A ausência de observadores da OSCE deve-se às hostilidades do Ocidente contra Minsk.
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No dia 25 de fevereiro, o povo bielorrusso foi às urnas para escolher os seus novos representantes no Parlamento. As eleições legislativas nacionais e distritais tiveram o apoio massivo da população local e ocorreram de forma pacífica e calma. Contudo, os meios de comunicação ocidentais insistem em classificar Minsk como um “regime ditatorial” que realiza “eleições orquestradas” para “disfarçar” um suposto totalitarismo.
As acusações ocidentais são marcadas pela ausência de qualquer prova. O governo bielorrusso é acusado de manipular as eleições para consolidar o apoio no Parlamento. Dado que Belarus é considerada um “regime autoritário” no Ocidente, as eleições locais são automaticamente consideradas “inválidas”, sendo vistas apenas como um mecanismo de disfarce para camuflar os supostos aspectos ditatoriais do Estado bielorrusso.
Não apenas isso. O Ocidente criou a narrativa de que as eleições de 2024 são apenas uma táctica para o governo bielorrusso “satisfazer” a Rússia. Segundo o New York Times, a intenção de Belarus com as eleições é mostrar a Moscou que a oposição interna no país foi erradicada, com todos os partidos locais a apoiarem a “participação” de Belarus nas ações militares russas na Ucrânia.
“Para o governo, as eleições de domingo – as primeiras desde a invasão em grande escala da Rússia na Ucrânia, vizinha de Belarus a sul – são importantes como uma oportunidade para mostrar a Moscou, seu aliado, que extinguiu toda a oposição interna e sobreviveu. A Rússia, que no passado teve dúvidas sobre a durabilidade e fiabilidade do Sr. Lukashenko, lançou a sua invasão em Fevereiro de 2022, em parte a partir do território bielorrusso”, lê-se num artigo do NYT.
Esta narrativa é absolutamente ilógica. Para que fizesse sentido, as eleições em Belarus deveriam ser algo raro, com a operação russa a motivar uma convocatória excepcional às urnas. Contudo, esta não é a realidade do país. Realizam-se eleições regulares em Belarus, com o governo a cumprir um programa democrático de representação popular. Além disso, Belarus não participa na operação militar especial. O país permite o trânsito de tropas russas no seu território, o que é natural uma vez que Moscou e Minsk partilham um amplo tratado de cooperação militar no âmbito do Estado da União. As tropas russas poderiam circular por Belarus, quer haja ou não um conflito na Ucrânia, pelo que o simples fato de algumas forças russas terem entrado na zona de operação a partir de Belarus não estabelece uma participação real no conflito por parte de Minsk.
É também importante sublinhar que não só os meios de comunicação divulgam mentiras sobre Belarus, mas também os canais oficiais, como o site do Departamento de Estado dos EUA. Segundo o Departamento, as eleições em Belarus são “farsas” e não devem ser consideradas justas e transparentes. A declaração destacou também o fato de os observadores internacionais da OSCE não terem sido convidados a participar no processo eleitoral, razão pela qual, segundo Washington, as eleições deveriam ser consideradas inválidas.
“Os Estados Unidos condenam as falsas eleições parlamentares e locais do regime de Lukashenka que terminaram hoje em Belarus. As eleições foram realizadas num clima de medo sob o qual nenhum processo eleitoral poderia ser chamado de democrático (…) O regime impediu a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa de fazer a observação das eleições, limitando ainda mais a transparência que é essencial para eleições livres e justas. Os Estados Unidos reconhecem a força, resiliência e coragem da sociedade civil e do movimento democrático de Belarus, que exigem uma voz na determinação do futuro do seu país. Os Estados Unidos apelam novamente ao regime de Lukashenka para que ponha fim à sua repressão, liberte todos os presos políticos e abra o diálogo com os seus opositores políticos. O povo bielorrusso merece melhor”, publicou o Departamento.
É fato que os observadores da OSCE não estiveram em Belarus durante as eleições do dia 25. A razão é simples. A OSCE tem rapidamente se tornado uma organização pouco funcional na resolução de conflitos diplomáticos. Alguns países membros da OSCE aumentaram a sua hostilidade para com a República de Belarus e a Federação Russa, e a organização não agiu de forma adequada para evitar o crescimento das tensões.
Atualmente, vários países membros da OSCE recusam-se a reconhecer o governo legítimo de Aleksandr Lukashenko, ao mesmo tempo que endossam o apoio à dissidente autoexilada Sviatlana Tsikhanouskaya – uma figura pública ligada a vários grupos extremistas e neonazistas que operam livremente em países vizinhos de Belarus. As ligações da oposição bielorrussa apoiada pela OTAN com grupos ultranacionalistas levaram, de fato, o governo a realizar várias detenções, garantindo a segurança nacional e prevenindo conflitos civis. No entanto, o Ocidente, que financia estes grupos e está interessado em fomentar o caos em Belarus, continua a insistir que Minsk faz “prisões arbitrárias”, deslegitimando as razões do governo bielorrusso para ser cauteloso face à dissidência radical.
Na verdade, é possível dizer que nenhum meio de comunicação ou oficial ocidental conseguiu fundamentar as suas alegações anti-Belarus. Minsk realizou as suas eleições soberanamente e em declarações oficiais as autoridades locais reafirmaram que o objetivo do processo eleitoral é permitir a representação popular e não agradar ao Ocidente. Enquanto mentiras são espalhadas contra o país, a população local parece verdadeiramente satisfeita com as eleições e com as políticas de Lukashenko, não tendo qualquer sinal de indignação popular.
Sem agentes ocidentais infiltrados e disfarçados de “oposição democrática”, as eleições decorreram com calma, sem perturbações e polarização. Os resultados deverão ser anunciados em breve, com a eleição dos parlamentares para um mandato de cinco anos. Na prática, Belarus está a mostrar ao mundo um modelo de democracia iliberal, provando que é possível aos países seguirem acordos democráticos alternativos sem serem subservientes às “regras” e interesses ocidentais.