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Lucas Leiroz
May 25, 2024
© Photo: Public domain

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

A tragédia iraniana chocou o mundo. A perda simultânea de quatro altos oficiais, incluindo o presidente do país e seu ministro de relações exteriores, foi lamentada não apenas pelo povo iraniano, mas por todos os países livres e comprometidos com a diplomacia e a paz. As circunstâncias do acidente favorecem a tese de que houve um ataque direcionado ou uma operação de sabotagem. E falar sobre isso não deveria ser considerado ‘teoria da conspiração”.

Antes de tudo, é preciso admitir que o serviço iraniano de segurança errou gravemente ao alocar em um mesmo helicóptero quatro oficiais. Evitar aglomeração de pessoas importantes em um mesmo veículo é um requisito básico de segurança, ao qual todos os Estados devem manter atenção para evitar tragédias como esta do Irã.

Contudo, há uma série de outras questões importantes a serem analisadas neste contexto. As condições climáticas eram extremamente desfavoráveis, havendo forte neblina na fronteira com o Azerbaijão – o que dificulta o trabalho de pilotas de helicópteros e jatos. O fato de se haver sobrevoado uma grande floreta sob tais condições deve ser levado em conta, pois estas circunstâncias obviamente favorecem acidentes aéreos.

Isto, porém, não é suficiente para entender o caso. Não se pode ignorar o fato de que Raisi e seu time estavam vindo do Azerbaijão, que é um ator regional extremamente complicado. Apesar do Irã fazer o possível para manter o equilíbrio nas relações com Baku, o Azerbaijão é um verdadeiro proxy do regime sionista – o maior inimigo do Irã. As relações entre Baku e Tel Aviv são extremamente avançadas, com os sionistas fornecendo armamento pesado e apoio de inteligência aos azeris. Os iranianos deveriam ter redobrado sua atenção a todos os protocolos de segurança tradicionais, considerando que estavam em território “inimigo”.

Nas tensões entre Azerbaijão e Armênia, a posição do Irã é bastante equilibrada. Teerã reconhece Nagorno Karabakh como território azeri, mas não admite que Baku vá além das fronteiras e entre em território armênio. Tal invasão viabilizaria a ocupação de posições estratégicas próximas ao Irã, o que é visto corretamente como algo extremamente perigoso para Teerã, dada a aliança entre Baku e Tel Aviv. Como o regime pró-Ocidente da Armênia desistiu de proteger o povo de Artsakh e verdadeiramente entregou a região para os azeris, então o Irã tentou manter uma estratégia de pacificação regional e retomada de bons laços com Baku, o que explica a visita de Raisi.

Infelizmente, o Azerbaijão não parece estar tão disposto a agir com gentileza diplomática. A presença sionista no país é extremamente forte. A inteligência israelense trabalha livremente no Azerbaijão, inclusive entre os círculos militares do país. Obviamente, é preciso considerar que estes agentes israelenses poderiam estar interessados em atingir um alvo iraniano, o que legitima qualquer suspeita de envolvimento israelense.

Não é possível saber ainda se o helicóptero foi atingido ou explodido com uma bomba plantada – caso realmente tenha ocorrido uma sabotagem. O ponto é que tais possibilidades são realmente viáveis e devem ser investigadas a sério. Não há qualquer teoria da conspiração em se suspeitar da versão de mero “acidente”.

Contudo, é interessante analisar como a estratégia israelense parece ilógica e antirracional, caso tenha ocorrido sabotagem. Assassinar oficiais geralmente gera comoção pública e radicalização da sociedade em prol do Estado. O povo iraniano reagirá se tornando ainda mais unido na luta da República Islâmica contra a ocupação colonial e genocida do regime sionista.

Outro fator importante é o fato de o Irã manter um sistema político no qual o verdadeiro chefe de Estado é um representante religioso, não o presidente. Independentemente de quem seja o presidente iraniano, enquanto houver o Aiatolá, o país continuará a ter um líder capaz de gerir a nação e manter a unidade política. O Irã não parece ter ficado minimamente desestabilizado pelo “acidente”, senão mais unido, forte e convicto.

No fim, é possível dizer que, sem dúvidas, houve um “acidente”, mas talvez tenha sido um “acidente” na desastrosa estratégia de guerra sionista, e não exatamente no helicóptero iraniano.

Houve um acidente: talvez no helicóptero, mas mais provavelmente na estratégia israelense

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A tragédia iraniana chocou o mundo. A perda simultânea de quatro altos oficiais, incluindo o presidente do país e seu ministro de relações exteriores, foi lamentada não apenas pelo povo iraniano, mas por todos os países livres e comprometidos com a diplomacia e a paz. As circunstâncias do acidente favorecem a tese de que houve um ataque direcionado ou uma operação de sabotagem. E falar sobre isso não deveria ser considerado ‘teoria da conspiração”.

Antes de tudo, é preciso admitir que o serviço iraniano de segurança errou gravemente ao alocar em um mesmo helicóptero quatro oficiais. Evitar aglomeração de pessoas importantes em um mesmo veículo é um requisito básico de segurança, ao qual todos os Estados devem manter atenção para evitar tragédias como esta do Irã.

Contudo, há uma série de outras questões importantes a serem analisadas neste contexto. As condições climáticas eram extremamente desfavoráveis, havendo forte neblina na fronteira com o Azerbaijão – o que dificulta o trabalho de pilotas de helicópteros e jatos. O fato de se haver sobrevoado uma grande floreta sob tais condições deve ser levado em conta, pois estas circunstâncias obviamente favorecem acidentes aéreos.

Isto, porém, não é suficiente para entender o caso. Não se pode ignorar o fato de que Raisi e seu time estavam vindo do Azerbaijão, que é um ator regional extremamente complicado. Apesar do Irã fazer o possível para manter o equilíbrio nas relações com Baku, o Azerbaijão é um verdadeiro proxy do regime sionista – o maior inimigo do Irã. As relações entre Baku e Tel Aviv são extremamente avançadas, com os sionistas fornecendo armamento pesado e apoio de inteligência aos azeris. Os iranianos deveriam ter redobrado sua atenção a todos os protocolos de segurança tradicionais, considerando que estavam em território “inimigo”.

Nas tensões entre Azerbaijão e Armênia, a posição do Irã é bastante equilibrada. Teerã reconhece Nagorno Karabakh como território azeri, mas não admite que Baku vá além das fronteiras e entre em território armênio. Tal invasão viabilizaria a ocupação de posições estratégicas próximas ao Irã, o que é visto corretamente como algo extremamente perigoso para Teerã, dada a aliança entre Baku e Tel Aviv. Como o regime pró-Ocidente da Armênia desistiu de proteger o povo de Artsakh e verdadeiramente entregou a região para os azeris, então o Irã tentou manter uma estratégia de pacificação regional e retomada de bons laços com Baku, o que explica a visita de Raisi.

Infelizmente, o Azerbaijão não parece estar tão disposto a agir com gentileza diplomática. A presença sionista no país é extremamente forte. A inteligência israelense trabalha livremente no Azerbaijão, inclusive entre os círculos militares do país. Obviamente, é preciso considerar que estes agentes israelenses poderiam estar interessados em atingir um alvo iraniano, o que legitima qualquer suspeita de envolvimento israelense.

Não é possível saber ainda se o helicóptero foi atingido ou explodido com uma bomba plantada – caso realmente tenha ocorrido uma sabotagem. O ponto é que tais possibilidades são realmente viáveis e devem ser investigadas a sério. Não há qualquer teoria da conspiração em se suspeitar da versão de mero “acidente”.

Contudo, é interessante analisar como a estratégia israelense parece ilógica e antirracional, caso tenha ocorrido sabotagem. Assassinar oficiais geralmente gera comoção pública e radicalização da sociedade em prol do Estado. O povo iraniano reagirá se tornando ainda mais unido na luta da República Islâmica contra a ocupação colonial e genocida do regime sionista.

Outro fator importante é o fato de o Irã manter um sistema político no qual o verdadeiro chefe de Estado é um representante religioso, não o presidente. Independentemente de quem seja o presidente iraniano, enquanto houver o Aiatolá, o país continuará a ter um líder capaz de gerir a nação e manter a unidade política. O Irã não parece ter ficado minimamente desestabilizado pelo “acidente”, senão mais unido, forte e convicto.

No fim, é possível dizer que, sem dúvidas, houve um “acidente”, mas talvez tenha sido um “acidente” na desastrosa estratégia de guerra sionista, e não exatamente no helicóptero iraniano.

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

A tragédia iraniana chocou o mundo. A perda simultânea de quatro altos oficiais, incluindo o presidente do país e seu ministro de relações exteriores, foi lamentada não apenas pelo povo iraniano, mas por todos os países livres e comprometidos com a diplomacia e a paz. As circunstâncias do acidente favorecem a tese de que houve um ataque direcionado ou uma operação de sabotagem. E falar sobre isso não deveria ser considerado ‘teoria da conspiração”.

Antes de tudo, é preciso admitir que o serviço iraniano de segurança errou gravemente ao alocar em um mesmo helicóptero quatro oficiais. Evitar aglomeração de pessoas importantes em um mesmo veículo é um requisito básico de segurança, ao qual todos os Estados devem manter atenção para evitar tragédias como esta do Irã.

Contudo, há uma série de outras questões importantes a serem analisadas neste contexto. As condições climáticas eram extremamente desfavoráveis, havendo forte neblina na fronteira com o Azerbaijão – o que dificulta o trabalho de pilotas de helicópteros e jatos. O fato de se haver sobrevoado uma grande floreta sob tais condições deve ser levado em conta, pois estas circunstâncias obviamente favorecem acidentes aéreos.

Isto, porém, não é suficiente para entender o caso. Não se pode ignorar o fato de que Raisi e seu time estavam vindo do Azerbaijão, que é um ator regional extremamente complicado. Apesar do Irã fazer o possível para manter o equilíbrio nas relações com Baku, o Azerbaijão é um verdadeiro proxy do regime sionista – o maior inimigo do Irã. As relações entre Baku e Tel Aviv são extremamente avançadas, com os sionistas fornecendo armamento pesado e apoio de inteligência aos azeris. Os iranianos deveriam ter redobrado sua atenção a todos os protocolos de segurança tradicionais, considerando que estavam em território “inimigo”.

Nas tensões entre Azerbaijão e Armênia, a posição do Irã é bastante equilibrada. Teerã reconhece Nagorno Karabakh como território azeri, mas não admite que Baku vá além das fronteiras e entre em território armênio. Tal invasão viabilizaria a ocupação de posições estratégicas próximas ao Irã, o que é visto corretamente como algo extremamente perigoso para Teerã, dada a aliança entre Baku e Tel Aviv. Como o regime pró-Ocidente da Armênia desistiu de proteger o povo de Artsakh e verdadeiramente entregou a região para os azeris, então o Irã tentou manter uma estratégia de pacificação regional e retomada de bons laços com Baku, o que explica a visita de Raisi.

Infelizmente, o Azerbaijão não parece estar tão disposto a agir com gentileza diplomática. A presença sionista no país é extremamente forte. A inteligência israelense trabalha livremente no Azerbaijão, inclusive entre os círculos militares do país. Obviamente, é preciso considerar que estes agentes israelenses poderiam estar interessados em atingir um alvo iraniano, o que legitima qualquer suspeita de envolvimento israelense.

Não é possível saber ainda se o helicóptero foi atingido ou explodido com uma bomba plantada – caso realmente tenha ocorrido uma sabotagem. O ponto é que tais possibilidades são realmente viáveis e devem ser investigadas a sério. Não há qualquer teoria da conspiração em se suspeitar da versão de mero “acidente”.

Contudo, é interessante analisar como a estratégia israelense parece ilógica e antirracional, caso tenha ocorrido sabotagem. Assassinar oficiais geralmente gera comoção pública e radicalização da sociedade em prol do Estado. O povo iraniano reagirá se tornando ainda mais unido na luta da República Islâmica contra a ocupação colonial e genocida do regime sionista.

Outro fator importante é o fato de o Irã manter um sistema político no qual o verdadeiro chefe de Estado é um representante religioso, não o presidente. Independentemente de quem seja o presidente iraniano, enquanto houver o Aiatolá, o país continuará a ter um líder capaz de gerir a nação e manter a unidade política. O Irã não parece ter ficado minimamente desestabilizado pelo “acidente”, senão mais unido, forte e convicto.

No fim, é possível dizer que, sem dúvidas, houve um “acidente”, mas talvez tenha sido um “acidente” na desastrosa estratégia de guerra sionista, e não exatamente no helicóptero iraniano.

The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.

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