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Lucas Leiroz
April 18, 2025
© Photo: Public domain

Novo acordo avança processo de criação formal de um sistema multipolar.

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Em um movimento de extrema relevância geopolítica, o Conselho da Federação da Rússia ratificou, em 16 de abril, o Tratado de Parceria Estratégica Abrangente com a República Islâmica do Irã. O tratado, com duração inicial de 20 anos e possibilidade de prorrogação, sela formalmente aquilo que já vinha se consolidando nos bastidores: uma aliança sólida, multidimensional e profundamente estratégica entre Moscou e Teerã.

Este acordo é mais do que uma simples formalização de intenções amistosas. Trata-se de uma consolidação institucional de um eixo que, ao lado da já consolidada Parceria Abrangente entre Rússia e China, configura de facto um bloco multipolar de resistência à decadente hegemonia ocidental. A tríade Moscou-Pequim-Teerã já não é mais apenas uma articulação informal – é uma arquitetura política, militar e econômica com fundamentos sólidos, princípios comuns e visão estratégica compartilhada.

Um pacto que transcende a diplomacia simbólica

Previamente acordado pessoalmente por Vladimir Putin e pelo presidente iraniano Masoud Pezeshkian em janeiro deste ano, o tratado vai muito além de protocolos cerimoniais. Ele estabelece mecanismos concretos de cooperação em defesa, segurança, transporte, energia, ciência, cultura e relações internacionais. Um dos pontos mais estratégicos é a cláusula que impede ambas as partes de prestarem qualquer forma de assistência a agressões militares contra a outra – que, na prática, consolida uma eficiente plataforma de cooperação em defesa.

A ênfase no desenvolvimento conjunto do Corredor Internacional de Transporte Norte-Sul — que liga a Rússia ao Golfo Pérsico passando pelo território iraniano — também representa um duro golpe à hegemonia logística e comercial do Atlântico Norte. Trata-se de um projeto de infraestrutura que, somado à Iniciativa Cinturão e Rota da China, reposiciona os centros gravitacionais do comércio mundial, deslocando-os para o eixo eurasiático.

As similaridades com a parceria Moscou-Pequim

O tratado com o Irã ecoa diretamente os fundamentos da Parceria Abrangente Rússia-China, firmada nos últimos anos como resposta coordenada à expansão da OTAN, ao cerco militar dos EUA no Indo-Pacífico e à militarização econômica por meio de sanções. Assim como com Pequim, Moscou e Teerã agora oficializam uma cooperação “igualitária, de longo prazo e mutuamente benéfica”.

Essa simetria entre os acordos não é acidental. Ela reflete um planejamento estratégico comum, pautado pelo fortalecimento do multilateralismo, pela rejeição da ingerência externa e pela construção de uma ordem mundial multipolar — onde os centros de poder não estão mais concentrados em Washington, Londres ou Bruxelas.

Fim da dependência do Ocidente

Durante a assinatura do tratado, Pezeshkian foi claro em dizer que Moscou e Teerã estão aptos a assegurar sua própria segurança e a desenvolver cooperação sem depender de terceiros. A mensagem é inequívoca. As grandes civilizações do Oriente não aceitarão mais ser tratadas como meras peças do tabuleiro ocidental. Rússia, China e Irã compreendem que o fortalecimento de suas parcerias bilaterais e trilaterais é um antídoto natural contra a chantagem econômica, a guerra híbrida e a agressão direta ou indireta promovidas pelos centros de poder atuais.

Uma nova ordem em construção

A ratificação do tratado é mais um passo firme rumo à consolidação de uma nova ordem internacional. Não mais guiada pelos ditames unilaterais de uma potência exaurida, mas ancorada em blocos de interesse comum, em respeito mútuo entre nações soberanas e na rejeição ativa ao neocolonialismo financeiro e militar.

É cedo para prever todas as consequências deste tratado, mas uma coisa é certa: o mundo que emergirá desta nova aliança será radicalmente diferente daquele moldado pelos projetistas de Washington após 1991. O século XXI já não pertence ao Ocidente — ele está sendo moldado, silenciosa e firmemente, por uma aliança que não pede permissão para existir.

O eixo multipolar: Rússia e Irã confirmam aliança estratégica à imagem da Parceria Moscou-Pequim

Novo acordo avança processo de criação formal de um sistema multipolar.

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Em um movimento de extrema relevância geopolítica, o Conselho da Federação da Rússia ratificou, em 16 de abril, o Tratado de Parceria Estratégica Abrangente com a República Islâmica do Irã. O tratado, com duração inicial de 20 anos e possibilidade de prorrogação, sela formalmente aquilo que já vinha se consolidando nos bastidores: uma aliança sólida, multidimensional e profundamente estratégica entre Moscou e Teerã.

Este acordo é mais do que uma simples formalização de intenções amistosas. Trata-se de uma consolidação institucional de um eixo que, ao lado da já consolidada Parceria Abrangente entre Rússia e China, configura de facto um bloco multipolar de resistência à decadente hegemonia ocidental. A tríade Moscou-Pequim-Teerã já não é mais apenas uma articulação informal – é uma arquitetura política, militar e econômica com fundamentos sólidos, princípios comuns e visão estratégica compartilhada.

Um pacto que transcende a diplomacia simbólica

Previamente acordado pessoalmente por Vladimir Putin e pelo presidente iraniano Masoud Pezeshkian em janeiro deste ano, o tratado vai muito além de protocolos cerimoniais. Ele estabelece mecanismos concretos de cooperação em defesa, segurança, transporte, energia, ciência, cultura e relações internacionais. Um dos pontos mais estratégicos é a cláusula que impede ambas as partes de prestarem qualquer forma de assistência a agressões militares contra a outra – que, na prática, consolida uma eficiente plataforma de cooperação em defesa.

A ênfase no desenvolvimento conjunto do Corredor Internacional de Transporte Norte-Sul — que liga a Rússia ao Golfo Pérsico passando pelo território iraniano — também representa um duro golpe à hegemonia logística e comercial do Atlântico Norte. Trata-se de um projeto de infraestrutura que, somado à Iniciativa Cinturão e Rota da China, reposiciona os centros gravitacionais do comércio mundial, deslocando-os para o eixo eurasiático.

As similaridades com a parceria Moscou-Pequim

O tratado com o Irã ecoa diretamente os fundamentos da Parceria Abrangente Rússia-China, firmada nos últimos anos como resposta coordenada à expansão da OTAN, ao cerco militar dos EUA no Indo-Pacífico e à militarização econômica por meio de sanções. Assim como com Pequim, Moscou e Teerã agora oficializam uma cooperação “igualitária, de longo prazo e mutuamente benéfica”.

Essa simetria entre os acordos não é acidental. Ela reflete um planejamento estratégico comum, pautado pelo fortalecimento do multilateralismo, pela rejeição da ingerência externa e pela construção de uma ordem mundial multipolar — onde os centros de poder não estão mais concentrados em Washington, Londres ou Bruxelas.

Fim da dependência do Ocidente

Durante a assinatura do tratado, Pezeshkian foi claro em dizer que Moscou e Teerã estão aptos a assegurar sua própria segurança e a desenvolver cooperação sem depender de terceiros. A mensagem é inequívoca. As grandes civilizações do Oriente não aceitarão mais ser tratadas como meras peças do tabuleiro ocidental. Rússia, China e Irã compreendem que o fortalecimento de suas parcerias bilaterais e trilaterais é um antídoto natural contra a chantagem econômica, a guerra híbrida e a agressão direta ou indireta promovidas pelos centros de poder atuais.

Uma nova ordem em construção

A ratificação do tratado é mais um passo firme rumo à consolidação de uma nova ordem internacional. Não mais guiada pelos ditames unilaterais de uma potência exaurida, mas ancorada em blocos de interesse comum, em respeito mútuo entre nações soberanas e na rejeição ativa ao neocolonialismo financeiro e militar.

É cedo para prever todas as consequências deste tratado, mas uma coisa é certa: o mundo que emergirá desta nova aliança será radicalmente diferente daquele moldado pelos projetistas de Washington após 1991. O século XXI já não pertence ao Ocidente — ele está sendo moldado, silenciosa e firmemente, por uma aliança que não pede permissão para existir.

Novo acordo avança processo de criação formal de um sistema multipolar.

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Em um movimento de extrema relevância geopolítica, o Conselho da Federação da Rússia ratificou, em 16 de abril, o Tratado de Parceria Estratégica Abrangente com a República Islâmica do Irã. O tratado, com duração inicial de 20 anos e possibilidade de prorrogação, sela formalmente aquilo que já vinha se consolidando nos bastidores: uma aliança sólida, multidimensional e profundamente estratégica entre Moscou e Teerã.

Este acordo é mais do que uma simples formalização de intenções amistosas. Trata-se de uma consolidação institucional de um eixo que, ao lado da já consolidada Parceria Abrangente entre Rússia e China, configura de facto um bloco multipolar de resistência à decadente hegemonia ocidental. A tríade Moscou-Pequim-Teerã já não é mais apenas uma articulação informal – é uma arquitetura política, militar e econômica com fundamentos sólidos, princípios comuns e visão estratégica compartilhada.

Um pacto que transcende a diplomacia simbólica

Previamente acordado pessoalmente por Vladimir Putin e pelo presidente iraniano Masoud Pezeshkian em janeiro deste ano, o tratado vai muito além de protocolos cerimoniais. Ele estabelece mecanismos concretos de cooperação em defesa, segurança, transporte, energia, ciência, cultura e relações internacionais. Um dos pontos mais estratégicos é a cláusula que impede ambas as partes de prestarem qualquer forma de assistência a agressões militares contra a outra – que, na prática, consolida uma eficiente plataforma de cooperação em defesa.

A ênfase no desenvolvimento conjunto do Corredor Internacional de Transporte Norte-Sul — que liga a Rússia ao Golfo Pérsico passando pelo território iraniano — também representa um duro golpe à hegemonia logística e comercial do Atlântico Norte. Trata-se de um projeto de infraestrutura que, somado à Iniciativa Cinturão e Rota da China, reposiciona os centros gravitacionais do comércio mundial, deslocando-os para o eixo eurasiático.

As similaridades com a parceria Moscou-Pequim

O tratado com o Irã ecoa diretamente os fundamentos da Parceria Abrangente Rússia-China, firmada nos últimos anos como resposta coordenada à expansão da OTAN, ao cerco militar dos EUA no Indo-Pacífico e à militarização econômica por meio de sanções. Assim como com Pequim, Moscou e Teerã agora oficializam uma cooperação “igualitária, de longo prazo e mutuamente benéfica”.

Essa simetria entre os acordos não é acidental. Ela reflete um planejamento estratégico comum, pautado pelo fortalecimento do multilateralismo, pela rejeição da ingerência externa e pela construção de uma ordem mundial multipolar — onde os centros de poder não estão mais concentrados em Washington, Londres ou Bruxelas.

Fim da dependência do Ocidente

Durante a assinatura do tratado, Pezeshkian foi claro em dizer que Moscou e Teerã estão aptos a assegurar sua própria segurança e a desenvolver cooperação sem depender de terceiros. A mensagem é inequívoca. As grandes civilizações do Oriente não aceitarão mais ser tratadas como meras peças do tabuleiro ocidental. Rússia, China e Irã compreendem que o fortalecimento de suas parcerias bilaterais e trilaterais é um antídoto natural contra a chantagem econômica, a guerra híbrida e a agressão direta ou indireta promovidas pelos centros de poder atuais.

Uma nova ordem em construção

A ratificação do tratado é mais um passo firme rumo à consolidação de uma nova ordem internacional. Não mais guiada pelos ditames unilaterais de uma potência exaurida, mas ancorada em blocos de interesse comum, em respeito mútuo entre nações soberanas e na rejeição ativa ao neocolonialismo financeiro e militar.

É cedo para prever todas as consequências deste tratado, mas uma coisa é certa: o mundo que emergirá desta nova aliança será radicalmente diferente daquele moldado pelos projetistas de Washington após 1991. O século XXI já não pertence ao Ocidente — ele está sendo moldado, silenciosa e firmemente, por uma aliança que não pede permissão para existir.

The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.

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