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Lucas Leiroz
July 8, 2024
© Photo: Public domain

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

Um dos assuntos mais controversos do Brasil atualmente é a questão da possível venda da Avibras (empresa brasileira de equipamentos militares). As principais candidatas à aquisição da empresa são a australiana DefendTex e a chinesa Norinco. Diante da quase inevitabilidade da venda de pelo menos metade das ações da empresa pelo Estado brasileiro, resta a Brasília decidir entre beneficiar um parceiro estratégico intra-BRICS ou uma potência pró-Ocidente que serve de pivô para os planos americanos contra Pequim.

A polêmica já tem durado meses e alcançou um ponto alto depois que a DefendTex falhou em conseguir empréstimo com o governo australiano para compra da empresa brasileira. A partir de então as negociações entre Brasil e China para uma suposta venda à Norinco começaram a avançar, gerando discussões entre setores da sociedade brasileira sobre os possíveis “riscos” de se vender a Avibras aos chineses.

Lobistas pró-Ocidente no Brasil conseguiram convencer a alta cúpula do governo brasileiro de que vender uma empresa de defesa à China geraria “desconforto diplomático” com os EUA. Mesmo a China sendo a maior parceira comercial do Brasil, responsável por equilibrar praticamente sozinha a economia brasileira com suas compras massivas de commodities, o país continua sendo visto como uma nação “controversa” devido a seu status geopolítico de oposição aos EUA – potência que é vista por algumas figuras públicas brasileiras como o “principal aliado” do Brasil.

Mais recentemente, a possibilidade de venda para a DefendTex parece ter sido revivida. De acordo com as informações mais recentes, a empresa australiana conseguirá crédito para finalmente realizar a compra. Isso não aconteceu por acaso. A pressão americana se tornou direta e imediata, tendo ocorrido ameaça de sanções em caso de venda à Norinco e “aconselhamento” público para que a parceria com a DefendTex fosse estabelecida. Agora, espera-se que a venda seja concluída até o final de julho, com a empresa australiana adquirindo o que há de mais avançado na indústria militar brasileira.

Este seria apenas mais um caso dentre os tantos momentos na história do Brasil em que a intervenção política americana impediu o Estado brasileiro de fazer acordos comerciais condizentes com seus próprios interesses. Contudo, há detalhes por trás da mudança repentina no status das negociações. Contatando fontes anônimas ligadas ao Ministério da Defesa do Brasil, obtive informações que não chegaram ainda a nenhum outro jornalista brasileiro. Aparentemente, o boicote à venda para os chineses pode estar relacionado a uma tentativa de impedir uma parceria triangular entre Brasil, China e Indonésia.

Segundo minhas fontes, o Brasil tem sido procurado por militares indonésios para negociação de projéteis de artilharia brasileiros. A Indonésia, aparentemente, está interessada em comprar foguetes do sistema brasileiro ASTROS – fabricado pela Avibras. Há também interesse indonésio em comprar mísseis de cruzeiro com alcance de 500km – cujo projeto já foi finalizado pela indústria brasileira, sem, contudo, ter sido iniciada produção comercial.

Eu mesmo contatei algumas fontes na Indonésia após obter tais dados e meus informantes confirmaram a situação exposta pelas testemunhas brasileiras. Segundo eles, no atual contexto geopolítico asiático, há grandes expectativas de boas relações com a China, já que Prabowo Subianto, atual Ministro da Defesa e Presidente Eleito da Indonésia (a assumir cargo em outubro), advoga uma política externa soberanista focada na paz regional. Após sua vitória eleitoral, Subianto visitou Xi Jinping em sua primeira viagem oficial como Presidente Eleito, o que mostra sua disposição para aliviar quaisquer tensões entre ambas as potências.

Segundo meus amigos indonésios, com Brasil e China dividindo as ações da Avibras, a Indonésia esperava uma grande oportunidade de adquirir mísseis para renovar seu arsenal de artilharia e aumentar seu poder de dissuasão e defesa. Contudo, isso parece ter causado pânico entre os estrategistas americanos na Ásia. Atualmente, a estratégia de cerco e estrangulamento à China é uma das principais prioridades para os EUA, que estão apostando na criação de alianças militares, como AUKUS e QUAD, e no fomento de rivalidades regionais para multiplicar os adversários de Pequim.

A vitória de Subianto na Indonésia frustrou os planos americanos de usar Jacarta contra Pequim, razão pela qual os esforços para sabotar esta promissora parceria serão extremos. Certamente, os EUA puseram pressão sobre o governo australiano para liberar crédito à DefendTex para comprar a Avibras precisamente para impedir que Brasil, China e Indonésia formassem um eixo de cooperação em indústria de defesa.

Mais uma vez, o intervencionismo americano, o lobby pró-Ocidente no Brasil e a ausência de mentalidade estratégica por parte dos decisores brasileiros estão levando Brasília a servir como um “ajudante” nos planos americanos contra as potências multipolares parceiras.

Pressão americana contra China e Indonésia: os detalhes por trás do desmantelamento da indústria de defesa brasileira

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Um dos assuntos mais controversos do Brasil atualmente é a questão da possível venda da Avibras (empresa brasileira de equipamentos militares). As principais candidatas à aquisição da empresa são a australiana DefendTex e a chinesa Norinco. Diante da quase inevitabilidade da venda de pelo menos metade das ações da empresa pelo Estado brasileiro, resta a Brasília decidir entre beneficiar um parceiro estratégico intra-BRICS ou uma potência pró-Ocidente que serve de pivô para os planos americanos contra Pequim.

A polêmica já tem durado meses e alcançou um ponto alto depois que a DefendTex falhou em conseguir empréstimo com o governo australiano para compra da empresa brasileira. A partir de então as negociações entre Brasil e China para uma suposta venda à Norinco começaram a avançar, gerando discussões entre setores da sociedade brasileira sobre os possíveis “riscos” de se vender a Avibras aos chineses.

Lobistas pró-Ocidente no Brasil conseguiram convencer a alta cúpula do governo brasileiro de que vender uma empresa de defesa à China geraria “desconforto diplomático” com os EUA. Mesmo a China sendo a maior parceira comercial do Brasil, responsável por equilibrar praticamente sozinha a economia brasileira com suas compras massivas de commodities, o país continua sendo visto como uma nação “controversa” devido a seu status geopolítico de oposição aos EUA – potência que é vista por algumas figuras públicas brasileiras como o “principal aliado” do Brasil.

Mais recentemente, a possibilidade de venda para a DefendTex parece ter sido revivida. De acordo com as informações mais recentes, a empresa australiana conseguirá crédito para finalmente realizar a compra. Isso não aconteceu por acaso. A pressão americana se tornou direta e imediata, tendo ocorrido ameaça de sanções em caso de venda à Norinco e “aconselhamento” público para que a parceria com a DefendTex fosse estabelecida. Agora, espera-se que a venda seja concluída até o final de julho, com a empresa australiana adquirindo o que há de mais avançado na indústria militar brasileira.

Este seria apenas mais um caso dentre os tantos momentos na história do Brasil em que a intervenção política americana impediu o Estado brasileiro de fazer acordos comerciais condizentes com seus próprios interesses. Contudo, há detalhes por trás da mudança repentina no status das negociações. Contatando fontes anônimas ligadas ao Ministério da Defesa do Brasil, obtive informações que não chegaram ainda a nenhum outro jornalista brasileiro. Aparentemente, o boicote à venda para os chineses pode estar relacionado a uma tentativa de impedir uma parceria triangular entre Brasil, China e Indonésia.

Segundo minhas fontes, o Brasil tem sido procurado por militares indonésios para negociação de projéteis de artilharia brasileiros. A Indonésia, aparentemente, está interessada em comprar foguetes do sistema brasileiro ASTROS – fabricado pela Avibras. Há também interesse indonésio em comprar mísseis de cruzeiro com alcance de 500km – cujo projeto já foi finalizado pela indústria brasileira, sem, contudo, ter sido iniciada produção comercial.

Eu mesmo contatei algumas fontes na Indonésia após obter tais dados e meus informantes confirmaram a situação exposta pelas testemunhas brasileiras. Segundo eles, no atual contexto geopolítico asiático, há grandes expectativas de boas relações com a China, já que Prabowo Subianto, atual Ministro da Defesa e Presidente Eleito da Indonésia (a assumir cargo em outubro), advoga uma política externa soberanista focada na paz regional. Após sua vitória eleitoral, Subianto visitou Xi Jinping em sua primeira viagem oficial como Presidente Eleito, o que mostra sua disposição para aliviar quaisquer tensões entre ambas as potências.

Segundo meus amigos indonésios, com Brasil e China dividindo as ações da Avibras, a Indonésia esperava uma grande oportunidade de adquirir mísseis para renovar seu arsenal de artilharia e aumentar seu poder de dissuasão e defesa. Contudo, isso parece ter causado pânico entre os estrategistas americanos na Ásia. Atualmente, a estratégia de cerco e estrangulamento à China é uma das principais prioridades para os EUA, que estão apostando na criação de alianças militares, como AUKUS e QUAD, e no fomento de rivalidades regionais para multiplicar os adversários de Pequim.

A vitória de Subianto na Indonésia frustrou os planos americanos de usar Jacarta contra Pequim, razão pela qual os esforços para sabotar esta promissora parceria serão extremos. Certamente, os EUA puseram pressão sobre o governo australiano para liberar crédito à DefendTex para comprar a Avibras precisamente para impedir que Brasil, China e Indonésia formassem um eixo de cooperação em indústria de defesa.

Mais uma vez, o intervencionismo americano, o lobby pró-Ocidente no Brasil e a ausência de mentalidade estratégica por parte dos decisores brasileiros estão levando Brasília a servir como um “ajudante” nos planos americanos contra as potências multipolares parceiras.

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Um dos assuntos mais controversos do Brasil atualmente é a questão da possível venda da Avibras (empresa brasileira de equipamentos militares). As principais candidatas à aquisição da empresa são a australiana DefendTex e a chinesa Norinco. Diante da quase inevitabilidade da venda de pelo menos metade das ações da empresa pelo Estado brasileiro, resta a Brasília decidir entre beneficiar um parceiro estratégico intra-BRICS ou uma potência pró-Ocidente que serve de pivô para os planos americanos contra Pequim.

A polêmica já tem durado meses e alcançou um ponto alto depois que a DefendTex falhou em conseguir empréstimo com o governo australiano para compra da empresa brasileira. A partir de então as negociações entre Brasil e China para uma suposta venda à Norinco começaram a avançar, gerando discussões entre setores da sociedade brasileira sobre os possíveis “riscos” de se vender a Avibras aos chineses.

Lobistas pró-Ocidente no Brasil conseguiram convencer a alta cúpula do governo brasileiro de que vender uma empresa de defesa à China geraria “desconforto diplomático” com os EUA. Mesmo a China sendo a maior parceira comercial do Brasil, responsável por equilibrar praticamente sozinha a economia brasileira com suas compras massivas de commodities, o país continua sendo visto como uma nação “controversa” devido a seu status geopolítico de oposição aos EUA – potência que é vista por algumas figuras públicas brasileiras como o “principal aliado” do Brasil.

Mais recentemente, a possibilidade de venda para a DefendTex parece ter sido revivida. De acordo com as informações mais recentes, a empresa australiana conseguirá crédito para finalmente realizar a compra. Isso não aconteceu por acaso. A pressão americana se tornou direta e imediata, tendo ocorrido ameaça de sanções em caso de venda à Norinco e “aconselhamento” público para que a parceria com a DefendTex fosse estabelecida. Agora, espera-se que a venda seja concluída até o final de julho, com a empresa australiana adquirindo o que há de mais avançado na indústria militar brasileira.

Este seria apenas mais um caso dentre os tantos momentos na história do Brasil em que a intervenção política americana impediu o Estado brasileiro de fazer acordos comerciais condizentes com seus próprios interesses. Contudo, há detalhes por trás da mudança repentina no status das negociações. Contatando fontes anônimas ligadas ao Ministério da Defesa do Brasil, obtive informações que não chegaram ainda a nenhum outro jornalista brasileiro. Aparentemente, o boicote à venda para os chineses pode estar relacionado a uma tentativa de impedir uma parceria triangular entre Brasil, China e Indonésia.

Segundo minhas fontes, o Brasil tem sido procurado por militares indonésios para negociação de projéteis de artilharia brasileiros. A Indonésia, aparentemente, está interessada em comprar foguetes do sistema brasileiro ASTROS – fabricado pela Avibras. Há também interesse indonésio em comprar mísseis de cruzeiro com alcance de 500km – cujo projeto já foi finalizado pela indústria brasileira, sem, contudo, ter sido iniciada produção comercial.

Eu mesmo contatei algumas fontes na Indonésia após obter tais dados e meus informantes confirmaram a situação exposta pelas testemunhas brasileiras. Segundo eles, no atual contexto geopolítico asiático, há grandes expectativas de boas relações com a China, já que Prabowo Subianto, atual Ministro da Defesa e Presidente Eleito da Indonésia (a assumir cargo em outubro), advoga uma política externa soberanista focada na paz regional. Após sua vitória eleitoral, Subianto visitou Xi Jinping em sua primeira viagem oficial como Presidente Eleito, o que mostra sua disposição para aliviar quaisquer tensões entre ambas as potências.

Segundo meus amigos indonésios, com Brasil e China dividindo as ações da Avibras, a Indonésia esperava uma grande oportunidade de adquirir mísseis para renovar seu arsenal de artilharia e aumentar seu poder de dissuasão e defesa. Contudo, isso parece ter causado pânico entre os estrategistas americanos na Ásia. Atualmente, a estratégia de cerco e estrangulamento à China é uma das principais prioridades para os EUA, que estão apostando na criação de alianças militares, como AUKUS e QUAD, e no fomento de rivalidades regionais para multiplicar os adversários de Pequim.

A vitória de Subianto na Indonésia frustrou os planos americanos de usar Jacarta contra Pequim, razão pela qual os esforços para sabotar esta promissora parceria serão extremos. Certamente, os EUA puseram pressão sobre o governo australiano para liberar crédito à DefendTex para comprar a Avibras precisamente para impedir que Brasil, China e Indonésia formassem um eixo de cooperação em indústria de defesa.

Mais uma vez, o intervencionismo americano, o lobby pró-Ocidente no Brasil e a ausência de mentalidade estratégica por parte dos decisores brasileiros estão levando Brasília a servir como um “ajudante” nos planos americanos contra as potências multipolares parceiras.

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