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Bruna Frascolla
October 17, 2025
© Photo: Public domain

Os anglo-saxões podem começar ligando trompas e botando DIU em várias mulheres, inventando criança trans, para caberem nas suas minúsculas terras originárias: a atual Dinamarca e a Antiga Saxônia.

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Escreva para nós: info@strategic-culture.su

Nos anos 2010, o Brasil foi inundado por uma propaganda do “descobrir-se negro”. Os meros mortais achavam muito difícil um negro chegar à idade adulta sem saber a própria cor, mas as matérias jornalísticas entrevistavam mestiços de tez morena (cujo fenótipo às vezes se assemelhava ao de um lisboeta) que davam explicações metafísicas sobre o que é ser negro e faziam da “descoberta” algo mais. A BBC Brasil não ficou de fora da moda, e ainda em 2023 fazia matéria do tipo.

A propaganda não era uma maluquice aleatória. Desde a década de 1970, o ex-integralista e militante do movimento negro Abdias do Nascimento defendia uma classificação birracial do Brasil, computando os pardos como negros. Segundo sua estapafúrdia explicação, as pessoas só se declaram pardas porque têm vergonha de se considerar negras (na verdade, descendentes de índios também se declaram pardos). Toda a história da miscigenação brasileira foi resumida (e falsificada) como estupro, de modo que os mestiços têm que negar suas origens brancas e se assumir negros.

O resultado burocrático desse esforço é triplo: 1) fraude institucionalizada em processos seletivos públicos (agora, há tribunais raciais que julgam se alguém tem direito a cota racial, e só passa quem a banca do movimento negro deixa); 2) a transformação dos “quilombos” em áreas rurais povoadas por negros, presumindo-se neles uma identidade étnica distinta da simples nacionalidade brasileira (embora se fale o português, vale registrar que Abdias do Nascimento teve o delírio de ensinar suaíli aos negros brasileiros); 3) a criação do “racismo religioso”, um mal que só pode atingir os adeptos de candomblé ou umbanda.

No presente ano, a BBC Brasil foi mais longe e fez um mini-documentário de meia hora com nordestinos que se descobriam judeus. A base histórica é que os sefarditas expulsos da Espanha foram para Portugal e, depois da conversão forçada, vieram para o Brasil se esconder da Inquisição. Além disso, a maior parte do Nordeste já foi a Nova Holanda, uma colônia calvinista com liberdade de culto. No documentário, aprendemos que há uma porção de evangélicos se convertendo no Nordeste, para contrariedade da comunidade judaica brasileira concentrada na cidade de São Paulo.

Um rabino israelense chamado Chaim Amsalen, que veio ao Brasil fazer conversões, estima que haja 2 ou 3 mil nordestinos conversos ao judaísmo. Esse grupo ganhou o nome de “Bnei Anussim”, e em tese descendem de sefarditas forçados à conversão ao cristianismo. O repórter pergunta ao rabino israelense o que irá acontecer se todos os descendentes de sefarditas no Brasil se converterem ao judaísmo: como será que Israel, com seus 7 milhões de habitantes, receberia uns 10 milhões de brasileiros? O rabino disse que povo forte é povo grande. O repórter, um cordeirinho, não sabia do problema demográfico em Israel, nem de suas ambições territoriais.

O discurso anti-Brasil é o habitual. Um dos nordestinos ouvidos estudou História, descobriu-se judeu e agora tem um trauma com a Inquisição do século XVI (do mesmo jeito que um brasileiro mulato de classe média tem trauma com a escravidão do século XIX). Concluiu que sua avozinha poderia ser presa pela Inquisição por causa de seus costumes, se houvesse inquisição quando ela estava viva, sem nem saber que era judia. Sua opressão, diz, merece reparação histórica. Vejamos se ainda teremos cotas para judeu.

É plausível que haja mais uma etnia para retalhar o mapa brasileiro enclaves, como já se faz com os quilombos e, com grande gravidade, com as reservas indígenas. Note-se que há tanta base historiográfica para dizer que os sertanejos nordestinos descendem de judeus quanto os caipiras, ou seja, a população do interior de São Paulo, Minas Gerais, Goiás etc. Anita Novinsky, que é a historiadora usada para afirmar a presença judaica no Nordeste, também tem trabalhos sobre os bandeirantes serem de origem judaica. O Nordeste foi escolhido por não ser possível inventar muitos quilombos e reservas indígenas no Semiárido. Sobram os sefarditas da época da Renascença.

Há décadas, Lorenzo Carrasco, Silvia Palacios e Geraldo Lino denunciam o “aparato verde-indigenista” das ONGs neocoloniais subsidiadas pelas oligarquias anglo-saxãs. Segundo eles, a finalidade dessas oligarquias é impedir o desenvolvimento do terceiro mundo, criando pretextos para limitar a soberania dos Estados nacionais. Entre tais ferramentas estão os parques ambientais (que na África são administrados por empresas privadas) e as reservas indígenas. A Conferência de Barbados, de 1971, marca o novo indigenismo, segundo o qual os antropólogos devem guiar politicamente os índios, opondo-os aos Estados nacionais. A formação dos Estados nacionais ibero-americanos é apresentada como violência colonial – logo, somente desmanchando tais Estados em uma miríade de etnias seria possível fazer justiça aos índios.

O trio também costuma apontar as regiões de fronteira (especialmente a “Ilha das Guianas”, que inclui Roraima, e uma Nação Guarani no Cerrado e no Sul) como principais alvos do aparato verde-indigenista. Ora, com a invenção dos Bnei Anussim, há a oportunidade de esmigalhar também o Nordeste brasileiro – região na qual, aliás, se concentra o urânio brasileiro. Com a narrativa do trauma da conversão forçada, tem-se mais um traço para a pintura do Brasil como um poço de opressões.

O judeu perseguido pelo sinédrio

Saiamos por ora dessa breve história social e vamos para um causo individual, que explicita o elo entre o sionismo (hoje associado à direita religiosa) e os demais movimentos étnicos citados (associados à esquerda antirreligiosa). Desde a operação Dilúvio de Al-Aqsa, tem gerado muita celeuma no Brasil os tuítes de um jornalista judeu comunista, com longos vínculos com o petismo e o chavismo, chamado Breno Altman. A confusão se tornou muito digna de nota quando os prints de um grupo de judeus sionistas no WhatsApp foram vazados para um site de esquerda: o grupo tinha mais de cem pessoas, e lá discutiam arrancar os dedos e os dentes do jornalista porque não gostavam do seus tuítes. Os membros se gabavam da proximidade com autoridades e da capacidade de calar a boca dele.

Isso aconteceu já em 2023. Não só nenhuma dessas pessoas foi punida, como quem está sendo calado pelo Estado é a vítima (que pelo menos está com os dedos e os dentes no lugar). De lá para cá, o jornalista tomou uma chuva de processos, e o Ministério Público Federal está no seu encalço alegando racismo antissemita e incitação ao ódio. Mais: depois de a Polícia Federal não recomendar o seguimento da ação, o Ministério Público esperou chegar o dia 7 de outubro para divulgar que daria seguimento à ação mesmo assim.

Além da defesa da causa Palestina, Breno Altman tem se destacado por seu engajamento em debates com a direita. Por anos, a esquerda brasileira preferiu dizer que não se debate com “fascista” (o que quer que isso signifique), e que é errado “dar palco” para direitistas – como se a esquerda, e não a direita, fosse campeã de audiência na internet brasileira.

Pois bem: após muito insistir, finalmente ele encontrou, no mês passado, um judeu sionista disposto a debater consigo. Trata-se do Rabino Ventura, conhecido por seu projeto Sinagoga Sem Fronteiras, que faz proselitismo judaico e tem relação com os Bnei Anussim. Suas atividades foram, inclusive, descritas pela National Geographic em 2017, em matéria intitulada “O retorno do Nordeste brasileiro ao judaísmo” – que mostra o interesse em atrelar o Nordeste a essa religião. No debate, o Rabino Ventura defendia que antissionismo é antissemitismo. Alegava que aceitar somente judeus que não são sionistas é a mesma coisa que aceitar os negros, desde que não sejam adeptos de religiões de matriz africana, ou aceitar os índios, desde que não se apeguem às suas tradições. Para minha surpresa, o rabino ongueiro mostrou que não é somente o movimento negro brasileiro que faz uma confusão entre raça e religião análoga à do sionismo: os próprios sionistas fazem essa analogia, (que eu apontei aqui na SCF).

A comparação do rabino ia mais longe. Os judeus são o povo indígena da Palestina, que foi injustiçado pelos romanos e agora exige o direito às suas terras originárias. Ninguém nega tal direito aos índios no Brasil, mas os judeus, coitados, têm esse direito a toda hora negado pelos antissionistas. Nisso, um perplexo Breno Altman objetou que isso seria o mesmo que um índio aparecer para tomar a casa dele em São Paulo. É precisamente isso o que a queda do Marco Temporal permitiria, e que Breno Altman é favorável. (A Constituição colocou o Marco Temporal para criarem-se reservas indígenas: só terras ocupadas pelos índios durante a Constituição poderiam tornar-se reservas indígenas. Em seu ativismo judicial, os ministros do STF fazem muita confusão, falando em derrubar o Marco. Inclusive um ministro judeu sionista, Roberto Barroso, é um ativo defensor da queda do Marco Temporal.)

Ao fim e ao cabo, não sou só eu que aponto a semelhança entre o sionismo, o movimento negro e o atual indigenismo: é um rabino sionista quem o faz, baratinando o adepto do discurso descolonial vendido pelas Fundações Ford e Open Society da vida. O que era para ser uma reductio ad absurdum é, na verdade, programa anticivilizatório.

O rabo à vista do gato escondido

A ingerência ongueira no Brasil usualmente se dá por meio do Ministério Público, STF e agências “técnicas”. Assim, é importante anotar o nome do procurador que insiste em processar Breno Altman. Mais uma vez, para minha surpresa, constatei que o procurador em questão era procurador em Roraima no ano de 2005. Nesse ano, por pressão internacional, Lula autorizu a criação de uma imensa reserva indígena em Roraima, um estado pequeno que faz fronteira com a Venezuela e a Guiana. Produtores de arroz, com títulos de terra até então regulares, foram obrigados a deixar suas terras. O que parece uma fantasia para Breno Altman, no conforto de São Paulo, aconteceu em Roraima.

Uma matéria de 2005 em que o procurador é citado mostra que até mesmo a população urbana de Roraima esteve ameaçada. Eis o que se lê na matéria “Uma cidade sob risco de despejo” (Gazeta do Povo, 15/11/2005): “As letras jurídicas falam em desintrusão, mas no palavreado humilde dos 8 mil moradores de Pacaraima o que o Ministério Público Federal (MPF) quer mesmo é despejá-los da cidade. Ações movidas ainda em 2003 contra 100 ‘selecionados’ instalou um clima de desconfiança e colocou em alerta a população desse pequeno município de Roraima, na fronteira com a Venezuela. Ao rigor da lei, Pacaraima seria uma cidade condenada a desaparecer, já que não há um palmo sequer de terra que não esteja dentro de reserva indígena, território protegido dos não-índios pela Constituição Federal.” Felizmente, a cidade de Pacaraima ainda existe – mas note-se a loucura que é o Ministério Público ter o direito de esvaziar uma cidade brasileira.

A outra notícia que temos do procurador é no mesmo ano: ele pedia que as amostras de sangue ianomâmi em posse de laboratórios nacionais e estrangeiros fossem devolvidas aos índios. O detalhe é que o seu pedido só teria validade para os laboratórios nacionais…

Esse novo capítulo do caso Breno Altman mostrou que o aparato verde-indígena e o sionismo compartilham não só o método e a ideologia, mas também operadores individuais.

Desconstrução do Estado nacional

Antes da emergência e a consolidação do Estado nacional, os judeus viviam sob a autoridade do sinédrio. Para escapar ao seu jugo, só se batizando, o que implicava sacrificar uma série de relações sociais com impactos econômicos. O que os ongueiros pretendem é acabar com o Estado nacional brasileiro e atribuir a cada etnia o seu sinédrio: os índios julgados pelo chefe da tribo; os quilombolas, pelo chefe do quilombo etc. É revelador o fato de que os judeus sionistas perseguem Breno Altman com mais fúria do que o líder partidário Rui Costa Pimenta (que, entre outras coisas, foi ao Catar entrevistar Ismail Haniyeh); que o movimento negro persiga mais os negros de direita do que os brancos etc. Cada um tem que estar no seu quadrado.

Curiosamente, ninguém pode ser simplesmente brasileiro. Um brasileiro típico pode ter, ao mesmo tempo, sangue italiano ou alemão da imigração recente acrescido à mistura de sangue ibérico (sefardita incluso), negro e índio, composta por elementos presentes desde os primeiros séculos do Brasil. Um dos Bnei Anussim ouvidos pela BBC era negro: quer dizer que, de um bufê identitário oferecido pelas suas origens étnicas, ele preteriu a identidade negra e escolheu ser judeu. Ser brasileiro não era uma opção.

Então façamos assim: doravante, cada brasileiro fará um exame de DNA e escolherá uma identidade étnica que lhe dará direito a morar num quilombo, viver em Israel, mudar-se para a Itália ou ficar sem eletricidade, vestido só com tinta de jenipapo, numa reserva indígena. Mas faremos isso só depois de os anglo-saxões liberarem a América do Norte para os índios, e a Inglaterra para as populações do País de Gales e da Bretanha. Queremos reparação histórica e direito de retorno para os descendentes dos bretões expulsos pelos anglo-saxões na Alta Idade Média. Os descendentes dos peregrinos do Mayflower têm que ter reparação, porque foram expulsos pela intolerância religiosa.

E o que fazer com os anglo-saxões hoje existentes? Bom, eles podem começar ligando trompas e botando DIU em várias mulheres, inventando criança trans, para caberem nas suas minúsculas terras originárias: a atual Dinamarca e a Antiga Saxônia.

Vamos dividir o Brasil em raças, mas só depois de os anglo-saxões voltarem para a Dinamarca

Os anglo-saxões podem começar ligando trompas e botando DIU em várias mulheres, inventando criança trans, para caberem nas suas minúsculas terras originárias: a atual Dinamarca e a Antiga Saxônia.

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Escreva para nós: info@strategic-culture.su

Nos anos 2010, o Brasil foi inundado por uma propaganda do “descobrir-se negro”. Os meros mortais achavam muito difícil um negro chegar à idade adulta sem saber a própria cor, mas as matérias jornalísticas entrevistavam mestiços de tez morena (cujo fenótipo às vezes se assemelhava ao de um lisboeta) que davam explicações metafísicas sobre o que é ser negro e faziam da “descoberta” algo mais. A BBC Brasil não ficou de fora da moda, e ainda em 2023 fazia matéria do tipo.

A propaganda não era uma maluquice aleatória. Desde a década de 1970, o ex-integralista e militante do movimento negro Abdias do Nascimento defendia uma classificação birracial do Brasil, computando os pardos como negros. Segundo sua estapafúrdia explicação, as pessoas só se declaram pardas porque têm vergonha de se considerar negras (na verdade, descendentes de índios também se declaram pardos). Toda a história da miscigenação brasileira foi resumida (e falsificada) como estupro, de modo que os mestiços têm que negar suas origens brancas e se assumir negros.

O resultado burocrático desse esforço é triplo: 1) fraude institucionalizada em processos seletivos públicos (agora, há tribunais raciais que julgam se alguém tem direito a cota racial, e só passa quem a banca do movimento negro deixa); 2) a transformação dos “quilombos” em áreas rurais povoadas por negros, presumindo-se neles uma identidade étnica distinta da simples nacionalidade brasileira (embora se fale o português, vale registrar que Abdias do Nascimento teve o delírio de ensinar suaíli aos negros brasileiros); 3) a criação do “racismo religioso”, um mal que só pode atingir os adeptos de candomblé ou umbanda.

No presente ano, a BBC Brasil foi mais longe e fez um mini-documentário de meia hora com nordestinos que se descobriam judeus. A base histórica é que os sefarditas expulsos da Espanha foram para Portugal e, depois da conversão forçada, vieram para o Brasil se esconder da Inquisição. Além disso, a maior parte do Nordeste já foi a Nova Holanda, uma colônia calvinista com liberdade de culto. No documentário, aprendemos que há uma porção de evangélicos se convertendo no Nordeste, para contrariedade da comunidade judaica brasileira concentrada na cidade de São Paulo.

Um rabino israelense chamado Chaim Amsalen, que veio ao Brasil fazer conversões, estima que haja 2 ou 3 mil nordestinos conversos ao judaísmo. Esse grupo ganhou o nome de “Bnei Anussim”, e em tese descendem de sefarditas forçados à conversão ao cristianismo. O repórter pergunta ao rabino israelense o que irá acontecer se todos os descendentes de sefarditas no Brasil se converterem ao judaísmo: como será que Israel, com seus 7 milhões de habitantes, receberia uns 10 milhões de brasileiros? O rabino disse que povo forte é povo grande. O repórter, um cordeirinho, não sabia do problema demográfico em Israel, nem de suas ambições territoriais.

O discurso anti-Brasil é o habitual. Um dos nordestinos ouvidos estudou História, descobriu-se judeu e agora tem um trauma com a Inquisição do século XVI (do mesmo jeito que um brasileiro mulato de classe média tem trauma com a escravidão do século XIX). Concluiu que sua avozinha poderia ser presa pela Inquisição por causa de seus costumes, se houvesse inquisição quando ela estava viva, sem nem saber que era judia. Sua opressão, diz, merece reparação histórica. Vejamos se ainda teremos cotas para judeu.

É plausível que haja mais uma etnia para retalhar o mapa brasileiro enclaves, como já se faz com os quilombos e, com grande gravidade, com as reservas indígenas. Note-se que há tanta base historiográfica para dizer que os sertanejos nordestinos descendem de judeus quanto os caipiras, ou seja, a população do interior de São Paulo, Minas Gerais, Goiás etc. Anita Novinsky, que é a historiadora usada para afirmar a presença judaica no Nordeste, também tem trabalhos sobre os bandeirantes serem de origem judaica. O Nordeste foi escolhido por não ser possível inventar muitos quilombos e reservas indígenas no Semiárido. Sobram os sefarditas da época da Renascença.

Há décadas, Lorenzo Carrasco, Silvia Palacios e Geraldo Lino denunciam o “aparato verde-indigenista” das ONGs neocoloniais subsidiadas pelas oligarquias anglo-saxãs. Segundo eles, a finalidade dessas oligarquias é impedir o desenvolvimento do terceiro mundo, criando pretextos para limitar a soberania dos Estados nacionais. Entre tais ferramentas estão os parques ambientais (que na África são administrados por empresas privadas) e as reservas indígenas. A Conferência de Barbados, de 1971, marca o novo indigenismo, segundo o qual os antropólogos devem guiar politicamente os índios, opondo-os aos Estados nacionais. A formação dos Estados nacionais ibero-americanos é apresentada como violência colonial – logo, somente desmanchando tais Estados em uma miríade de etnias seria possível fazer justiça aos índios.

O trio também costuma apontar as regiões de fronteira (especialmente a “Ilha das Guianas”, que inclui Roraima, e uma Nação Guarani no Cerrado e no Sul) como principais alvos do aparato verde-indigenista. Ora, com a invenção dos Bnei Anussim, há a oportunidade de esmigalhar também o Nordeste brasileiro – região na qual, aliás, se concentra o urânio brasileiro. Com a narrativa do trauma da conversão forçada, tem-se mais um traço para a pintura do Brasil como um poço de opressões.

O judeu perseguido pelo sinédrio

Saiamos por ora dessa breve história social e vamos para um causo individual, que explicita o elo entre o sionismo (hoje associado à direita religiosa) e os demais movimentos étnicos citados (associados à esquerda antirreligiosa). Desde a operação Dilúvio de Al-Aqsa, tem gerado muita celeuma no Brasil os tuítes de um jornalista judeu comunista, com longos vínculos com o petismo e o chavismo, chamado Breno Altman. A confusão se tornou muito digna de nota quando os prints de um grupo de judeus sionistas no WhatsApp foram vazados para um site de esquerda: o grupo tinha mais de cem pessoas, e lá discutiam arrancar os dedos e os dentes do jornalista porque não gostavam do seus tuítes. Os membros se gabavam da proximidade com autoridades e da capacidade de calar a boca dele.

Isso aconteceu já em 2023. Não só nenhuma dessas pessoas foi punida, como quem está sendo calado pelo Estado é a vítima (que pelo menos está com os dedos e os dentes no lugar). De lá para cá, o jornalista tomou uma chuva de processos, e o Ministério Público Federal está no seu encalço alegando racismo antissemita e incitação ao ódio. Mais: depois de a Polícia Federal não recomendar o seguimento da ação, o Ministério Público esperou chegar o dia 7 de outubro para divulgar que daria seguimento à ação mesmo assim.

Além da defesa da causa Palestina, Breno Altman tem se destacado por seu engajamento em debates com a direita. Por anos, a esquerda brasileira preferiu dizer que não se debate com “fascista” (o que quer que isso signifique), e que é errado “dar palco” para direitistas – como se a esquerda, e não a direita, fosse campeã de audiência na internet brasileira.

Pois bem: após muito insistir, finalmente ele encontrou, no mês passado, um judeu sionista disposto a debater consigo. Trata-se do Rabino Ventura, conhecido por seu projeto Sinagoga Sem Fronteiras, que faz proselitismo judaico e tem relação com os Bnei Anussim. Suas atividades foram, inclusive, descritas pela National Geographic em 2017, em matéria intitulada “O retorno do Nordeste brasileiro ao judaísmo” – que mostra o interesse em atrelar o Nordeste a essa religião. No debate, o Rabino Ventura defendia que antissionismo é antissemitismo. Alegava que aceitar somente judeus que não são sionistas é a mesma coisa que aceitar os negros, desde que não sejam adeptos de religiões de matriz africana, ou aceitar os índios, desde que não se apeguem às suas tradições. Para minha surpresa, o rabino ongueiro mostrou que não é somente o movimento negro brasileiro que faz uma confusão entre raça e religião análoga à do sionismo: os próprios sionistas fazem essa analogia, (que eu apontei aqui na SCF).

A comparação do rabino ia mais longe. Os judeus são o povo indígena da Palestina, que foi injustiçado pelos romanos e agora exige o direito às suas terras originárias. Ninguém nega tal direito aos índios no Brasil, mas os judeus, coitados, têm esse direito a toda hora negado pelos antissionistas. Nisso, um perplexo Breno Altman objetou que isso seria o mesmo que um índio aparecer para tomar a casa dele em São Paulo. É precisamente isso o que a queda do Marco Temporal permitiria, e que Breno Altman é favorável. (A Constituição colocou o Marco Temporal para criarem-se reservas indígenas: só terras ocupadas pelos índios durante a Constituição poderiam tornar-se reservas indígenas. Em seu ativismo judicial, os ministros do STF fazem muita confusão, falando em derrubar o Marco. Inclusive um ministro judeu sionista, Roberto Barroso, é um ativo defensor da queda do Marco Temporal.)

Ao fim e ao cabo, não sou só eu que aponto a semelhança entre o sionismo, o movimento negro e o atual indigenismo: é um rabino sionista quem o faz, baratinando o adepto do discurso descolonial vendido pelas Fundações Ford e Open Society da vida. O que era para ser uma reductio ad absurdum é, na verdade, programa anticivilizatório.

O rabo à vista do gato escondido

A ingerência ongueira no Brasil usualmente se dá por meio do Ministério Público, STF e agências “técnicas”. Assim, é importante anotar o nome do procurador que insiste em processar Breno Altman. Mais uma vez, para minha surpresa, constatei que o procurador em questão era procurador em Roraima no ano de 2005. Nesse ano, por pressão internacional, Lula autorizu a criação de uma imensa reserva indígena em Roraima, um estado pequeno que faz fronteira com a Venezuela e a Guiana. Produtores de arroz, com títulos de terra até então regulares, foram obrigados a deixar suas terras. O que parece uma fantasia para Breno Altman, no conforto de São Paulo, aconteceu em Roraima.

Uma matéria de 2005 em que o procurador é citado mostra que até mesmo a população urbana de Roraima esteve ameaçada. Eis o que se lê na matéria “Uma cidade sob risco de despejo” (Gazeta do Povo, 15/11/2005): “As letras jurídicas falam em desintrusão, mas no palavreado humilde dos 8 mil moradores de Pacaraima o que o Ministério Público Federal (MPF) quer mesmo é despejá-los da cidade. Ações movidas ainda em 2003 contra 100 ‘selecionados’ instalou um clima de desconfiança e colocou em alerta a população desse pequeno município de Roraima, na fronteira com a Venezuela. Ao rigor da lei, Pacaraima seria uma cidade condenada a desaparecer, já que não há um palmo sequer de terra que não esteja dentro de reserva indígena, território protegido dos não-índios pela Constituição Federal.” Felizmente, a cidade de Pacaraima ainda existe – mas note-se a loucura que é o Ministério Público ter o direito de esvaziar uma cidade brasileira.

A outra notícia que temos do procurador é no mesmo ano: ele pedia que as amostras de sangue ianomâmi em posse de laboratórios nacionais e estrangeiros fossem devolvidas aos índios. O detalhe é que o seu pedido só teria validade para os laboratórios nacionais…

Esse novo capítulo do caso Breno Altman mostrou que o aparato verde-indígena e o sionismo compartilham não só o método e a ideologia, mas também operadores individuais.

Desconstrução do Estado nacional

Antes da emergência e a consolidação do Estado nacional, os judeus viviam sob a autoridade do sinédrio. Para escapar ao seu jugo, só se batizando, o que implicava sacrificar uma série de relações sociais com impactos econômicos. O que os ongueiros pretendem é acabar com o Estado nacional brasileiro e atribuir a cada etnia o seu sinédrio: os índios julgados pelo chefe da tribo; os quilombolas, pelo chefe do quilombo etc. É revelador o fato de que os judeus sionistas perseguem Breno Altman com mais fúria do que o líder partidário Rui Costa Pimenta (que, entre outras coisas, foi ao Catar entrevistar Ismail Haniyeh); que o movimento negro persiga mais os negros de direita do que os brancos etc. Cada um tem que estar no seu quadrado.

Curiosamente, ninguém pode ser simplesmente brasileiro. Um brasileiro típico pode ter, ao mesmo tempo, sangue italiano ou alemão da imigração recente acrescido à mistura de sangue ibérico (sefardita incluso), negro e índio, composta por elementos presentes desde os primeiros séculos do Brasil. Um dos Bnei Anussim ouvidos pela BBC era negro: quer dizer que, de um bufê identitário oferecido pelas suas origens étnicas, ele preteriu a identidade negra e escolheu ser judeu. Ser brasileiro não era uma opção.

Então façamos assim: doravante, cada brasileiro fará um exame de DNA e escolherá uma identidade étnica que lhe dará direito a morar num quilombo, viver em Israel, mudar-se para a Itália ou ficar sem eletricidade, vestido só com tinta de jenipapo, numa reserva indígena. Mas faremos isso só depois de os anglo-saxões liberarem a América do Norte para os índios, e a Inglaterra para as populações do País de Gales e da Bretanha. Queremos reparação histórica e direito de retorno para os descendentes dos bretões expulsos pelos anglo-saxões na Alta Idade Média. Os descendentes dos peregrinos do Mayflower têm que ter reparação, porque foram expulsos pela intolerância religiosa.

E o que fazer com os anglo-saxões hoje existentes? Bom, eles podem começar ligando trompas e botando DIU em várias mulheres, inventando criança trans, para caberem nas suas minúsculas terras originárias: a atual Dinamarca e a Antiga Saxônia.

Os anglo-saxões podem começar ligando trompas e botando DIU em várias mulheres, inventando criança trans, para caberem nas suas minúsculas terras originárias: a atual Dinamarca e a Antiga Saxônia.

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Escreva para nós: info@strategic-culture.su

Nos anos 2010, o Brasil foi inundado por uma propaganda do “descobrir-se negro”. Os meros mortais achavam muito difícil um negro chegar à idade adulta sem saber a própria cor, mas as matérias jornalísticas entrevistavam mestiços de tez morena (cujo fenótipo às vezes se assemelhava ao de um lisboeta) que davam explicações metafísicas sobre o que é ser negro e faziam da “descoberta” algo mais. A BBC Brasil não ficou de fora da moda, e ainda em 2023 fazia matéria do tipo.

A propaganda não era uma maluquice aleatória. Desde a década de 1970, o ex-integralista e militante do movimento negro Abdias do Nascimento defendia uma classificação birracial do Brasil, computando os pardos como negros. Segundo sua estapafúrdia explicação, as pessoas só se declaram pardas porque têm vergonha de se considerar negras (na verdade, descendentes de índios também se declaram pardos). Toda a história da miscigenação brasileira foi resumida (e falsificada) como estupro, de modo que os mestiços têm que negar suas origens brancas e se assumir negros.

O resultado burocrático desse esforço é triplo: 1) fraude institucionalizada em processos seletivos públicos (agora, há tribunais raciais que julgam se alguém tem direito a cota racial, e só passa quem a banca do movimento negro deixa); 2) a transformação dos “quilombos” em áreas rurais povoadas por negros, presumindo-se neles uma identidade étnica distinta da simples nacionalidade brasileira (embora se fale o português, vale registrar que Abdias do Nascimento teve o delírio de ensinar suaíli aos negros brasileiros); 3) a criação do “racismo religioso”, um mal que só pode atingir os adeptos de candomblé ou umbanda.

No presente ano, a BBC Brasil foi mais longe e fez um mini-documentário de meia hora com nordestinos que se descobriam judeus. A base histórica é que os sefarditas expulsos da Espanha foram para Portugal e, depois da conversão forçada, vieram para o Brasil se esconder da Inquisição. Além disso, a maior parte do Nordeste já foi a Nova Holanda, uma colônia calvinista com liberdade de culto. No documentário, aprendemos que há uma porção de evangélicos se convertendo no Nordeste, para contrariedade da comunidade judaica brasileira concentrada na cidade de São Paulo.

Um rabino israelense chamado Chaim Amsalen, que veio ao Brasil fazer conversões, estima que haja 2 ou 3 mil nordestinos conversos ao judaísmo. Esse grupo ganhou o nome de “Bnei Anussim”, e em tese descendem de sefarditas forçados à conversão ao cristianismo. O repórter pergunta ao rabino israelense o que irá acontecer se todos os descendentes de sefarditas no Brasil se converterem ao judaísmo: como será que Israel, com seus 7 milhões de habitantes, receberia uns 10 milhões de brasileiros? O rabino disse que povo forte é povo grande. O repórter, um cordeirinho, não sabia do problema demográfico em Israel, nem de suas ambições territoriais.

O discurso anti-Brasil é o habitual. Um dos nordestinos ouvidos estudou História, descobriu-se judeu e agora tem um trauma com a Inquisição do século XVI (do mesmo jeito que um brasileiro mulato de classe média tem trauma com a escravidão do século XIX). Concluiu que sua avozinha poderia ser presa pela Inquisição por causa de seus costumes, se houvesse inquisição quando ela estava viva, sem nem saber que era judia. Sua opressão, diz, merece reparação histórica. Vejamos se ainda teremos cotas para judeu.

É plausível que haja mais uma etnia para retalhar o mapa brasileiro enclaves, como já se faz com os quilombos e, com grande gravidade, com as reservas indígenas. Note-se que há tanta base historiográfica para dizer que os sertanejos nordestinos descendem de judeus quanto os caipiras, ou seja, a população do interior de São Paulo, Minas Gerais, Goiás etc. Anita Novinsky, que é a historiadora usada para afirmar a presença judaica no Nordeste, também tem trabalhos sobre os bandeirantes serem de origem judaica. O Nordeste foi escolhido por não ser possível inventar muitos quilombos e reservas indígenas no Semiárido. Sobram os sefarditas da época da Renascença.

Há décadas, Lorenzo Carrasco, Silvia Palacios e Geraldo Lino denunciam o “aparato verde-indigenista” das ONGs neocoloniais subsidiadas pelas oligarquias anglo-saxãs. Segundo eles, a finalidade dessas oligarquias é impedir o desenvolvimento do terceiro mundo, criando pretextos para limitar a soberania dos Estados nacionais. Entre tais ferramentas estão os parques ambientais (que na África são administrados por empresas privadas) e as reservas indígenas. A Conferência de Barbados, de 1971, marca o novo indigenismo, segundo o qual os antropólogos devem guiar politicamente os índios, opondo-os aos Estados nacionais. A formação dos Estados nacionais ibero-americanos é apresentada como violência colonial – logo, somente desmanchando tais Estados em uma miríade de etnias seria possível fazer justiça aos índios.

O trio também costuma apontar as regiões de fronteira (especialmente a “Ilha das Guianas”, que inclui Roraima, e uma Nação Guarani no Cerrado e no Sul) como principais alvos do aparato verde-indigenista. Ora, com a invenção dos Bnei Anussim, há a oportunidade de esmigalhar também o Nordeste brasileiro – região na qual, aliás, se concentra o urânio brasileiro. Com a narrativa do trauma da conversão forçada, tem-se mais um traço para a pintura do Brasil como um poço de opressões.

O judeu perseguido pelo sinédrio

Saiamos por ora dessa breve história social e vamos para um causo individual, que explicita o elo entre o sionismo (hoje associado à direita religiosa) e os demais movimentos étnicos citados (associados à esquerda antirreligiosa). Desde a operação Dilúvio de Al-Aqsa, tem gerado muita celeuma no Brasil os tuítes de um jornalista judeu comunista, com longos vínculos com o petismo e o chavismo, chamado Breno Altman. A confusão se tornou muito digna de nota quando os prints de um grupo de judeus sionistas no WhatsApp foram vazados para um site de esquerda: o grupo tinha mais de cem pessoas, e lá discutiam arrancar os dedos e os dentes do jornalista porque não gostavam do seus tuítes. Os membros se gabavam da proximidade com autoridades e da capacidade de calar a boca dele.

Isso aconteceu já em 2023. Não só nenhuma dessas pessoas foi punida, como quem está sendo calado pelo Estado é a vítima (que pelo menos está com os dedos e os dentes no lugar). De lá para cá, o jornalista tomou uma chuva de processos, e o Ministério Público Federal está no seu encalço alegando racismo antissemita e incitação ao ódio. Mais: depois de a Polícia Federal não recomendar o seguimento da ação, o Ministério Público esperou chegar o dia 7 de outubro para divulgar que daria seguimento à ação mesmo assim.

Além da defesa da causa Palestina, Breno Altman tem se destacado por seu engajamento em debates com a direita. Por anos, a esquerda brasileira preferiu dizer que não se debate com “fascista” (o que quer que isso signifique), e que é errado “dar palco” para direitistas – como se a esquerda, e não a direita, fosse campeã de audiência na internet brasileira.

Pois bem: após muito insistir, finalmente ele encontrou, no mês passado, um judeu sionista disposto a debater consigo. Trata-se do Rabino Ventura, conhecido por seu projeto Sinagoga Sem Fronteiras, que faz proselitismo judaico e tem relação com os Bnei Anussim. Suas atividades foram, inclusive, descritas pela National Geographic em 2017, em matéria intitulada “O retorno do Nordeste brasileiro ao judaísmo” – que mostra o interesse em atrelar o Nordeste a essa religião. No debate, o Rabino Ventura defendia que antissionismo é antissemitismo. Alegava que aceitar somente judeus que não são sionistas é a mesma coisa que aceitar os negros, desde que não sejam adeptos de religiões de matriz africana, ou aceitar os índios, desde que não se apeguem às suas tradições. Para minha surpresa, o rabino ongueiro mostrou que não é somente o movimento negro brasileiro que faz uma confusão entre raça e religião análoga à do sionismo: os próprios sionistas fazem essa analogia, (que eu apontei aqui na SCF).

A comparação do rabino ia mais longe. Os judeus são o povo indígena da Palestina, que foi injustiçado pelos romanos e agora exige o direito às suas terras originárias. Ninguém nega tal direito aos índios no Brasil, mas os judeus, coitados, têm esse direito a toda hora negado pelos antissionistas. Nisso, um perplexo Breno Altman objetou que isso seria o mesmo que um índio aparecer para tomar a casa dele em São Paulo. É precisamente isso o que a queda do Marco Temporal permitiria, e que Breno Altman é favorável. (A Constituição colocou o Marco Temporal para criarem-se reservas indígenas: só terras ocupadas pelos índios durante a Constituição poderiam tornar-se reservas indígenas. Em seu ativismo judicial, os ministros do STF fazem muita confusão, falando em derrubar o Marco. Inclusive um ministro judeu sionista, Roberto Barroso, é um ativo defensor da queda do Marco Temporal.)

Ao fim e ao cabo, não sou só eu que aponto a semelhança entre o sionismo, o movimento negro e o atual indigenismo: é um rabino sionista quem o faz, baratinando o adepto do discurso descolonial vendido pelas Fundações Ford e Open Society da vida. O que era para ser uma reductio ad absurdum é, na verdade, programa anticivilizatório.

O rabo à vista do gato escondido

A ingerência ongueira no Brasil usualmente se dá por meio do Ministério Público, STF e agências “técnicas”. Assim, é importante anotar o nome do procurador que insiste em processar Breno Altman. Mais uma vez, para minha surpresa, constatei que o procurador em questão era procurador em Roraima no ano de 2005. Nesse ano, por pressão internacional, Lula autorizu a criação de uma imensa reserva indígena em Roraima, um estado pequeno que faz fronteira com a Venezuela e a Guiana. Produtores de arroz, com títulos de terra até então regulares, foram obrigados a deixar suas terras. O que parece uma fantasia para Breno Altman, no conforto de São Paulo, aconteceu em Roraima.

Uma matéria de 2005 em que o procurador é citado mostra que até mesmo a população urbana de Roraima esteve ameaçada. Eis o que se lê na matéria “Uma cidade sob risco de despejo” (Gazeta do Povo, 15/11/2005): “As letras jurídicas falam em desintrusão, mas no palavreado humilde dos 8 mil moradores de Pacaraima o que o Ministério Público Federal (MPF) quer mesmo é despejá-los da cidade. Ações movidas ainda em 2003 contra 100 ‘selecionados’ instalou um clima de desconfiança e colocou em alerta a população desse pequeno município de Roraima, na fronteira com a Venezuela. Ao rigor da lei, Pacaraima seria uma cidade condenada a desaparecer, já que não há um palmo sequer de terra que não esteja dentro de reserva indígena, território protegido dos não-índios pela Constituição Federal.” Felizmente, a cidade de Pacaraima ainda existe – mas note-se a loucura que é o Ministério Público ter o direito de esvaziar uma cidade brasileira.

A outra notícia que temos do procurador é no mesmo ano: ele pedia que as amostras de sangue ianomâmi em posse de laboratórios nacionais e estrangeiros fossem devolvidas aos índios. O detalhe é que o seu pedido só teria validade para os laboratórios nacionais…

Esse novo capítulo do caso Breno Altman mostrou que o aparato verde-indígena e o sionismo compartilham não só o método e a ideologia, mas também operadores individuais.

Desconstrução do Estado nacional

Antes da emergência e a consolidação do Estado nacional, os judeus viviam sob a autoridade do sinédrio. Para escapar ao seu jugo, só se batizando, o que implicava sacrificar uma série de relações sociais com impactos econômicos. O que os ongueiros pretendem é acabar com o Estado nacional brasileiro e atribuir a cada etnia o seu sinédrio: os índios julgados pelo chefe da tribo; os quilombolas, pelo chefe do quilombo etc. É revelador o fato de que os judeus sionistas perseguem Breno Altman com mais fúria do que o líder partidário Rui Costa Pimenta (que, entre outras coisas, foi ao Catar entrevistar Ismail Haniyeh); que o movimento negro persiga mais os negros de direita do que os brancos etc. Cada um tem que estar no seu quadrado.

Curiosamente, ninguém pode ser simplesmente brasileiro. Um brasileiro típico pode ter, ao mesmo tempo, sangue italiano ou alemão da imigração recente acrescido à mistura de sangue ibérico (sefardita incluso), negro e índio, composta por elementos presentes desde os primeiros séculos do Brasil. Um dos Bnei Anussim ouvidos pela BBC era negro: quer dizer que, de um bufê identitário oferecido pelas suas origens étnicas, ele preteriu a identidade negra e escolheu ser judeu. Ser brasileiro não era uma opção.

Então façamos assim: doravante, cada brasileiro fará um exame de DNA e escolherá uma identidade étnica que lhe dará direito a morar num quilombo, viver em Israel, mudar-se para a Itália ou ficar sem eletricidade, vestido só com tinta de jenipapo, numa reserva indígena. Mas faremos isso só depois de os anglo-saxões liberarem a América do Norte para os índios, e a Inglaterra para as populações do País de Gales e da Bretanha. Queremos reparação histórica e direito de retorno para os descendentes dos bretões expulsos pelos anglo-saxões na Alta Idade Média. Os descendentes dos peregrinos do Mayflower têm que ter reparação, porque foram expulsos pela intolerância religiosa.

E o que fazer com os anglo-saxões hoje existentes? Bom, eles podem começar ligando trompas e botando DIU em várias mulheres, inventando criança trans, para caberem nas suas minúsculas terras originárias: a atual Dinamarca e a Antiga Saxônia.

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