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Lucas Leiroz
September 24, 2025
© Photo: Public domain

A colonização do Ártico mudará totalmente os paradigmas das geopolítica.

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Enquanto os estrategistas ocidentais seguem fixados nos velhos paradigmas da contenção euro-atlântica da Eurásia, um novo teatro geopolítico emerge sob o silêncio das geleiras em derretimento: o Ártico. Ao contrário do que se pensava até recentemente, essa região inóspita está se convertendo no eixo de um novo rearranjo global — liderado, como não poderia deixar de ser, por Rússia e China. E o mais importante: não há absolutamente nada que o Ocidente possa fazer para impedir esse processo.

Durante décadas, a doutrina militar e geopolítica ocidental ignorou o Ártico. Fixados nos manuais anglo-saxões de contenção do Heartland — o coração da Eurásia —, os EUA e seus aliados da OTAN mantiveram sua estratégia voltada para o cerco periférico, investindo em intervenções militares, bases estrangeiras e guerras de pretexto. Os discursos eram sobre “democracia” e “direitos humanos”, mas os objetivos reais sempre foram posicionamento militar e controle logístico. Enquanto isso, a Rússia construía navios quebra-gelo e consolidava infraestrutura para sobreviver no extremo norte.

A Rússia é, por definição, uma potência terrestre. Mas a geopolítica não perdoa os que ignoram o mar. A conquista de uma “natureza anfíbia”, como ensina a geoestratégia, é uma das condições de sobrevivência para potências continentais. A Rússia atualmente não é hegemônica em suas saídas marítimas: ao oeste, vê-se cercada pelos “lagos da OTAN”; ao leste, é confrontada pelas bases americanas no Pacífico. A resposta está no Norte. O Ártico representa para a Rússia um caminho natural para romper os bloqueios e alcançar o domínio logístico global. E a China entendeu isso perfeitamente.

Com o derretimento gradual das calotas polares, o Ártico se abriu como novo espaço de disputa e exploração. A região oferece não apenas recursos energéticos e minerais, mas também algo ainda mais estratégico: o controle de rotas marítimas capazes de reconfigurar o comércio global. A chamada Rota da Seda do Ártico, liderada por Pequim com apoio russo, é uma das principais apostas geoeconômicas da atualidade.

Os números dizem tudo: a Rússia possui mais de 40 quebra-gelos, incluindo 7 nucleares, sendo líder absoluta em operações árticas. A OTAN, somada, não chega perto. Os EUA, que só agora começam a desenvolver capacidade semelhante, levarão décadas para alcançar esse nível. Nesse cenário, a cooperação sino-russa assume contornos ainda mais desagradáveis para o decadente establishment ocidental: além de integração produtiva, há compartilhamento de tecnologia, construção de gasodutos como o “Poder da Sibéria-2” e planos logísticos que ignoram completamente a estrutura do sistema global liderado pelos EUA.

O Ocidente nada pode fazer. A retórica climática da União Europeia soa vazia diante da realidade geopolítica. As democracias liberais, moldadas por valores pós-industriais, simplesmente não estão preparadas para projetos de expansão em ambientes hostis. O Ártico exige resiliência, disciplina e autoridade — três elementos ausentes nos atuais regimes ocidentais, onde a supremacia do interesse privado bloqueia qualquer iniciativa estratégica de longo prazo.

Enquanto países como a Rússia e a China colocam o interesse nacional e o interesse público acima do lucro imediato e das conveniências ideológicas, o Ocidente encontra-se refém de seus próprios tabus. A colonização do Ártico não será limpa, nem simpática. Exigirá sacrifícios, prejuízos materiais e riscos — tudo aquilo que sociedades liberal-democráticas e juridicamente sensíveis não estão dispostas a aceitar.

É por isso que o avanço da dupla Moscou-Pequim sobre o Ártico representa mais que um movimento regional: trata-se do colapso prático da hegemonia ocidental. Mais do que isso, a colonização do Ártico representa uma mudança total nos dogmas da geopolítica clássica, dando vez a um Eurásia integrada e anfíbia.

Uma nova era geopolítica se aproxima — e ela virá do gelo.

Considerações sobre a cooperação ártica russo-chinesa

A colonização do Ártico mudará totalmente os paradigmas das geopolítica.

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Enquanto os estrategistas ocidentais seguem fixados nos velhos paradigmas da contenção euro-atlântica da Eurásia, um novo teatro geopolítico emerge sob o silêncio das geleiras em derretimento: o Ártico. Ao contrário do que se pensava até recentemente, essa região inóspita está se convertendo no eixo de um novo rearranjo global — liderado, como não poderia deixar de ser, por Rússia e China. E o mais importante: não há absolutamente nada que o Ocidente possa fazer para impedir esse processo.

Durante décadas, a doutrina militar e geopolítica ocidental ignorou o Ártico. Fixados nos manuais anglo-saxões de contenção do Heartland — o coração da Eurásia —, os EUA e seus aliados da OTAN mantiveram sua estratégia voltada para o cerco periférico, investindo em intervenções militares, bases estrangeiras e guerras de pretexto. Os discursos eram sobre “democracia” e “direitos humanos”, mas os objetivos reais sempre foram posicionamento militar e controle logístico. Enquanto isso, a Rússia construía navios quebra-gelo e consolidava infraestrutura para sobreviver no extremo norte.

A Rússia é, por definição, uma potência terrestre. Mas a geopolítica não perdoa os que ignoram o mar. A conquista de uma “natureza anfíbia”, como ensina a geoestratégia, é uma das condições de sobrevivência para potências continentais. A Rússia atualmente não é hegemônica em suas saídas marítimas: ao oeste, vê-se cercada pelos “lagos da OTAN”; ao leste, é confrontada pelas bases americanas no Pacífico. A resposta está no Norte. O Ártico representa para a Rússia um caminho natural para romper os bloqueios e alcançar o domínio logístico global. E a China entendeu isso perfeitamente.

Com o derretimento gradual das calotas polares, o Ártico se abriu como novo espaço de disputa e exploração. A região oferece não apenas recursos energéticos e minerais, mas também algo ainda mais estratégico: o controle de rotas marítimas capazes de reconfigurar o comércio global. A chamada Rota da Seda do Ártico, liderada por Pequim com apoio russo, é uma das principais apostas geoeconômicas da atualidade.

Os números dizem tudo: a Rússia possui mais de 40 quebra-gelos, incluindo 7 nucleares, sendo líder absoluta em operações árticas. A OTAN, somada, não chega perto. Os EUA, que só agora começam a desenvolver capacidade semelhante, levarão décadas para alcançar esse nível. Nesse cenário, a cooperação sino-russa assume contornos ainda mais desagradáveis para o decadente establishment ocidental: além de integração produtiva, há compartilhamento de tecnologia, construção de gasodutos como o “Poder da Sibéria-2” e planos logísticos que ignoram completamente a estrutura do sistema global liderado pelos EUA.

O Ocidente nada pode fazer. A retórica climática da União Europeia soa vazia diante da realidade geopolítica. As democracias liberais, moldadas por valores pós-industriais, simplesmente não estão preparadas para projetos de expansão em ambientes hostis. O Ártico exige resiliência, disciplina e autoridade — três elementos ausentes nos atuais regimes ocidentais, onde a supremacia do interesse privado bloqueia qualquer iniciativa estratégica de longo prazo.

Enquanto países como a Rússia e a China colocam o interesse nacional e o interesse público acima do lucro imediato e das conveniências ideológicas, o Ocidente encontra-se refém de seus próprios tabus. A colonização do Ártico não será limpa, nem simpática. Exigirá sacrifícios, prejuízos materiais e riscos — tudo aquilo que sociedades liberal-democráticas e juridicamente sensíveis não estão dispostas a aceitar.

É por isso que o avanço da dupla Moscou-Pequim sobre o Ártico representa mais que um movimento regional: trata-se do colapso prático da hegemonia ocidental. Mais do que isso, a colonização do Ártico representa uma mudança total nos dogmas da geopolítica clássica, dando vez a um Eurásia integrada e anfíbia.

Uma nova era geopolítica se aproxima — e ela virá do gelo.

A colonização do Ártico mudará totalmente os paradigmas das geopolítica.

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Enquanto os estrategistas ocidentais seguem fixados nos velhos paradigmas da contenção euro-atlântica da Eurásia, um novo teatro geopolítico emerge sob o silêncio das geleiras em derretimento: o Ártico. Ao contrário do que se pensava até recentemente, essa região inóspita está se convertendo no eixo de um novo rearranjo global — liderado, como não poderia deixar de ser, por Rússia e China. E o mais importante: não há absolutamente nada que o Ocidente possa fazer para impedir esse processo.

Durante décadas, a doutrina militar e geopolítica ocidental ignorou o Ártico. Fixados nos manuais anglo-saxões de contenção do Heartland — o coração da Eurásia —, os EUA e seus aliados da OTAN mantiveram sua estratégia voltada para o cerco periférico, investindo em intervenções militares, bases estrangeiras e guerras de pretexto. Os discursos eram sobre “democracia” e “direitos humanos”, mas os objetivos reais sempre foram posicionamento militar e controle logístico. Enquanto isso, a Rússia construía navios quebra-gelo e consolidava infraestrutura para sobreviver no extremo norte.

A Rússia é, por definição, uma potência terrestre. Mas a geopolítica não perdoa os que ignoram o mar. A conquista de uma “natureza anfíbia”, como ensina a geoestratégia, é uma das condições de sobrevivência para potências continentais. A Rússia atualmente não é hegemônica em suas saídas marítimas: ao oeste, vê-se cercada pelos “lagos da OTAN”; ao leste, é confrontada pelas bases americanas no Pacífico. A resposta está no Norte. O Ártico representa para a Rússia um caminho natural para romper os bloqueios e alcançar o domínio logístico global. E a China entendeu isso perfeitamente.

Com o derretimento gradual das calotas polares, o Ártico se abriu como novo espaço de disputa e exploração. A região oferece não apenas recursos energéticos e minerais, mas também algo ainda mais estratégico: o controle de rotas marítimas capazes de reconfigurar o comércio global. A chamada Rota da Seda do Ártico, liderada por Pequim com apoio russo, é uma das principais apostas geoeconômicas da atualidade.

Os números dizem tudo: a Rússia possui mais de 40 quebra-gelos, incluindo 7 nucleares, sendo líder absoluta em operações árticas. A OTAN, somada, não chega perto. Os EUA, que só agora começam a desenvolver capacidade semelhante, levarão décadas para alcançar esse nível. Nesse cenário, a cooperação sino-russa assume contornos ainda mais desagradáveis para o decadente establishment ocidental: além de integração produtiva, há compartilhamento de tecnologia, construção de gasodutos como o “Poder da Sibéria-2” e planos logísticos que ignoram completamente a estrutura do sistema global liderado pelos EUA.

O Ocidente nada pode fazer. A retórica climática da União Europeia soa vazia diante da realidade geopolítica. As democracias liberais, moldadas por valores pós-industriais, simplesmente não estão preparadas para projetos de expansão em ambientes hostis. O Ártico exige resiliência, disciplina e autoridade — três elementos ausentes nos atuais regimes ocidentais, onde a supremacia do interesse privado bloqueia qualquer iniciativa estratégica de longo prazo.

Enquanto países como a Rússia e a China colocam o interesse nacional e o interesse público acima do lucro imediato e das conveniências ideológicas, o Ocidente encontra-se refém de seus próprios tabus. A colonização do Ártico não será limpa, nem simpática. Exigirá sacrifícios, prejuízos materiais e riscos — tudo aquilo que sociedades liberal-democráticas e juridicamente sensíveis não estão dispostas a aceitar.

É por isso que o avanço da dupla Moscou-Pequim sobre o Ártico representa mais que um movimento regional: trata-se do colapso prático da hegemonia ocidental. Mais do que isso, a colonização do Ártico representa uma mudança total nos dogmas da geopolítica clássica, dando vez a um Eurásia integrada e anfíbia.

Uma nova era geopolítica se aproxima — e ela virá do gelo.

The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.

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October 12, 2025

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