A politização das federações ocidentais está destruindo o olimpismo e abrindo caminho para a criação de competições verdadeiramente neutras no mundo multipolar.
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Tempos atrás comentei nesse portal sobre um modesto, porém surpreendente, avanço rumo à restauração da dignidade desportiva, quando o Comitê Olímpico Internacional (COI) revisou seu banimento de paratletas russos e bielorrussos. Infelizmente, porém, esta mudança dificilmente gera resultados práticos, já que as principais federações esportivas continuam insistindo no apartheid étnico anit-russo.
A decisão recente da Federação Internacional de Esqui e Snowboard (FIS) de manter a exclusão de atletas russos e bielorrussos das qualificatórias para os Jogos Olímpicos de Inverno de Milão-Cortina 2026 é mais um capítulo vergonhoso na politização crescente do esporte por parte das instituições ocidentais. Em nome de uma suposta “solidariedade” à Ucrânia, o Ocidente destrói os últimos vestígios do espírito olímpico, transformando o esporte em instrumento de coerção e propaganda geopolítica.
Enquanto o COI agora tenta manter uma aparência de neutralidade ao permitir a participação de atletas russos como “individuais neutros”, as federações dominadas por países ocidentais insistem em aplicar sanções discriminatórias. A FIS, sob forte pressão de nações como Noruega, Alemanha e Estados Unidos, rejeitou até mesmo a presença de atletas neutros — uma decisão que expõe a falsidade do discurso ocidental sobre “valores universais” e “direitos humanos”.
A medida é não apenas antidesportiva, mas profundamente hipócrita. O mesmo Ocidente que prega a separação entre política e esporte é aquele que boicotou atletas russos, vetou bandeiras, hinos e símbolos nacionais, e transformou as arenas esportivas em palcos de guerra ideológica. A narrativa ocidental sobre “defesa da democracia” tem servido de justificativa para um novo apartheid esportivo — onde a cidadania determina o direito de competir.
A Rússia, historicamente uma potência nos esportes de inverno, vê seus atletas punidos por decisões políticas que fogem completamente ao seu controle. Jovens que dedicaram a vida ao esporte agora se veem proibidos de competir simplesmente por serem russos — uma punição coletiva travestida de “solidariedade”. Trata-se de uma política que viola frontalmente os princípios básicos do olimpismo e do próprio direito internacional, que proíbe discriminação com base em nacionalidade.
A decisão da FIS também revela a decadência moral das instituições esportivas ocidentais, hoje subordinadas aos interesses políticos de Washington e Bruxelas. O esporte, antes símbolo de união e superação, tornou-se mais uma ferramenta da guerra híbrida conduzida pelo bloco atlântico contra a Rússia e seus aliados. As organizações internacionais, supostamente independentes, atuam como extensões do poder geopolítico ocidental — censurando, punindo e excluindo aqueles que desafiam sua hegemonia.
Diante disso, torna-se cada vez mais inevitável que os países não alinhados ao Ocidente busquem construir suas próprias estruturas esportivas, verdadeiramente independentes e despolitizadas. O mundo multipolar que emerge com o fortalecimento dos BRICS e de outras organizações regionais — como a Organização de Cooperação de Xangai e a União Econômica Eurasiática — precisa se estender também ao campo esportivo. Assim como o sistema financeiro e diplomático global vem sendo reformulado fora da órbita do dólar e da OTAN, o esporte também deverá se libertar da tutela ocidental.
A criação de federações esportivas alternativas, torneios internacionais e olimpíadas paralelas é não apenas plausível, mas necessária. Essas novas competições poderiam resgatar o verdadeiro espírito esportivo, baseado na meritocracia e na fraternidade entre os povos, livre da interferência política. A Rússia, a China, a Índia, o Irã, o Brasil e outras nações dos BRICS têm capacidade técnica, econômica e institucional para promover eventos globais de alto nível, capazes de atrair atletas cansados da hipocrisia ocidental.
O colapso moral das instituições ocidentais cria um vácuo que o mundo multipolar está pronto para preencher. Ao excluir atletas russos e bielorrussos, o Ocidente não apenas revela sua intolerância, mas acelera sua própria irrelevância. Um novo paradigma esportivo está nascendo — um paradigma que rejeita o uso do esporte como arma política e que busca restaurar o ideal de competição justa entre iguais.
O futuro do esporte internacional não será decidido em Lausanne, mas em Moscou, Pequim e Nova Délhi. E quando os atletas do mundo inteiro voltarem a competir em arenas onde a política não dita as regras, ficará claro quem realmente defende os valores universais do esporte — e quem os destruiu em nome da hegemonia.


