovens de menos de 20 anos para recompor os seus batalhões. No início de julho, o porta-voz das Brigadas al-Qassam, Abu Obaida, disse que o braço militar do Hamas está recrutando “milhares de novos combatentes” e que “milhares mais estão preparados para se juntar quando necessário”. Além disso, foguetes e munições capturados de Israel estão sendo reutilizados pela resistência de Gaza, enquanto na Cisjordânia as atividades dos grupos armados palestinos aumentaram significativamente, segundo a imprensa sionista.

Isso levanta sérias dúvidas sobre a capacidade dos ocupantes de realizar a tarefa que se propuseram, isto é, de eliminar o Hamas da Faixa de Gaza. No último dia 16, as forças armadas sionistas declararam que 14 mil combatentes do Hamas teriam sido mortos ou capturados desde o início da invasão. Isso corresponde a uma baixa de 35% do corpo militante do Hamas, que era de 40 mil, antes de 7 de Outubro. Dois terços dos que militavam no Hamas no início da Operação Tempestade de al-Aqsa continuam na ativa, portanto. O percentual das baixas será provavelmente bem mais reduzido, levando em consideração o recrutamento das Brigadas al-Qassam nos últimos meses.

Esses fatos apenas comprovam o que já era sabido desde o começo: “Israel” não pode derrotar o Hamas. Assim como a França não poderia ter derrotado a Frente de Libertação Nacional argelina e os Estados Unidos não poderiam ter derrotado os vietcongs nem os talibãs. Mas “Israel” está em uma situação ainda mais delicada que seus antecessores: a situação política e econômica internacional é pior e, ao contrário de EUA e França, os sionistas não têm para onde fugir – seu Estado é a própria Palestina ocupada, e uma derrota pode significar a própria extinção dessa entidade artificial chamada “Israel”. Uma guerra direta com o Hezbollah, muito possível, poderia colocar abaixo de uma vez por todas a entidade sionista. O Partido de Deus tem 100 mil homens armados a até 200 mil projéteis, incluindo mísseis balísticos e 30 mil mísseis de longo alcance.

Por ser um enclave do imperialismo americano – e do imperialismo internacional como um todo – no Oriente Médio, de importância decisiva, haja vista a proporção do investimento realizado desde meados do século passado, uma crise fatal em “Israel” naturalmente levaria a uma crise sem precedentes nos próprios Estados Unidos e no sistema imperialista por ele liderado. Os problemas que os invasores sionistas estão enfrentando já têm alcance mundial com a crise política e diplomática – tanto com os países pobres, que em geral apoiam a Palestina, quanto com os próprios países ricos – e também com a crise econômica devido ao bloqueio do Mar Vermelho pelos iemenitas.

Esta é uma nova era de insurreições. Elas são latentes no Oriente Médio. O Eixo da Resistência se fortalece a cada dia e expande a sua influência. Hezbollah, Ansarullah, Resistência Islâmica Iraquiana e os grupos armados sírios – não os que lutaram contra Bashar al-Assad, mas sim os aliados do Irã – ganham um poder crescente. Os sentimentos anti-imperialistas, antissionistas e a favor de uma luta unificada pela libertação da região são maiores do que nunca na maioria dos países do norte da África e do oeste da Ásia. Os regimes que mantêm relações de submissão com o imperialismo estão nitidamente se enfraquecendo ou se afastando dessa relação e a tendência é o enfraquecimento total e a dissolução desses regimes ou o rompimento com o imperialismo, devido à crescente pressão popular. Estamos vendo o início de uma luta revolucionária pela libertação de toda a nação islâmica do jugo imperialista.

Barril de pólvora do mundo, o Oriente Médio – particularmente o Eixo da Resistência e o povo palestino – está acelerando a iminente (ainda que não imediata) crise revolucionária mundial do século XXI. As tensões e contradições de classe em cada país, e entre os países ricos e pobres, que expressam a luta de classes a nível geopolítico, acirram-se a cada dia. De alguns anos para cá tem sido recorrente o uso do termo “multipolar” para se referir a um novo mundo que está nascendo. Embora seja um termo derivado da ideologia reformista dos regimes que lideram a luta de classes dos países oprimidos contra os opressores – isto é, de Rússia, China e Irã, em especial –, ele não é de todo errado. Os russos, chineses e iranianos, com seus serviços de inteligência de primeira categoria, sabem que o mundo tende a viver uma transformação revolucionária. O desespero das classes dominantes, expresso tanto a nível nacional em cada país como a nível internacional pelas reações do governo dos Estados Unidos e de seus vassalos europeus, também indica que eles próprios sabem que o velho mundo que dominavam vai deixar de existir. As principais instituições internacionais que têm garantido esse domínio nos últimos 80 anos, como a própria ONU, dão claros sinais de declínio sem volta.

A relevância histórica da Tempestade de al-Aqsa está em que ela demonstra que essa transformação verdadeira necessariamente virá da luta radical das classes populares, por suas próprias mãos, rompendo com as crenças na conciliação com os opressores. Esse mundo novo só poderá surgir de maneira acabada quando a consciência se elevar ao ponto de que a conciliação será totalmente descartada e o maior opressor de todos, o imperialismo, ou seja, o sistema capitalista mundial, for destruído a nível global. Até aqui, o grande empecilho que impede essa consciência de evoluir é precisamente a ideologia reformista que toma conta não só das lideranças (a maioria esmagadora, burguesa) dos países pobres, mas também das próprias lideranças das classes populares (particularmente o proletariado) desses países e também dos países ricos.

As soluções reformistas para essa situação, contudo, vão se desvanecendo. O Fatah e a Autoridade Palestina são provas disso. As massas empurram os líderes vacilantes para uma solução revolucionária. A questão é que, na Palestina como em praticamente todo o mundo, as forças socialistas, cujo programa é o único capaz de levar a cabo uma revolução nos tempos modernos, estão mais perdidas ainda. São poucos e pouco influentes os grupos organizados, embora em alguns lugares sua influência esteja crescendo de maneira mais ou menos significativa. A situação concreta, contudo, que, em última instância, é a principal responsável pela elevação da consciência das massas, está se tornando favorável a ela. Onde o proletariado é mais desenvolvido, curiosamente, a situação não é tão tensa como no Oriente Médio, com um proletariado menor. Mas a pressão de cada proletariado em seu próprio país, como vemos na Palestina, motiva o proletariado dos outros países. As crises na França e nos Estados Unidos certamente estão sendo influenciadas pelos acontecimentos em Gaza e no Oriente Médio.

A tarefa é a organização revolucionária do proletariado para prepará-lo para a luta final (que pode não ser imediata, mas tende atualmente a acelerar para o desfecho). A lição de Lênin permanece atual:

Nem a opressão dos de baixo, nem a crise dos de cima, são suficientes para produzir a revolução – a única coisa que produzirão será a putrefação do país – se o referido país não possuir uma classe revolucionária capaz de transformar o estado passivo de opressão em estado ativo de cólera e de insurreição.

A grande contribuição do Hamas para a derrocada do sistema imperialista

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Meses de genocídio ininterrupto não foram suficientes para derrotar os heroicos combatentes armados e o povo palestino. Em junho, o porta-voz das forças armadas sionistas, Daniel Hagari, deu uma declaração chocante, refutando todo o discurso que havia sido emitido por seu governo – e por ele mesmo – até então. Ele disse, em entrevista ao Channel 13:

Esse negócio de destruir o Hamas, de fazer o Hamas desaparecer – isso é simplesmente jogar areia nos olhos do público. […] O Hamas é uma ideia, o Hamas é um partido. Ele está enraizado nos corações das pessoas – quem acha que nós podemos eliminar o Hamas está errado.

Dias depois, o Jerusalem Post informava que o Hamas estava recuperando controle de partes da cidade de Khan Yunis, na Faixa de Gaza, e recrutando jovens de menos de 20 anos para recompor os seus batalhões. No início de julho, o porta-voz das Brigadas al-Qassam, Abu Obaida, disse que o braço militar do Hamas está recrutando “milhares de novos combatentes” e que “milhares mais estão preparados para se juntar quando necessário”. Além disso, foguetes e munições capturados de Israel estão sendo reutilizados pela resistência de Gaza, enquanto na Cisjordânia as atividades dos grupos armados palestinos aumentaram significativamente, segundo a imprensa sionista.

Isso levanta sérias dúvidas sobre a capacidade dos ocupantes de realizar a tarefa que se propuseram, isto é, de eliminar o Hamas da Faixa de Gaza. No último dia 16, as forças armadas sionistas declararam que 14 mil combatentes do Hamas teriam sido mortos ou capturados desde o início da invasão. Isso corresponde a uma baixa de 35% do corpo militante do Hamas, que era de 40 mil, antes de 7 de Outubro. Dois terços dos que militavam no Hamas no início da Operação Tempestade de al-Aqsa continuam na ativa, portanto. O percentual das baixas será provavelmente bem mais reduzido, levando em consideração o recrutamento das Brigadas al-Qassam nos últimos meses.

Esses fatos apenas comprovam o que já era sabido desde o começo: “Israel” não pode derrotar o Hamas. Assim como a França não poderia ter derrotado a Frente de Libertação Nacional argelina e os Estados Unidos não poderiam ter derrotado os vietcongs nem os talibãs. Mas “Israel” está em uma situação ainda mais delicada que seus antecessores: a situação política e econômica internacional é pior e, ao contrário de EUA e França, os sionistas não têm para onde fugir – seu Estado é a própria Palestina ocupada, e uma derrota pode significar a própria extinção dessa entidade artificial chamada “Israel”. Uma guerra direta com o Hezbollah, muito possível, poderia colocar abaixo de uma vez por todas a entidade sionista. O Partido de Deus tem 100 mil homens armados a até 200 mil projéteis, incluindo mísseis balísticos e 30 mil mísseis de longo alcance.

Por ser um enclave do imperialismo americano – e do imperialismo internacional como um todo – no Oriente Médio, de importância decisiva, haja vista a proporção do investimento realizado desde meados do século passado, uma crise fatal em “Israel” naturalmente levaria a uma crise sem precedentes nos próprios Estados Unidos e no sistema imperialista por ele liderado. Os problemas que os invasores sionistas estão enfrentando já têm alcance mundial com a crise política e diplomática – tanto com os países pobres, que em geral apoiam a Palestina, quanto com os próprios países ricos – e também com a crise econômica devido ao bloqueio do Mar Vermelho pelos iemenitas.

Esta é uma nova era de insurreições. Elas são latentes no Oriente Médio. O Eixo da Resistência se fortalece a cada dia e expande a sua influência. Hezbollah, Ansarullah, Resistência Islâmica Iraquiana e os grupos armados sírios – não os que lutaram contra Bashar al-Assad, mas sim os aliados do Irã – ganham um poder crescente. Os sentimentos anti-imperialistas, antissionistas e a favor de uma luta unificada pela libertação da região são maiores do que nunca na maioria dos países do norte da África e do oeste da Ásia. Os regimes que mantêm relações de submissão com o imperialismo estão nitidamente se enfraquecendo ou se afastando dessa relação e a tendência é o enfraquecimento total e a dissolução desses regimes ou o rompimento com o imperialismo, devido à crescente pressão popular. Estamos vendo o início de uma luta revolucionária pela libertação de toda a nação islâmica do jugo imperialista.

Barril de pólvora do mundo, o Oriente Médio – particularmente o Eixo da Resistência e o povo palestino – está acelerando a iminente (ainda que não imediata) crise revolucionária mundial do século XXI. As tensões e contradições de classe em cada país, e entre os países ricos e pobres, que expressam a luta de classes a nível geopolítico, acirram-se a cada dia. De alguns anos para cá tem sido recorrente o uso do termo “multipolar” para se referir a um novo mundo que está nascendo. Embora seja um termo derivado da ideologia reformista dos regimes que lideram a luta de classes dos países oprimidos contra os opressores – isto é, de Rússia, China e Irã, em especial –, ele não é de todo errado. Os russos, chineses e iranianos, com seus serviços de inteligência de primeira categoria, sabem que o mundo tende a viver uma transformação revolucionária. O desespero das classes dominantes, expresso tanto a nível nacional em cada país como a nível internacional pelas reações do governo dos Estados Unidos e de seus vassalos europeus, também indica que eles próprios sabem que o velho mundo que dominavam vai deixar de existir. As principais instituições internacionais que têm garantido esse domínio nos últimos 80 anos, como a própria ONU, dão claros sinais de declínio sem volta.

A relevância histórica da Tempestade de al-Aqsa está em que ela demonstra que essa transformação verdadeira necessariamente virá da luta radical das classes populares, por suas próprias mãos, rompendo com as crenças na conciliação com os opressores. Esse mundo novo só poderá surgir de maneira acabada quando a consciência se elevar ao ponto de que a conciliação será totalmente descartada e o maior opressor de todos, o imperialismo, ou seja, o sistema capitalista mundial, for destruído a nível global. Até aqui, o grande empecilho que impede essa consciência de evoluir é precisamente a ideologia reformista que toma conta não só das lideranças (a maioria esmagadora, burguesa) dos países pobres, mas também das próprias lideranças das classes populares (particularmente o proletariado) desses países e também dos países ricos.

As soluções reformistas para essa situação, contudo, vão se desvanecendo. O Fatah e a Autoridade Palestina são provas disso. As massas empurram os líderes vacilantes para uma solução revolucionária. A questão é que, na Palestina como em praticamente todo o mundo, as forças socialistas, cujo programa é o único capaz de levar a cabo uma revolução nos tempos modernos, estão mais perdidas ainda. São poucos e pouco influentes os grupos organizados, embora em alguns lugares sua influência esteja crescendo de maneira mais ou menos significativa. A situação concreta, contudo, que, em última instância, é a principal responsável pela elevação da consciência das massas, está se tornando favorável a ela. Onde o proletariado é mais desenvolvido, curiosamente, a situação não é tão tensa como no Oriente Médio, com um proletariado menor. Mas a pressão de cada proletariado em seu próprio país, como vemos na Palestina, motiva o proletariado dos outros países. As crises na França e nos Estados Unidos certamente estão sendo influenciadas pelos acontecimentos em Gaza e no Oriente Médio.

A tarefa é a organização revolucionária do proletariado para prepará-lo para a luta final (que pode não ser imediata, mas tende atualmente a acelerar para o desfecho). A lição de Lênin permanece atual:

Nem a opressão dos de baixo, nem a crise dos de cima, são suficientes para produzir a revolução – a única coisa que produzirão será a putrefação do país – se o referido país não possuir uma classe revolucionária capaz de transformar o estado passivo de opressão em estado ativo de cólera e de insurreição.

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

Meses de genocídio ininterrupto não foram suficientes para derrotar os heroicos combatentes armados e o povo palestino. Em junho, o porta-voz das forças armadas sionistas, Daniel Hagari, deu uma declaração chocante, refutando todo o discurso que havia sido emitido por seu governo – e por ele mesmo – até então. Ele disse, em entrevista ao Channel 13:

Esse negócio de destruir o Hamas, de fazer o Hamas desaparecer – isso é simplesmente jogar areia nos olhos do público. […] O Hamas é uma ideia, o Hamas é um partido. Ele está enraizado nos corações das pessoas – quem acha que nós podemos eliminar o Hamas está errado.

Dias depois, o Jerusalem Post informava que o Hamas estava recuperando controle de partes da cidade de Khan Yunis, na Faixa de Gaza, e recrutando jovens de menos de 20 anos para recompor os seus batalhões. No início de julho, o porta-voz das Brigadas al-Qassam, Abu Obaida, disse que o braço militar do Hamas está recrutando “milhares de novos combatentes” e que “milhares mais estão preparados para se juntar quando necessário”. Além disso, foguetes e munições capturados de Israel estão sendo reutilizados pela resistência de Gaza, enquanto na Cisjordânia as atividades dos grupos armados palestinos aumentaram significativamente, segundo a imprensa sionista.

Isso levanta sérias dúvidas sobre a capacidade dos ocupantes de realizar a tarefa que se propuseram, isto é, de eliminar o Hamas da Faixa de Gaza. No último dia 16, as forças armadas sionistas declararam que 14 mil combatentes do Hamas teriam sido mortos ou capturados desde o início da invasão. Isso corresponde a uma baixa de 35% do corpo militante do Hamas, que era de 40 mil, antes de 7 de Outubro. Dois terços dos que militavam no Hamas no início da Operação Tempestade de al-Aqsa continuam na ativa, portanto. O percentual das baixas será provavelmente bem mais reduzido, levando em consideração o recrutamento das Brigadas al-Qassam nos últimos meses.

Esses fatos apenas comprovam o que já era sabido desde o começo: “Israel” não pode derrotar o Hamas. Assim como a França não poderia ter derrotado a Frente de Libertação Nacional argelina e os Estados Unidos não poderiam ter derrotado os vietcongs nem os talibãs. Mas “Israel” está em uma situação ainda mais delicada que seus antecessores: a situação política e econômica internacional é pior e, ao contrário de EUA e França, os sionistas não têm para onde fugir – seu Estado é a própria Palestina ocupada, e uma derrota pode significar a própria extinção dessa entidade artificial chamada “Israel”. Uma guerra direta com o Hezbollah, muito possível, poderia colocar abaixo de uma vez por todas a entidade sionista. O Partido de Deus tem 100 mil homens armados a até 200 mil projéteis, incluindo mísseis balísticos e 30 mil mísseis de longo alcance.

Por ser um enclave do imperialismo americano – e do imperialismo internacional como um todo – no Oriente Médio, de importância decisiva, haja vista a proporção do investimento realizado desde meados do século passado, uma crise fatal em “Israel” naturalmente levaria a uma crise sem precedentes nos próprios Estados Unidos e no sistema imperialista por ele liderado. Os problemas que os invasores sionistas estão enfrentando já têm alcance mundial com a crise política e diplomática – tanto com os países pobres, que em geral apoiam a Palestina, quanto com os próprios países ricos – e também com a crise econômica devido ao bloqueio do Mar Vermelho pelos iemenitas.

Esta é uma nova era de insurreições. Elas são latentes no Oriente Médio. O Eixo da Resistência se fortalece a cada dia e expande a sua influência. Hezbollah, Ansarullah, Resistência Islâmica Iraquiana e os grupos armados sírios – não os que lutaram contra Bashar al-Assad, mas sim os aliados do Irã – ganham um poder crescente. Os sentimentos anti-imperialistas, antissionistas e a favor de uma luta unificada pela libertação da região são maiores do que nunca na maioria dos países do norte da África e do oeste da Ásia. Os regimes que mantêm relações de submissão com o imperialismo estão nitidamente se enfraquecendo ou se afastando dessa relação e a tendência é o enfraquecimento total e a dissolução desses regimes ou o rompimento com o imperialismo, devido à crescente pressão popular. Estamos vendo o início de uma luta revolucionária pela libertação de toda a nação islâmica do jugo imperialista.

Barril de pólvora do mundo, o Oriente Médio – particularmente o Eixo da Resistência e o povo palestino – está acelerando a iminente (ainda que não imediata) crise revolucionária mundial do século XXI. As tensões e contradições de classe em cada país, e entre os países ricos e pobres, que expressam a luta de classes a nível geopolítico, acirram-se a cada dia. De alguns anos para cá tem sido recorrente o uso do termo “multipolar” para se referir a um novo mundo que está nascendo. Embora seja um termo derivado da ideologia reformista dos regimes que lideram a luta de classes dos países oprimidos contra os opressores – isto é, de Rússia, China e Irã, em especial –, ele não é de todo errado. Os russos, chineses e iranianos, com seus serviços de inteligência de primeira categoria, sabem que o mundo tende a viver uma transformação revolucionária. O desespero das classes dominantes, expresso tanto a nível nacional em cada país como a nível internacional pelas reações do governo dos Estados Unidos e de seus vassalos europeus, também indica que eles próprios sabem que o velho mundo que dominavam vai deixar de existir. As principais instituições internacionais que têm garantido esse domínio nos últimos 80 anos, como a própria ONU, dão claros sinais de declínio sem volta.

A relevância histórica da Tempestade de al-Aqsa está em que ela demonstra que essa transformação verdadeira necessariamente virá da luta radical das classes populares, por suas próprias mãos, rompendo com as crenças na conciliação com os opressores. Esse mundo novo só poderá surgir de maneira acabada quando a consciência se elevar ao ponto de que a conciliação será totalmente descartada e o maior opressor de todos, o imperialismo, ou seja, o sistema capitalista mundial, for destruído a nível global. Até aqui, o grande empecilho que impede essa consciência de evoluir é precisamente a ideologia reformista que toma conta não só das lideranças (a maioria esmagadora, burguesa) dos países pobres, mas também das próprias lideranças das classes populares (particularmente o proletariado) desses países e também dos países ricos.

As soluções reformistas para essa situação, contudo, vão se desvanecendo. O Fatah e a Autoridade Palestina são provas disso. As massas empurram os líderes vacilantes para uma solução revolucionária. A questão é que, na Palestina como em praticamente todo o mundo, as forças socialistas, cujo programa é o único capaz de levar a cabo uma revolução nos tempos modernos, estão mais perdidas ainda. São poucos e pouco influentes os grupos organizados, embora em alguns lugares sua influência esteja crescendo de maneira mais ou menos significativa. A situação concreta, contudo, que, em última instância, é a principal responsável pela elevação da consciência das massas, está se tornando favorável a ela. Onde o proletariado é mais desenvolvido, curiosamente, a situação não é tão tensa como no Oriente Médio, com um proletariado menor. Mas a pressão de cada proletariado em seu próprio país, como vemos na Palestina, motiva o proletariado dos outros países. As crises na França e nos Estados Unidos certamente estão sendo influenciadas pelos acontecimentos em Gaza e no Oriente Médio.

A tarefa é a organização revolucionária do proletariado para prepará-lo para a luta final (que pode não ser imediata, mas tende atualmente a acelerar para o desfecho). A lição de Lênin permanece atual:

Nem a opressão dos de baixo, nem a crise dos de cima, são suficientes para produzir a revolução – a única coisa que produzirão será a putrefação do país – se o referido país não possuir uma classe revolucionária capaz de transformar o estado passivo de opressão em estado ativo de cólera e de insurreição.

The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.

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