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Eduardo Vasco
September 10, 2024
© Photo: Al Manar

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A Organização dos Estados Americanos, como instrumento a serviço do imperialismo estadunidense, mais uma vez empreende uma campanha de ataques políticos, diplomáticos e propagandísticos contra a Venezuela.

A Organização dos Estados Americanos (OEA), como instrumento a serviço do imperialismo estadunidense, mais uma vez empreende uma campanha de ataques políticos, diplomáticos e propagandísticos contra a Venezuela, acusando o presidente Nicolás Maduro de ter fraudado as eleições. Obviamente, os veículos de propaganda dos EUA, com sucursais em todos os países da América Latina, difundem os ataques do secretário-geral da OEA, Luis Almagro, como se fossem feitos por uma autoridade prestigiada e independente.

Mas a OEA nunca foi um organismo independente e imparcial. Sua fundação ocorreu por iniciativa do governo dos Estados Unidos no início da “guerra fria”, a fim de estabelecer um controle definitivo sobre o seu “quintal” com a desculpa de conter o avanço do comunismo.

Em 1954, os Estados Unidos utilizaram a CIA e governos da América Central e do Caribe para derrubar o governo de Jacobo Arbenz na Guatemala. Isso foi facilitado por orquestrações durante a Conferência de Caracas da OEA, realizada apenas três meses antes do golpe – os EUA conseguiram aprovar uma resolução “contra a intervenção do comunismo internacional” no continente, vista como uma medida anti-Guatemala, cujo governo era acusado de ser comunista. Quando o golpe já estava ocorrendo, os EUA conseguiram bloquear a ONU para que a Comissão de Paz Interamericana da OEA investigasse a situação. Claro que essa investigação nunca ocorreu, como relata o historiador do establishment Arthur L. Link (História moderna dos Estados Unidos, Volume 3, p. 1399).

O golpe foi bem-sucedido e a OEA ignorou seus próprios documentos fundacionais, que pregavam a preservação da democracia no continente. Seguiu-se um período de ditadura militar que durou mais de 30 anos, sem que isso incomodasse minimamente a organização.

O comportamento da OEA foi bem distinto quando ocorreu a revolução cubana, poucos anos depois. Após a invasão da Baía dos Porcos promovida pela CIA em 1961, Cuba e EUA romperam relações e a ilha teve de recorrer a acordos comerciais com a União Soviética. Em resposta, a OEA afirmou que “o alinhamento desse governo com o bloco comunista quebra a unidade e a solidariedade do Hemisfério”, em resolução da Cúpula de Punta del Este de janeiro de 1962. Afirmou também “que o atual governo de Cuba, que oficialmente se identificou como um governo marxista-leninista, é incompatível com os princípios e propósitos do Sistema Interamericano”. Então aquela conferência decidiu expulsar Cuba da OEA.

Em seguida vieram dezenas de golpes militares na América Latina, incluindo no Brasil (1964), no Chile (1973) e na Argentina (1976). A OEA não considerou nenhuma dessas ditaduras assassinas “incompatível com os princípios e propósitos da organização”, que manteve relações normais com todos eles. Também ocorreram invasões dos Estados Unidos em Granada (1983) e no Panamá (1989) para depor seus presidentes, todas contra as normas da OEA, porém sem nenhum impedimento por parte da organização.

O caso mais bizarro foi a invasão britânica em território americano quando da Guerra das Malvinas contra a Argentina (1982). O Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), vinculado à OEA, prevê que, se um país membro for atacado por uma força externa, todos os seus signatários devem agir militarmente para protegê-lo. Mas ocorreu justamente o oposto: o TIAR não apenas não foi ativado, como a influência dos EUA fez com que a OEA lavasse suas mãos diante da agressão evidente contra um Estado membro. Mais do que isso: os EUA enviaram armamentos e prestaram assessoria às forças britânicas, ajuda que foi estimada em mais de 60 milhões de dólares e que foi essencial para a derrota da Argentina, segundo a imprensa da época.

A própria sede da OEA, onde trabalham seus funcionários, fica a menos de um quilômetro da Casa Branca e 60% do seu orçamento é pago pelos EUA (100%, em alguns órgãos), como lembrou um ex-ministro das Relações Exteriores do Equador. Cai como uma luva a caracterização de “ministério das colônias dos EUA” feita por Guillermo Toriello, chanceler de Jacobo Arbenz.

A OEA, no entanto, voltou a se incomodar com supostos ataques à democracia, tal como cinquenta anos antes em Cuba, quando iniciou uma campanha diplomática agressiva contra a Venezuela de Nicolás Maduro. Em resposta, seguindo o exemplo cubano, Maduro retirou a Venezuela da OEA. E a vida da organização seguiu normal, possibilitando o golpe de Estado de 2019 na Bolívia quando seus observadores acusaram Evo Morales de fraudar as eleições.

“As manipulações e irregularidades indicadas não permitem certeza sobre a margem de vitória do candidato Evo Morales sobre o candidato Carlos Mesa. Pelo contrário, com base nas evidências contundentes encontradas, o que se pode afirmar é que houve uma série de operações maliciosas destinadas a alterar a vontade expressa nas pesquisas”, afirmou o relatório dos observadores da OEA.

Mais tarde a OEA foi desmascarada por um estudo do Center for Economic and Policy Research, de Washington, que analisou sua auditoria da eleição boliviana e concluiu que a conduta da OEA foi “desonesta, parcial e pouco profissional“. Os autores afirmaram que a atuação da OEA afetou profundamente a credibilidade da instituição para conferir as eleições realizadas no continente (atuação que já havia sido irregular nas eleições de 2010 no Haiti, prejudicando o partido do ex-presidente Jean Bertrand Aristide, que já havia sido derrubado por golpes patrocinados pelos EUA em 1991 e 2004). Outra análise, de pesquisadores do MIT, também publicada em 2020, corroborou as conclusões de que a OEA manipulou o relatório, que serviu de base para a oposição dar um golpe de Estado contra Morales.

Todo o seu histórico comprova que a OEA é um instrumento totalmente a serviço da política imperialista dos Estados Unidos. Ela continua, no entanto, a ter autoridade para monitorar as eleições na maioria dos países do continente, como ocorreu em 2022 no Brasil, por exemplo. Isso é um gravíssimo erro do governo brasileiro: a qualquer momento a OEA pode contestar uma vitória legítima conquistada graças ao apoio do povo e iniciar, assim, um processo de desestabilização e golpe de Estado (como já fez parte em 1964 e em 2016 no Brasil). É preciso acabar com a OEA. Os governos latino-americanos e caribenhos devem esvaziar essa organização, para que restem nela apenas os EUA, o Canadá e seus prepostos diretos. Os exemplos de Cuba, Venezuela e Nicarágua, que, diante das intensas ingerências do órgão em sua política interna, simplesmente deixaram a OEA, devem ser aplaudidos e seguidos. A Celac pode muito bem servir como verdadeiro organismo continental que representa os diferentes governos latino-americanos e caribenhos, uma vez que ela, desde sua criação, é um organismo controlado pelos próprios países da região, sem permitir o controle do imperialismo estadunidense.

A história de golpes de Estado, apoio a invasões e manipulação eleitoral da OEA

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A Organização dos Estados Americanos, como instrumento a serviço do imperialismo estadunidense, mais uma vez empreende uma campanha de ataques políticos, diplomáticos e propagandísticos contra a Venezuela.

A Organização dos Estados Americanos (OEA), como instrumento a serviço do imperialismo estadunidense, mais uma vez empreende uma campanha de ataques políticos, diplomáticos e propagandísticos contra a Venezuela, acusando o presidente Nicolás Maduro de ter fraudado as eleições. Obviamente, os veículos de propaganda dos EUA, com sucursais em todos os países da América Latina, difundem os ataques do secretário-geral da OEA, Luis Almagro, como se fossem feitos por uma autoridade prestigiada e independente.

Mas a OEA nunca foi um organismo independente e imparcial. Sua fundação ocorreu por iniciativa do governo dos Estados Unidos no início da “guerra fria”, a fim de estabelecer um controle definitivo sobre o seu “quintal” com a desculpa de conter o avanço do comunismo.

Em 1954, os Estados Unidos utilizaram a CIA e governos da América Central e do Caribe para derrubar o governo de Jacobo Arbenz na Guatemala. Isso foi facilitado por orquestrações durante a Conferência de Caracas da OEA, realizada apenas três meses antes do golpe – os EUA conseguiram aprovar uma resolução “contra a intervenção do comunismo internacional” no continente, vista como uma medida anti-Guatemala, cujo governo era acusado de ser comunista. Quando o golpe já estava ocorrendo, os EUA conseguiram bloquear a ONU para que a Comissão de Paz Interamericana da OEA investigasse a situação. Claro que essa investigação nunca ocorreu, como relata o historiador do establishment Arthur L. Link (História moderna dos Estados Unidos, Volume 3, p. 1399).

O golpe foi bem-sucedido e a OEA ignorou seus próprios documentos fundacionais, que pregavam a preservação da democracia no continente. Seguiu-se um período de ditadura militar que durou mais de 30 anos, sem que isso incomodasse minimamente a organização.

O comportamento da OEA foi bem distinto quando ocorreu a revolução cubana, poucos anos depois. Após a invasão da Baía dos Porcos promovida pela CIA em 1961, Cuba e EUA romperam relações e a ilha teve de recorrer a acordos comerciais com a União Soviética. Em resposta, a OEA afirmou que “o alinhamento desse governo com o bloco comunista quebra a unidade e a solidariedade do Hemisfério”, em resolução da Cúpula de Punta del Este de janeiro de 1962. Afirmou também “que o atual governo de Cuba, que oficialmente se identificou como um governo marxista-leninista, é incompatível com os princípios e propósitos do Sistema Interamericano”. Então aquela conferência decidiu expulsar Cuba da OEA.

Em seguida vieram dezenas de golpes militares na América Latina, incluindo no Brasil (1964), no Chile (1973) e na Argentina (1976). A OEA não considerou nenhuma dessas ditaduras assassinas “incompatível com os princípios e propósitos da organização”, que manteve relações normais com todos eles. Também ocorreram invasões dos Estados Unidos em Granada (1983) e no Panamá (1989) para depor seus presidentes, todas contra as normas da OEA, porém sem nenhum impedimento por parte da organização.

O caso mais bizarro foi a invasão britânica em território americano quando da Guerra das Malvinas contra a Argentina (1982). O Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), vinculado à OEA, prevê que, se um país membro for atacado por uma força externa, todos os seus signatários devem agir militarmente para protegê-lo. Mas ocorreu justamente o oposto: o TIAR não apenas não foi ativado, como a influência dos EUA fez com que a OEA lavasse suas mãos diante da agressão evidente contra um Estado membro. Mais do que isso: os EUA enviaram armamentos e prestaram assessoria às forças britânicas, ajuda que foi estimada em mais de 60 milhões de dólares e que foi essencial para a derrota da Argentina, segundo a imprensa da época.

A própria sede da OEA, onde trabalham seus funcionários, fica a menos de um quilômetro da Casa Branca e 60% do seu orçamento é pago pelos EUA (100%, em alguns órgãos), como lembrou um ex-ministro das Relações Exteriores do Equador. Cai como uma luva a caracterização de “ministério das colônias dos EUA” feita por Guillermo Toriello, chanceler de Jacobo Arbenz.

A OEA, no entanto, voltou a se incomodar com supostos ataques à democracia, tal como cinquenta anos antes em Cuba, quando iniciou uma campanha diplomática agressiva contra a Venezuela de Nicolás Maduro. Em resposta, seguindo o exemplo cubano, Maduro retirou a Venezuela da OEA. E a vida da organização seguiu normal, possibilitando o golpe de Estado de 2019 na Bolívia quando seus observadores acusaram Evo Morales de fraudar as eleições.

“As manipulações e irregularidades indicadas não permitem certeza sobre a margem de vitória do candidato Evo Morales sobre o candidato Carlos Mesa. Pelo contrário, com base nas evidências contundentes encontradas, o que se pode afirmar é que houve uma série de operações maliciosas destinadas a alterar a vontade expressa nas pesquisas”, afirmou o relatório dos observadores da OEA.

Mais tarde a OEA foi desmascarada por um estudo do Center for Economic and Policy Research, de Washington, que analisou sua auditoria da eleição boliviana e concluiu que a conduta da OEA foi “desonesta, parcial e pouco profissional“. Os autores afirmaram que a atuação da OEA afetou profundamente a credibilidade da instituição para conferir as eleições realizadas no continente (atuação que já havia sido irregular nas eleições de 2010 no Haiti, prejudicando o partido do ex-presidente Jean Bertrand Aristide, que já havia sido derrubado por golpes patrocinados pelos EUA em 1991 e 2004). Outra análise, de pesquisadores do MIT, também publicada em 2020, corroborou as conclusões de que a OEA manipulou o relatório, que serviu de base para a oposição dar um golpe de Estado contra Morales.

Todo o seu histórico comprova que a OEA é um instrumento totalmente a serviço da política imperialista dos Estados Unidos. Ela continua, no entanto, a ter autoridade para monitorar as eleições na maioria dos países do continente, como ocorreu em 2022 no Brasil, por exemplo. Isso é um gravíssimo erro do governo brasileiro: a qualquer momento a OEA pode contestar uma vitória legítima conquistada graças ao apoio do povo e iniciar, assim, um processo de desestabilização e golpe de Estado (como já fez parte em 1964 e em 2016 no Brasil). É preciso acabar com a OEA. Os governos latino-americanos e caribenhos devem esvaziar essa organização, para que restem nela apenas os EUA, o Canadá e seus prepostos diretos. Os exemplos de Cuba, Venezuela e Nicarágua, que, diante das intensas ingerências do órgão em sua política interna, simplesmente deixaram a OEA, devem ser aplaudidos e seguidos. A Celac pode muito bem servir como verdadeiro organismo continental que representa os diferentes governos latino-americanos e caribenhos, uma vez que ela, desde sua criação, é um organismo controlado pelos próprios países da região, sem permitir o controle do imperialismo estadunidense.

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

A Organização dos Estados Americanos, como instrumento a serviço do imperialismo estadunidense, mais uma vez empreende uma campanha de ataques políticos, diplomáticos e propagandísticos contra a Venezuela.

A Organização dos Estados Americanos (OEA), como instrumento a serviço do imperialismo estadunidense, mais uma vez empreende uma campanha de ataques políticos, diplomáticos e propagandísticos contra a Venezuela, acusando o presidente Nicolás Maduro de ter fraudado as eleições. Obviamente, os veículos de propaganda dos EUA, com sucursais em todos os países da América Latina, difundem os ataques do secretário-geral da OEA, Luis Almagro, como se fossem feitos por uma autoridade prestigiada e independente.

Mas a OEA nunca foi um organismo independente e imparcial. Sua fundação ocorreu por iniciativa do governo dos Estados Unidos no início da “guerra fria”, a fim de estabelecer um controle definitivo sobre o seu “quintal” com a desculpa de conter o avanço do comunismo.

Em 1954, os Estados Unidos utilizaram a CIA e governos da América Central e do Caribe para derrubar o governo de Jacobo Arbenz na Guatemala. Isso foi facilitado por orquestrações durante a Conferência de Caracas da OEA, realizada apenas três meses antes do golpe – os EUA conseguiram aprovar uma resolução “contra a intervenção do comunismo internacional” no continente, vista como uma medida anti-Guatemala, cujo governo era acusado de ser comunista. Quando o golpe já estava ocorrendo, os EUA conseguiram bloquear a ONU para que a Comissão de Paz Interamericana da OEA investigasse a situação. Claro que essa investigação nunca ocorreu, como relata o historiador do establishment Arthur L. Link (História moderna dos Estados Unidos, Volume 3, p. 1399).

O golpe foi bem-sucedido e a OEA ignorou seus próprios documentos fundacionais, que pregavam a preservação da democracia no continente. Seguiu-se um período de ditadura militar que durou mais de 30 anos, sem que isso incomodasse minimamente a organização.

O comportamento da OEA foi bem distinto quando ocorreu a revolução cubana, poucos anos depois. Após a invasão da Baía dos Porcos promovida pela CIA em 1961, Cuba e EUA romperam relações e a ilha teve de recorrer a acordos comerciais com a União Soviética. Em resposta, a OEA afirmou que “o alinhamento desse governo com o bloco comunista quebra a unidade e a solidariedade do Hemisfério”, em resolução da Cúpula de Punta del Este de janeiro de 1962. Afirmou também “que o atual governo de Cuba, que oficialmente se identificou como um governo marxista-leninista, é incompatível com os princípios e propósitos do Sistema Interamericano”. Então aquela conferência decidiu expulsar Cuba da OEA.

Em seguida vieram dezenas de golpes militares na América Latina, incluindo no Brasil (1964), no Chile (1973) e na Argentina (1976). A OEA não considerou nenhuma dessas ditaduras assassinas “incompatível com os princípios e propósitos da organização”, que manteve relações normais com todos eles. Também ocorreram invasões dos Estados Unidos em Granada (1983) e no Panamá (1989) para depor seus presidentes, todas contra as normas da OEA, porém sem nenhum impedimento por parte da organização.

O caso mais bizarro foi a invasão britânica em território americano quando da Guerra das Malvinas contra a Argentina (1982). O Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), vinculado à OEA, prevê que, se um país membro for atacado por uma força externa, todos os seus signatários devem agir militarmente para protegê-lo. Mas ocorreu justamente o oposto: o TIAR não apenas não foi ativado, como a influência dos EUA fez com que a OEA lavasse suas mãos diante da agressão evidente contra um Estado membro. Mais do que isso: os EUA enviaram armamentos e prestaram assessoria às forças britânicas, ajuda que foi estimada em mais de 60 milhões de dólares e que foi essencial para a derrota da Argentina, segundo a imprensa da época.

A própria sede da OEA, onde trabalham seus funcionários, fica a menos de um quilômetro da Casa Branca e 60% do seu orçamento é pago pelos EUA (100%, em alguns órgãos), como lembrou um ex-ministro das Relações Exteriores do Equador. Cai como uma luva a caracterização de “ministério das colônias dos EUA” feita por Guillermo Toriello, chanceler de Jacobo Arbenz.

A OEA, no entanto, voltou a se incomodar com supostos ataques à democracia, tal como cinquenta anos antes em Cuba, quando iniciou uma campanha diplomática agressiva contra a Venezuela de Nicolás Maduro. Em resposta, seguindo o exemplo cubano, Maduro retirou a Venezuela da OEA. E a vida da organização seguiu normal, possibilitando o golpe de Estado de 2019 na Bolívia quando seus observadores acusaram Evo Morales de fraudar as eleições.

“As manipulações e irregularidades indicadas não permitem certeza sobre a margem de vitória do candidato Evo Morales sobre o candidato Carlos Mesa. Pelo contrário, com base nas evidências contundentes encontradas, o que se pode afirmar é que houve uma série de operações maliciosas destinadas a alterar a vontade expressa nas pesquisas”, afirmou o relatório dos observadores da OEA.

Mais tarde a OEA foi desmascarada por um estudo do Center for Economic and Policy Research, de Washington, que analisou sua auditoria da eleição boliviana e concluiu que a conduta da OEA foi “desonesta, parcial e pouco profissional“. Os autores afirmaram que a atuação da OEA afetou profundamente a credibilidade da instituição para conferir as eleições realizadas no continente (atuação que já havia sido irregular nas eleições de 2010 no Haiti, prejudicando o partido do ex-presidente Jean Bertrand Aristide, que já havia sido derrubado por golpes patrocinados pelos EUA em 1991 e 2004). Outra análise, de pesquisadores do MIT, também publicada em 2020, corroborou as conclusões de que a OEA manipulou o relatório, que serviu de base para a oposição dar um golpe de Estado contra Morales.

Todo o seu histórico comprova que a OEA é um instrumento totalmente a serviço da política imperialista dos Estados Unidos. Ela continua, no entanto, a ter autoridade para monitorar as eleições na maioria dos países do continente, como ocorreu em 2022 no Brasil, por exemplo. Isso é um gravíssimo erro do governo brasileiro: a qualquer momento a OEA pode contestar uma vitória legítima conquistada graças ao apoio do povo e iniciar, assim, um processo de desestabilização e golpe de Estado (como já fez parte em 1964 e em 2016 no Brasil). É preciso acabar com a OEA. Os governos latino-americanos e caribenhos devem esvaziar essa organização, para que restem nela apenas os EUA, o Canadá e seus prepostos diretos. Os exemplos de Cuba, Venezuela e Nicarágua, que, diante das intensas ingerências do órgão em sua política interna, simplesmente deixaram a OEA, devem ser aplaudidos e seguidos. A Celac pode muito bem servir como verdadeiro organismo continental que representa os diferentes governos latino-americanos e caribenhos, uma vez que ela, desde sua criação, é um organismo controlado pelos próprios países da região, sem permitir o controle do imperialismo estadunidense.

The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.

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