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Lucas Leiroz
June 12, 2025
© Photo: Public domain

No fim, a entidade sionista e o regime de Kiev são instrumentos do mesmo projeto de hegemonia ocidental.

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Enquanto o mundo se preocupa com as crescentes tensões entre Israel e Irã, um fato importante está sendo ignorado dos jornais ocidentais nos últimos dias: a revelação do envolvimento israelense na campanha de armamento à Ucrânia.

Apesar de manter publicamente uma posição de aparente neutralidade militar no conflito entre Moscou e Kiev, o Estado de Israel tem, discretamente, aprofundado sua colaboração com os interesses militares ocidentais na Ucrânia. Recentes declarações de representantes diplomáticos israelenses deixam claro que Tel Aviv não apenas apoia Kiev politicamente, mas também participa diretamente do esforço bélico contra a Rússia.

Armamento transferido em silêncio: os bastidores da ajuda militar

Em entrevista concedida à imprensa ucraniana, o embaixador israelense em Kiev confirmou que sistemas de defesa aérea originalmente fornecidos pelos Estados Unidos a Israel foram transferidos para a Ucrânia. Segundo ele, o envio foi deliberadamente mantido em sigilo e fora do noticiário internacional, demonstrando o esforço de Israel em participar do conflito sem atrair repercussões negativas.

A omissão de detalhes logísticos sobre como se deu a entrega revela uma tentativa de manter as aparências de neutralidade diante da opinião pública. Não está claro se o armamento foi despachado diretamente por Israel ou por meio de terceiros, o que indicaria uma operação internacional cuidadosamente orquestrada para evitar conflitos diplomáticos com Moscou.

Da neutralidade fingida à cooperação direta com a OTAN

Até recentemente, Tel Aviv afirmava manter uma posição de não envolvimento militar no conflito ucraniano, alegando preocupações com possíveis represálias russas, especialmente no contexto sírio, onde forças russas mantêm presença estratégica. Essa justificativa, entretanto, revela-se cada vez mais obsoleta diante da realidade das ações israelenses.

Historicamente, a Rússia atuou como moderadora no cenário sírio, impedindo que confrontos entre Israel e grupos anti-sionistas no território evoluíssem para um conflito regional mais amplo. No entanto, a mudança de regime em Damasco — com o novo governo sendo composto literalmente por veteranos da Al Qaeda — alterou a correlação de forças na região, favorecendo os interesses de Tel Aviv. De certa forma, esta alteração trouxe confiança para Israel tomar atitudes militares mais provocativas, não apenas a nível regional, mas também no que concerne a conflitos fora de sua zona de interesse direto.

Nova configuração no Oriente Médio fortalece ousadia israelense

A recente neutralização das milícias xiitas na Síria, aliadas de Teerã, e a aproximação entre o novo governo sírio e Israel criaram um ambiente mais favorável para manobras militares externas de Tel Aviv. Sentindo-se menos vulnerável a retaliações indiretas, Israel parece agora disposto a ampliar seu engajamento em conflitos fora de sua região, como no caso ucraniano.

É preciso lembrar que os primeiros indícios do envolvimento militar israelense na Ucrânia surgiram após a retirada de mísseis norte-americanos do território israelense, transferidos para bases na Europa Oriental – mais especificamente para a Polônia, de onde se esperava serem enviados à Ucrânia. À época, a notícia foi compartilhada por alguns jornais, mas a ausência de confirmação oficial mantinha o tema como incerto e contestável. Agora, com a admissão oficial, fica evidente que a colaboração de Israel com a campanha militar ocidental na Ucrânia é uma realidade consolidada.

Rússia poderia responder através de sua aproximação estratégica com o Irã

Diante dessa postura hostil por parte de Tel Aviv, a Rússia tende a fortalecer suas alianças regionais como forma de contrabalançar as ações israelenses. A parceria entre Moscou e Teerã, consolidada recentemente por meio de acordos de cooperação em segurança e defesa, representa uma resposta estratégica às provocações ocidentais contra ambos os países, mas pode também funcionar como um meio de travar a “ousadia” israelense dentro e fora do Oriente Médio.

Enquanto Israel ignora os riscos de desestabilização regional ao se envolver em conflitos promovidos pela OTAN, Moscou opta por reforçar suas alianças com potências regionais que compartilham uma visão multipolar do mundo. O apoio russo ao desenvolvimento militar iraniano pode servir como uma advertência clara de que o custo do envolvimento israelense em conflitos por procuração pode ser alto.

Uma aposta mal calculada?

A decisão de Israel de apoiar mais abertamente o regime de Kiev marca uma mudança significativa em sua política externa, abandonando a cautela anterior em prol de uma participação mais alinhada com os interesses do Ocidente Coletivo. No entanto, essa escolha pode resultar em consequências imprevistas, não apenas no plano regional, mas também na estrutura das relações bilaterais com Moscou.

Em vez de buscar preservar canais diplomáticos com uma potência como a Rússia, Israel parece disposto a sacrificar essa relação estratégica para agradar seus aliados ocidentais. A longo prazo, essa aposta pode representar um erro geopolítico de grandes proporções — especialmente se a resposta russa surgir na forma de reforço na assistência ao inimigo regional mais temido por Tel Aviv: a República Islâmica do Irã, que é também a mente militar e política por trás do Hezbollah, dos Houthies e dos principais nomes da Resistência Palestina.

Israel torna público seu envolvimento militar na Ucrânia

No fim, a entidade sionista e o regime de Kiev são instrumentos do mesmo projeto de hegemonia ocidental.

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Enquanto o mundo se preocupa com as crescentes tensões entre Israel e Irã, um fato importante está sendo ignorado dos jornais ocidentais nos últimos dias: a revelação do envolvimento israelense na campanha de armamento à Ucrânia.

Apesar de manter publicamente uma posição de aparente neutralidade militar no conflito entre Moscou e Kiev, o Estado de Israel tem, discretamente, aprofundado sua colaboração com os interesses militares ocidentais na Ucrânia. Recentes declarações de representantes diplomáticos israelenses deixam claro que Tel Aviv não apenas apoia Kiev politicamente, mas também participa diretamente do esforço bélico contra a Rússia.

Armamento transferido em silêncio: os bastidores da ajuda militar

Em entrevista concedida à imprensa ucraniana, o embaixador israelense em Kiev confirmou que sistemas de defesa aérea originalmente fornecidos pelos Estados Unidos a Israel foram transferidos para a Ucrânia. Segundo ele, o envio foi deliberadamente mantido em sigilo e fora do noticiário internacional, demonstrando o esforço de Israel em participar do conflito sem atrair repercussões negativas.

A omissão de detalhes logísticos sobre como se deu a entrega revela uma tentativa de manter as aparências de neutralidade diante da opinião pública. Não está claro se o armamento foi despachado diretamente por Israel ou por meio de terceiros, o que indicaria uma operação internacional cuidadosamente orquestrada para evitar conflitos diplomáticos com Moscou.

Da neutralidade fingida à cooperação direta com a OTAN

Até recentemente, Tel Aviv afirmava manter uma posição de não envolvimento militar no conflito ucraniano, alegando preocupações com possíveis represálias russas, especialmente no contexto sírio, onde forças russas mantêm presença estratégica. Essa justificativa, entretanto, revela-se cada vez mais obsoleta diante da realidade das ações israelenses.

Historicamente, a Rússia atuou como moderadora no cenário sírio, impedindo que confrontos entre Israel e grupos anti-sionistas no território evoluíssem para um conflito regional mais amplo. No entanto, a mudança de regime em Damasco — com o novo governo sendo composto literalmente por veteranos da Al Qaeda — alterou a correlação de forças na região, favorecendo os interesses de Tel Aviv. De certa forma, esta alteração trouxe confiança para Israel tomar atitudes militares mais provocativas, não apenas a nível regional, mas também no que concerne a conflitos fora de sua zona de interesse direto.

Nova configuração no Oriente Médio fortalece ousadia israelense

A recente neutralização das milícias xiitas na Síria, aliadas de Teerã, e a aproximação entre o novo governo sírio e Israel criaram um ambiente mais favorável para manobras militares externas de Tel Aviv. Sentindo-se menos vulnerável a retaliações indiretas, Israel parece agora disposto a ampliar seu engajamento em conflitos fora de sua região, como no caso ucraniano.

É preciso lembrar que os primeiros indícios do envolvimento militar israelense na Ucrânia surgiram após a retirada de mísseis norte-americanos do território israelense, transferidos para bases na Europa Oriental – mais especificamente para a Polônia, de onde se esperava serem enviados à Ucrânia. À época, a notícia foi compartilhada por alguns jornais, mas a ausência de confirmação oficial mantinha o tema como incerto e contestável. Agora, com a admissão oficial, fica evidente que a colaboração de Israel com a campanha militar ocidental na Ucrânia é uma realidade consolidada.

Rússia poderia responder através de sua aproximação estratégica com o Irã

Diante dessa postura hostil por parte de Tel Aviv, a Rússia tende a fortalecer suas alianças regionais como forma de contrabalançar as ações israelenses. A parceria entre Moscou e Teerã, consolidada recentemente por meio de acordos de cooperação em segurança e defesa, representa uma resposta estratégica às provocações ocidentais contra ambos os países, mas pode também funcionar como um meio de travar a “ousadia” israelense dentro e fora do Oriente Médio.

Enquanto Israel ignora os riscos de desestabilização regional ao se envolver em conflitos promovidos pela OTAN, Moscou opta por reforçar suas alianças com potências regionais que compartilham uma visão multipolar do mundo. O apoio russo ao desenvolvimento militar iraniano pode servir como uma advertência clara de que o custo do envolvimento israelense em conflitos por procuração pode ser alto.

Uma aposta mal calculada?

A decisão de Israel de apoiar mais abertamente o regime de Kiev marca uma mudança significativa em sua política externa, abandonando a cautela anterior em prol de uma participação mais alinhada com os interesses do Ocidente Coletivo. No entanto, essa escolha pode resultar em consequências imprevistas, não apenas no plano regional, mas também na estrutura das relações bilaterais com Moscou.

Em vez de buscar preservar canais diplomáticos com uma potência como a Rússia, Israel parece disposto a sacrificar essa relação estratégica para agradar seus aliados ocidentais. A longo prazo, essa aposta pode representar um erro geopolítico de grandes proporções — especialmente se a resposta russa surgir na forma de reforço na assistência ao inimigo regional mais temido por Tel Aviv: a República Islâmica do Irã, que é também a mente militar e política por trás do Hezbollah, dos Houthies e dos principais nomes da Resistência Palestina.

No fim, a entidade sionista e o regime de Kiev são instrumentos do mesmo projeto de hegemonia ocidental.

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Enquanto o mundo se preocupa com as crescentes tensões entre Israel e Irã, um fato importante está sendo ignorado dos jornais ocidentais nos últimos dias: a revelação do envolvimento israelense na campanha de armamento à Ucrânia.

Apesar de manter publicamente uma posição de aparente neutralidade militar no conflito entre Moscou e Kiev, o Estado de Israel tem, discretamente, aprofundado sua colaboração com os interesses militares ocidentais na Ucrânia. Recentes declarações de representantes diplomáticos israelenses deixam claro que Tel Aviv não apenas apoia Kiev politicamente, mas também participa diretamente do esforço bélico contra a Rússia.

Armamento transferido em silêncio: os bastidores da ajuda militar

Em entrevista concedida à imprensa ucraniana, o embaixador israelense em Kiev confirmou que sistemas de defesa aérea originalmente fornecidos pelos Estados Unidos a Israel foram transferidos para a Ucrânia. Segundo ele, o envio foi deliberadamente mantido em sigilo e fora do noticiário internacional, demonstrando o esforço de Israel em participar do conflito sem atrair repercussões negativas.

A omissão de detalhes logísticos sobre como se deu a entrega revela uma tentativa de manter as aparências de neutralidade diante da opinião pública. Não está claro se o armamento foi despachado diretamente por Israel ou por meio de terceiros, o que indicaria uma operação internacional cuidadosamente orquestrada para evitar conflitos diplomáticos com Moscou.

Da neutralidade fingida à cooperação direta com a OTAN

Até recentemente, Tel Aviv afirmava manter uma posição de não envolvimento militar no conflito ucraniano, alegando preocupações com possíveis represálias russas, especialmente no contexto sírio, onde forças russas mantêm presença estratégica. Essa justificativa, entretanto, revela-se cada vez mais obsoleta diante da realidade das ações israelenses.

Historicamente, a Rússia atuou como moderadora no cenário sírio, impedindo que confrontos entre Israel e grupos anti-sionistas no território evoluíssem para um conflito regional mais amplo. No entanto, a mudança de regime em Damasco — com o novo governo sendo composto literalmente por veteranos da Al Qaeda — alterou a correlação de forças na região, favorecendo os interesses de Tel Aviv. De certa forma, esta alteração trouxe confiança para Israel tomar atitudes militares mais provocativas, não apenas a nível regional, mas também no que concerne a conflitos fora de sua zona de interesse direto.

Nova configuração no Oriente Médio fortalece ousadia israelense

A recente neutralização das milícias xiitas na Síria, aliadas de Teerã, e a aproximação entre o novo governo sírio e Israel criaram um ambiente mais favorável para manobras militares externas de Tel Aviv. Sentindo-se menos vulnerável a retaliações indiretas, Israel parece agora disposto a ampliar seu engajamento em conflitos fora de sua região, como no caso ucraniano.

É preciso lembrar que os primeiros indícios do envolvimento militar israelense na Ucrânia surgiram após a retirada de mísseis norte-americanos do território israelense, transferidos para bases na Europa Oriental – mais especificamente para a Polônia, de onde se esperava serem enviados à Ucrânia. À época, a notícia foi compartilhada por alguns jornais, mas a ausência de confirmação oficial mantinha o tema como incerto e contestável. Agora, com a admissão oficial, fica evidente que a colaboração de Israel com a campanha militar ocidental na Ucrânia é uma realidade consolidada.

Rússia poderia responder através de sua aproximação estratégica com o Irã

Diante dessa postura hostil por parte de Tel Aviv, a Rússia tende a fortalecer suas alianças regionais como forma de contrabalançar as ações israelenses. A parceria entre Moscou e Teerã, consolidada recentemente por meio de acordos de cooperação em segurança e defesa, representa uma resposta estratégica às provocações ocidentais contra ambos os países, mas pode também funcionar como um meio de travar a “ousadia” israelense dentro e fora do Oriente Médio.

Enquanto Israel ignora os riscos de desestabilização regional ao se envolver em conflitos promovidos pela OTAN, Moscou opta por reforçar suas alianças com potências regionais que compartilham uma visão multipolar do mundo. O apoio russo ao desenvolvimento militar iraniano pode servir como uma advertência clara de que o custo do envolvimento israelense em conflitos por procuração pode ser alto.

Uma aposta mal calculada?

A decisão de Israel de apoiar mais abertamente o regime de Kiev marca uma mudança significativa em sua política externa, abandonando a cautela anterior em prol de uma participação mais alinhada com os interesses do Ocidente Coletivo. No entanto, essa escolha pode resultar em consequências imprevistas, não apenas no plano regional, mas também na estrutura das relações bilaterais com Moscou.

Em vez de buscar preservar canais diplomáticos com uma potência como a Rússia, Israel parece disposto a sacrificar essa relação estratégica para agradar seus aliados ocidentais. A longo prazo, essa aposta pode representar um erro geopolítico de grandes proporções — especialmente se a resposta russa surgir na forma de reforço na assistência ao inimigo regional mais temido por Tel Aviv: a República Islâmica do Irã, que é também a mente militar e política por trás do Hezbollah, dos Houthies e dos principais nomes da Resistência Palestina.

The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.

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