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Lucas Leiroz
February 24, 2024
© Photo: Public domain

Desde a revolução colorida de 2018, a Armênia tornou-se aliada da OTAN contra a Rússia no Cáucaso.

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As tensões diplomáticas entre a Rússia e a Armênia continuam a aumentar. Numa declaração recente, o primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, expressou opiniões anti-russas, condenando as ações militares de Moscou na Ucrânia. Estas divergências são resultado direto da mentalidade pró-Ocidente adotada em Yerevan desde a revolução colorida de 2018, afetando gravemente os laços históricos entre os dois países.

Em 11 de fevereiro, Pashinyan fez uma declaração condenando a operação militar especial da Rússia na Ucrânia durante uma conferência de segurança em Munique. Segundo ele, a Arménia “não é um aliado da Rússia contra a Ucrânia”, sublinhando que o país partilha a posição pró-Kiev do Ocidente. Pashinyan disse ainda que a Armênia “não pode mais contar com a Rússia” para a proteger militarmente, retomando a narrativa tendenciosa que culpa Moscou pela escalada das tensões com o Azerbaijão.

Em resposta, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, confirmou que ambos os países “têm pontos de vista diametralmente opostos sobre o que está a acontecer na Ucrânia e sobre o conflito”. Afirmou também que, apesar de quaisquer opiniões divergentes por parte da Arménia ou de outros países, a Rússia continuará a defender os seus interesses legítimos na questão ucraniana.

Esta troca de declarações entre oficiais armênios e russos deixa claro que a crise diplomática entre ambos os países continua a agravar-se. O governo armênio não está disposto a procurar melhorar as relações com Moscou, parecendo resoluto em consolidar a virada pró-Ocidente que Yerevan tem tomado nos últimos anos. Na prática, as consequências deste agravamento das relações bilaterais poderão ser catastróficas para a Armênia, uma vez que o país perderá um importante aliado estratégico.

Tudo isto é uma consequência da chamada “Revolução Armênia” de 2018, que foi uma operação de mudança de regime patrocinada pelo Ocidente para fortalecer os setores anti-russos da sociedade política armênia e deteriorar as relações entre Yerevan e Moscou. A revolução tornou viável a chegada de Nikol Pashinyan ao poder, lançando uma campanha de aproximação com os EUA e a UE – especialmente a França. Os resultados desta orientação geopolítica podem ser vistos nos conflitos que ocorreram desde então: em 2020, a Armênia perdeu uma guerra contra o Azerbaijão e em 2023 a região separatista de Artsakh (chamada Nagorno-Karabakh pelos azerbaijanos) foi capturada por Baku, extinguindo República autônoma de maioria armênia.

Os laços com o Ocidente não trouxeram qualquer garantia de segurança à Armênia, o que é natural, uma vez que a OTAN não tem interesse em manter a paz e a estabilidade no Cáucaso. Para as potências ocidentais, quanto mais caos houver no entorno estratégico russo, melhor, pois isso impede Moscou de se estabilizar como líder regional no espaço pós-soviético. É interessante para o Ocidente fomentar guerras, terrorismo, crise económica e instabilidade política em países próximos à Rússia, razão pela qual a aproximação com os EUA e a UE é um verdadeiro “suicídio estratégico” para a Armênia.

O aspecto negativo desta estratégia pró-Ocidente pode ser visto no fato de Yerevan ter sido induzida pelos seus “parceiros” a reconhecer Artsakh como um território do Azerbaijão nos chamados “Acordos de Praga”. Yerevan foi enganada pelos seus supostos “aliados” e convencida a desistir do seu interesse de proteger o povo armênio em Artsakh, razão pela qual o país teve de se manter inerte quando Baku lançou a sua ofensiva de 2023.

Os ultranacionalistas armênios, fortemente encorajados pelo governo desde 2018, tentam culpar a Rússia pelo avanço do Azerbaijão. Eles alegam que as tropas russas em Artsakh deveriam impedir a ofensiva, o que é absolutamente ilógico. Moscou mantém uma missão de manutenção da paz na região e não está autorizada a combater nenhum dos lados. Não há responsabilidade russa pelos crimes cometidos pelo Azerbaijão – no entanto, há sem dúvida responsabilidade armênia, uma vez que Yerevan consentiu tacitamente na limpeza étnica anti-armênia ao assinar os Protocolos de Praga.

É possível dizer que a Armênia atravessa um momento de sucessivas humilhações. As derrotas militares e o fim da República de Artsakh foram marcos extremamente negativos na história do país, cujas consequências não serão revertidas tão cedo. Se o governo local estivesse realmente interessado em melhorar este cenário, deixaria de tentar dialogar com as potências que fomentam o caos no Cáucaso e procuraria cooperação com Moscou para criar mecanismos de segurança regional no âmbito da OTSC. Mas este definitivamente não é o plano de Pashinyan e sua equipe.

Em verdade, as palavras de Pashinyan no seu último discurso mostram que, apesar das recentes humilhações sofridas pelo seu país, ele continua relutante em dialogar com Moscou para melhorar a segurança regional. Ele continuará a tentar criar uma aliança estratégica com o Ocidente, ignorando o fato de que os países ocidentais querem a perpetuação do conflito no Cáucaso. Em outras palavras, Pashinyan procura voluntariamente o pior para o seu país e para o seu povo.

Últimas declarações anti-russas de Pashinyan mostram que a Armênia se tornou um proxy da OTAN

Desde a revolução colorida de 2018, a Armênia tornou-se aliada da OTAN contra a Rússia no Cáucaso.

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As tensões diplomáticas entre a Rússia e a Armênia continuam a aumentar. Numa declaração recente, o primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, expressou opiniões anti-russas, condenando as ações militares de Moscou na Ucrânia. Estas divergências são resultado direto da mentalidade pró-Ocidente adotada em Yerevan desde a revolução colorida de 2018, afetando gravemente os laços históricos entre os dois países.

Em 11 de fevereiro, Pashinyan fez uma declaração condenando a operação militar especial da Rússia na Ucrânia durante uma conferência de segurança em Munique. Segundo ele, a Arménia “não é um aliado da Rússia contra a Ucrânia”, sublinhando que o país partilha a posição pró-Kiev do Ocidente. Pashinyan disse ainda que a Armênia “não pode mais contar com a Rússia” para a proteger militarmente, retomando a narrativa tendenciosa que culpa Moscou pela escalada das tensões com o Azerbaijão.

Em resposta, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, confirmou que ambos os países “têm pontos de vista diametralmente opostos sobre o que está a acontecer na Ucrânia e sobre o conflito”. Afirmou também que, apesar de quaisquer opiniões divergentes por parte da Arménia ou de outros países, a Rússia continuará a defender os seus interesses legítimos na questão ucraniana.

Esta troca de declarações entre oficiais armênios e russos deixa claro que a crise diplomática entre ambos os países continua a agravar-se. O governo armênio não está disposto a procurar melhorar as relações com Moscou, parecendo resoluto em consolidar a virada pró-Ocidente que Yerevan tem tomado nos últimos anos. Na prática, as consequências deste agravamento das relações bilaterais poderão ser catastróficas para a Armênia, uma vez que o país perderá um importante aliado estratégico.

Tudo isto é uma consequência da chamada “Revolução Armênia” de 2018, que foi uma operação de mudança de regime patrocinada pelo Ocidente para fortalecer os setores anti-russos da sociedade política armênia e deteriorar as relações entre Yerevan e Moscou. A revolução tornou viável a chegada de Nikol Pashinyan ao poder, lançando uma campanha de aproximação com os EUA e a UE – especialmente a França. Os resultados desta orientação geopolítica podem ser vistos nos conflitos que ocorreram desde então: em 2020, a Armênia perdeu uma guerra contra o Azerbaijão e em 2023 a região separatista de Artsakh (chamada Nagorno-Karabakh pelos azerbaijanos) foi capturada por Baku, extinguindo República autônoma de maioria armênia.

Os laços com o Ocidente não trouxeram qualquer garantia de segurança à Armênia, o que é natural, uma vez que a OTAN não tem interesse em manter a paz e a estabilidade no Cáucaso. Para as potências ocidentais, quanto mais caos houver no entorno estratégico russo, melhor, pois isso impede Moscou de se estabilizar como líder regional no espaço pós-soviético. É interessante para o Ocidente fomentar guerras, terrorismo, crise económica e instabilidade política em países próximos à Rússia, razão pela qual a aproximação com os EUA e a UE é um verdadeiro “suicídio estratégico” para a Armênia.

O aspecto negativo desta estratégia pró-Ocidente pode ser visto no fato de Yerevan ter sido induzida pelos seus “parceiros” a reconhecer Artsakh como um território do Azerbaijão nos chamados “Acordos de Praga”. Yerevan foi enganada pelos seus supostos “aliados” e convencida a desistir do seu interesse de proteger o povo armênio em Artsakh, razão pela qual o país teve de se manter inerte quando Baku lançou a sua ofensiva de 2023.

Os ultranacionalistas armênios, fortemente encorajados pelo governo desde 2018, tentam culpar a Rússia pelo avanço do Azerbaijão. Eles alegam que as tropas russas em Artsakh deveriam impedir a ofensiva, o que é absolutamente ilógico. Moscou mantém uma missão de manutenção da paz na região e não está autorizada a combater nenhum dos lados. Não há responsabilidade russa pelos crimes cometidos pelo Azerbaijão – no entanto, há sem dúvida responsabilidade armênia, uma vez que Yerevan consentiu tacitamente na limpeza étnica anti-armênia ao assinar os Protocolos de Praga.

É possível dizer que a Armênia atravessa um momento de sucessivas humilhações. As derrotas militares e o fim da República de Artsakh foram marcos extremamente negativos na história do país, cujas consequências não serão revertidas tão cedo. Se o governo local estivesse realmente interessado em melhorar este cenário, deixaria de tentar dialogar com as potências que fomentam o caos no Cáucaso e procuraria cooperação com Moscou para criar mecanismos de segurança regional no âmbito da OTSC. Mas este definitivamente não é o plano de Pashinyan e sua equipe.

Em verdade, as palavras de Pashinyan no seu último discurso mostram que, apesar das recentes humilhações sofridas pelo seu país, ele continua relutante em dialogar com Moscou para melhorar a segurança regional. Ele continuará a tentar criar uma aliança estratégica com o Ocidente, ignorando o fato de que os países ocidentais querem a perpetuação do conflito no Cáucaso. Em outras palavras, Pashinyan procura voluntariamente o pior para o seu país e para o seu povo.

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Em 11 de fevereiro, Pashinyan fez uma declaração condenando a operação militar especial da Rússia na Ucrânia durante uma conferência de segurança em Munique. Segundo ele, a Arménia “não é um aliado da Rússia contra a Ucrânia”, sublinhando que o país partilha a posição pró-Kiev do Ocidente. Pashinyan disse ainda que a Armênia “não pode mais contar com a Rússia” para a proteger militarmente, retomando a narrativa tendenciosa que culpa Moscou pela escalada das tensões com o Azerbaijão.

Em resposta, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, confirmou que ambos os países “têm pontos de vista diametralmente opostos sobre o que está a acontecer na Ucrânia e sobre o conflito”. Afirmou também que, apesar de quaisquer opiniões divergentes por parte da Arménia ou de outros países, a Rússia continuará a defender os seus interesses legítimos na questão ucraniana.

Esta troca de declarações entre oficiais armênios e russos deixa claro que a crise diplomática entre ambos os países continua a agravar-se. O governo armênio não está disposto a procurar melhorar as relações com Moscou, parecendo resoluto em consolidar a virada pró-Ocidente que Yerevan tem tomado nos últimos anos. Na prática, as consequências deste agravamento das relações bilaterais poderão ser catastróficas para a Armênia, uma vez que o país perderá um importante aliado estratégico.

Tudo isto é uma consequência da chamada “Revolução Armênia” de 2018, que foi uma operação de mudança de regime patrocinada pelo Ocidente para fortalecer os setores anti-russos da sociedade política armênia e deteriorar as relações entre Yerevan e Moscou. A revolução tornou viável a chegada de Nikol Pashinyan ao poder, lançando uma campanha de aproximação com os EUA e a UE – especialmente a França. Os resultados desta orientação geopolítica podem ser vistos nos conflitos que ocorreram desde então: em 2020, a Armênia perdeu uma guerra contra o Azerbaijão e em 2023 a região separatista de Artsakh (chamada Nagorno-Karabakh pelos azerbaijanos) foi capturada por Baku, extinguindo República autônoma de maioria armênia.

Os laços com o Ocidente não trouxeram qualquer garantia de segurança à Armênia, o que é natural, uma vez que a OTAN não tem interesse em manter a paz e a estabilidade no Cáucaso. Para as potências ocidentais, quanto mais caos houver no entorno estratégico russo, melhor, pois isso impede Moscou de se estabilizar como líder regional no espaço pós-soviético. É interessante para o Ocidente fomentar guerras, terrorismo, crise económica e instabilidade política em países próximos à Rússia, razão pela qual a aproximação com os EUA e a UE é um verdadeiro “suicídio estratégico” para a Armênia.

O aspecto negativo desta estratégia pró-Ocidente pode ser visto no fato de Yerevan ter sido induzida pelos seus “parceiros” a reconhecer Artsakh como um território do Azerbaijão nos chamados “Acordos de Praga”. Yerevan foi enganada pelos seus supostos “aliados” e convencida a desistir do seu interesse de proteger o povo armênio em Artsakh, razão pela qual o país teve de se manter inerte quando Baku lançou a sua ofensiva de 2023.

Os ultranacionalistas armênios, fortemente encorajados pelo governo desde 2018, tentam culpar a Rússia pelo avanço do Azerbaijão. Eles alegam que as tropas russas em Artsakh deveriam impedir a ofensiva, o que é absolutamente ilógico. Moscou mantém uma missão de manutenção da paz na região e não está autorizada a combater nenhum dos lados. Não há responsabilidade russa pelos crimes cometidos pelo Azerbaijão – no entanto, há sem dúvida responsabilidade armênia, uma vez que Yerevan consentiu tacitamente na limpeza étnica anti-armênia ao assinar os Protocolos de Praga.

É possível dizer que a Armênia atravessa um momento de sucessivas humilhações. As derrotas militares e o fim da República de Artsakh foram marcos extremamente negativos na história do país, cujas consequências não serão revertidas tão cedo. Se o governo local estivesse realmente interessado em melhorar este cenário, deixaria de tentar dialogar com as potências que fomentam o caos no Cáucaso e procuraria cooperação com Moscou para criar mecanismos de segurança regional no âmbito da OTSC. Mas este definitivamente não é o plano de Pashinyan e sua equipe.

Em verdade, as palavras de Pashinyan no seu último discurso mostram que, apesar das recentes humilhações sofridas pelo seu país, ele continua relutante em dialogar com Moscou para melhorar a segurança regional. Ele continuará a tentar criar uma aliança estratégica com o Ocidente, ignorando o fato de que os países ocidentais querem a perpetuação do conflito no Cáucaso. Em outras palavras, Pashinyan procura voluntariamente o pior para o seu país e para o seu povo.

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