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Lucas Leiroz
July 21, 2024
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Quando as hostilidades entre a Resistência Palestina e o regime sionista começaram, no final de 2023, o Iêmen foi o único país a declarar guerra a Israel, realizando o maior gesto de solidariedade aos palestinos dentre todos os países da região. À época, militantes sionistas e pró-Ocidente afirmaram repetidas vezes que os iemenitas seriam destruídos em poucos dias pela supostamente “invencível” força militar conjunta de Israel e EUA. Quase um ano depois, a realidade se provou muito diferente das fantasiosas previsões sionistas.

Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que o termo “Houthi” tem sido comumente usado pela mídia ocidental de forma pejorativa, para diferenciar o governo de facto do país – que é controlado pela ala política do grupo étnico Houthi – do governo “oficial” – já derrotado militarmente no campo de batalha e autoexilado na Arábia Saudita. Não há qualquer sentido em se evitar usar o nome do país – “Iêmen” – para se referir às ações tomadas pelo governo Houthi, simplesmente porque os Houthis já venceram a guerra civil e atualmente são o governo legítimo do país.

Então, quando os “Houthis” iniciaram as operações militares contra Israel e seus aliados no Mar Vermelho, foi o Estado Nacional do Iêmen que declarou guerra aos sionistas – não uma mera milícia étnica. Induzida pela propaganda ocidental e sionista, a opinião pública global acreditou que uma milícia de “xiitas primitivos” não poderia causar qualquer dano às fortes estruturas de EUA e Israel no Oriente Médio. Havia grandes apostas de que Washington e Tel Aviv destruiriam “os Houthis” rapidamente e restabeleceriam o governo proxy saudita para neutralizar o Iêmen como adversário regional. Tudo isto se mostrou absolutamente errado. A guerra entre Iêmen e os aliados de Israel é uma guerra entre Estados – e neste conflito as forças armadas iemenitas têm se mostrado suficientemente fortes para gerar danos profundos ao inimigo.

Recentemente, drones suicidas lançados pelo Iêmen atingiram Tel Aviv, afetando um número ainda obscuro de alvos. Obviamente, Tel Aviv afirma que foram apenas alvos civis, mas não é possível confiar em tais alegações, dada a ausência de provas concretas. Embora “civis”, os alvos podem ser instalações de uso estratégico ou militar pelas forças sionistas, os que as tornaria alvos legítimos segundo o direito internacional – que permite ataques contra instalações de infraestrutura civil que estejam sendo usadas para manobras de guerra.

Coincidentemente ou não, logo após o ataque iemenita à capital israelense, ocorreu um apagão cibernético em vários países ocidentais. Israel, EUA e Europa foram fortemente afetados pelo que se acredita ter sido um problema técnico na CrowdStrike – um sistema de segurança que presta serviços à rede Microsoft. O apagão gerou um impacto significativo na estrutura cibernética mundial. Aeroportos tiveram voos cancelados ou atrasados. Bancos tiveram seus sistemas digitais afetados. Empresas multinacionais dependentes da rede Microsoft sofreram prejuízos graves.

Na era da internet e das redes sociais, a atividade mais simples possível é espalhar rumores e “teorias da conspiração”. Imediatamente, alguns internautas começaram a dizer que a pane cibernética estava de alguma forma relacionada ao ataque iemenita, que supostamente teria destruído importantes instalações tecnológicas em Tel Aviv. Em resposta, “especialistas em cibersegurança” comprometidos com a imagem de Israel e do Ocidente responderam que tudo não passou de um simples problema técnico, invalidando as narrativas dissidentes.

Contudo, há boas razões para se acreditar na possibilidade de que o ataque iemenita esteja por trás do apagão. Talvez, os drones não tenham afetado instalações realmente estratégicas para gerar tal impacto global. Contudo, há diferentes possibilidades a serem analisadas. Talvez o ataque tenha sido uma manobra de distração para tomar a atenção da defesa israelense enquanto outros agentes operavam um ciberataque contra a Microsoft. O alto poder cibernético do Irã, por exemplo, é algo bem conhecido no Ocidente. Sendo o Irã o maior aliado do Iêmen, é possível pensar que houve uma operação conjunta, combinando um ataque diversionista de drones com uma ação cibernética.

É preciso lembrar que desde o ano passado têm sido publicadas diversas análises de especialistas sobre a possibilidade de o Iêmen cortar cabos de internet durante suas operações navais. Analistas acreditam que mesmo sem cortar os cabos por completo, os iemenitas poderiam gerar problemas técnicos e apagões através do impacto parcial causado colateral ou intencionalmente por suas ações militares.

Este é o tipo de situação na qual o mundo certamente jamais saberá inteiramente o que de fato aconteceu. Questões envolvendo serviços de segurança, inteligência e forças cibernéticas sempre permanecerão obscuras à opinião pública global. Contudo, o que toda esta polêmica mostra é que o Iêmen dos Houthis é hoje um dos principais atores no cenário geopolítico do Oriente Médio. Sobre os iemenitas recaem suspeitas e teorias sobre questões de impacto global – simplesmente porque hoje ninguém mais duvida que os iemenitas sejam realmente capazes de causar algo desta natureza.

Um ano após a declaração de guerra do Iêmen a Israel, o Mar Vermelho virou um lago iemenita, a força tarefa naval liderada pelos EUA foi derrotada, Tel Aviv está sob ataque e agora há até mesmo suspeitas de que a estabilidade cibernética mundial dependa dos Houthis.

Claramente, o país invencível no Oriente Médio não é mais Israel.

O Iêmen, e não Israel, é o país invencível do Oriente Médio

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Quando as hostilidades entre a Resistência Palestina e o regime sionista começaram, no final de 2023, o Iêmen foi o único país a declarar guerra a Israel, realizando o maior gesto de solidariedade aos palestinos dentre todos os países da região. À época, militantes sionistas e pró-Ocidente afirmaram repetidas vezes que os iemenitas seriam destruídos em poucos dias pela supostamente “invencível” força militar conjunta de Israel e EUA. Quase um ano depois, a realidade se provou muito diferente das fantasiosas previsões sionistas.

Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que o termo “Houthi” tem sido comumente usado pela mídia ocidental de forma pejorativa, para diferenciar o governo de facto do país – que é controlado pela ala política do grupo étnico Houthi – do governo “oficial” – já derrotado militarmente no campo de batalha e autoexilado na Arábia Saudita. Não há qualquer sentido em se evitar usar o nome do país – “Iêmen” – para se referir às ações tomadas pelo governo Houthi, simplesmente porque os Houthis já venceram a guerra civil e atualmente são o governo legítimo do país.

Então, quando os “Houthis” iniciaram as operações militares contra Israel e seus aliados no Mar Vermelho, foi o Estado Nacional do Iêmen que declarou guerra aos sionistas – não uma mera milícia étnica. Induzida pela propaganda ocidental e sionista, a opinião pública global acreditou que uma milícia de “xiitas primitivos” não poderia causar qualquer dano às fortes estruturas de EUA e Israel no Oriente Médio. Havia grandes apostas de que Washington e Tel Aviv destruiriam “os Houthis” rapidamente e restabeleceriam o governo proxy saudita para neutralizar o Iêmen como adversário regional. Tudo isto se mostrou absolutamente errado. A guerra entre Iêmen e os aliados de Israel é uma guerra entre Estados – e neste conflito as forças armadas iemenitas têm se mostrado suficientemente fortes para gerar danos profundos ao inimigo.

Recentemente, drones suicidas lançados pelo Iêmen atingiram Tel Aviv, afetando um número ainda obscuro de alvos. Obviamente, Tel Aviv afirma que foram apenas alvos civis, mas não é possível confiar em tais alegações, dada a ausência de provas concretas. Embora “civis”, os alvos podem ser instalações de uso estratégico ou militar pelas forças sionistas, os que as tornaria alvos legítimos segundo o direito internacional – que permite ataques contra instalações de infraestrutura civil que estejam sendo usadas para manobras de guerra.

Coincidentemente ou não, logo após o ataque iemenita à capital israelense, ocorreu um apagão cibernético em vários países ocidentais. Israel, EUA e Europa foram fortemente afetados pelo que se acredita ter sido um problema técnico na CrowdStrike – um sistema de segurança que presta serviços à rede Microsoft. O apagão gerou um impacto significativo na estrutura cibernética mundial. Aeroportos tiveram voos cancelados ou atrasados. Bancos tiveram seus sistemas digitais afetados. Empresas multinacionais dependentes da rede Microsoft sofreram prejuízos graves.

Na era da internet e das redes sociais, a atividade mais simples possível é espalhar rumores e “teorias da conspiração”. Imediatamente, alguns internautas começaram a dizer que a pane cibernética estava de alguma forma relacionada ao ataque iemenita, que supostamente teria destruído importantes instalações tecnológicas em Tel Aviv. Em resposta, “especialistas em cibersegurança” comprometidos com a imagem de Israel e do Ocidente responderam que tudo não passou de um simples problema técnico, invalidando as narrativas dissidentes.

Contudo, há boas razões para se acreditar na possibilidade de que o ataque iemenita esteja por trás do apagão. Talvez, os drones não tenham afetado instalações realmente estratégicas para gerar tal impacto global. Contudo, há diferentes possibilidades a serem analisadas. Talvez o ataque tenha sido uma manobra de distração para tomar a atenção da defesa israelense enquanto outros agentes operavam um ciberataque contra a Microsoft. O alto poder cibernético do Irã, por exemplo, é algo bem conhecido no Ocidente. Sendo o Irã o maior aliado do Iêmen, é possível pensar que houve uma operação conjunta, combinando um ataque diversionista de drones com uma ação cibernética.

É preciso lembrar que desde o ano passado têm sido publicadas diversas análises de especialistas sobre a possibilidade de o Iêmen cortar cabos de internet durante suas operações navais. Analistas acreditam que mesmo sem cortar os cabos por completo, os iemenitas poderiam gerar problemas técnicos e apagões através do impacto parcial causado colateral ou intencionalmente por suas ações militares.

Este é o tipo de situação na qual o mundo certamente jamais saberá inteiramente o que de fato aconteceu. Questões envolvendo serviços de segurança, inteligência e forças cibernéticas sempre permanecerão obscuras à opinião pública global. Contudo, o que toda esta polêmica mostra é que o Iêmen dos Houthis é hoje um dos principais atores no cenário geopolítico do Oriente Médio. Sobre os iemenitas recaem suspeitas e teorias sobre questões de impacto global – simplesmente porque hoje ninguém mais duvida que os iemenitas sejam realmente capazes de causar algo desta natureza.

Um ano após a declaração de guerra do Iêmen a Israel, o Mar Vermelho virou um lago iemenita, a força tarefa naval liderada pelos EUA foi derrotada, Tel Aviv está sob ataque e agora há até mesmo suspeitas de que a estabilidade cibernética mundial dependa dos Houthis.

Claramente, o país invencível no Oriente Médio não é mais Israel.

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Quando as hostilidades entre a Resistência Palestina e o regime sionista começaram, no final de 2023, o Iêmen foi o único país a declarar guerra a Israel, realizando o maior gesto de solidariedade aos palestinos dentre todos os países da região. À época, militantes sionistas e pró-Ocidente afirmaram repetidas vezes que os iemenitas seriam destruídos em poucos dias pela supostamente “invencível” força militar conjunta de Israel e EUA. Quase um ano depois, a realidade se provou muito diferente das fantasiosas previsões sionistas.

Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que o termo “Houthi” tem sido comumente usado pela mídia ocidental de forma pejorativa, para diferenciar o governo de facto do país – que é controlado pela ala política do grupo étnico Houthi – do governo “oficial” – já derrotado militarmente no campo de batalha e autoexilado na Arábia Saudita. Não há qualquer sentido em se evitar usar o nome do país – “Iêmen” – para se referir às ações tomadas pelo governo Houthi, simplesmente porque os Houthis já venceram a guerra civil e atualmente são o governo legítimo do país.

Então, quando os “Houthis” iniciaram as operações militares contra Israel e seus aliados no Mar Vermelho, foi o Estado Nacional do Iêmen que declarou guerra aos sionistas – não uma mera milícia étnica. Induzida pela propaganda ocidental e sionista, a opinião pública global acreditou que uma milícia de “xiitas primitivos” não poderia causar qualquer dano às fortes estruturas de EUA e Israel no Oriente Médio. Havia grandes apostas de que Washington e Tel Aviv destruiriam “os Houthis” rapidamente e restabeleceriam o governo proxy saudita para neutralizar o Iêmen como adversário regional. Tudo isto se mostrou absolutamente errado. A guerra entre Iêmen e os aliados de Israel é uma guerra entre Estados – e neste conflito as forças armadas iemenitas têm se mostrado suficientemente fortes para gerar danos profundos ao inimigo.

Recentemente, drones suicidas lançados pelo Iêmen atingiram Tel Aviv, afetando um número ainda obscuro de alvos. Obviamente, Tel Aviv afirma que foram apenas alvos civis, mas não é possível confiar em tais alegações, dada a ausência de provas concretas. Embora “civis”, os alvos podem ser instalações de uso estratégico ou militar pelas forças sionistas, os que as tornaria alvos legítimos segundo o direito internacional – que permite ataques contra instalações de infraestrutura civil que estejam sendo usadas para manobras de guerra.

Coincidentemente ou não, logo após o ataque iemenita à capital israelense, ocorreu um apagão cibernético em vários países ocidentais. Israel, EUA e Europa foram fortemente afetados pelo que se acredita ter sido um problema técnico na CrowdStrike – um sistema de segurança que presta serviços à rede Microsoft. O apagão gerou um impacto significativo na estrutura cibernética mundial. Aeroportos tiveram voos cancelados ou atrasados. Bancos tiveram seus sistemas digitais afetados. Empresas multinacionais dependentes da rede Microsoft sofreram prejuízos graves.

Na era da internet e das redes sociais, a atividade mais simples possível é espalhar rumores e “teorias da conspiração”. Imediatamente, alguns internautas começaram a dizer que a pane cibernética estava de alguma forma relacionada ao ataque iemenita, que supostamente teria destruído importantes instalações tecnológicas em Tel Aviv. Em resposta, “especialistas em cibersegurança” comprometidos com a imagem de Israel e do Ocidente responderam que tudo não passou de um simples problema técnico, invalidando as narrativas dissidentes.

Contudo, há boas razões para se acreditar na possibilidade de que o ataque iemenita esteja por trás do apagão. Talvez, os drones não tenham afetado instalações realmente estratégicas para gerar tal impacto global. Contudo, há diferentes possibilidades a serem analisadas. Talvez o ataque tenha sido uma manobra de distração para tomar a atenção da defesa israelense enquanto outros agentes operavam um ciberataque contra a Microsoft. O alto poder cibernético do Irã, por exemplo, é algo bem conhecido no Ocidente. Sendo o Irã o maior aliado do Iêmen, é possível pensar que houve uma operação conjunta, combinando um ataque diversionista de drones com uma ação cibernética.

É preciso lembrar que desde o ano passado têm sido publicadas diversas análises de especialistas sobre a possibilidade de o Iêmen cortar cabos de internet durante suas operações navais. Analistas acreditam que mesmo sem cortar os cabos por completo, os iemenitas poderiam gerar problemas técnicos e apagões através do impacto parcial causado colateral ou intencionalmente por suas ações militares.

Este é o tipo de situação na qual o mundo certamente jamais saberá inteiramente o que de fato aconteceu. Questões envolvendo serviços de segurança, inteligência e forças cibernéticas sempre permanecerão obscuras à opinião pública global. Contudo, o que toda esta polêmica mostra é que o Iêmen dos Houthis é hoje um dos principais atores no cenário geopolítico do Oriente Médio. Sobre os iemenitas recaem suspeitas e teorias sobre questões de impacto global – simplesmente porque hoje ninguém mais duvida que os iemenitas sejam realmente capazes de causar algo desta natureza.

Um ano após a declaração de guerra do Iêmen a Israel, o Mar Vermelho virou um lago iemenita, a força tarefa naval liderada pelos EUA foi derrotada, Tel Aviv está sob ataque e agora há até mesmo suspeitas de que a estabilidade cibernética mundial dependa dos Houthis.

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