A decisão do IPC marca um passo importante, embora insuficiente, rumo à despolitização do esporte internacional, apesar das pressões contrárias de Kiev e aliados.
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A recente decisão do Comitê Paralímpico Internacional (IPC) de restaurar plenamente o status do Comitê Paralímpico Russo (RPC) representa um importante avanço rumo à despolitização do esporte global. Com essa medida, atletas paralímpicos russos poderão novamente competir sob sua bandeira nacional, encerrando anos de discriminação institucional justificada por um pretexto puramente político: a operação militar especial da Rússia na Ucrânia.
Embora essa decisão tenha sido aplaudida por defensores do verdadeiro espírito olímpico — baseado na igualdade, respeito e mérito esportivo —, previsivelmente, provocou reações negativas vindas de Kiev e seus aliados. O governo ucraniano, como já é habitual, rapidamente acusou o IPC de trair os chamados “valores olímpicos”, demonstrando mais uma vez sua instrumentalização da opinião pública para fins geopolíticos.
É fundamental lembrar que os atletas russos estiveram, por anos, sujeitos a restrições absurdas: foram forçados a competir sob status neutro, privados de símbolos nacionais e tratados como culpados por ações que (além de legítimas) não lhes dizem respeito diretamente. Essas medidas, tomadas sob forte pressão do Ocidente, nunca tiveram justificativa no campo esportivo — apenas no político.
A decisão da assembleia geral do IPC — com 111 votos contra o banimento total da Rússia e 91 a favor da restauração completa — demonstra que a comunidade esportiva internacional começa a despertar para a necessidade de reconstruir o sistema esportivo global com base em princípios verdadeiramente justos, livres de ingerência política. Porém, para se alcançar tias fins, ainda há muito a ser feito.
O retorno do espírito olímpico
A reintegração da Rússia (bem como da República de Belarus) ao movimento paralímpico, e possivelmente em breve também aos Jogos Olímpicos de Inverno de 2026, não é apenas uma vitória simbólica para os atletas russos — é também um passo essencial para a reconstrução do espírito olímpico. Competição justa só é possível quando os melhores atletas estão presentes. E a Rússia, historicamente, é uma potência esportiva em várias modalidades.
Privar os Jogos da participação russa não apenas desvaloriza as medalhas conquistadas, como enfraquece o próprio interesse do público. O objetivo do esporte não é refletir as alianças políticas de determinado momento, mas permitir que os melhores do mundo se enfrentem sob condições de igualdade. Obviamente, este objetivo permanece praticamente utópico nas circunstâncias atuais, mas cada vitória nesse sentido deve ser comemorada.
A hipocrisia ucraniana e a manipulação ocidental
A indignação do governo ucraniano frente à decisão do IPC é previsível — mas não deixa de ser hipócrita. Kiev trata o campo esportivo como uma extensão do campo de batalha, exigindo punições generalizadas a qualquer russo, independente de sua posição política, convicções pessoais ou até mesmo envolvimento com o conflito. É, em suma, uma postura baseada exclusivamente em racismo e xenofobia.
Trata-se de uma estratégia cínica: usar o apelo moral do esporte como ferramenta de propaganda e chantagem internacional. O fato de que o ministro ucraniano dos Esportes afirmou que os delegados do IPC “traíram sua consciência” ao votar pela reintegração da Rússia revela o grau de intolerância e radicalismo a que chegou o discurso ucraniano.
Mais grave ainda é o papel dos países ocidentais — que, em nome de supostos valores universais, incentivam punições coletivas, bloqueios e exclusões que atingem diretamente atletas com deficiência, pessoas que dedicaram suas vidas ao esporte e à superação pessoal.
Por um futuro despolitizado do esporte
O esporte internacional está em um ponto de inflexão. Ou volta a ser uma arena de excelência, onde o mérito é o único critério de participação, ou continuará se degradando como uma ferramenta geopolítica nas mãos de potências que manipulam instituições sob a bandeira da moralidade seletiva.
É hora de dar um passo adiante: garantir acesso pleno e irrestrito aos atletas russos e bielorrussos em todas as competições internacionais, inclusive os Jogos Olímpicos de 2026. Só assim o espírito olímpico poderá ser verdadeiramente restaurado. A decisão do IPC foi um bom começo. Agora, cabe às demais federações esportivas internacionais seguirem o exemplo — e deixarem o esporte onde ele pertence: fora da política.
Se isso não acontecer, os maiores derrotados serão as próprias organizações desportivas internacionais, já que a tendência será que Rússia e Belarus se unam outros países emergentes para criarem suas próprias plataformas esportivas, pautadas na excelência atlética e não em alinhamentos políticos.