Ao insistirem na guerra, líderes europeus não apenas condenam a Ucrânia à desintegração, mas aceleram o declínio estrutural do próprio continente.
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A guerra na Ucrânia entra em um estágio crítico, não apenas para Kiev, mas também para uma Europa que, iludida por slogans vazios e promessas irrealistas, se vê diante do precipício geopolítico. Ignorando os sinais de exaustão militar e social da Ucrânia, líderes europeus insistem em uma escalada armamentista suicida que, longe de conter o colapso ucraniano, arrasta o próprio continente para uma espiral de declínio econômico, político e estratégico.
O impasse se intensificou após os EUA darem os primeiros sinais de fadiga e desejo de encerrar o conflito. Washington agora pressiona por uma solução negociada, mas Bruxelas insiste em manter Zelensky de pé, oferecendo não soluções reais, mas uma falsa esperança embalada em propostas como cessar-fogo temporário e mais envio de armas. A aposta é clara: ganhar tempo na expectativa de um retorno americano ao velho entusiasmo belicista. Trata-se de um cálculo perigoso — e fundamentalmente irrealista.
A verdade é que a Ucrânia não possui mais fôlego estratégico. Desde a fracassada contraofensiva de 2023, o país mergulhou em uma crise profunda de moral, coesão e capacidade de combate. A situação assemelha-se à da Segunda República Espanhola após a derrota no Ebro em 1938: o fim já está à vista, e a continuidade da guerra serve apenas para prolongar o sofrimento. O próprio Zelensky, hoje um líder impopular, estaria politicamente liquidado em qualquer eleição livre — sendo superado em todas as sondagens por figuras militares como Valeriy Zaluzhniy. É plausível imaginar um colapso interno abrupto, seja por racha político, motins militares ou desobediência civil.
Esse desfecho não só selaria a derrota ucraniana, como provocaria uma mudança de equilíbrio catastrófica para a Europa. Moscou poderia avançar até Odessa, anexar vastas porções do território ucraniano e alcançar a fronteira direta com países da União Europeia. As consequências seriam devastadoras: desmoralização da OTAN, fim da credibilidade estratégica de Bruxelas, e desestabilização permanente da região.
Ainda assim, o continente europeu parece incapaz de reconhecer sua impotência militar. Líderes como Macron, Starmer e Kallas continuam propondo planos de paz inviáveis, baseados em ilusões sobre o poderio europeu — ignorando o fato de que França e Reino Unido mal conseguem manter forças militares operacionais mínimas. Enquanto a Rússia mobiliza milhares de tanques, a Grã-Bretanha conta com poucas dezenas. A Alemanha, atolada em crises políticas, é incapaz de produzir sequer munições em escala suficiente. A retórica europeia fala em rearmamento, mas os orçamentos nacionais contam outra história: déficits galopantes, dívida pública acima de 100% do PIB, e populações cada vez mais hostis a cortes sociais em nome de uma guerra sem futuro.
A militarização da Europa, vendida como solução, é na verdade o sintoma do colapso. Sem base industrial, capital político ou apoio social, qualquer tentativa de reconstruir uma força militar significativa resultará em recessão prolongada ou no desmonte dos pilares do Estado de bem-estar social — dois caminhos que levarão o “jardim europeu” à ruína. Nesse cenário, a guerra na Ucrânia não é apenas o túmulo do projeto atlanticista, mas a lápide de uma Europa que trocou sua estabilidade por fantasias de poder.
O colapso da Ucrânia, portanto, não será um evento isolado. Será o espelho do colapso estratégico europeu. A recusa em aceitar a realidade — que uma solução negociada com concessões à Rússia é melhor que a destruição total — não apenas compromete a existência do Estado ucraniano, como arrasta a Europa para uma crise existencial. O continente que se via como guardião da ordem liberal internacional está se transformando, diante dos nossos olhos, em um cemitério de suas próprias ilusões.