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Nachtigall é o nome escolhido pelo 3º Batalhão do 14º regimento separado da Força Aérea Ucraniana que participa na invasão da Rússia iniciada em 6 de Agosto, uma operação que tinha como alvo – falhado – a destruição da central nuclear de Kursk. Se concretizado, seria mais um crime de guerra a somar à longa lista dos que devem ser assacados ao regime nazi-banderista ucraniano criado e pago desde 2014 pela NATO e a União Europeia.
O objectivo desta tentativa terrorista de causar uma tragédia humana de dimensões incalculáveis a partir dos arredores da pequena cidade de Kurchatov era de tal maneira estratégico para um exército ucraniano a desmoronar-se que, perante o falhanço, a junta de Kiev tentou substituí-lo pela destruição – ou pelo menos a desactivação catastrófica da central nuclear de Zaporizhia – a maior da Ucrânia e actualmente sob controlo russo. Os dois drones que atingiram exactamente o mesmo ponto do sistema de refrigeração – o que exclui automaticamente a hipótese de engano e de andarem à deriva – foram lançados por Kiev e quanto a isso não existem quaisquer dúvidas. Tanto mais que, estando a central sob controlo russo, a possibilidade de o ataque ter sido cometido pelas tropas de Moscovo só pode ser admitida por políticos e comentadores mentalmente transtornados ou viciados em mentiras sem pés nem cabeça destinadas a um vasto rebanho de acéfalos.
O objectivo prioritário do regime ucraniano parece ser o de provocar uma imensa tragédia nuclear com a esperança de que do caos emerja a sua sobrevivência. Uma estratégia de desespero, no que é acompanhado por sociopatas que, sob várias bandeiras, abundam no ventre da NATO.
A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), essa organização da ONU sofrendo de um viés nazi-banderista como a casa-mãe, parece andar ainda à procura dos responsáveis por estas acções desesperadas, em estado de negação perante as evidências, o que a deixa supor afectada por igual transtorno.
O batalhão Nachtigall faz questão de se distinguir, também para fins mediáticos, no quadro desta invasão ucraniana, fazendo cair pela base a já tão desvalorizada tese ocidental de que “na Ucrânia não há nazis”.
Mais fidelidade nazi não existe
Pois bem, o batalhão Nachtigall, integrado nas forças armadas ucranianas – e como tal uma peça militar reconhecida pelos comandos de Kiev e Bruxelas, com todas as suas características e simbologia – é a “ressurreição” da uma unidade com a mesma designação que no início dos anos quarenta do século passado integrou a Abwher, o serviço de inteligência militar nazi, na ocasião comandado por Wilhelm Franz Canaris, durante as operações para exterminar a resistência soviética à invasão alemã iniciada nos territórios bielorrusso e ucraniano.
Conta-nos a História, não aquela ficção de cordel que continua a ser reescrita por “historiadores” ucranianos e de países da União Europeia – abençoada pelo Parlamento Europeu – que o batalhão Nachtigall caprichou no genocídio encomendado pelo regime nazi, de tal maneira que foram muitos os seus membros agraciados com medalhas de “heroísmo” do Terceiro Reich.
O batalhão Nachtigall, juntamente com o batalhão Roland, formaram a Legião Ucraniana sob comando alemão na pessoa de Theodor Oberlander, escolhido devido à sua especialidade em “psicologia étnica” e à sua arreigada defesa da “limpeza étnica da população polaca”, uma vez que, dizia, “a Polónia tem oito milhões de habitantes a mais”. Segundo Oberlander, “a étnica é a continuação da guerra por outros meios sob o manto da paz”; “o princípio insano do nacionalismo do Estado domina a região do Leste da Europa e combatê-lo é uma luta que continua com um objectivo: o extermínio”.
A Legião Ucraniana ocupou-se em transformar as palavras do comandante alemão em realidade no território ucraniano da União Soviética, dirigida no terreno por Roman Shukhevych, uma figura que é hoje um deus para Zelensky e o seu regime, com o nome em ruas, praças e estádios, estátuas em sua honra e sepultura na zona dos “heróis da independência” num cemitério de Kiev. Jaz ao lado de Stepan Bandera e outros criminosos de guerra que inspiram a ideologia dominante – e única permitida – na Ucrânia “pura” de hoje, sustentada de todas as maneiras possíveis pela NATO e a União Europeia.
Dezenas de milhares de pessoas foram assassinadas durante as mais de 50 operações de extermínio conduzidas pelos batalhões Nachtigall e Roland: judeus, russos e outros cidadãos soviéticos, principalmente ucranianos, polacos, húngaros e de muitas outras origens numa sociedade com grande riqueza multiétnica como era a Ucrânia Soviética desses dias. No ano de 1941, Bandera e os seus pares proclamaram a independência da Ucrânia em Lvov, sob protecção da Alemanha nazi – que estaria contra essa opção, de acordo com absurdas teses históricas agora muito em voga; o presidente designado foi outro criminoso de guerra: Yaroslav Stetsko, igualmente venerado pelo regime actual.
Em grande parte das acções de extermínio, os batalhões da Legião Ucraniana tiveram a colaboração alemã directa do Eisatzgruppen, que se ocupou preferencialmente da liquidação dos judeus; Bandera e os seus pares preferiam acabar com os polacos, os húngaros e os soviéticos. No entanto, Stetsko era considerado “um proeminente tenente de Bandera e um extremista antissemita”.
Quando ao comandante Shukhevych, à cabeça do batalhão Nachtigall, deixou o seu nome directamente associado ao sangrento massacre de Galícia-Volínia, ao “massacre dos professores” de Lvov e aos fuzilamentos em massa realizados em Vinnytsia, em Julho de 1941.
Os batalhões Nachtigall e Roland acabaram por fundir-se, igualmente sob tutela nazi, na Organização Nacionalista Ucraniana (OUN), cuja facção de Bandera, OUN-B, ficou sob o comando do mesmo Shukhevych; e no Exército Insurgente Ucraniano (UPA). Ambos os grupos terroristas foram considerados os “embriões” do futuro exército ucraniano.
E o “futuro” exército ucraniano, como o de hoje, tem igualmente o seu Batalhão Nachtigall, sob a mesma bandeira de serviço a Hitler: uma águia imperial em fundo negro e ostentando um tridente ucraniano no corpo.
Não é difícil deduzir que a escolha desse nome para uma unidade do exército ucraniano traduz em linha recta a fidelidade ao ideário nazi, dotado com a componente ucraniana inspirada em Stepan Bandera e outros criminosos de guerra seus companheiros.
Quanto ao mentor “psico-étnico” alemão deste eficaz aparelho de extermínio, Theodor Oberlander, acabou tranquilamente os seus dias em Bona, já em 1991, como activista anti-imigração; tornou-se genericamente conhecido como “cientista” e nunca foi julgado pelo passado nazi, “por falta de provas” e ser alvo de “velhas mentiras soviéticas”. Antes disso, mas em pleno pós-guerra, fora ministro federal para as Pessoas Deslocadas, Refugiados e Vítimas da Guerra de 1953 a 1960 e membro do Bundestag (Parlamento Alemão ocidental) de 1953 a 1961 e de 1963 a 1965. Enfim, uma carreira nazi reciclada em modos “científico” e político ao serviço do “bem comum” ocidental, dos “nossos valores”, da “nossa civilização contra a barbárie”.
Não é novo, é mais evidente
O Nachtigall é um batalhão nazi do exército ucraniano e usa nas suas fardas a simbologia dos seus antepassados integrados nas tropas hitlerianas. Ora o Nachtigall combate com armas da NATO, é orientado no terreno pelos avançados meios electrónicos e de localização da NATO, é financiado pela NATO, apoiado politicamente pela NATO, nasceu e age como um instrumento da NATO ao serviço dos interesses terroristas e expansionistas da NATO. Logo, na prática, é um batalhão nazi da NATO. Os formalismos de linguagem são inúteis neste caso.
Acresce que, ao contrário do que é usual dizer-se a propósito da extrema-direita e dos nacionalismos que percorrem a Europa, o Nachtigall e os bandos do mesmo tipo não são neonazis nem neofascistas, conceitos demasiado vagos para lhes associar comportamentos e acções retintamente nazis, próprias do nazi-fascismo original. São nazis puros e duros, neste caso particularizados pelo banderismo.
Situação análoga verifica-se com a corrente sionista hoje largamente dominante e que emana do nazi-fascismo inspirador dos grupos terroristas sionistas fiéis à ideologia de Volodimyr Jabotinsky – por sinal de origem ucraniana – um deus para o governo e a classe política do Estado de Israel.
Um simples raciocínio aristotélico revela-nos que a NATO recorre ao nazi-fascismo como parte do seu arsenal de metodologias para tentar governar o mundo, preservar a ordem totalitária “baseada em regras”, expandir-se muito para lá do Atlântico Norte, impôr uma “civilização” militar, cultural, colonial e imperial a todos os povos do mundo.
E fá-lo, nunca é demais insistir, em nome da “democracia”, dos direitos humanos”, do “direito internacional” – a que não se submete – e dos valores mais nobres da humanidade, aviltando-os sem pudor.
A NATO e, por extensão, a União Europeia e os governos dos Estados membros desta aliança com duas faces recorrem assim ao nazi-fascismo sem o assumir e dizendo até combatê-lo, com uma hipocrisia que nem admite contraditório enquanto constrangem os direitos de expressão e de opinião, muletas indispensáveis, no entanto, dos seus discursos mecânicos, insensíveis e mentirosos. A NATO e a União Europeia, por definição, desprezam as pessoas enquanto asseguram agir em seu nome não hesitando em recorrer ao nazismo e ao fascismo – responsáveis pelo sacrifício de milhões de seres humanos.
Uma história que nunca renegou o fascismo
É um facto histórico que a NATO, desde a origem, nunca rejeitou o know-how, a experiência e metodologias comportamentais do nazi-fascismo. Os nomes das figuras de proa hitlerianas e mussolinianas branqueadas sem qualquer avaliação do seu passado próximo para servirem o processo de criação e enraizamento da NATO, e da própria União Europeia, integram um rol que pode e deve ser um indispensável libelo acusatório contra o percurso de três quartos de século daquilo a que hoje se chama “democracia liberal”. Afinal o regime de sonho da selvajaria económica neoliberal.
A NATO, também nunca é demais lembrá-lo, nasceu com o fascismo no seu bojo, através da presença do Estado Novo salazarista. Recorreu, década após década, a organizações terroristas clandestinas, como a Gladio, em nada distinguíveis em termos ideológicos e comportamentais – o banditismo – de gangues que alimenta e utiliza, sem o assumir, como o Nachtigall, o Azov, os cumpridores da prática sionista, a al-Qaida e os seus incontáveis heterónimos, o crime organizado sob a forma de extremismos religiosos, políticos e até disfarçados de “causas sociais” tão falsas como manipuladoras. Um complexo sistema de terror, dominação, expansão e controlo político e social, mental e cultural, sob uma tentação ditatorial policiada e militarizada.
Haverá sempre quem esteja disposto a dizer que os casos como o do Nachtigall são isolados e não podem entorpecer apoios “fraternos” e solidários” como os que o Ocidente dedica ao regime ucraniano, que aliás fez nascer sob a metodologia de golpe de Estado, tão do gosto de instituições ocidentais como a NATO e a União Europeia, sejam elas “coloridas” ou sob a cor única do sangue humano. Se uma andorinha não faz a Primavera, como tanto se repete, um “rouxinol”, animal que corresponde ao termo alemão Nachtigall, também não pode ensombrar as organizações acima de qualquer suspeita instaladas em Bruxelas, que a “democracia liberal” não obriga a submeter-se ao sufrágio popular.
Sabemos bem que este argumento segundo o qual as manifestações “de neonazismo” ucraniano não passam de casos isolados – tão querido de telejornais e correlativos, bem-falantes ou rascas, com a finesse da “referência” ou o pimba da vulgaridade popularucha, temperado ou não com venturismo – faz o seu caminho graças ao monstruoso aparelho de manipulação social que tenta esmagar-nos o pensamento.
Podemos, porém, aprofundar o assunto e assinalar o valioso e utilíssimo trabalho que a NATO fez e faz ao assessorar, financiar, armar e treinar técnica e operacionalmente o movimento Azov, o expoente do nazi-banderismo na Ucrânia. O Movimento Azov começou por ser uma organização político-policial nascida da múltipla descendência do Partido Nacional-Social da Ucrânia e do movimento Svoboda; teve (e tem) também como base ideológica o nacionalismo ucraniano sob a forma de nazismo no quadro da inserção de grupos armados, como o Nachtigall, nas hordas hitlerianas; e, em termos de líderes, o Azov idolatra as figuras de Stepan Bandera e Roman Shukhevych; actualmente, o ideólogo do grupo e de toda a estratégia da “Ucrânia pura” é o chamado “führer branco”, Andryi Biletsky, cuja ambição é “dirigir as raças brancas na cruzada final contra o mundo governado pelos semitas”, frase que hoje diz que não disse – “outros” quiseram tramá-lo. No entanto, as suas teses racistas em livro são ensinadas nas escolas ucranianas e nos “campos de férias” nos quais crianças e adolescentes, apenas ucranianos considerados “puros”, recebem preparação militar e treinam o manuseio de armas de guerra.
Depois do golpe ocidental de Maidan, o movimento Azov ganhou rapidamente relevância. E de milícia de bandidos banderistas policiando as ruas das grandes cidades transformou-se em corpo autónomo da Guarda Nacional e, pouco tempo depois, em pilar estratégico e de doutrinação política das forças armadas ucranianas.
Hoje, depois da acção empenhada da NATO, um complexo universo de unidades militares sob a designação Azov tem um papel fundamental na organização, opções e acções das tropas ucranianas. Essa teia integra, entre outras unidades, o 98º Batalhão de Defesa Territorial Azov-Dnipro; o 225º e o 226º batalhões de reconhecimento de Kharkov; a Companhia de Tanques Azov, com papel primordial na defesa de Kharkov; as unidades Azov Prykarpattia e Poltava; o Regimento Kraken, uma unidade de forças especiais dos serviços de inteligência militar; a Unidade Separada Lubart, na Volynia; e a 72ª Brigada Mecanizada do Exército Ucraniano.
Para prestígio da “nossa civilização”
Já é tempo, perante a hecatombe de provas, de o Ocidente reconhecer e admitir que tem o nazi-fascismo no seu arsenal “civilizacional”. O facto de organizações nazi-banderistas como o Nachtigall exibirem ostensivamente as raízes ideológicas hitlerianas deixa os seus patrocinadores e acólitos expostos como mentirosos incompetentes, uma situação confrangedora que nem o sofisticado aparelho de propaganda globalista consegue disfarçar.
Apesar disso, nada acontece para retirar a doutrina ocidental do beco sem saída a que a preservação desesperada dos interesses coloniais e imperiais a conduziram. A circunstância de estar desmontada e desmascarada, de fio a pavio, na fraternidade com o nazi-fascismo parece ser o menor dos seus males.
Afinal são dados históricos indesmentíveis que Bush e a NATO invadiram o Afeganistão e o Iraque em nome da “civilização” e contra a “barbárie”; que a Aliança Atlântica estuprou e assassinou Kaddafi à baioneta e devastou, eliminando-o como tal, um país como a Líbia porque a “civilização” não contemporiza com a “barbárie”; que é preciso hipotecar o presente e o futuro dos povos da Europa para que sobreviva o regime nazi-banderista de Kiev, de modo a que a “civilização” não seja subjugada pela “barbárie”; que a ilha secessionista e explorada à americana de Taiwan conserve o seu toque neoliberal e ocidental de modo a que a “civilização” não se extinga nos confins da Ásia e a abençoada ilha não se avilte na voragem da “barbárie” circundante; que, como todos os dias repete o chefe da “única democracia no Médio Oriente”, Benjamin Netanyahu, a carnificina na Palestina e as desesperadas tentativas para que o Ocidente entre em guerra com o Irão assegurem a eternização da “civilização” naquela zona, cortando as vasas à “barbárie” que se apropriou dos nossos preciosos hidrocarbonetos e perturba a vertente do cristianismo encantada com o fascismo sionista.
Numa frase inspirada, tão sensível, romântica, genial e com aquela fina sensibilidade própria do humanismo ocidental, o inimitável Borrell, antes de substituído pela fascista Kallas, apelou-nos para que defendamos o “nosso jardim” da barbárie que o cerca.
Se o nazi-fascismo-banderismo-sionismo é um instrumento não só útil como essencial para o cumprimento eterno de tal objectivo, nós, os predestinados ocidentais, seríamos ingénuos, uns trouxas incuráveis se a ele não recorrêssemos.