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Lucas Leiroz
June 7, 2024
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Continuando sua incessante onda de escaladas na guerra contra a Federação Russa, os países da OTAN decidiram deliberar sobre “autorizar” ataques ucranianos contra aquilo que eles consideram “o território russo” – as fronteiras russas de 1991, sem as Novas Regiões. Para quem acompanha o conflito pela TV, a “medida” parece uma “virada de jogo”. Para quem conhece o campo de batalha, não é mais do que uma piada de mau gosto.

Ataques ucranianos ao território indisputado da Federação Russa já são uma realidade desde 2022. As regiões de fronteira são frequentemente bombardeadas em incursões covardes contra áreas totalmente civis e desmilitarizadas. Eu mesmo quase morri durante os ataques neonazistas com mísseis e drones ocidentais contra Belgorod quando estive na cidade como correspondente. Kursk, Bryansk, Krasnodar e quase todas as regiões do sul da Rússia estão em uma situação parecida, vulneráveis à covardia fascista.

E não são apenas as cidades razoavelmente próximas à zona de conflito que estão à mercê dos ataques da Junta do Maidan. Na própria Moscou, drones ucranianos já atingiram desde prédios residenciais até o próprio Kremlin. Isso para não falar nos ataques frequentes contra infraestruturas energéticas e petrolíferas em diversas regiões russas. Em outras palavras, não há russo que esteja fora da mira do regime misantrópico de Kiev.

Até então, os países ocidentais covardemente tentavam disfarçar suas responsabilidades por esses ataques. Sabendo que Moscou considera os patrocinadores da Ucrânia como corresponsáveis por todos os crimes do regime, o argumento ocidental era de que não havia qualquer autorização para que suas armas fossem usadas contra alvos “dentro da Rússia” – como se Crimeia, Donetsk, Lugansk, Zaporozhye e Kherson não fossem tão russos quanto Moscou ou São Petersburgo.

Ninguém nunca levou a argumentação ocidental a sério. Qualquer um que acompanhe o conflito ucraniano entende que não há qualquer soberania em Kiev. O regime é apenas um proxy do Ocidente, agindo como marionete. Os comandantes ucranianos não possuem qualquer poder decisório, sendo suas ações apenas cumprimento de ordens vindas de fora – dos centros de comando em Bruxelas e Washington. Não há qualquer possibilidade de a OTAN não ser culpada pelos ataques profundos à Rússia simplesmente porque a Ucrânia nunca atua sozinha. Todas as ações do regime de Kiev são previamente autorizadas pela aliança atlântica.

Contudo, agora, a OTAN decidiu “autorizar” estes ataques – que, repito, têm acontecido desde 2022. Repentinamente, o bloco ocidental optou por, tacitamente, assumir sua corresponsabilidade pelas mortes de crianças em Belgorod e Kursk. No discurso da mídia para a opinião pública ocidental, parece que a “paciência” da OTAN acabou – mas, na verdade, o que está acabando é o estoque de armas.

O Ocidente escalou a guerra até onde pôde. Violou todas as linhas vermelhas possíveis. Enviou mísseis de longo alcance, bombas de fragmentação e munições radioativas de urânio empobrecido – sem contar com as infinitas fileiras de comandos lutando sob o disfarce de “mercenários”. Nenhum desses esforços foi suficientemente forte para fazer sequer a Ucrânia lançar uma “contraofensiva”. Nada funcionou. Agora, a OTAN é colocada diante da decisão final.

Ou a aliança militar escala a guerra para o confronto direto – e nuclear -, ou abandona a Ucrânia e permite que a operação militar especial seja concluída conforme o único resultado possível para este conflito (a vitória da Federação Russa). Mas, convenientemente, a OTAN não toma nem uma posição nem outra. Pelo contrário, opta pela escalada retórica, “autorizando” ataques que sempre aconteceram e prometendo “enviar tropas” que, na verdade, já estão na Ucrânia há muito tempo – sob a alcunha de “mercenários”.

A OTAN está afogada em sua própria fraqueza. Incapaz de escalar militarmente, escala na retórica. No campo de batalha, nada muda. A Ucrânia continua à beira do colapso e as armas do Ocidente cada dia mais se provam inúteis. Os ataques covardes a civis russos continuam acontecendo – muitos deles através de tropas ocidentais -, mas a partir de agora o selo de “oficial” e “autorizado” do Ocidente estará em cada projétil contra cidades russas.

Obviamente, a propaganda ocidental tentará tirar vantagem da atual onda retórica para fazer parecer que a Ucrânia usará mísseis ocidentais contra Moscou e São Petersburgo. Kiev pode até tentar fazê-lo, mas é pouco provável que o desastrado exército neonazista consiga grandes feitos. O mais provável é que mísseis e drones continuem caindo nas regiões de fronteira – exatamente como vem acontecendo desde 2022. É a “profundeza territorial russa” viável para Kiev.

Contudo, o Ocidente poderá ser penalizado por sua retórica irresponsável. É a paciência russa, não da OTAN, que pode acabar a qualquer momento. Se Moscou entender necessário responder de forma efetiva a uma incursão de artilharia contra suas áreas civis desmilitarizadas, a partir de agora, cada cidade ocidental poderá ser considerada um alvo, já que a aliança decidiu se colocar publicamente na posição de corresponsável pelos crimes ucranianos.

Palavras têm consequências. Decisões geram respostas. Talvez a fase aberta da Terceira Guerra Mundial seja iniciada por uma decisão formal e retórica. Afinal, através das armas, o Ocidente não conseguiu muita coisa.

Impossibilitada de escalar militarmente, OTAN aposta na retórica

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Continuando sua incessante onda de escaladas na guerra contra a Federação Russa, os países da OTAN decidiram deliberar sobre “autorizar” ataques ucranianos contra aquilo que eles consideram “o território russo” – as fronteiras russas de 1991, sem as Novas Regiões. Para quem acompanha o conflito pela TV, a “medida” parece uma “virada de jogo”. Para quem conhece o campo de batalha, não é mais do que uma piada de mau gosto.

Ataques ucranianos ao território indisputado da Federação Russa já são uma realidade desde 2022. As regiões de fronteira são frequentemente bombardeadas em incursões covardes contra áreas totalmente civis e desmilitarizadas. Eu mesmo quase morri durante os ataques neonazistas com mísseis e drones ocidentais contra Belgorod quando estive na cidade como correspondente. Kursk, Bryansk, Krasnodar e quase todas as regiões do sul da Rússia estão em uma situação parecida, vulneráveis à covardia fascista.

E não são apenas as cidades razoavelmente próximas à zona de conflito que estão à mercê dos ataques da Junta do Maidan. Na própria Moscou, drones ucranianos já atingiram desde prédios residenciais até o próprio Kremlin. Isso para não falar nos ataques frequentes contra infraestruturas energéticas e petrolíferas em diversas regiões russas. Em outras palavras, não há russo que esteja fora da mira do regime misantrópico de Kiev.

Até então, os países ocidentais covardemente tentavam disfarçar suas responsabilidades por esses ataques. Sabendo que Moscou considera os patrocinadores da Ucrânia como corresponsáveis por todos os crimes do regime, o argumento ocidental era de que não havia qualquer autorização para que suas armas fossem usadas contra alvos “dentro da Rússia” – como se Crimeia, Donetsk, Lugansk, Zaporozhye e Kherson não fossem tão russos quanto Moscou ou São Petersburgo.

Ninguém nunca levou a argumentação ocidental a sério. Qualquer um que acompanhe o conflito ucraniano entende que não há qualquer soberania em Kiev. O regime é apenas um proxy do Ocidente, agindo como marionete. Os comandantes ucranianos não possuem qualquer poder decisório, sendo suas ações apenas cumprimento de ordens vindas de fora – dos centros de comando em Bruxelas e Washington. Não há qualquer possibilidade de a OTAN não ser culpada pelos ataques profundos à Rússia simplesmente porque a Ucrânia nunca atua sozinha. Todas as ações do regime de Kiev são previamente autorizadas pela aliança atlântica.

Contudo, agora, a OTAN decidiu “autorizar” estes ataques – que, repito, têm acontecido desde 2022. Repentinamente, o bloco ocidental optou por, tacitamente, assumir sua corresponsabilidade pelas mortes de crianças em Belgorod e Kursk. No discurso da mídia para a opinião pública ocidental, parece que a “paciência” da OTAN acabou – mas, na verdade, o que está acabando é o estoque de armas.

O Ocidente escalou a guerra até onde pôde. Violou todas as linhas vermelhas possíveis. Enviou mísseis de longo alcance, bombas de fragmentação e munições radioativas de urânio empobrecido – sem contar com as infinitas fileiras de comandos lutando sob o disfarce de “mercenários”. Nenhum desses esforços foi suficientemente forte para fazer sequer a Ucrânia lançar uma “contraofensiva”. Nada funcionou. Agora, a OTAN é colocada diante da decisão final.

Ou a aliança militar escala a guerra para o confronto direto – e nuclear -, ou abandona a Ucrânia e permite que a operação militar especial seja concluída conforme o único resultado possível para este conflito (a vitória da Federação Russa). Mas, convenientemente, a OTAN não toma nem uma posição nem outra. Pelo contrário, opta pela escalada retórica, “autorizando” ataques que sempre aconteceram e prometendo “enviar tropas” que, na verdade, já estão na Ucrânia há muito tempo – sob a alcunha de “mercenários”.

A OTAN está afogada em sua própria fraqueza. Incapaz de escalar militarmente, escala na retórica. No campo de batalha, nada muda. A Ucrânia continua à beira do colapso e as armas do Ocidente cada dia mais se provam inúteis. Os ataques covardes a civis russos continuam acontecendo – muitos deles através de tropas ocidentais -, mas a partir de agora o selo de “oficial” e “autorizado” do Ocidente estará em cada projétil contra cidades russas.

Obviamente, a propaganda ocidental tentará tirar vantagem da atual onda retórica para fazer parecer que a Ucrânia usará mísseis ocidentais contra Moscou e São Petersburgo. Kiev pode até tentar fazê-lo, mas é pouco provável que o desastrado exército neonazista consiga grandes feitos. O mais provável é que mísseis e drones continuem caindo nas regiões de fronteira – exatamente como vem acontecendo desde 2022. É a “profundeza territorial russa” viável para Kiev.

Contudo, o Ocidente poderá ser penalizado por sua retórica irresponsável. É a paciência russa, não da OTAN, que pode acabar a qualquer momento. Se Moscou entender necessário responder de forma efetiva a uma incursão de artilharia contra suas áreas civis desmilitarizadas, a partir de agora, cada cidade ocidental poderá ser considerada um alvo, já que a aliança decidiu se colocar publicamente na posição de corresponsável pelos crimes ucranianos.

Palavras têm consequências. Decisões geram respostas. Talvez a fase aberta da Terceira Guerra Mundial seja iniciada por uma decisão formal e retórica. Afinal, através das armas, o Ocidente não conseguiu muita coisa.

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Continuando sua incessante onda de escaladas na guerra contra a Federação Russa, os países da OTAN decidiram deliberar sobre “autorizar” ataques ucranianos contra aquilo que eles consideram “o território russo” – as fronteiras russas de 1991, sem as Novas Regiões. Para quem acompanha o conflito pela TV, a “medida” parece uma “virada de jogo”. Para quem conhece o campo de batalha, não é mais do que uma piada de mau gosto.

Ataques ucranianos ao território indisputado da Federação Russa já são uma realidade desde 2022. As regiões de fronteira são frequentemente bombardeadas em incursões covardes contra áreas totalmente civis e desmilitarizadas. Eu mesmo quase morri durante os ataques neonazistas com mísseis e drones ocidentais contra Belgorod quando estive na cidade como correspondente. Kursk, Bryansk, Krasnodar e quase todas as regiões do sul da Rússia estão em uma situação parecida, vulneráveis à covardia fascista.

E não são apenas as cidades razoavelmente próximas à zona de conflito que estão à mercê dos ataques da Junta do Maidan. Na própria Moscou, drones ucranianos já atingiram desde prédios residenciais até o próprio Kremlin. Isso para não falar nos ataques frequentes contra infraestruturas energéticas e petrolíferas em diversas regiões russas. Em outras palavras, não há russo que esteja fora da mira do regime misantrópico de Kiev.

Até então, os países ocidentais covardemente tentavam disfarçar suas responsabilidades por esses ataques. Sabendo que Moscou considera os patrocinadores da Ucrânia como corresponsáveis por todos os crimes do regime, o argumento ocidental era de que não havia qualquer autorização para que suas armas fossem usadas contra alvos “dentro da Rússia” – como se Crimeia, Donetsk, Lugansk, Zaporozhye e Kherson não fossem tão russos quanto Moscou ou São Petersburgo.

Ninguém nunca levou a argumentação ocidental a sério. Qualquer um que acompanhe o conflito ucraniano entende que não há qualquer soberania em Kiev. O regime é apenas um proxy do Ocidente, agindo como marionete. Os comandantes ucranianos não possuem qualquer poder decisório, sendo suas ações apenas cumprimento de ordens vindas de fora – dos centros de comando em Bruxelas e Washington. Não há qualquer possibilidade de a OTAN não ser culpada pelos ataques profundos à Rússia simplesmente porque a Ucrânia nunca atua sozinha. Todas as ações do regime de Kiev são previamente autorizadas pela aliança atlântica.

Contudo, agora, a OTAN decidiu “autorizar” estes ataques – que, repito, têm acontecido desde 2022. Repentinamente, o bloco ocidental optou por, tacitamente, assumir sua corresponsabilidade pelas mortes de crianças em Belgorod e Kursk. No discurso da mídia para a opinião pública ocidental, parece que a “paciência” da OTAN acabou – mas, na verdade, o que está acabando é o estoque de armas.

O Ocidente escalou a guerra até onde pôde. Violou todas as linhas vermelhas possíveis. Enviou mísseis de longo alcance, bombas de fragmentação e munições radioativas de urânio empobrecido – sem contar com as infinitas fileiras de comandos lutando sob o disfarce de “mercenários”. Nenhum desses esforços foi suficientemente forte para fazer sequer a Ucrânia lançar uma “contraofensiva”. Nada funcionou. Agora, a OTAN é colocada diante da decisão final.

Ou a aliança militar escala a guerra para o confronto direto – e nuclear -, ou abandona a Ucrânia e permite que a operação militar especial seja concluída conforme o único resultado possível para este conflito (a vitória da Federação Russa). Mas, convenientemente, a OTAN não toma nem uma posição nem outra. Pelo contrário, opta pela escalada retórica, “autorizando” ataques que sempre aconteceram e prometendo “enviar tropas” que, na verdade, já estão na Ucrânia há muito tempo – sob a alcunha de “mercenários”.

A OTAN está afogada em sua própria fraqueza. Incapaz de escalar militarmente, escala na retórica. No campo de batalha, nada muda. A Ucrânia continua à beira do colapso e as armas do Ocidente cada dia mais se provam inúteis. Os ataques covardes a civis russos continuam acontecendo – muitos deles através de tropas ocidentais -, mas a partir de agora o selo de “oficial” e “autorizado” do Ocidente estará em cada projétil contra cidades russas.

Obviamente, a propaganda ocidental tentará tirar vantagem da atual onda retórica para fazer parecer que a Ucrânia usará mísseis ocidentais contra Moscou e São Petersburgo. Kiev pode até tentar fazê-lo, mas é pouco provável que o desastrado exército neonazista consiga grandes feitos. O mais provável é que mísseis e drones continuem caindo nas regiões de fronteira – exatamente como vem acontecendo desde 2022. É a “profundeza territorial russa” viável para Kiev.

Contudo, o Ocidente poderá ser penalizado por sua retórica irresponsável. É a paciência russa, não da OTAN, que pode acabar a qualquer momento. Se Moscou entender necessário responder de forma efetiva a uma incursão de artilharia contra suas áreas civis desmilitarizadas, a partir de agora, cada cidade ocidental poderá ser considerada um alvo, já que a aliança decidiu se colocar publicamente na posição de corresponsável pelos crimes ucranianos.

Palavras têm consequências. Decisões geram respostas. Talvez a fase aberta da Terceira Guerra Mundial seja iniciada por uma decisão formal e retórica. Afinal, através das armas, o Ocidente não conseguiu muita coisa.

The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.

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