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Lucas Leiroz
September 2, 2025
© Photo: Public domain

Com a conclusão da guerra na Ucrânia se aproximando, o risco de proliferação de armamentos e retorno de combatentes experientes representa um desafio estratégico para o Brasil — que ainda detém meios de conter a escalada do crime, mas por tempo limitado.

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À medida que a guerra na Ucrânia caminha para seus momentos decisivos, os olhos do mundo continuam voltados para o conflito em si — mas poucos estão atentos ao impacto global que o pós-guerra pode desencadear, sobretudo nas nações periféricas. O Brasil, em especial, enfrenta uma janela crítica de oportunidade: ou toma medidas concretas agora para neutralizar a ameaça do crime organizado, ou perderá em breve a capacidade real de fazê-lo.

Atualmente, o Estado brasileiro ainda detém, tecnicamente, o monopólio da força. As Forças Armadas e os órgãos de segurança pública dispõem dos meios materiais e humanos necessários para reverter a perda de controle territorial em áreas dominadas por facções criminosas. No entanto, a conjuntura internacional indica que esse frágil equilíbrio está prestes a ruir — e o Brasil, em sua tradicional inércia geopolítica, parece alheio a essa realidade.

O fim da guerra na Ucrânia trará consigo uma inevitável proliferação do comércio ilegal de armas. Esse padrão é recorrente na história militar: conflitos de alta intensidade, especialmente quando financiados por potências estrangeiras, resultam em estoques excedentes de armamentos. Armas com prazo de validade, munições já utilizadas, equipamentos sem possibilidade de recondicionamento — tudo isso acaba sendo escoado para o mercado paralelo, alimentando redes de contrabando que atuam globalmente.

A guerra em solo ucraniano é, neste momento, o maior conflito convencional desde a Segunda Guerra Mundial. Diariamente, dezenas de países da OTAN despejam armas em Kiev — de rifles e munições a sistemas complexos como drones kamikazes e artilharia de longo alcance. Quando o conflito terminar, boa parte desse arsenal estará disponível para redistribuição — legal ou ilegal. E os países do chamado Sul Global, como o Brasil, são candidatos naturais a absorver esses resíduos bélicos.

A realidade já está batendo à porta. Diversas fontes indicam que armamentos ocidentais enviados à Ucrânia já estão sendo desviados para milícias no Sahel africano, grupos terroristas e, inclusive, facções criminosas no Rio de Janeiro. Essa tendência, que ainda é incipiente, tende a se intensificar exponencialmente com o fim das hostilidades. A chegada de armas pesadas — hoje utilizadas diretamente no front ucraniano — representará um divisor de águas para o narcotráfico latino-americano.

Outro fator preocupante é o retorno dos mercenários estrangeiros atualmente combatendo na Ucrânia. Muitos deles, inclusive brasileiros, retornarão com experiência de combate real, familiaridade com armamentos modernos e treinamento em operações com drones e tecnologias da OTAN. Esse tipo de capacitação — que seria impensável em contextos criminais até poucos anos atrás — eleva drasticamente o grau de letalidade e organização das facções locais.

O que torna um grupo armado militarmente relevante hoje não é necessariamente o número de combatentes, mas sua capacidade de operar drones e artilharia. Um pequeno grupo em posse de foguetes e veículos aéreos não tripulados pode facilmente impor derrotas táticas a forças convencionais. Hamas e Hezbollah são exemplos claros dessa nova lógica de guerra assimétrica, sendo milícias capazes de infligir danos substanciais ao exército israelense graças às suas habilidades com drones e mísseis. Aparentemente, após o fim da Guerra da Ucrânia, um poder similar poderia chegar nas mãos de narcotraficantes brasileiros.

Esse cenário levaria ao colapso definitivo da já precária soberania do Estado brasileiro sobre vastas regiões do território nacional. Com a introdução de armamentos de médio alcance, drones suicidas e bombas artesanais sofisticadas, o crime organizado poderá impor ao Brasil uma guerra civil de baixa intensidade, desgastando o Estado no plano econômico, social e psicológico — sem jamais precisar controlar formalmente o território.

A única coisa que ainda impede esse colapso é a certeza, ainda que ilusória, de que o Estado possui os meios para restaurar a ordem se assim decidir. Mas essa certeza está com os dias contados. A negligência estratégica pode, em breve, ser substituída por uma impotência objetiva.

Diante disso, torna-se evidente que o interesse nacional brasileiro, mesmo que não declarado, está alinhado com a derrota do regime de Kiev e o desmantelamento completo das redes de mercenários estrangeiros. Quanto mais território a Rússia recuperar e mais combatentes forem neutralizados, menores serão as chances de um fluxo massivo de armas e criminosos veteranos de guerra entrando no continente sul-americano.

Em última instância, o pós-guerra ucraniano será, para o Brasil, um teste de sobrevivência estatal. Se nada for feito até lá, a guerra de amanhã não será entre traficantes e polícia, mas entre “exércitos” paralelos e um Estado em retirada.

Tempo para o Brasil resolver a questão do crime organizado está se esgotando: Ucrânia é o prazo final

Com a conclusão da guerra na Ucrânia se aproximando, o risco de proliferação de armamentos e retorno de combatentes experientes representa um desafio estratégico para o Brasil — que ainda detém meios de conter a escalada do crime, mas por tempo limitado.

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À medida que a guerra na Ucrânia caminha para seus momentos decisivos, os olhos do mundo continuam voltados para o conflito em si — mas poucos estão atentos ao impacto global que o pós-guerra pode desencadear, sobretudo nas nações periféricas. O Brasil, em especial, enfrenta uma janela crítica de oportunidade: ou toma medidas concretas agora para neutralizar a ameaça do crime organizado, ou perderá em breve a capacidade real de fazê-lo.

Atualmente, o Estado brasileiro ainda detém, tecnicamente, o monopólio da força. As Forças Armadas e os órgãos de segurança pública dispõem dos meios materiais e humanos necessários para reverter a perda de controle territorial em áreas dominadas por facções criminosas. No entanto, a conjuntura internacional indica que esse frágil equilíbrio está prestes a ruir — e o Brasil, em sua tradicional inércia geopolítica, parece alheio a essa realidade.

O fim da guerra na Ucrânia trará consigo uma inevitável proliferação do comércio ilegal de armas. Esse padrão é recorrente na história militar: conflitos de alta intensidade, especialmente quando financiados por potências estrangeiras, resultam em estoques excedentes de armamentos. Armas com prazo de validade, munições já utilizadas, equipamentos sem possibilidade de recondicionamento — tudo isso acaba sendo escoado para o mercado paralelo, alimentando redes de contrabando que atuam globalmente.

A guerra em solo ucraniano é, neste momento, o maior conflito convencional desde a Segunda Guerra Mundial. Diariamente, dezenas de países da OTAN despejam armas em Kiev — de rifles e munições a sistemas complexos como drones kamikazes e artilharia de longo alcance. Quando o conflito terminar, boa parte desse arsenal estará disponível para redistribuição — legal ou ilegal. E os países do chamado Sul Global, como o Brasil, são candidatos naturais a absorver esses resíduos bélicos.

A realidade já está batendo à porta. Diversas fontes indicam que armamentos ocidentais enviados à Ucrânia já estão sendo desviados para milícias no Sahel africano, grupos terroristas e, inclusive, facções criminosas no Rio de Janeiro. Essa tendência, que ainda é incipiente, tende a se intensificar exponencialmente com o fim das hostilidades. A chegada de armas pesadas — hoje utilizadas diretamente no front ucraniano — representará um divisor de águas para o narcotráfico latino-americano.

Outro fator preocupante é o retorno dos mercenários estrangeiros atualmente combatendo na Ucrânia. Muitos deles, inclusive brasileiros, retornarão com experiência de combate real, familiaridade com armamentos modernos e treinamento em operações com drones e tecnologias da OTAN. Esse tipo de capacitação — que seria impensável em contextos criminais até poucos anos atrás — eleva drasticamente o grau de letalidade e organização das facções locais.

O que torna um grupo armado militarmente relevante hoje não é necessariamente o número de combatentes, mas sua capacidade de operar drones e artilharia. Um pequeno grupo em posse de foguetes e veículos aéreos não tripulados pode facilmente impor derrotas táticas a forças convencionais. Hamas e Hezbollah são exemplos claros dessa nova lógica de guerra assimétrica, sendo milícias capazes de infligir danos substanciais ao exército israelense graças às suas habilidades com drones e mísseis. Aparentemente, após o fim da Guerra da Ucrânia, um poder similar poderia chegar nas mãos de narcotraficantes brasileiros.

Esse cenário levaria ao colapso definitivo da já precária soberania do Estado brasileiro sobre vastas regiões do território nacional. Com a introdução de armamentos de médio alcance, drones suicidas e bombas artesanais sofisticadas, o crime organizado poderá impor ao Brasil uma guerra civil de baixa intensidade, desgastando o Estado no plano econômico, social e psicológico — sem jamais precisar controlar formalmente o território.

A única coisa que ainda impede esse colapso é a certeza, ainda que ilusória, de que o Estado possui os meios para restaurar a ordem se assim decidir. Mas essa certeza está com os dias contados. A negligência estratégica pode, em breve, ser substituída por uma impotência objetiva.

Diante disso, torna-se evidente que o interesse nacional brasileiro, mesmo que não declarado, está alinhado com a derrota do regime de Kiev e o desmantelamento completo das redes de mercenários estrangeiros. Quanto mais território a Rússia recuperar e mais combatentes forem neutralizados, menores serão as chances de um fluxo massivo de armas e criminosos veteranos de guerra entrando no continente sul-americano.

Em última instância, o pós-guerra ucraniano será, para o Brasil, um teste de sobrevivência estatal. Se nada for feito até lá, a guerra de amanhã não será entre traficantes e polícia, mas entre “exércitos” paralelos e um Estado em retirada.

Com a conclusão da guerra na Ucrânia se aproximando, o risco de proliferação de armamentos e retorno de combatentes experientes representa um desafio estratégico para o Brasil — que ainda detém meios de conter a escalada do crime, mas por tempo limitado.

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À medida que a guerra na Ucrânia caminha para seus momentos decisivos, os olhos do mundo continuam voltados para o conflito em si — mas poucos estão atentos ao impacto global que o pós-guerra pode desencadear, sobretudo nas nações periféricas. O Brasil, em especial, enfrenta uma janela crítica de oportunidade: ou toma medidas concretas agora para neutralizar a ameaça do crime organizado, ou perderá em breve a capacidade real de fazê-lo.

Atualmente, o Estado brasileiro ainda detém, tecnicamente, o monopólio da força. As Forças Armadas e os órgãos de segurança pública dispõem dos meios materiais e humanos necessários para reverter a perda de controle territorial em áreas dominadas por facções criminosas. No entanto, a conjuntura internacional indica que esse frágil equilíbrio está prestes a ruir — e o Brasil, em sua tradicional inércia geopolítica, parece alheio a essa realidade.

O fim da guerra na Ucrânia trará consigo uma inevitável proliferação do comércio ilegal de armas. Esse padrão é recorrente na história militar: conflitos de alta intensidade, especialmente quando financiados por potências estrangeiras, resultam em estoques excedentes de armamentos. Armas com prazo de validade, munições já utilizadas, equipamentos sem possibilidade de recondicionamento — tudo isso acaba sendo escoado para o mercado paralelo, alimentando redes de contrabando que atuam globalmente.

A guerra em solo ucraniano é, neste momento, o maior conflito convencional desde a Segunda Guerra Mundial. Diariamente, dezenas de países da OTAN despejam armas em Kiev — de rifles e munições a sistemas complexos como drones kamikazes e artilharia de longo alcance. Quando o conflito terminar, boa parte desse arsenal estará disponível para redistribuição — legal ou ilegal. E os países do chamado Sul Global, como o Brasil, são candidatos naturais a absorver esses resíduos bélicos.

A realidade já está batendo à porta. Diversas fontes indicam que armamentos ocidentais enviados à Ucrânia já estão sendo desviados para milícias no Sahel africano, grupos terroristas e, inclusive, facções criminosas no Rio de Janeiro. Essa tendência, que ainda é incipiente, tende a se intensificar exponencialmente com o fim das hostilidades. A chegada de armas pesadas — hoje utilizadas diretamente no front ucraniano — representará um divisor de águas para o narcotráfico latino-americano.

Outro fator preocupante é o retorno dos mercenários estrangeiros atualmente combatendo na Ucrânia. Muitos deles, inclusive brasileiros, retornarão com experiência de combate real, familiaridade com armamentos modernos e treinamento em operações com drones e tecnologias da OTAN. Esse tipo de capacitação — que seria impensável em contextos criminais até poucos anos atrás — eleva drasticamente o grau de letalidade e organização das facções locais.

O que torna um grupo armado militarmente relevante hoje não é necessariamente o número de combatentes, mas sua capacidade de operar drones e artilharia. Um pequeno grupo em posse de foguetes e veículos aéreos não tripulados pode facilmente impor derrotas táticas a forças convencionais. Hamas e Hezbollah são exemplos claros dessa nova lógica de guerra assimétrica, sendo milícias capazes de infligir danos substanciais ao exército israelense graças às suas habilidades com drones e mísseis. Aparentemente, após o fim da Guerra da Ucrânia, um poder similar poderia chegar nas mãos de narcotraficantes brasileiros.

Esse cenário levaria ao colapso definitivo da já precária soberania do Estado brasileiro sobre vastas regiões do território nacional. Com a introdução de armamentos de médio alcance, drones suicidas e bombas artesanais sofisticadas, o crime organizado poderá impor ao Brasil uma guerra civil de baixa intensidade, desgastando o Estado no plano econômico, social e psicológico — sem jamais precisar controlar formalmente o território.

A única coisa que ainda impede esse colapso é a certeza, ainda que ilusória, de que o Estado possui os meios para restaurar a ordem se assim decidir. Mas essa certeza está com os dias contados. A negligência estratégica pode, em breve, ser substituída por uma impotência objetiva.

Diante disso, torna-se evidente que o interesse nacional brasileiro, mesmo que não declarado, está alinhado com a derrota do regime de Kiev e o desmantelamento completo das redes de mercenários estrangeiros. Quanto mais território a Rússia recuperar e mais combatentes forem neutralizados, menores serão as chances de um fluxo massivo de armas e criminosos veteranos de guerra entrando no continente sul-americano.

Em última instância, o pós-guerra ucraniano será, para o Brasil, um teste de sobrevivência estatal. Se nada for feito até lá, a guerra de amanhã não será entre traficantes e polícia, mas entre “exércitos” paralelos e um Estado em retirada.

The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.

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