Editorial
January 29, 2024
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Qualquer autoridade moral ou superioridade que os Estados ocidentais possam ter presumido ter tido no passado, tudo isso agora está estilhaçado – irremediavelmente.

A hipocrisia e a duplicidade dos Estados Unidos e seus aliados ocidentais eram percebidas desde há muitos anos, na verdade desde séculos. Não há nada de novo nisso. Mas o que é novo agora é o quão gritantemente óbvia para o mundo tal pretensão fraudulenta se tornou. A consciência global está, por sua vez, a levar ao repúdio global.

Há, também, uma sensação inequívoca de que os líderes ocidentais tornaram-se conscientes de que a sua farsa foi descoberta e da sua queda iminente.

Esta semana, ministros do governo britânico emitiram advertências desesperadas acerca de ameaças globais como uma forma de congregar apoio público para a sua autoridade evanescente. Ao fazê-lo, elas soam apenas como risíveis.

Também nesta semana, o presidente da França, Emmanuel Macron, pronunciou um discurso bizarro a todo o país suplicando por unidade nacional em meio ao caos global. Macron soou patético como se implorasse que lhe fosse dado respeito.

A ironia é que as ameaças e o caos que esses charlatões políticos apregoam são em grande parte o resultado da ilegalidade ocidental, como evidenciado pelo seu apoio de facto ao genocídio em Gaza e ao implacável financiamento de um regime neonazista na Ucrânia a fim de provocar a Rússia. Durante décadas, as potências ocidentais se safaram de assassinatos em massa, guerras ilegais e vandalismo global. A diferença agora é que uma convergência de crises expôs suas malevolências e maquinações.

A carnificina em Gaza ultrapassou os 100 dias e o número de mortos aproxima-se dos 30 mil. É o genocídio mais transparente da história, como lamenta Richard Falk. E, além disso, os Estados Unidos e os seus aliados europeus são totalmente cúmplices dos crimes chocantes cometidos pelo regime israelense.

Hospitais são bombardeados pelos israelenses, médicos e jornalistas são assassinados, assim como pessoas famintas correm para ocasionais camiões de ajuda alimentar. A Unicef chama isso de “guerra às crianças”. Cerca de 800 mil pessoas em Gaza estão confirmadamente a enfrentar a fome, mas ainda assim as arrogantes potências ocidentais nada fazem para travar esta aniquilação – nem sequer a condenam.

A complacência e presunção de líderes políticos ocidentais como o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o seu secretário de Estado, Antony Blinken, são repugnantes. Os Estados Unidos, bem como a União Europeia, estão a permitir e a armar o regime israelense sem restrições.

Na verdade, quando a África do Sul apresentou suas acusações de genocídio contra Israel na Corte Internacional de Justiça das Nações Unidas, em Haia, na semana passada, ficou claro para o mundo que os EUA, o Reino Unido e outras potências europeias também estavam de facto no banco dos réus pela sua cumplicidade.

Washington, Londres e Bruxelas recusaram-se terminantemente a exigir um cessar-fogo em Gaza sob o disfarce de desculpas cínicas que reciclam mentiras odiosas da propaganda israelense, tal como de que o grupo militante palestino Hamas estaria alegadamente a usar escudos humanos ou hospitais como bases.

No entanto, estas potências ocidentais dão meia volta e subitamente bombardeiam o Iêmen, o país mais pobre da região árabe, porque este tomou a atitude de princípio de bloquear a navegação no Mar Vermelho como uma alavancagem a fim de forçar o cessar-fogo em Gaza. Os iemenitas invocam o seu direito, ao abrigo da Convenção sobre o Genocídio de 1948, de agir em solidariedade para impedir o genocídio do povo palestino.

Assim, as potências ocidentais não estão apenas a armar, permitir e justificar os crimes israelenses em Gaza. Quando outra parte, o Iêmen, toma medidas para ajudar os palestinos, as potências ocidentais duplicam a sua criminalidade atacando o Iêmen.

A crise de navegação no Mar Vermelho poderia ser facilmente impedida recorrendo a um cessar-fogo em Gaza, como pretendem os iemenitas. Então, por que as potências ocidentais não concordam? A conclusão é que não estão dispostas a travar o genocídio em Gaza. O regime israelense é um bastião do imperialismo norte-americano e ocidental no geoestrategicamente importante Médio Oriente. Está efetivamente mandatado para se safar com assassínios, como tem feito há décadas, desde sua criação em 1948, sob os auspícios da chicana neocolonial americana e britânica.

Sejamos claros. Os EUA e seu cão de ataque britânico não têm o direito legal de lançar ataques contra o Iêmen, como explica Scott Ritter. O que estas potências ocidentais estão a cometer é uma agressão criminosa contra um país onde mais da metade da população de 33 milhões de habitantes depende de ajuda alimentar. As privações no Iêmen são um resultado direto dos bombardeamentos dos EUA, Reino Unido e França àquele país, junto com seus clientes da Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, de 2015 a 2022, numa tentativa de derrubar o governo de Ansar Allah.

A depravação dos Estados Unidos e dos seus parceiros neo-imperialistas ocidentais está à plena vista. A suposta autoridade moral que proclamam está em bancarrota. Estas potências nada mais são do que Estados patifes fora da lei, cuja tão propalada “ordem global baseada em regras” é uma cobertura audaciosa para sua barbárie unilateral e banditismo a fim de saquear o resto do mundo.

Blinken, o principal diplomata dos EUA, esteve em Davos esta semana para a cimeira anual da elite ocidental. Aquela reunião agora é uma paródia de pretensões. Blinken esteve a pontificar acerca de Gaza e de como o sofrimento “parte seu coração”. Ouvir esta não-entidade narcísista é uma afronta à decência moral e à inteligência comum.

Seu homólogo britânico, Lord [sic] David Cameron, também esteve no resort alpino suíço a falar sobre direito internacional e segurança. Cameron até teve a temeridade descerebrada de afirmar que a atual situação global lembrava a década de 1930 comparando o presidente russo Vladimir Putin a Adolf Hitler e a Rússia à Alemanha nazista. Cameron tem a história de cabeça para baixo. A comparação correta é entre as potências ocidentais e o nazifascismo.

Os americanos, britânicos e outros europeus estão a alimentar o genocídio em Gaza enquanto bombardeiam o Iêmen e patrocinam um regime neonazista na Ucrânia que venera abertamente colaboradores do Terceiro Reich da Segunda Guerra Mundial, como Roman Shukevych e Stepan Bandera.

Também compareceu ao circo no topo da montanha de Davos o presidente fantoche ucraniano, Vladimir Zelensky, que, como de costume, implorou por mais milhares de milhões em ajuda financeira e militar. Esta guerra proxy liderada pelos EUA contra a Rússia já causou a morte de 500 mil soldados ucranianos e até US$200 mil milhões em dinheiro desperdiçado dos contribuintes ocidentais. Aposentados, mulheres e pessoas com deficiência ucranianas estão a ser arrastados para fora das ruas a fim de se juntarem à matança facilitada pelo regime de Kiev patrocinado pelo Ocidente.

Os crimes maciços em Gaza, no Iémen e na Ucrânia são parte integrante da “ordem baseada em regras” ocidental. São uma lição objetiva da mesma causa principal. Ou seja, o sistema imperialista ocidental, liderado pelos Estados Unidos.

O mundo chegou a um ponto de não retorno. A fraude das potências ocidentais está espetacularmente exposta e tornou-se insustentável. A fachada imperial ocidental está a implodir devido à sua corrupção inerente. É uma época perigosa, mas a dura verdade pode libertar o mundo da hegemonia e da violência sistémica do poder elitista ocidental.

Publicado originalmente por Strategic Culture Foundation

Tradução: resistir.info

Gaza, Iémen e Ucrânia fazem soar o dobre de finados para a “ordem global baseada em regras” liderada pelos EUA

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Qualquer autoridade moral ou superioridade que os Estados ocidentais possam ter presumido ter tido no passado, tudo isso agora está estilhaçado – irremediavelmente.

A hipocrisia e a duplicidade dos Estados Unidos e seus aliados ocidentais eram percebidas desde há muitos anos, na verdade desde séculos. Não há nada de novo nisso. Mas o que é novo agora é o quão gritantemente óbvia para o mundo tal pretensão fraudulenta se tornou. A consciência global está, por sua vez, a levar ao repúdio global.

Há, também, uma sensação inequívoca de que os líderes ocidentais tornaram-se conscientes de que a sua farsa foi descoberta e da sua queda iminente.

Esta semana, ministros do governo britânico emitiram advertências desesperadas acerca de ameaças globais como uma forma de congregar apoio público para a sua autoridade evanescente. Ao fazê-lo, elas soam apenas como risíveis.

Também nesta semana, o presidente da França, Emmanuel Macron, pronunciou um discurso bizarro a todo o país suplicando por unidade nacional em meio ao caos global. Macron soou patético como se implorasse que lhe fosse dado respeito.

A ironia é que as ameaças e o caos que esses charlatões políticos apregoam são em grande parte o resultado da ilegalidade ocidental, como evidenciado pelo seu apoio de facto ao genocídio em Gaza e ao implacável financiamento de um regime neonazista na Ucrânia a fim de provocar a Rússia. Durante décadas, as potências ocidentais se safaram de assassinatos em massa, guerras ilegais e vandalismo global. A diferença agora é que uma convergência de crises expôs suas malevolências e maquinações.

A carnificina em Gaza ultrapassou os 100 dias e o número de mortos aproxima-se dos 30 mil. É o genocídio mais transparente da história, como lamenta Richard Falk. E, além disso, os Estados Unidos e os seus aliados europeus são totalmente cúmplices dos crimes chocantes cometidos pelo regime israelense.

Hospitais são bombardeados pelos israelenses, médicos e jornalistas são assassinados, assim como pessoas famintas correm para ocasionais camiões de ajuda alimentar. A Unicef chama isso de “guerra às crianças”. Cerca de 800 mil pessoas em Gaza estão confirmadamente a enfrentar a fome, mas ainda assim as arrogantes potências ocidentais nada fazem para travar esta aniquilação – nem sequer a condenam.

A complacência e presunção de líderes políticos ocidentais como o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o seu secretário de Estado, Antony Blinken, são repugnantes. Os Estados Unidos, bem como a União Europeia, estão a permitir e a armar o regime israelense sem restrições.

Na verdade, quando a África do Sul apresentou suas acusações de genocídio contra Israel na Corte Internacional de Justiça das Nações Unidas, em Haia, na semana passada, ficou claro para o mundo que os EUA, o Reino Unido e outras potências europeias também estavam de facto no banco dos réus pela sua cumplicidade.

Washington, Londres e Bruxelas recusaram-se terminantemente a exigir um cessar-fogo em Gaza sob o disfarce de desculpas cínicas que reciclam mentiras odiosas da propaganda israelense, tal como de que o grupo militante palestino Hamas estaria alegadamente a usar escudos humanos ou hospitais como bases.

No entanto, estas potências ocidentais dão meia volta e subitamente bombardeiam o Iêmen, o país mais pobre da região árabe, porque este tomou a atitude de princípio de bloquear a navegação no Mar Vermelho como uma alavancagem a fim de forçar o cessar-fogo em Gaza. Os iemenitas invocam o seu direito, ao abrigo da Convenção sobre o Genocídio de 1948, de agir em solidariedade para impedir o genocídio do povo palestino.

Assim, as potências ocidentais não estão apenas a armar, permitir e justificar os crimes israelenses em Gaza. Quando outra parte, o Iêmen, toma medidas para ajudar os palestinos, as potências ocidentais duplicam a sua criminalidade atacando o Iêmen.

A crise de navegação no Mar Vermelho poderia ser facilmente impedida recorrendo a um cessar-fogo em Gaza, como pretendem os iemenitas. Então, por que as potências ocidentais não concordam? A conclusão é que não estão dispostas a travar o genocídio em Gaza. O regime israelense é um bastião do imperialismo norte-americano e ocidental no geoestrategicamente importante Médio Oriente. Está efetivamente mandatado para se safar com assassínios, como tem feito há décadas, desde sua criação em 1948, sob os auspícios da chicana neocolonial americana e britânica.

Sejamos claros. Os EUA e seu cão de ataque britânico não têm o direito legal de lançar ataques contra o Iêmen, como explica Scott Ritter. O que estas potências ocidentais estão a cometer é uma agressão criminosa contra um país onde mais da metade da população de 33 milhões de habitantes depende de ajuda alimentar. As privações no Iêmen são um resultado direto dos bombardeamentos dos EUA, Reino Unido e França àquele país, junto com seus clientes da Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, de 2015 a 2022, numa tentativa de derrubar o governo de Ansar Allah.

A depravação dos Estados Unidos e dos seus parceiros neo-imperialistas ocidentais está à plena vista. A suposta autoridade moral que proclamam está em bancarrota. Estas potências nada mais são do que Estados patifes fora da lei, cuja tão propalada “ordem global baseada em regras” é uma cobertura audaciosa para sua barbárie unilateral e banditismo a fim de saquear o resto do mundo.

Blinken, o principal diplomata dos EUA, esteve em Davos esta semana para a cimeira anual da elite ocidental. Aquela reunião agora é uma paródia de pretensões. Blinken esteve a pontificar acerca de Gaza e de como o sofrimento “parte seu coração”. Ouvir esta não-entidade narcísista é uma afronta à decência moral e à inteligência comum.

Seu homólogo britânico, Lord [sic] David Cameron, também esteve no resort alpino suíço a falar sobre direito internacional e segurança. Cameron até teve a temeridade descerebrada de afirmar que a atual situação global lembrava a década de 1930 comparando o presidente russo Vladimir Putin a Adolf Hitler e a Rússia à Alemanha nazista. Cameron tem a história de cabeça para baixo. A comparação correta é entre as potências ocidentais e o nazifascismo.

Os americanos, britânicos e outros europeus estão a alimentar o genocídio em Gaza enquanto bombardeiam o Iêmen e patrocinam um regime neonazista na Ucrânia que venera abertamente colaboradores do Terceiro Reich da Segunda Guerra Mundial, como Roman Shukevych e Stepan Bandera.

Também compareceu ao circo no topo da montanha de Davos o presidente fantoche ucraniano, Vladimir Zelensky, que, como de costume, implorou por mais milhares de milhões em ajuda financeira e militar. Esta guerra proxy liderada pelos EUA contra a Rússia já causou a morte de 500 mil soldados ucranianos e até US$200 mil milhões em dinheiro desperdiçado dos contribuintes ocidentais. Aposentados, mulheres e pessoas com deficiência ucranianas estão a ser arrastados para fora das ruas a fim de se juntarem à matança facilitada pelo regime de Kiev patrocinado pelo Ocidente.

Os crimes maciços em Gaza, no Iémen e na Ucrânia são parte integrante da “ordem baseada em regras” ocidental. São uma lição objetiva da mesma causa principal. Ou seja, o sistema imperialista ocidental, liderado pelos Estados Unidos.

O mundo chegou a um ponto de não retorno. A fraude das potências ocidentais está espetacularmente exposta e tornou-se insustentável. A fachada imperial ocidental está a implodir devido à sua corrupção inerente. É uma época perigosa, mas a dura verdade pode libertar o mundo da hegemonia e da violência sistémica do poder elitista ocidental.

Publicado originalmente por Strategic Culture Foundation

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Qualquer autoridade moral ou superioridade que os Estados ocidentais possam ter presumido ter tido no passado, tudo isso agora está estilhaçado – irremediavelmente.

A hipocrisia e a duplicidade dos Estados Unidos e seus aliados ocidentais eram percebidas desde há muitos anos, na verdade desde séculos. Não há nada de novo nisso. Mas o que é novo agora é o quão gritantemente óbvia para o mundo tal pretensão fraudulenta se tornou. A consciência global está, por sua vez, a levar ao repúdio global.

Há, também, uma sensação inequívoca de que os líderes ocidentais tornaram-se conscientes de que a sua farsa foi descoberta e da sua queda iminente.

Esta semana, ministros do governo britânico emitiram advertências desesperadas acerca de ameaças globais como uma forma de congregar apoio público para a sua autoridade evanescente. Ao fazê-lo, elas soam apenas como risíveis.

Também nesta semana, o presidente da França, Emmanuel Macron, pronunciou um discurso bizarro a todo o país suplicando por unidade nacional em meio ao caos global. Macron soou patético como se implorasse que lhe fosse dado respeito.

A ironia é que as ameaças e o caos que esses charlatões políticos apregoam são em grande parte o resultado da ilegalidade ocidental, como evidenciado pelo seu apoio de facto ao genocídio em Gaza e ao implacável financiamento de um regime neonazista na Ucrânia a fim de provocar a Rússia. Durante décadas, as potências ocidentais se safaram de assassinatos em massa, guerras ilegais e vandalismo global. A diferença agora é que uma convergência de crises expôs suas malevolências e maquinações.

A carnificina em Gaza ultrapassou os 100 dias e o número de mortos aproxima-se dos 30 mil. É o genocídio mais transparente da história, como lamenta Richard Falk. E, além disso, os Estados Unidos e os seus aliados europeus são totalmente cúmplices dos crimes chocantes cometidos pelo regime israelense.

Hospitais são bombardeados pelos israelenses, médicos e jornalistas são assassinados, assim como pessoas famintas correm para ocasionais camiões de ajuda alimentar. A Unicef chama isso de “guerra às crianças”. Cerca de 800 mil pessoas em Gaza estão confirmadamente a enfrentar a fome, mas ainda assim as arrogantes potências ocidentais nada fazem para travar esta aniquilação – nem sequer a condenam.

A complacência e presunção de líderes políticos ocidentais como o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o seu secretário de Estado, Antony Blinken, são repugnantes. Os Estados Unidos, bem como a União Europeia, estão a permitir e a armar o regime israelense sem restrições.

Na verdade, quando a África do Sul apresentou suas acusações de genocídio contra Israel na Corte Internacional de Justiça das Nações Unidas, em Haia, na semana passada, ficou claro para o mundo que os EUA, o Reino Unido e outras potências europeias também estavam de facto no banco dos réus pela sua cumplicidade.

Washington, Londres e Bruxelas recusaram-se terminantemente a exigir um cessar-fogo em Gaza sob o disfarce de desculpas cínicas que reciclam mentiras odiosas da propaganda israelense, tal como de que o grupo militante palestino Hamas estaria alegadamente a usar escudos humanos ou hospitais como bases.

No entanto, estas potências ocidentais dão meia volta e subitamente bombardeiam o Iêmen, o país mais pobre da região árabe, porque este tomou a atitude de princípio de bloquear a navegação no Mar Vermelho como uma alavancagem a fim de forçar o cessar-fogo em Gaza. Os iemenitas invocam o seu direito, ao abrigo da Convenção sobre o Genocídio de 1948, de agir em solidariedade para impedir o genocídio do povo palestino.

Assim, as potências ocidentais não estão apenas a armar, permitir e justificar os crimes israelenses em Gaza. Quando outra parte, o Iêmen, toma medidas para ajudar os palestinos, as potências ocidentais duplicam a sua criminalidade atacando o Iêmen.

A crise de navegação no Mar Vermelho poderia ser facilmente impedida recorrendo a um cessar-fogo em Gaza, como pretendem os iemenitas. Então, por que as potências ocidentais não concordam? A conclusão é que não estão dispostas a travar o genocídio em Gaza. O regime israelense é um bastião do imperialismo norte-americano e ocidental no geoestrategicamente importante Médio Oriente. Está efetivamente mandatado para se safar com assassínios, como tem feito há décadas, desde sua criação em 1948, sob os auspícios da chicana neocolonial americana e britânica.

Sejamos claros. Os EUA e seu cão de ataque britânico não têm o direito legal de lançar ataques contra o Iêmen, como explica Scott Ritter. O que estas potências ocidentais estão a cometer é uma agressão criminosa contra um país onde mais da metade da população de 33 milhões de habitantes depende de ajuda alimentar. As privações no Iêmen são um resultado direto dos bombardeamentos dos EUA, Reino Unido e França àquele país, junto com seus clientes da Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, de 2015 a 2022, numa tentativa de derrubar o governo de Ansar Allah.

A depravação dos Estados Unidos e dos seus parceiros neo-imperialistas ocidentais está à plena vista. A suposta autoridade moral que proclamam está em bancarrota. Estas potências nada mais são do que Estados patifes fora da lei, cuja tão propalada “ordem global baseada em regras” é uma cobertura audaciosa para sua barbárie unilateral e banditismo a fim de saquear o resto do mundo.

Blinken, o principal diplomata dos EUA, esteve em Davos esta semana para a cimeira anual da elite ocidental. Aquela reunião agora é uma paródia de pretensões. Blinken esteve a pontificar acerca de Gaza e de como o sofrimento “parte seu coração”. Ouvir esta não-entidade narcísista é uma afronta à decência moral e à inteligência comum.

Seu homólogo britânico, Lord [sic] David Cameron, também esteve no resort alpino suíço a falar sobre direito internacional e segurança. Cameron até teve a temeridade descerebrada de afirmar que a atual situação global lembrava a década de 1930 comparando o presidente russo Vladimir Putin a Adolf Hitler e a Rússia à Alemanha nazista. Cameron tem a história de cabeça para baixo. A comparação correta é entre as potências ocidentais e o nazifascismo.

Os americanos, britânicos e outros europeus estão a alimentar o genocídio em Gaza enquanto bombardeiam o Iêmen e patrocinam um regime neonazista na Ucrânia que venera abertamente colaboradores do Terceiro Reich da Segunda Guerra Mundial, como Roman Shukevych e Stepan Bandera.

Também compareceu ao circo no topo da montanha de Davos o presidente fantoche ucraniano, Vladimir Zelensky, que, como de costume, implorou por mais milhares de milhões em ajuda financeira e militar. Esta guerra proxy liderada pelos EUA contra a Rússia já causou a morte de 500 mil soldados ucranianos e até US$200 mil milhões em dinheiro desperdiçado dos contribuintes ocidentais. Aposentados, mulheres e pessoas com deficiência ucranianas estão a ser arrastados para fora das ruas a fim de se juntarem à matança facilitada pelo regime de Kiev patrocinado pelo Ocidente.

Os crimes maciços em Gaza, no Iémen e na Ucrânia são parte integrante da “ordem baseada em regras” ocidental. São uma lição objetiva da mesma causa principal. Ou seja, o sistema imperialista ocidental, liderado pelos Estados Unidos.

O mundo chegou a um ponto de não retorno. A fraude das potências ocidentais está espetacularmente exposta e tornou-se insustentável. A fachada imperial ocidental está a implodir devido à sua corrupção inerente. É uma época perigosa, mas a dura verdade pode libertar o mundo da hegemonia e da violência sistémica do poder elitista ocidental.

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