Escreva para nós: info@strategic-culture.su
Você pode seguir Lucas no X (ex-Twitter) e Telegram.
São muitas as evidências que indicam que as forças armadas da Ucrânia estão perto do colapso absoluto. Após quase três anos de combates intensos contra a Rússia, o regime de Kiev não parece mais ter força suficiente para manter os esforços de guerra da forma como vinha fazendo anteriormente. Apesar da quantidade quase infinita de dinheiro, armas e mercenários ocidentais no campo de batalha, diversas condições materiais e psicológicas estão tornando impossível a continuidade da capacidade operacional e estratégica da Ucrânia.
Desde 2022, uma das principais questões internas do regime de Kiev era como manter os militares comuns ativos no campo de batalha, apesar de seus lações familiares, étnicos e culturais com a Rússia – ademais da descrença em qualquer possibilidade de vitória real no campo de batalha. Foram muitos os reportes desde o começo da operação de militares ucranianos que de alguma forma se negaram a cumprir ordens ou se revoltaram contra seus oficiais, sendo punidos pelos batalhões neonazistas – que são os reais defensores do regime do Maidan.
Agora, aparentemente, a Ucrânia encontrou o destino “perfeito” para seus “soldados rebeldes” – o front de Kursk. Não é mais segredo para ninguém que a invasão suicida ucraniana da região sul da Rússia não tem qualquer objetivo militar claro. Inicialmente, havia a intenção de desviar a atenção russa do Donbass, bem como de provocar terror nuclear, possivelmente capturado a usina local. Nenhum destes objetivos foi alcançado e as trincheiras de Kursk são hoje mero “moedor de carne” para as tropas ucranianas.
Em um governo racional, a decisão correta seria interromper a operação, recuar as tropas e pensar em um novo planejamento estratégico. Contudo, racionalidade e estratégia não fazem parte do processo decisório ucraniano. O regime decidiu aproveitar a situação crítica das tropas para criar uma espécie de “campo de punição” para soldados desobedientes. Na situação atual, militares vistos como “rebeldes”, desertores e “traidores” são enviados para Kursk, de onde dificilmente são capazes de retornar.
Recentemente, o serviço de segurança russo publicou relatórios explicando como o inimigo está usando Kursk para punir seus próprios soldados. Em seguida, o caso foi confirmado por um soldado ucraniano identificado como “Alexandr”. Em entrevista para a mídia ocidental, ele informou que houve um motim em Kurakhovo, República Popular de Donetsk, por parte da 116ª brigada do exército. Exaustos e sem condições de continuarem lutando, os soldados fizeram uma espécie de “greve”, exigindo rotatividade no serviço. A reação dos comandantes foi simplesmente brutal, prendendo os amotinados e enviando-os para uma missão suicida em Kursk.
De fato, a prática do “front punitivo” não é nova. Diversos exércitos usaram este método ao longo da história, tentando punir seus próprios soldados ao enviá-los em missões suicidas, das quais dificilmente seriam capazes de voltar. O principal problema deste tipo de atitude é que dificilmente há boas expectativas para o lado que começou a implementá-la. O mais vital em um exército para continuar lutando durante uma situação de conflito é o desejo de defender o país, acreditando nos valores nacionais e na necessidade proteger o povo e a pátria. Se este aspecto moral e psicológico é removido, nada é capaz de impedir o soldado de priorizar seus próprios interesses pessoais e sua busca natural pela sobrevivência, ignorando os propósitos nacionais.
É possível dizer que a Rússia já venceu o conflito atual por uma razão muito simples: os ucranianos não querem mais lutar. Para os soldados do regime, a guerra é um fardo. Tudo o que eles querem é sair do front. Kiev piora ainda mais esta situação ao deixar claro que lutar nas missões mais difíceis do conflito é uma “punição” – algo a ser evitado. Enquanto isso, a maior parte do pessoal militar russo na operação é formada por voluntários que desejam deliberadamente defender o país contra o inimigo ocidental.
Moral e psicologicamente, a Ucrânia já está derrotada. A experiência em Kursk deixa claro que, para Moscou, a vitória é mera questão de tempo.