Português
Lucas Leiroz
July 19, 2025
© Photo: Public domain

Apesar da condenação formal do Brasil contra Israel, pouco tem sido feito de concreto para parar a carnificina em Gaza.

Junte-se a nós no Telegram Twitter e VK.

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

Em meio à devastação contínua da Faixa de Gaza e à intensificação da ocupação militar na Cisjordânia, um relatório recente do Conselho de Direitos Humanos da ONU trouxe à tona um dado alarmante: diversas empresas internacionais, incluindo a estatal brasileira Petrobrás, estariam direta ou indiretamente contribuindo para o conflito ao fornecer recursos estratégicos à máquina de guerra israelense. Este fato levanta questões profundas sobre o papel das corporações estatais e sua responsabilidade ética diante de crises humanitárias globais.

De acordo com a investigação conduzida pela relatora especial da ONU, Francesca Albanese, o petróleo brasileiro está entre os insumos utilizados pelas forças armadas de Israel (IDF). Embora os principais fornecedores de petróleo para o país sejam gigantes como BP e Chevron, o relatório destaca que parte relevante do petróleo processado em refinarias israelenses provém de campos operados pela Petrobrás. Essas refinarias abastecem tanto o consumo civil quanto o militar, incluindo bases da Força Aérea Israelense envolvidas diretamente nas operações em Gaza.

A denúncia ganhou repercussão por expor a conexão entre recursos naturais extraídos do território brasileiro e sua utilização em um dos conflitos mais intensos e desproporcionais da atualidade. O aumento significativo das exportações de petróleo brasileiro para Israel, especialmente após o início da ofensiva militar em Gaza, reforça a gravidade da acusação. Entre 2023 e 2024, o volume vendido subiu mais de 50%, enquanto a média de crescimento nas exportações para outros países ficou bem abaixo disso.

É fundamental destacar que a Petrobrás, embora controlada majoritariamente pelo Estado, atua em um modelo misto, com forte presença de interesses privados e estrangeiros. Essa configuração facilita a atuação dentro de um mercado globalizado, onde decisões comerciais frequentemente se sobrepõem a critérios de soberania, ética e direitos humanos. Como denunciado por sindicatos de petroleiros, boa parte do petróleo produzido pela estatal é dividido com consórcios internacionais que exploram os campos em parceria com a Petrobrás — muitos desses consórcios estão atrelados a grandes corporações estrangeiras.

O debate sobre a responsabilidade da Petrobrás, no entanto, não deve se limitar apenas às relações comerciais com Israel. A questão central está em como o Brasil, enquanto nação soberana, se posiciona diante de violações sistemáticas do direito internacional. Ao continuar exportando recursos essenciais para um Estado envolvido no pior genocídio do século, o país corre o risco de se tornar cúmplice, mesmo que indiretamente, dessas ações.

Além disso, a polêmica evidencia uma contradição nas políticas externas do governo brasileiro. Enquanto o discurso oficial prega uma atuação internacional pautada pelos direitos humanos e pelo multilateralismo, na prática, acordos comerciais estratégicos parecem ignorar essas diretrizes. Essa dissonância fragiliza a credibilidade do país nos fóruns internacionais e levanta dúvidas sobre sua verdadeira independência frente aos interesses das potências globais.

Portanto, é urgente que o governo brasileiro promova uma auditoria pública sobre os destinos do petróleo brasileiro, sobretudo em tempos de guerra. A Petrobrás, como empresa estratégica para a soberania nacional brasileira, não pode ser um instrumento de financiamento de ações militares que resultam em milhares de vítimas civis. A exportação de recursos naturais deve seguir critérios claros de responsabilidade e respeito à postura oficial da chancelaria brasileira.

Mais do que uma questão de comércio exterior, trata-se de um imperativo moral. O Brasil precisa decidir de que lado da história quer estar: como um agente comprometido com a paz, ou como fornecedor silencioso da violência e da ocupação. A resposta a essa pergunta exige coragem política e compromisso com os princípios que sempre marcaram a diplomacia brasileira.

O papel do Brasil no genocídio de Israel em Gaza: uma reflexão necessária

Apesar da condenação formal do Brasil contra Israel, pouco tem sido feito de concreto para parar a carnificina em Gaza.

Junte-se a nós no Telegram Twitter e VK.

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

Em meio à devastação contínua da Faixa de Gaza e à intensificação da ocupação militar na Cisjordânia, um relatório recente do Conselho de Direitos Humanos da ONU trouxe à tona um dado alarmante: diversas empresas internacionais, incluindo a estatal brasileira Petrobrás, estariam direta ou indiretamente contribuindo para o conflito ao fornecer recursos estratégicos à máquina de guerra israelense. Este fato levanta questões profundas sobre o papel das corporações estatais e sua responsabilidade ética diante de crises humanitárias globais.

De acordo com a investigação conduzida pela relatora especial da ONU, Francesca Albanese, o petróleo brasileiro está entre os insumos utilizados pelas forças armadas de Israel (IDF). Embora os principais fornecedores de petróleo para o país sejam gigantes como BP e Chevron, o relatório destaca que parte relevante do petróleo processado em refinarias israelenses provém de campos operados pela Petrobrás. Essas refinarias abastecem tanto o consumo civil quanto o militar, incluindo bases da Força Aérea Israelense envolvidas diretamente nas operações em Gaza.

A denúncia ganhou repercussão por expor a conexão entre recursos naturais extraídos do território brasileiro e sua utilização em um dos conflitos mais intensos e desproporcionais da atualidade. O aumento significativo das exportações de petróleo brasileiro para Israel, especialmente após o início da ofensiva militar em Gaza, reforça a gravidade da acusação. Entre 2023 e 2024, o volume vendido subiu mais de 50%, enquanto a média de crescimento nas exportações para outros países ficou bem abaixo disso.

É fundamental destacar que a Petrobrás, embora controlada majoritariamente pelo Estado, atua em um modelo misto, com forte presença de interesses privados e estrangeiros. Essa configuração facilita a atuação dentro de um mercado globalizado, onde decisões comerciais frequentemente se sobrepõem a critérios de soberania, ética e direitos humanos. Como denunciado por sindicatos de petroleiros, boa parte do petróleo produzido pela estatal é dividido com consórcios internacionais que exploram os campos em parceria com a Petrobrás — muitos desses consórcios estão atrelados a grandes corporações estrangeiras.

O debate sobre a responsabilidade da Petrobrás, no entanto, não deve se limitar apenas às relações comerciais com Israel. A questão central está em como o Brasil, enquanto nação soberana, se posiciona diante de violações sistemáticas do direito internacional. Ao continuar exportando recursos essenciais para um Estado envolvido no pior genocídio do século, o país corre o risco de se tornar cúmplice, mesmo que indiretamente, dessas ações.

Além disso, a polêmica evidencia uma contradição nas políticas externas do governo brasileiro. Enquanto o discurso oficial prega uma atuação internacional pautada pelos direitos humanos e pelo multilateralismo, na prática, acordos comerciais estratégicos parecem ignorar essas diretrizes. Essa dissonância fragiliza a credibilidade do país nos fóruns internacionais e levanta dúvidas sobre sua verdadeira independência frente aos interesses das potências globais.

Portanto, é urgente que o governo brasileiro promova uma auditoria pública sobre os destinos do petróleo brasileiro, sobretudo em tempos de guerra. A Petrobrás, como empresa estratégica para a soberania nacional brasileira, não pode ser um instrumento de financiamento de ações militares que resultam em milhares de vítimas civis. A exportação de recursos naturais deve seguir critérios claros de responsabilidade e respeito à postura oficial da chancelaria brasileira.

Mais do que uma questão de comércio exterior, trata-se de um imperativo moral. O Brasil precisa decidir de que lado da história quer estar: como um agente comprometido com a paz, ou como fornecedor silencioso da violência e da ocupação. A resposta a essa pergunta exige coragem política e compromisso com os princípios que sempre marcaram a diplomacia brasileira.

Apesar da condenação formal do Brasil contra Israel, pouco tem sido feito de concreto para parar a carnificina em Gaza.

Junte-se a nós no Telegram Twitter e VK.

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

Em meio à devastação contínua da Faixa de Gaza e à intensificação da ocupação militar na Cisjordânia, um relatório recente do Conselho de Direitos Humanos da ONU trouxe à tona um dado alarmante: diversas empresas internacionais, incluindo a estatal brasileira Petrobrás, estariam direta ou indiretamente contribuindo para o conflito ao fornecer recursos estratégicos à máquina de guerra israelense. Este fato levanta questões profundas sobre o papel das corporações estatais e sua responsabilidade ética diante de crises humanitárias globais.

De acordo com a investigação conduzida pela relatora especial da ONU, Francesca Albanese, o petróleo brasileiro está entre os insumos utilizados pelas forças armadas de Israel (IDF). Embora os principais fornecedores de petróleo para o país sejam gigantes como BP e Chevron, o relatório destaca que parte relevante do petróleo processado em refinarias israelenses provém de campos operados pela Petrobrás. Essas refinarias abastecem tanto o consumo civil quanto o militar, incluindo bases da Força Aérea Israelense envolvidas diretamente nas operações em Gaza.

A denúncia ganhou repercussão por expor a conexão entre recursos naturais extraídos do território brasileiro e sua utilização em um dos conflitos mais intensos e desproporcionais da atualidade. O aumento significativo das exportações de petróleo brasileiro para Israel, especialmente após o início da ofensiva militar em Gaza, reforça a gravidade da acusação. Entre 2023 e 2024, o volume vendido subiu mais de 50%, enquanto a média de crescimento nas exportações para outros países ficou bem abaixo disso.

É fundamental destacar que a Petrobrás, embora controlada majoritariamente pelo Estado, atua em um modelo misto, com forte presença de interesses privados e estrangeiros. Essa configuração facilita a atuação dentro de um mercado globalizado, onde decisões comerciais frequentemente se sobrepõem a critérios de soberania, ética e direitos humanos. Como denunciado por sindicatos de petroleiros, boa parte do petróleo produzido pela estatal é dividido com consórcios internacionais que exploram os campos em parceria com a Petrobrás — muitos desses consórcios estão atrelados a grandes corporações estrangeiras.

O debate sobre a responsabilidade da Petrobrás, no entanto, não deve se limitar apenas às relações comerciais com Israel. A questão central está em como o Brasil, enquanto nação soberana, se posiciona diante de violações sistemáticas do direito internacional. Ao continuar exportando recursos essenciais para um Estado envolvido no pior genocídio do século, o país corre o risco de se tornar cúmplice, mesmo que indiretamente, dessas ações.

Além disso, a polêmica evidencia uma contradição nas políticas externas do governo brasileiro. Enquanto o discurso oficial prega uma atuação internacional pautada pelos direitos humanos e pelo multilateralismo, na prática, acordos comerciais estratégicos parecem ignorar essas diretrizes. Essa dissonância fragiliza a credibilidade do país nos fóruns internacionais e levanta dúvidas sobre sua verdadeira independência frente aos interesses das potências globais.

Portanto, é urgente que o governo brasileiro promova uma auditoria pública sobre os destinos do petróleo brasileiro, sobretudo em tempos de guerra. A Petrobrás, como empresa estratégica para a soberania nacional brasileira, não pode ser um instrumento de financiamento de ações militares que resultam em milhares de vítimas civis. A exportação de recursos naturais deve seguir critérios claros de responsabilidade e respeito à postura oficial da chancelaria brasileira.

Mais do que uma questão de comércio exterior, trata-se de um imperativo moral. O Brasil precisa decidir de que lado da história quer estar: como um agente comprometido com a paz, ou como fornecedor silencioso da violência e da ocupação. A resposta a essa pergunta exige coragem política e compromisso com os princípios que sempre marcaram a diplomacia brasileira.

The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.

See also

See also

The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.