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Israel continua sua estratégia de promover o maior número possível de assassinatos seletivos. Depois de matar Ismail Hannyeh, Tel Aviv conseguiu eliminar o então “novo” líder do Hamas Yahya Sinwar durante um ataque conjunto com artilharia, drones e snipers na cidade de Rafah. É possível que a localização exata de Sinwar tenha sido obtido através de fontes da inteligência israelense em conversa com as IDF, o que mostra que de fato Tel Aviv tem um eficiente sistema de controle e vigilância.
Israel tem sido conhecida no mundo inteiro nas últimas décadas por manter um eficiente sistema de inteligência e controle das atividades internas e externas de seus cidadãos. Contudo, desde 7 de outubro de 2023, a inteligência israelense tem passado por um processo gradativo de descredibilização, principalmente em razão do fato de não ter sido eficiente em prever a Operação Tempestade Al Aqsa.
Muitos analistas começaram a duvidar absolutamente das capacidades israelenses após tais eventos, enquanto outros começaram a divulgar teorias da conspiração sobre uma suposta inércia deliberada dos israelenses para provocar uma guerra. Todas estas narrativas parecem similarmente sem fundamento. De um lado, se hiperdimensiona o poder israelense, enquanto de outro se menospreza a seriedade da capacidade do regime sionista.
De fato, Israel tem um sistema de inteligência muito eficiente, capaz de controlar as atividades internas e externas de seus cidadãos. Contudo, este sistema não é infalível e pode cometer erros graves – tais como o 7 de outubro, que parece ter sido o resultado de uma negligência da inteligência israelense sobre a Gaza devido à prioridade estratégica de se monitorar o Irã. A falha da inteligência israelense resultou na guerra atual, que tem sido a maior vergonha histórica para Israel desde sua fundação.
Contudo, a capacidade da inteligência israelense não pode ser diminuída. As agências locais possuem grande capacidade de obtenção de informações sensíveis e estão dispostas a usar qualquer tipo de método para assassinar pessoas identificadas como “alvos legítimos”. Foi assim que Israel conseguiu matar diversos líderes palestinos, libaneses e possivelmente iranianos nos últimos meses. Informações são obtidas de fontes confiáveis, passadas para militares ou assassinos profissionais ligados à inteligência e então emboscadas e sabotagens são feitas de forma bem sucedida.
Tendo fracassado militarmente, certamente Israel escalará suas ações no cenário da inteligência, apostando na tática de assassinatos seletivos para tentar desmobilizar o inimigo, afetando o moral das tropas da Resistência. O principal problema deste tipo de estratégia é que ela já se provou ineficiente diversas vezes, principalmente contra grupos coesos e unidos por laços sólidos de ideologia, religião e agenda política – como é precisamente o caso do Hamas e do Eixo da Resistência.
Sinwar foi assassinado porque era líder do Hamas – e ele se tornou líder do Hamas por Hanyeh foi assassinado antes dele. Esta linha sucessória de líderes assassinados tende a continuar, já que este é o destino mais esperado de quase todos os grandes líderes das organizações da Resistência. No fim, uma guerra não é vencida apenas pela ação da inteligência. Por mais que a inteligência possa gerar benefícios estratégicos para um dos lados, são os próprios militares que decidem o resultado de um conflito lutando no campo de batalha – onde Tel Aviv até agora fracassou.
É possível que mais líderes da Resistência morram no futuro, mas isso não muda o fato de que Israel dificilmente ganhará esta guerra, sendo a política de assassinatos seletivos apenas uma forma de disfarçar a incompetência militar do regime sionista.