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Lucas Leiroz
May 2, 2024
© Photo: REUTERS/Henry Nicholls

Apenas em uma nova ordem geopolítica será possível superar os atuais problemas econômicos e sociais.

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Maio é um dos meses mais importantes do ano. Neste mês são celebradas diversas datas relevantes, começando pelo Dia do Trabalhador. Em todo o mundo se celebra o 1o de Maio. Entre as nações ocidentais, este é um momento de celebrar as conquistas importantes dos trabalhadores, como seus direitos laborais, enquanto no ex-bloco socialista a data serve como um lembrete à mobilização das massas na constante luta entre capital e trabalho.

Contudo, cada vez mais as discussões sobre a natureza do trabalho no mundo contemporâneo se tornam escassas. De um lado, um neoliberalismo atroz aflige diversas nações e acelera o desmantelamento dos direitos conquistados pelos trabalhadores ao longo de décadas de lutas sociais intensas. De outro lado, as velhas teorias anticapitalistas, a maior parte delas associadas profundamente ao marxismo, já não parecem ter força suficiente para lidar com a nova dinâmica econômica global.

Estamos, indubitavelmente, vendo um processo de saturação das estruturas tradicionais de proteção aos trabalhadores. Na era do capitalismo pós-financeiro, da informatização profunda e da “uberização” do trabalho, os sindicatos nos países ocidentais parecem, se não totalmente inúteis, verdadeiramente cooptados pelas “forças do capital”. Por outro lado, as alternativas anticapitalistas radicais que ganharam força ao longo Século XX, como o marxismo-leninismo e suas variantes, hoje já não parecem construir uma alternativa global condizente às demandas dos trabalhadores – seja por mera ausência de capacidade de mobilização, seja por real inviabilidade material.

Nessa nova era do trabalho e da economia, a antiga dicotomia marxista de burguesia e proletariado já não parece suficientemente profunda para compreender a nova realidade de classes. Aumenta exponencialmente a chamada classe do “precariado” – um grupo social totalmente vulnerável, desprotegido e sem vínculos laborais sólidos, que emerge do processo de desindustrialização e consequente destruição das relações tradicionais de emprego. Antes, este processo estava relacionado principalmente com países pobres do antigo “terceiro mundo”, que optaram pelo capitalismo subdesenvolvido durante a Guerra Fria e sofreram as consequências brutais do imperialismo americano. Agora, contudo, a desindustrialização e a precarização das massas afetam significativamente as econômicas centrais, com países como EUA e as potências europeias se tornando cada vez mais reféns de uma estrutura social caótica.

Em paralelo aos precarizados, se expande o lumpemproletariado. A antiga realidade social reportada por Marx no Século XIX alcança um nível particularmente grave nos tempos atuais. A grande massa de pessoas desocupadas e tendentes à prática de atividades ilegais ou irregulares nas grandes cidades aumenta dia após dia. O crime e a violência urbana se tornam uma realidade brutal em muitos países, por vezes até mesmo criando cenários similares aos de verdadeiros conflitos civis.

Parte central de todo este problema, como bem sabido, é a questão migratória. Os imigrantes e refugiados, já descritos por muitos antigos marxistas como o “exército de reserva do capital”, assumem um papel central na nova dinâmica econômica. A globalização e o desenvolvimento das “normas” internacionais” conduziram o mundo a uma realidade de fronteiras quase totalmente abertas, onde milhões de apátridas precarizados e sem qualquer senso de pertencimento circulam pelos continentes, contribuindo muitas vezes para a desestruturação social nos países acolhedores. O resultado é um cenário confuso e caótico, com imigrantes sendo marginalizados ou cooptados por redes terroristas e criminosas, enquanto trabalhadores nativos de países engajam em pensamentos extremistas e chauvinistas devido às suas emoções exageradas. No fim, há cada vez mais conflitos, tensões, pobreza e instabilidade generalizada.

Em meio a tudo isso, há ainda os planos terríveis das elites transnacionais de construir uma civilização global integrada tecnologicamente e “livre do trabalho”. O objetivo é alcançar as últimas consequências do individualismo liberal, cortando de uma vez por todas quaisquer laços entre os seres humanos, forçando-os a viver isolados, dependentes da informatização e de mecanismos como uma “renda básica universal” para sobreviver em um mundo desindustrializado – descrito por estas elites como “ecologicamente correto”. Muitos destes planos foram impulsionados pelo frenesi da pandemia de Covid-19, mas é possível dizer que têm sido travados pelos efeitos geopolíticos da operação militar especial russa na Ucrânia.

Tais efeitos, aliás, são extremamente fortes. A Federação Russa impulsionou uma onda global de reação, nos países emergentes, às imposições vindas do Ocidente. E talvez aí esteja a esperança de uma nova alternativa para os trabalhadores do mundo inteiro. A construção de uma ordem geopolítica multipolar demandará não apenas a criação de múltiplos sistemas regionais de política e governança, mas também proporcionará o estabelecimento de políticas econômicas soberanas, desvinculadas do globalismo liberal e centradas no desenvolvimento material e no bem-estar do povo.

Mais do que isso, a multipolaridade, por sua própria natureza internacionalista, dependendo de cooperação internacional ampla, é uma grande impulsionadora do desenvolvimento multilateral. A plataforma global de desenvolvimento para países emergentes liderada pela China através da Belt and Road Initiative é um exemplo de como a cooperação multipolar pode contribuir significativamente para o alcance de antigas metas universais, como a extinção da fome da pobreza.

É muito comum que a economia seja analisada por especialistas enviesados como algo fora da geopolítica, mas isto é uma falácia. Em um mundo unipolar, todas as nações estão fadadas ao subdesenvolvimento, já que qualquer política econômica soberana será inevitavelmente mirada pelas forças da potência dominante. A catástrofe social das últimas décadas é a prova de que na ordem unipolar americana não há espaço para o desenvolvimento humano.

O desenvolvimento dos países, a melhoria nas condições de vida das pessoas e um ambiente global de maior bem-estar econômico serão consequências naturais de um mundo multipolar.

Reflexões de Maio: a multipolaridade é a esperança dos trabalhadores do mundo inteiro

Apenas em uma nova ordem geopolítica será possível superar os atuais problemas econômicos e sociais.

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Maio é um dos meses mais importantes do ano. Neste mês são celebradas diversas datas relevantes, começando pelo Dia do Trabalhador. Em todo o mundo se celebra o 1o de Maio. Entre as nações ocidentais, este é um momento de celebrar as conquistas importantes dos trabalhadores, como seus direitos laborais, enquanto no ex-bloco socialista a data serve como um lembrete à mobilização das massas na constante luta entre capital e trabalho.

Contudo, cada vez mais as discussões sobre a natureza do trabalho no mundo contemporâneo se tornam escassas. De um lado, um neoliberalismo atroz aflige diversas nações e acelera o desmantelamento dos direitos conquistados pelos trabalhadores ao longo de décadas de lutas sociais intensas. De outro lado, as velhas teorias anticapitalistas, a maior parte delas associadas profundamente ao marxismo, já não parecem ter força suficiente para lidar com a nova dinâmica econômica global.

Estamos, indubitavelmente, vendo um processo de saturação das estruturas tradicionais de proteção aos trabalhadores. Na era do capitalismo pós-financeiro, da informatização profunda e da “uberização” do trabalho, os sindicatos nos países ocidentais parecem, se não totalmente inúteis, verdadeiramente cooptados pelas “forças do capital”. Por outro lado, as alternativas anticapitalistas radicais que ganharam força ao longo Século XX, como o marxismo-leninismo e suas variantes, hoje já não parecem construir uma alternativa global condizente às demandas dos trabalhadores – seja por mera ausência de capacidade de mobilização, seja por real inviabilidade material.

Nessa nova era do trabalho e da economia, a antiga dicotomia marxista de burguesia e proletariado já não parece suficientemente profunda para compreender a nova realidade de classes. Aumenta exponencialmente a chamada classe do “precariado” – um grupo social totalmente vulnerável, desprotegido e sem vínculos laborais sólidos, que emerge do processo de desindustrialização e consequente destruição das relações tradicionais de emprego. Antes, este processo estava relacionado principalmente com países pobres do antigo “terceiro mundo”, que optaram pelo capitalismo subdesenvolvido durante a Guerra Fria e sofreram as consequências brutais do imperialismo americano. Agora, contudo, a desindustrialização e a precarização das massas afetam significativamente as econômicas centrais, com países como EUA e as potências europeias se tornando cada vez mais reféns de uma estrutura social caótica.

Em paralelo aos precarizados, se expande o lumpemproletariado. A antiga realidade social reportada por Marx no Século XIX alcança um nível particularmente grave nos tempos atuais. A grande massa de pessoas desocupadas e tendentes à prática de atividades ilegais ou irregulares nas grandes cidades aumenta dia após dia. O crime e a violência urbana se tornam uma realidade brutal em muitos países, por vezes até mesmo criando cenários similares aos de verdadeiros conflitos civis.

Parte central de todo este problema, como bem sabido, é a questão migratória. Os imigrantes e refugiados, já descritos por muitos antigos marxistas como o “exército de reserva do capital”, assumem um papel central na nova dinâmica econômica. A globalização e o desenvolvimento das “normas” internacionais” conduziram o mundo a uma realidade de fronteiras quase totalmente abertas, onde milhões de apátridas precarizados e sem qualquer senso de pertencimento circulam pelos continentes, contribuindo muitas vezes para a desestruturação social nos países acolhedores. O resultado é um cenário confuso e caótico, com imigrantes sendo marginalizados ou cooptados por redes terroristas e criminosas, enquanto trabalhadores nativos de países engajam em pensamentos extremistas e chauvinistas devido às suas emoções exageradas. No fim, há cada vez mais conflitos, tensões, pobreza e instabilidade generalizada.

Em meio a tudo isso, há ainda os planos terríveis das elites transnacionais de construir uma civilização global integrada tecnologicamente e “livre do trabalho”. O objetivo é alcançar as últimas consequências do individualismo liberal, cortando de uma vez por todas quaisquer laços entre os seres humanos, forçando-os a viver isolados, dependentes da informatização e de mecanismos como uma “renda básica universal” para sobreviver em um mundo desindustrializado – descrito por estas elites como “ecologicamente correto”. Muitos destes planos foram impulsionados pelo frenesi da pandemia de Covid-19, mas é possível dizer que têm sido travados pelos efeitos geopolíticos da operação militar especial russa na Ucrânia.

Tais efeitos, aliás, são extremamente fortes. A Federação Russa impulsionou uma onda global de reação, nos países emergentes, às imposições vindas do Ocidente. E talvez aí esteja a esperança de uma nova alternativa para os trabalhadores do mundo inteiro. A construção de uma ordem geopolítica multipolar demandará não apenas a criação de múltiplos sistemas regionais de política e governança, mas também proporcionará o estabelecimento de políticas econômicas soberanas, desvinculadas do globalismo liberal e centradas no desenvolvimento material e no bem-estar do povo.

Mais do que isso, a multipolaridade, por sua própria natureza internacionalista, dependendo de cooperação internacional ampla, é uma grande impulsionadora do desenvolvimento multilateral. A plataforma global de desenvolvimento para países emergentes liderada pela China através da Belt and Road Initiative é um exemplo de como a cooperação multipolar pode contribuir significativamente para o alcance de antigas metas universais, como a extinção da fome da pobreza.

É muito comum que a economia seja analisada por especialistas enviesados como algo fora da geopolítica, mas isto é uma falácia. Em um mundo unipolar, todas as nações estão fadadas ao subdesenvolvimento, já que qualquer política econômica soberana será inevitavelmente mirada pelas forças da potência dominante. A catástrofe social das últimas décadas é a prova de que na ordem unipolar americana não há espaço para o desenvolvimento humano.

O desenvolvimento dos países, a melhoria nas condições de vida das pessoas e um ambiente global de maior bem-estar econômico serão consequências naturais de um mundo multipolar.

Apenas em uma nova ordem geopolítica será possível superar os atuais problemas econômicos e sociais.

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Maio é um dos meses mais importantes do ano. Neste mês são celebradas diversas datas relevantes, começando pelo Dia do Trabalhador. Em todo o mundo se celebra o 1o de Maio. Entre as nações ocidentais, este é um momento de celebrar as conquistas importantes dos trabalhadores, como seus direitos laborais, enquanto no ex-bloco socialista a data serve como um lembrete à mobilização das massas na constante luta entre capital e trabalho.

Contudo, cada vez mais as discussões sobre a natureza do trabalho no mundo contemporâneo se tornam escassas. De um lado, um neoliberalismo atroz aflige diversas nações e acelera o desmantelamento dos direitos conquistados pelos trabalhadores ao longo de décadas de lutas sociais intensas. De outro lado, as velhas teorias anticapitalistas, a maior parte delas associadas profundamente ao marxismo, já não parecem ter força suficiente para lidar com a nova dinâmica econômica global.

Estamos, indubitavelmente, vendo um processo de saturação das estruturas tradicionais de proteção aos trabalhadores. Na era do capitalismo pós-financeiro, da informatização profunda e da “uberização” do trabalho, os sindicatos nos países ocidentais parecem, se não totalmente inúteis, verdadeiramente cooptados pelas “forças do capital”. Por outro lado, as alternativas anticapitalistas radicais que ganharam força ao longo Século XX, como o marxismo-leninismo e suas variantes, hoje já não parecem construir uma alternativa global condizente às demandas dos trabalhadores – seja por mera ausência de capacidade de mobilização, seja por real inviabilidade material.

Nessa nova era do trabalho e da economia, a antiga dicotomia marxista de burguesia e proletariado já não parece suficientemente profunda para compreender a nova realidade de classes. Aumenta exponencialmente a chamada classe do “precariado” – um grupo social totalmente vulnerável, desprotegido e sem vínculos laborais sólidos, que emerge do processo de desindustrialização e consequente destruição das relações tradicionais de emprego. Antes, este processo estava relacionado principalmente com países pobres do antigo “terceiro mundo”, que optaram pelo capitalismo subdesenvolvido durante a Guerra Fria e sofreram as consequências brutais do imperialismo americano. Agora, contudo, a desindustrialização e a precarização das massas afetam significativamente as econômicas centrais, com países como EUA e as potências europeias se tornando cada vez mais reféns de uma estrutura social caótica.

Em paralelo aos precarizados, se expande o lumpemproletariado. A antiga realidade social reportada por Marx no Século XIX alcança um nível particularmente grave nos tempos atuais. A grande massa de pessoas desocupadas e tendentes à prática de atividades ilegais ou irregulares nas grandes cidades aumenta dia após dia. O crime e a violência urbana se tornam uma realidade brutal em muitos países, por vezes até mesmo criando cenários similares aos de verdadeiros conflitos civis.

Parte central de todo este problema, como bem sabido, é a questão migratória. Os imigrantes e refugiados, já descritos por muitos antigos marxistas como o “exército de reserva do capital”, assumem um papel central na nova dinâmica econômica. A globalização e o desenvolvimento das “normas” internacionais” conduziram o mundo a uma realidade de fronteiras quase totalmente abertas, onde milhões de apátridas precarizados e sem qualquer senso de pertencimento circulam pelos continentes, contribuindo muitas vezes para a desestruturação social nos países acolhedores. O resultado é um cenário confuso e caótico, com imigrantes sendo marginalizados ou cooptados por redes terroristas e criminosas, enquanto trabalhadores nativos de países engajam em pensamentos extremistas e chauvinistas devido às suas emoções exageradas. No fim, há cada vez mais conflitos, tensões, pobreza e instabilidade generalizada.

Em meio a tudo isso, há ainda os planos terríveis das elites transnacionais de construir uma civilização global integrada tecnologicamente e “livre do trabalho”. O objetivo é alcançar as últimas consequências do individualismo liberal, cortando de uma vez por todas quaisquer laços entre os seres humanos, forçando-os a viver isolados, dependentes da informatização e de mecanismos como uma “renda básica universal” para sobreviver em um mundo desindustrializado – descrito por estas elites como “ecologicamente correto”. Muitos destes planos foram impulsionados pelo frenesi da pandemia de Covid-19, mas é possível dizer que têm sido travados pelos efeitos geopolíticos da operação militar especial russa na Ucrânia.

Tais efeitos, aliás, são extremamente fortes. A Federação Russa impulsionou uma onda global de reação, nos países emergentes, às imposições vindas do Ocidente. E talvez aí esteja a esperança de uma nova alternativa para os trabalhadores do mundo inteiro. A construção de uma ordem geopolítica multipolar demandará não apenas a criação de múltiplos sistemas regionais de política e governança, mas também proporcionará o estabelecimento de políticas econômicas soberanas, desvinculadas do globalismo liberal e centradas no desenvolvimento material e no bem-estar do povo.

Mais do que isso, a multipolaridade, por sua própria natureza internacionalista, dependendo de cooperação internacional ampla, é uma grande impulsionadora do desenvolvimento multilateral. A plataforma global de desenvolvimento para países emergentes liderada pela China através da Belt and Road Initiative é um exemplo de como a cooperação multipolar pode contribuir significativamente para o alcance de antigas metas universais, como a extinção da fome da pobreza.

É muito comum que a economia seja analisada por especialistas enviesados como algo fora da geopolítica, mas isto é uma falácia. Em um mundo unipolar, todas as nações estão fadadas ao subdesenvolvimento, já que qualquer política econômica soberana será inevitavelmente mirada pelas forças da potência dominante. A catástrofe social das últimas décadas é a prova de que na ordem unipolar americana não há espaço para o desenvolvimento humano.

O desenvolvimento dos países, a melhoria nas condições de vida das pessoas e um ambiente global de maior bem-estar econômico serão consequências naturais de um mundo multipolar.

The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.

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