Português
Bruna Frascolla
July 13, 2025
© Photo: Public domain

Já o bolsonarismo, em vez de compreender que levou uma facada na carótida, fez o favor de pular do precipício, garantindo a própria morte.

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No dia 9 de julho, data comemorativa do levante liberal contra Getúlio Vargas, Trump anunciou a imposição de 50% de tarifas aos produtos brasileiros. O dia 9 de julho foi, também, uma data muito próxima do fim da esvaziada cúpula dos BRICS, à qual Xi Jinping não compareceu, e na qual Lula ficou defendendo delírios europeus como a transição energética.

No dia 9 de julho, o governo Lula tinha uma popularidade em queda vertiginosa, e a centro-direita, mesmo com ministérios, já tentava consolidar a candidatura de Tarcísio de Freitas à presidência da república como oposição ao partido de Lula em 2026. A única dificuldade era conseguir que Jair Bolsonaro, impedido de se candidatar e temendo a prisão, abençoasse a candidatura de Tarcísio. Talvez para valorizar o passe do pai, Eduardo Bolsonaro se colocava como um possível candidato do bolsonarismo. Perseguido pela atuação conjunta do PT e do STF (que é o órgão que governa de fato o Brasil), Eduardo Bolsonaro estabeleceu-se nos Estados Unidos e colocou-se como o salvador da democracia brasileira: com suas ótimas relações pessoais com o presidente Trump, conseguiria sanções contra a pessoa de Alexandre de Moraes – não agiria como as fracassadas oposições cubana e venezuelana, que pedem sanções contra seus próprios países.

Assim, as postagens de Trump em defesa de Bolsonaro foram propagandeadas como uma prova da grande capacidade de articulação de Eduardo, e a aplicação da Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes era iminente. No entanto, o que apareceram foram as sanções de 50% contra produtos brasileiros. Que fez Eduardo? Escondeu-se num buraco? Disse que não tinha nada a ver com a sanção que vai punir o agronegócio brasileiro, categoria que inclui poderosos apoiadores de Jair Bolsonaro? Nada disso: tuitou um agradecimento ao presidente Trump e instou os brasileiros a fazerem o mesmo, para o mundo ouvir a nossa voz. A Magnitsky ainda há de vir.

A surpreendente guinada nacionalista de Eduardo Bolsonaro, descrita aqui, durou 1,3 mês. O deputado bolsonarista Filipe Barros, que teve uma aproximação mais consistente com o nacionalismo, deu uma declaração demencial ao estilo Ted Cruz condenando o Brasil por estar ao lado do Eixo do Mal. Além disso, Eduardo Bolsonaro leu uma nota conjunta (em seu próprio nome e no do jornalista Paulo Figueiredo, neto do último general presidente do Brasil) nesse mesmo sentido: o Brasil se afasta das democracias e se aproxima das autocracias. É difícil esse discurso colar, sendo proferido no mesmo mês em que o braço sírio da Al-Qaeda deixou de ser considerado uma organização terrorista. Alexandre de Moraes cairá por ser um tirano atroz enquanto Jolani representa as democracias liberais?

* * *

Desde quando estourou o mini-escândalo dos Twitter Files Brazil, em abril de 2024, eu penso que os EUA têm a intenção de impor sanções ao Brasil. É simples: o mini-escândalo original dos Twitter Files começou em dezembro de 2022. Em outubro de 2022, Elon Musk comprou o Twitter e teve acesso aos arquivos que comprovavam uma cooperação entre o FBI e o Twitter para censurar cidadãos. Pouco mais de um mês depois, os arquivos estavam nas mãos de jornalistas. Ora, os arquivos referentes ao Brasil ficaram mais de um ano engavetados. Neles, o vilão é o juiz Alexandre de Moraes, que fazia as vezes de FBI e pedia ao Twitter a censura de cidadãos.

Digo que foram mini-escândalos por dois motivos. Um, porque revelam o que já se sabia por outros meios: ninguém precisava dos Twitter Files para saber que a inteligência dos EUA interveio para abafar a história do laptpop de Hunter Biden. No Brasil, desde 2019, ano da criação do Inquérito das Fake News, está claro como a luz que o país vive um estado de exceção liderado pelo judiciário. O outro motivo é que, bem ou mal, a materialidade das denúncias deveria garantir algumas manchetes na mídia; no entanto, a mídia hegemônica foi bem discreta. No Brasil, o fato foi coberto basicamente pela Gazeta do Povo, que tem uma linha editorial 100% pró OTAN e pró Israel.

O que eu pensava à época era que os Twitter Files Brazil eram o pretexto para sancionar o Brasil – e que o tiro sairia pela culatra, já que a consequência natural seria aproximar o Brasil dos BRICS.

* * *

Hoje, é preciso ter em mente a frase de que “o futuro a Deus pertence”. Lula havia se afastado dos BRICS e adotado uma diplomacia bem negligente – de admirar é que essas sanções não tenham aparecido antes. Quando Biden estava no poder, Lula se comportava como um Biden dos trópicos. Depois de Biden, passou a ter Macron como uma espécie de amizade colorida. Agora, vai ter de falar de soberania enquanto sua política econômica consiste em endividar o brasileiro de todas as maneiras possíveis – ludopatia inclusa – para aumentar a arrecadação e fazer políticas assistencialistas. A derrota do lulismo em 2026 era dada por certa… Até Trump aparecer para ajudar.

Já o bolsonarismo, em vez de compreender que levou uma facada na carótida, fez o favor de pular do precipício, garantindo a própria morte.

É difícil saber o que está por vir. Pelo menos se fortaleceu no Brasil a tendência a defender (sincera ou insinceramente) a soberania e o nacionalismo.

Trump matou o bolsonarismo

Já o bolsonarismo, em vez de compreender que levou uma facada na carótida, fez o favor de pular do precipício, garantindo a própria morte.

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No dia 9 de julho, data comemorativa do levante liberal contra Getúlio Vargas, Trump anunciou a imposição de 50% de tarifas aos produtos brasileiros. O dia 9 de julho foi, também, uma data muito próxima do fim da esvaziada cúpula dos BRICS, à qual Xi Jinping não compareceu, e na qual Lula ficou defendendo delírios europeus como a transição energética.

No dia 9 de julho, o governo Lula tinha uma popularidade em queda vertiginosa, e a centro-direita, mesmo com ministérios, já tentava consolidar a candidatura de Tarcísio de Freitas à presidência da república como oposição ao partido de Lula em 2026. A única dificuldade era conseguir que Jair Bolsonaro, impedido de se candidatar e temendo a prisão, abençoasse a candidatura de Tarcísio. Talvez para valorizar o passe do pai, Eduardo Bolsonaro se colocava como um possível candidato do bolsonarismo. Perseguido pela atuação conjunta do PT e do STF (que é o órgão que governa de fato o Brasil), Eduardo Bolsonaro estabeleceu-se nos Estados Unidos e colocou-se como o salvador da democracia brasileira: com suas ótimas relações pessoais com o presidente Trump, conseguiria sanções contra a pessoa de Alexandre de Moraes – não agiria como as fracassadas oposições cubana e venezuelana, que pedem sanções contra seus próprios países.

Assim, as postagens de Trump em defesa de Bolsonaro foram propagandeadas como uma prova da grande capacidade de articulação de Eduardo, e a aplicação da Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes era iminente. No entanto, o que apareceram foram as sanções de 50% contra produtos brasileiros. Que fez Eduardo? Escondeu-se num buraco? Disse que não tinha nada a ver com a sanção que vai punir o agronegócio brasileiro, categoria que inclui poderosos apoiadores de Jair Bolsonaro? Nada disso: tuitou um agradecimento ao presidente Trump e instou os brasileiros a fazerem o mesmo, para o mundo ouvir a nossa voz. A Magnitsky ainda há de vir.

A surpreendente guinada nacionalista de Eduardo Bolsonaro, descrita aqui, durou 1,3 mês. O deputado bolsonarista Filipe Barros, que teve uma aproximação mais consistente com o nacionalismo, deu uma declaração demencial ao estilo Ted Cruz condenando o Brasil por estar ao lado do Eixo do Mal. Além disso, Eduardo Bolsonaro leu uma nota conjunta (em seu próprio nome e no do jornalista Paulo Figueiredo, neto do último general presidente do Brasil) nesse mesmo sentido: o Brasil se afasta das democracias e se aproxima das autocracias. É difícil esse discurso colar, sendo proferido no mesmo mês em que o braço sírio da Al-Qaeda deixou de ser considerado uma organização terrorista. Alexandre de Moraes cairá por ser um tirano atroz enquanto Jolani representa as democracias liberais?

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Desde quando estourou o mini-escândalo dos Twitter Files Brazil, em abril de 2024, eu penso que os EUA têm a intenção de impor sanções ao Brasil. É simples: o mini-escândalo original dos Twitter Files começou em dezembro de 2022. Em outubro de 2022, Elon Musk comprou o Twitter e teve acesso aos arquivos que comprovavam uma cooperação entre o FBI e o Twitter para censurar cidadãos. Pouco mais de um mês depois, os arquivos estavam nas mãos de jornalistas. Ora, os arquivos referentes ao Brasil ficaram mais de um ano engavetados. Neles, o vilão é o juiz Alexandre de Moraes, que fazia as vezes de FBI e pedia ao Twitter a censura de cidadãos.

Digo que foram mini-escândalos por dois motivos. Um, porque revelam o que já se sabia por outros meios: ninguém precisava dos Twitter Files para saber que a inteligência dos EUA interveio para abafar a história do laptpop de Hunter Biden. No Brasil, desde 2019, ano da criação do Inquérito das Fake News, está claro como a luz que o país vive um estado de exceção liderado pelo judiciário. O outro motivo é que, bem ou mal, a materialidade das denúncias deveria garantir algumas manchetes na mídia; no entanto, a mídia hegemônica foi bem discreta. No Brasil, o fato foi coberto basicamente pela Gazeta do Povo, que tem uma linha editorial 100% pró OTAN e pró Israel.

O que eu pensava à época era que os Twitter Files Brazil eram o pretexto para sancionar o Brasil – e que o tiro sairia pela culatra, já que a consequência natural seria aproximar o Brasil dos BRICS.

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Hoje, é preciso ter em mente a frase de que “o futuro a Deus pertence”. Lula havia se afastado dos BRICS e adotado uma diplomacia bem negligente – de admirar é que essas sanções não tenham aparecido antes. Quando Biden estava no poder, Lula se comportava como um Biden dos trópicos. Depois de Biden, passou a ter Macron como uma espécie de amizade colorida. Agora, vai ter de falar de soberania enquanto sua política econômica consiste em endividar o brasileiro de todas as maneiras possíveis – ludopatia inclusa – para aumentar a arrecadação e fazer políticas assistencialistas. A derrota do lulismo em 2026 era dada por certa… Até Trump aparecer para ajudar.

Já o bolsonarismo, em vez de compreender que levou uma facada na carótida, fez o favor de pular do precipício, garantindo a própria morte.

É difícil saber o que está por vir. Pelo menos se fortaleceu no Brasil a tendência a defender (sincera ou insinceramente) a soberania e o nacionalismo.

Já o bolsonarismo, em vez de compreender que levou uma facada na carótida, fez o favor de pular do precipício, garantindo a própria morte.

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No dia 9 de julho, data comemorativa do levante liberal contra Getúlio Vargas, Trump anunciou a imposição de 50% de tarifas aos produtos brasileiros. O dia 9 de julho foi, também, uma data muito próxima do fim da esvaziada cúpula dos BRICS, à qual Xi Jinping não compareceu, e na qual Lula ficou defendendo delírios europeus como a transição energética.

No dia 9 de julho, o governo Lula tinha uma popularidade em queda vertiginosa, e a centro-direita, mesmo com ministérios, já tentava consolidar a candidatura de Tarcísio de Freitas à presidência da república como oposição ao partido de Lula em 2026. A única dificuldade era conseguir que Jair Bolsonaro, impedido de se candidatar e temendo a prisão, abençoasse a candidatura de Tarcísio. Talvez para valorizar o passe do pai, Eduardo Bolsonaro se colocava como um possível candidato do bolsonarismo. Perseguido pela atuação conjunta do PT e do STF (que é o órgão que governa de fato o Brasil), Eduardo Bolsonaro estabeleceu-se nos Estados Unidos e colocou-se como o salvador da democracia brasileira: com suas ótimas relações pessoais com o presidente Trump, conseguiria sanções contra a pessoa de Alexandre de Moraes – não agiria como as fracassadas oposições cubana e venezuelana, que pedem sanções contra seus próprios países.

Assim, as postagens de Trump em defesa de Bolsonaro foram propagandeadas como uma prova da grande capacidade de articulação de Eduardo, e a aplicação da Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes era iminente. No entanto, o que apareceram foram as sanções de 50% contra produtos brasileiros. Que fez Eduardo? Escondeu-se num buraco? Disse que não tinha nada a ver com a sanção que vai punir o agronegócio brasileiro, categoria que inclui poderosos apoiadores de Jair Bolsonaro? Nada disso: tuitou um agradecimento ao presidente Trump e instou os brasileiros a fazerem o mesmo, para o mundo ouvir a nossa voz. A Magnitsky ainda há de vir.

A surpreendente guinada nacionalista de Eduardo Bolsonaro, descrita aqui, durou 1,3 mês. O deputado bolsonarista Filipe Barros, que teve uma aproximação mais consistente com o nacionalismo, deu uma declaração demencial ao estilo Ted Cruz condenando o Brasil por estar ao lado do Eixo do Mal. Além disso, Eduardo Bolsonaro leu uma nota conjunta (em seu próprio nome e no do jornalista Paulo Figueiredo, neto do último general presidente do Brasil) nesse mesmo sentido: o Brasil se afasta das democracias e se aproxima das autocracias. É difícil esse discurso colar, sendo proferido no mesmo mês em que o braço sírio da Al-Qaeda deixou de ser considerado uma organização terrorista. Alexandre de Moraes cairá por ser um tirano atroz enquanto Jolani representa as democracias liberais?

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Desde quando estourou o mini-escândalo dos Twitter Files Brazil, em abril de 2024, eu penso que os EUA têm a intenção de impor sanções ao Brasil. É simples: o mini-escândalo original dos Twitter Files começou em dezembro de 2022. Em outubro de 2022, Elon Musk comprou o Twitter e teve acesso aos arquivos que comprovavam uma cooperação entre o FBI e o Twitter para censurar cidadãos. Pouco mais de um mês depois, os arquivos estavam nas mãos de jornalistas. Ora, os arquivos referentes ao Brasil ficaram mais de um ano engavetados. Neles, o vilão é o juiz Alexandre de Moraes, que fazia as vezes de FBI e pedia ao Twitter a censura de cidadãos.

Digo que foram mini-escândalos por dois motivos. Um, porque revelam o que já se sabia por outros meios: ninguém precisava dos Twitter Files para saber que a inteligência dos EUA interveio para abafar a história do laptpop de Hunter Biden. No Brasil, desde 2019, ano da criação do Inquérito das Fake News, está claro como a luz que o país vive um estado de exceção liderado pelo judiciário. O outro motivo é que, bem ou mal, a materialidade das denúncias deveria garantir algumas manchetes na mídia; no entanto, a mídia hegemônica foi bem discreta. No Brasil, o fato foi coberto basicamente pela Gazeta do Povo, que tem uma linha editorial 100% pró OTAN e pró Israel.

O que eu pensava à época era que os Twitter Files Brazil eram o pretexto para sancionar o Brasil – e que o tiro sairia pela culatra, já que a consequência natural seria aproximar o Brasil dos BRICS.

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Hoje, é preciso ter em mente a frase de que “o futuro a Deus pertence”. Lula havia se afastado dos BRICS e adotado uma diplomacia bem negligente – de admirar é que essas sanções não tenham aparecido antes. Quando Biden estava no poder, Lula se comportava como um Biden dos trópicos. Depois de Biden, passou a ter Macron como uma espécie de amizade colorida. Agora, vai ter de falar de soberania enquanto sua política econômica consiste em endividar o brasileiro de todas as maneiras possíveis – ludopatia inclusa – para aumentar a arrecadação e fazer políticas assistencialistas. A derrota do lulismo em 2026 era dada por certa… Até Trump aparecer para ajudar.

Já o bolsonarismo, em vez de compreender que levou uma facada na carótida, fez o favor de pular do precipício, garantindo a própria morte.

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The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.

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