A Argentina é pivô de uma nova etapa na estratégia de domínio continental dos Estados Unidos, a partir da eleição de Javier Milei.
Junte-se a nós no Telegram , Twitter e VK .
Escreva para nós: info@strategic-culture.su
A Argentina é pivô de uma nova etapa na estratégia de domínio continental dos Estados Unidos, a partir da eleição de Javier Milei. Ela visa estabelecer um novo controle sobre as Américas diante de um cenário mundial de acirramento das contradições e perda acelerada de hegemonia do imperialismo americano, dentro do qual não está descartada uma nova guerra mundial.
Os laços apertados de Milei com os EUA têm sido expostos principalmente pela imprensa alternativa argentina e sul-americana, além das demonstrações públicas do recém-empossado líder argentino.
O roteiro já não era nada novo: um suposto “outsider” com forte apelo nas redes sociais que promete enterrar a “casta política” em nome da “liberdade” dos cidadãos comuns. Um partido político novo com cara de movimento. A bandeira da “luta contra a corrupção”. Esse tipo de candidatura virou moda nos últimos anos e é precisamente o histórico recente que ajuda a entender o envolvimento do imperialismo norte-americano nesse jogo.
Nayib Bukele em El Salvador, Daniel Noboa no Equador, Vladimir Zelensky na Ucrânia e Donald Trump nos EUA são grandes expoentes dessa tendência – embora este último, ao contrário dos outros, não seja unanimidade dentro do aparato que domina o establishment dos EUA. Todos eles chegaram ao poder seguindo um roteiro usado também por Milei. Jair Bolsonaro também é um exemplo famoso desse projeto.
Mas enquanto essas personalidades políticas tinham como ferramentas apenas as redes sociais, seus partidos recém-criados e a demagogia anticorrupção, o envolvimento dos EUA estava oculto para a maioria dos observadores. Contudo, em seguida começaram a receber grande destaque dos principais meios de comunicação de massa, a realizar reuniões com grandes empresários, a receber elogios de banqueiros e atores estrangeiros para, finalmente, chegar ao poder.
No caso de Milei, fica ainda mais fácil reconhecer seu relacionamento com o imperialismo americano. Ao contrário de Bukele e Noboa, e tanto quanto Bolsonaro, o novo presidente da Argentina declara abertamente seu amor pelos Estados Unidos.
Essas declarações são reveladoras e preocupantes, mas mais reveladoras e preocupantes são as medidas que o mandatário portenho está aplicando. Trata-se de uma verdadeira terapia de choque neoliberal, ou seja, a política de colocar em prática seu plano de governo no menor tempo possível, a devastação completa e imediata de todos os direitos sociais e econômicos dos trabalhadores, a ampla maioria da população.
Milei não foi eleito em uma eleição democrática e livre. Ninguém pode ter a ilusão de que um programa como o seu tem condições de ser escolhido por livre e espontânea vontade pela maioria dos eleitores. Ele conseguiu se eleger graças a uma complicada e prolongada trama, que começou com o abandono da candidatura de Cristina Kirchner para favorecer os aliados de direita do peronismo e terminou com o apoio dos principais representantes dos banqueiros na Argentina a Milei, nomeadamente o macrismo.
Kirchner sofreu durante anos (e isso continua) uma perseguição feroz, ao estilo da que acometeu o presidente Lula no Brasil, promovida pelo judiciário e pela imprensa oligopólica. Finalmente virou consenso entre a esquerda latino-americana que esse “lawfare” na verdade é um golpe em escala continental, planejado em Washington. E sobre isso não pode haver dúvidas. Toda a burguesia argentina, subserviente aos EUA, se unificou para derrotar o kirchnerismo. O único que poderia fazer isso era justamente Milei, cuja demagogia e apoio empresarial lhe renderam uma massa de eleitores. O pacto com Macri e Patricia Bullrich, candidata da “terceira via”, selou o compromisso entre Milei e o imperialismo americano.
Ao golpe brando das eleições, segue-se um golpe mais linha dura para garantir o sucesso da terapia de choque. Sabendo que seu programa é rejeitado pelas amplas massas argentinas, Milei não viu problemas em estabelecer uma protoditadura para frear a oposição contra suas medidas. As multas e sanções a manifestantes, fora a tradicional repressão policial, são claras medidas ditatoriais. Está aberta a temporada de perseguição política contra os sindicatos, partidos e movimentos sociais, inspirada na última ditadura militar vivenciada pelos argentinos – não é apenas nas palavras, mas principalmente na sua prática que Milei e seus aliados expressam simpatia pelo período de Videla e companhia.
Enquanto reprime a oposição popular, Milei leva a cabo as primeiras medidas de seu programa, como o corte de programas sociais, o fim de subsídios aos pobres, a privatização de empresas estatais, a demissão de milhares de servidores públicos, a censura à imprensa (claro, não aos monopólios que o elegeram), a tentativa (ainda não implementada) de desdolarizar a economia.
Assim como fizeram Pinochet e Iélstin, a repressão de Milei vem acompanhada de uma forte operação psicológica para justificar o indefensável. Sua propaganda culpa os governos anteriores, principalmente o peronismo, pela “ruína” a qual foi deixado o país. Tal qual Bolsonaro, Milei recupera o fantasma do comunismo e, aos moldes de Hitler e Mussolini, exalta um pretenso passado quase mitológico e nostálgico, quando a Argentina teria sido um país puro e imaculado. Além disso, o medo e a chantagem, instrumentos tradicionais do fascismo, também são manejados por Milei, que adverte os argentinos de que uma hecatombe se abaterá sobre o país caso suas reformas neoliberais não sejam executadas.
Milei é o líder da reação imperialista no continente
Os passos dados pela política externa do governo argentino mostram que ele não se deterá na devastação interna. Como se não bastassem as hostilidades aos “comunistas” Maduro, Ortega e Díaz-Canel, e ao próprio presidente Lula, Milei cumpriu sua promessa de não ingressar no BRICS. Esse foi o sinal mais importante de que o novo governo argentino servirá de preposto dos Estados Unidos e atuará contra a integração sul-americana e a independência dos países da região.
E o alvo principal desse plano é o Brasil. Os governos do PT se distanciaram – ainda que timidamente, mas de forma inaceitável para os EUA – de Washington e se aproximaram da China. Isto é, tornaram o Brasil um pouco mais independente do domínio imperialista. Por isso Dilma Rousseff foi derrubada e Lula foi preso. Por isso os EUA tentam enquadrar o terceiro mandato de Lula, utilizando o controle que ainda exercem sobre o judiciário, o legislativo, as forças armadas e os partidos políticos para conter os anseios do presidente brasileiro, um crítico notório da dominação americana sobre o Brasil e o mundo.
Os EUA sempre consideraram o Brasil como o mais importante país do Hemisfério Sul e da América Latina, com potencial histórico de conduzir toda essa parcela do planeta. Portanto, o Brasil é um adversário geopolítico para os Estados Unidos. Mesmo nos anos 1990, no auge da hegemonia neoliberal e com o fantoche Fernando Henrique no governo do Brasil, Henry Kissinger se preocupava que a integração econômica dos países da América do Sul a partir da criação do Mercosul poderia “gerar uma potencial contenda entre Brasil e EUA sobre o futuro do Cone Sul”, conforme escreveu em seu livro “Does America Need a Foreign Policy?”.
E, de fato, desde a primeira passagem do PT pelo governo, o Brasil tem reforçado a sua liderança sobre os demais países da América Latina, particularmente os do Cone Sul. A parceria estratégica do Brasil com a China, sua aproximação com a Rússia e o fato de ser o único país do Hemisfério Ocidental a integrar o BRICS são um perigo para a dominação americana. Para os interesses imperialistas dos EUA, o Brasil não pode continuar nesse caminho.
Sendo a segunda nação mais importante do continente e rival histórica do Brasil – particularmente durante os primeiros 100 anos de vida independente da América Latina –, a Argentina então deve servir para contrabalançar a influência brasileira, na visão dos EUA. E essa é a missão de Milei. Se Lula é o agente da integração progressista e soberana do continente, Milei agora é o agente da pseudo-integração reacionária e submissa aos interesses da Casa Branca. O que os EUA não conseguiram fazer plenamente com Bolsonaro, o tentarão com Milei.
Não é coincidência que, pouco tempo após a assunção de Milei ao poder na Argentina, uma crise tenha explodido no Equador, levando o novo governo do direitista Daniel Noboa a instaurar, na prática, uma ditadura militar, sob a desculpa de combater o crime organizado. E Milei se dispôs a enviar forças argentinas para auxiliarem na repressão.
Noboa também foi eleito a partir de um golpe eleitoral brando. Sempre é preciso lembrar que Rafael Correa e sua “revolução cidadã” foram afastados do poder pela traição de Lenín Moreno, guiado pelos EUA, e impedido para sempre de voltar ao poder pela justiça equatoriana. Isso castrou o potencial de vitória de seus correligionários nas duas eleições posteriores, incluindo na de 2023. Pouco após assumir o governo, Noboa decretou estado de exceção e toque de recolher. Na prática, entregou o poder aos militares para combaterem o “terrorismo” no que chamou de um “conflito armado interno”.
Noboa recebeu apoio total do parlamento, que ofereceu anistia aos militares e policiais que venham a cometer crimes contra os direitos humanos durante a vigência do estado de exceção. De fato, as forças de repressão agora têm uma licença oficial para matar e podem invadir qualquer residência sem precisar de um mandado judicial.
Provavelmente os agentes dos EUA estão atuando desde o começo da crise no Equador, mas o anúncio oficial de que enviarão conselheiros e peritos e o aceite de Noboa enterram qualquer dúvida de ligação americana. O Equador já era o país que mais recebia apoio militar americano na região, graças ao realinhamento promovido a partir do golpe eleitoral de Moreno e particularmente durante o mandato do banqueiro Guillermo Lasso. Os acordos permitem que o Pentágono envie militares para combater o crime organizado a pedido de Quito. O Equador tem uma posição estratégica, próximo à Venezuela e ao Caribe e banhado pelo Oceano Pacífico – possível palco de um eventual enfrentamento bélico dos EUA com a China – e as Ilhas Galápagos poderiam chegar a abrigar uma base americana.
“Precisamos de cooperação internacional. Estou feliz em aceitar a cooperação dos EUA. Precisamos de equipamento, de armas, de informações, e penso que este é um problema global”, declarou Noboa. E completou, afirmando que o terrorismo e o narcotráfico não são apenas um problema de seu país, mas que isso “transcende as fronteiras nacionais”. Com razão, alguns analistas já cogitam que essa é a oportunidade para os EUA executarem um “Plano Equador”, revivendo o Plano Colômbia, que foi uma intervenção militar sobre o vizinho do Equador durante toda a primeira década do século XXI. Na verdade, esse plano poderia perfeitamente se estender por todo o continente, uma vez que o crime organizado é um problema social em praticamente todos os países da América Latina e os EUA consideram que isso afeta a sua segurança nacional. A desculpa para a intervenção já existe, só falta “convencer” os países a aceitá-la.
A crise no Equador também serviu de pretexto para o Peru mobilizar suas forças de repressão, ao levantar a possibilidade de que criminosos equatorianos atravessem a fronteira e desestabilizem o país. O Peru é outro país sul-americano onde vigora uma ditadura desde o golpe contra Pedro Castillo. A eleição de Milei na Argentina e a militarização no Equador impulsionam o recrudescimento do regime peruano, que vem ocorrendo de forma regular. A procuradoria pediu 34 anos de prisão para Castillo, ao mesmo tempo em que o ex-ditador Alberto Fujimori foi solto da prisão. E o governo de Dina Boluarte não é o mais reacionário que os peruanos poderiam enfrentar: a libertação de Fujimori indica uma possível opção dos EUA pelo fujimorismo (cuja força voltou a crescer, tanto entre a classe média e a burguesia, como dentro do aparato estatal e das forças armadas).
As forças de extrema-direita vêm se reorganizando nos últimos anos no continente, com apoio maior ou menor – mas sempre com apoio – dos Estados Unidos, a depender da situação política de cada país. José Antonio Kast quase venceu as últimas eleições no Chile, Camacho foi um dos líderes do golpe e da desestabilização de 2019 na Bolívia e o uribismo ainda é forte na Colômbia. Neste ano haverá eleições no Uruguai – governado pela direita tradicional com apoio da extrema-direita, cujos militares do Cabildo Abierto fincaram as botas na política depois de quase 40 anos. Também em El Salvador – onde Bukele aparelhou o executivo, o legislativo e o judiciário, que passou por cima da lei para permitir sua candidatura à reeleição, e controla a imprensa com mão de ferro. Bukele também é responsável por tornar El Salvador um estado policial e modelo a ser seguido por Noboa, bem como contraponto reacionário à influência da Nicarágua sandinista e do México de Obrador na América Central. O próprio México também terá eleições e AMLO já não governará mais o país, que retornará a um governo mais alinhado com os EUA, mesmo que o Morena, partido de Obrador, vença.
O papel do Brasil
A reação imperialista vai buscar, como um dos objetivos imediatos, a derrota de Nicolás Maduro e do chavismo nas eleições venezuelanas programadas para este ano. Como sempre, não conseguindo vencer nas urnas, os EUA alimentarão um golpe da oposição, primeiro com ampla difamação nos meios de comunicação venezuelanos e internacionais, para abrir caminho a uma desestabilização semelhante às guarimbas de 2013-2019.
Isso vai depender da força que os EUA terão para se intrometer nos assuntos venezuelanos. Neste momento, parece impossível que a oposição consiga alguma coisa devido à sua fragilidade e divisão após as sucessivas derrotas golpistas. Ao mesmo tempo, China e Rússia são aliados estratégicos de Caracas e veem a vitória de Maduro como fundamental para manter suas posições cada vez mais influentes na América Latina e no Caribe, assim como para contrapor a política dos EUA.
O maior perigo do avanço da extrema-direita pró-imperialista a partir da Argentina, contudo, está em incentivar a extrema-direita dentro do próprio Brasil. A derrota de 2022 para Lula foi importante, mas não decisiva. O bolsonarismo segue forte e as contradições que ele tem com a ala tradicional da direita brasileira – a mais subserviente aos EUA – não significam que esta tenha descartado um novo apoio a ele para afastar Lula e o PT do governo. Quem se ilude com o pretenso combate das instituições ao bolsonarismo deveria comparar a campanha antibolsonarista do judiciário e da imprensa com a campanha que esses mesmos agentes fizeram contra o PT entre 2012 e 2018.
A família Bolsonaro é aliada e amiga de Milei, assim como de Donald Trump. Este também poderá voltar ao governo nas eleições deste ano nos Estados Unidos, e se isso ocorrer a pressão contra Lula e a favor do bolsonarismo será violentíssima. Bolsonaro e Milei também são os grandes bastiões políticos do sionismo no Brasil e na Argentina e têm boas relações com o Mossad, que, assim como a CIA, é um importante fator de desestabilização que deveria ser absolutamente rechaçado por qualquer governante que queira concluir o seu mandato.
O Brasil tradicionalmente tem como a principal estratégia, ao menos a partir do século XX, a aliança com a Argentina na América do Sul. Por isso mesmo Lula insistiu tanto em que os BRICS integrassem a Argentina, bem como visitou Buenos Aires em primeiro lugar após ser empossado em 2023 e por isso demonstra pragmatismo nas relações com Milei, desejando publicamente manter as tradicionais e boas relações com o país vizinho.
Ao contrário do que pensam alguns ingênuos, não existe hegemonia brasileira na América do Sul. A hegemonia é americana, apesar de estar em crise. Por outro lado, o Brasil é, como admitiu Kissinger, o grande rival potencial dos EUA na região. Logicamente, isso não significa que o Brasil tenha pretensões imperialistas, pois para isso seria preciso dispor de uma economia capitalista plenamente avançada, coisa que o Brasil nunca teve justamente devido à opressão do imperialismo americano. Para que o Brasil cumpra o seu papel de substituto dos EUA como grande potência da América do Sul, é essencial que os EUA não tenham mais condições de exercer a sua hegemonia e isso está acontecendo aos poucos devido à crise do sistema capitalista.
Contudo, a luta do Brasil, que é uma luta anti-imperialista por natureza, não poderá ser vitoriosa com uma política de conciliação com o imperialismo americano, e nem tampouco sem uma aliança com os países vizinhos. Por isso, a própria Argentina é o principal ponto de apoio do Brasil contra os EUA. E o Brasil necessita também de aliados fora da região que têm as mesmas visões estratégicas, como China e Rússia. Lula sabe disso perfeitamente e por isso dá preferência à aproximação com Pequim e Moscou, bem como com a União Europeia, enquanto coloca relativamente de lado as relações com os EUA.
Lula e o PT gozam de uma vantagem que a maior parte da esquerda latino-americana não tem. Recebem um grande apoio da classe operária brasileira, e sua relação estreita com os sindicatos e o movimento sem terra os tem protegido do canto da sereia do identitarismo e das ONGs financiadas pelos americanos – embora tenha cooptado as camadas médias dentro do PT e do governo. O caráter artificial e/ou o comprometimento com uma ala imperialista supostamente progressista (agrupada no Partido Democrata dos EUA) faz com que governos como os de AMLO, Luis Arce, Gustavo Petro, Gabriel Boric e do recém-empossado Bernardo Arévalo sejam extremamente vulneráveis a golpes e desestabilizações.
Lula é o principal alvo do golpismo imperialista e, portanto, é imperativo afastar as más influências do governo (que consistem, na verdade, de uma quinta coluna a serviço do golpismo). Ao mesmo tempo, deveria reforçar os laços com a camada que o protege internamente (os sindicatos e movimentos populares) e com os aliados estratégicos na luta pela independência diante do acosso imperialista (o BRICS).
Assim como ocorreu antes de sua entrada na Segunda Guerra Mundial, novamente os Estados Unidos precisam garantir a coesão das Américas (região que sempre foi sua zona de influência natural) em torno de sua política, diante de um cenário de instabilidade internacional, aumento das tensões com seus rivais russos, chineses e iranianos e da possibilidade cada vez maior de uma Terceira Guerra Mundial. É por esse motivo que os EUA estão reordenando a política continental, para substituir governos soberanos por submissos, trabalhando sobretudo para evitar que se alinhem a Rússia, China e Irã – países que estão liderando o processo de expulsão dos EUA da Ásia Ocidental e de outras partes do globo.
Nessa situação, o governo brasileiro precisa trabalhar no sentido contrário e impedir e reverter a tendência de golpes na América Latina, dando o exemplo à esquerda continental, apoiando os movimentos realmente anti-imperialistas e retomando as parcerias comerciais e de infraestrutura que foram suspensas pelo desmonte das empresas brasileiras com o golpe imperialista em 2016. Porque o principal alvo desses golpes é o Brasil.