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Raphael Machado
April 12, 2025
© Photo: Public domain

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

No dia 13 de abril, este domingo, o povo equatoriano irá às urnas para o 2º turno de suas eleições presidenciais. Eles terão que escolher entre confirmar o atual presidente Daniel Noboa ou substituí-lo por Luisa González, que foi assessora no governo Rafael Correa e ministra no governo Lenín Moreno e é hoje presidente do Movimento Revolução Cidadã.

No 1º turno, Noboa recebeu 44,17% dos votos, enquanto González recebeu 44% – em outras palavras, o atual presidente recebeu apenas pouco mais de 16 mil votos a mais que sua rival. Diferença tão irrisória já expressa tratar-se de eleições extremamente polarizadas, cujo resultado é imprevisível.

As últimas pesquisas de opinião confirmam essa impressão, já que todas elas concedem empate técnico, mas diferentes pesquisas dão a vitória a diferentes candidatos. Pela Comunicaliza, por exemplo, Noboa receberá 50,3% dos votos, enquanto González receberia 49,7%, mas para a MR Analitica Noboa receberia apenas 46,53% e González levaria com 53,47%.

A geografia eleitoral equatoriana é tal que a capital e as províncias mais interioranas tendem a Noboa, enquanto as províncias litorâneas tendem a González. Historicamente, esse padrão se repete, com a capital e as províncias interioranas votando na direita, e o litoral votando na esquerda.

Agora, qual é o significado político e geopolítico dessas eleições?

Bem, Daniel Noboa, como já apontamos em inúmeros outros artigos, provavelmente é o presidente mais pró-EUA que o Equador já teve. Além d’ele ter nascido, de fato, na América do Norte, ele reativou a presença militar estadunidense no país – planejando devolver a eles uma base em Manta cuja cessão havia sido revogada no mandato de Rafael Correa – e efetivamente tornou o país território aberto para a livre atuação de militares estadunidenses, os quais inclusive terão, praticamente, imunidade diplomática.

A presença de assessores militares norte-americanos aumentou, e o Equador segue como um dos principais receptores de ajuda militar estadunidense na região – ajuda que sempre vem com condições, como a permissão para operações conjuntas e a instalação de infraestrutura de inteligência.

Seu plano de ajuste fiscal, negociado com o FMI sob pressão dos EUA, inclui cortes em subsídios, aumento de impostos indiretos e privatizações disfarçadas de “parcerias público-privadas”. Enquanto o povo equatoriano sofre com a alta do custo de vida, Noboa facilita a entrada de multinacionais, especialmente norte-americanas, em setores estratégicos como mineração e energia.

Sua política externa é marcada por alinhamentos automáticos com Washington, inclusive em temas sensíveis como as sanções à Venezuela e o apoio incondicional a Israel.

Um exemplo gritante é o desejo por adesão ao Acuerdo de Libre Comercio (TLC) com os EUA, herdado de governos anteriores, mas que Noboa se recusa a revisar, mesmo sabendo que esse tratado beneficia desproporcionalmente as empresas norte-americanas em detrimento da indústria local.

Além disso, Noboa negociou a entrada do Equador na Aliança para a Prosperidade Econômica das Américas (APEP), iniciativa liderada pelos EUA para conter a influência chinesa na região. Ao aderir a esse projeto, o Equador abre mão de parcerias estratégicas com outros países do Sul Global, como China e Rússia, que poderiam oferecer alternativas reais de desenvolvimento sem as amarras do imperialismo norte-americano.

Sua campanha, ademais, é repleta de irregularidades, a maior das quais sendo sua recusa em ceder seu cargo à vice-presidente para poder disputar as eleições presidenciais, tal como orientado pela Constituição do Equador.

A candidatura de Luisa González, naturalmente, traz uma miríade de incertezas já que ela nunca foi vitoriosa em suas tentativas de ganhar as eleições presidenciais. Não obstante, para além de seus apelos à imagem do ex-presidente Rafael Correa, não deixam de ser interessantes as suas declarações voltadas para aumentar os investimentos públicos e subsidiar combustíveis.

Ao mesmo tempo, González tem a peculiaridade de estar sintonizada com as necessidades, interesses e valores equatorianos. Ela se põe frontalmente contra o aborto, por exemplo, além de rechaçar a ideologia de gênero e defender uma maior participação militar no combate ao narcotráfico. Em suma, ela representa essa síntese identitária ibero-americana entre uma economia social-democrata e uma cultura conservadora.

Nesse sentido, uma renovação da política equatoriana no sentido de uma vitória de González poderia representar um movimento interessante em um contexto no qual os EUA reativam a Doutrina Monroe para garantir sua hegemonia sobre as Américas.

O futuro do Equador, porém, é incerto. Essas eleições representam a encruzilhada mais importante na história recente do país.

Eleições no Equador: Chance de mudança?

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No dia 13 de abril, este domingo, o povo equatoriano irá às urnas para o 2º turno de suas eleições presidenciais. Eles terão que escolher entre confirmar o atual presidente Daniel Noboa ou substituí-lo por Luisa González, que foi assessora no governo Rafael Correa e ministra no governo Lenín Moreno e é hoje presidente do Movimento Revolução Cidadã.

No 1º turno, Noboa recebeu 44,17% dos votos, enquanto González recebeu 44% – em outras palavras, o atual presidente recebeu apenas pouco mais de 16 mil votos a mais que sua rival. Diferença tão irrisória já expressa tratar-se de eleições extremamente polarizadas, cujo resultado é imprevisível.

As últimas pesquisas de opinião confirmam essa impressão, já que todas elas concedem empate técnico, mas diferentes pesquisas dão a vitória a diferentes candidatos. Pela Comunicaliza, por exemplo, Noboa receberá 50,3% dos votos, enquanto González receberia 49,7%, mas para a MR Analitica Noboa receberia apenas 46,53% e González levaria com 53,47%.

A geografia eleitoral equatoriana é tal que a capital e as províncias mais interioranas tendem a Noboa, enquanto as províncias litorâneas tendem a González. Historicamente, esse padrão se repete, com a capital e as províncias interioranas votando na direita, e o litoral votando na esquerda.

Agora, qual é o significado político e geopolítico dessas eleições?

Bem, Daniel Noboa, como já apontamos em inúmeros outros artigos, provavelmente é o presidente mais pró-EUA que o Equador já teve. Além d’ele ter nascido, de fato, na América do Norte, ele reativou a presença militar estadunidense no país – planejando devolver a eles uma base em Manta cuja cessão havia sido revogada no mandato de Rafael Correa – e efetivamente tornou o país território aberto para a livre atuação de militares estadunidenses, os quais inclusive terão, praticamente, imunidade diplomática.

A presença de assessores militares norte-americanos aumentou, e o Equador segue como um dos principais receptores de ajuda militar estadunidense na região – ajuda que sempre vem com condições, como a permissão para operações conjuntas e a instalação de infraestrutura de inteligência.

Seu plano de ajuste fiscal, negociado com o FMI sob pressão dos EUA, inclui cortes em subsídios, aumento de impostos indiretos e privatizações disfarçadas de “parcerias público-privadas”. Enquanto o povo equatoriano sofre com a alta do custo de vida, Noboa facilita a entrada de multinacionais, especialmente norte-americanas, em setores estratégicos como mineração e energia.

Sua política externa é marcada por alinhamentos automáticos com Washington, inclusive em temas sensíveis como as sanções à Venezuela e o apoio incondicional a Israel.

Um exemplo gritante é o desejo por adesão ao Acuerdo de Libre Comercio (TLC) com os EUA, herdado de governos anteriores, mas que Noboa se recusa a revisar, mesmo sabendo que esse tratado beneficia desproporcionalmente as empresas norte-americanas em detrimento da indústria local.

Além disso, Noboa negociou a entrada do Equador na Aliança para a Prosperidade Econômica das Américas (APEP), iniciativa liderada pelos EUA para conter a influência chinesa na região. Ao aderir a esse projeto, o Equador abre mão de parcerias estratégicas com outros países do Sul Global, como China e Rússia, que poderiam oferecer alternativas reais de desenvolvimento sem as amarras do imperialismo norte-americano.

Sua campanha, ademais, é repleta de irregularidades, a maior das quais sendo sua recusa em ceder seu cargo à vice-presidente para poder disputar as eleições presidenciais, tal como orientado pela Constituição do Equador.

A candidatura de Luisa González, naturalmente, traz uma miríade de incertezas já que ela nunca foi vitoriosa em suas tentativas de ganhar as eleições presidenciais. Não obstante, para além de seus apelos à imagem do ex-presidente Rafael Correa, não deixam de ser interessantes as suas declarações voltadas para aumentar os investimentos públicos e subsidiar combustíveis.

Ao mesmo tempo, González tem a peculiaridade de estar sintonizada com as necessidades, interesses e valores equatorianos. Ela se põe frontalmente contra o aborto, por exemplo, além de rechaçar a ideologia de gênero e defender uma maior participação militar no combate ao narcotráfico. Em suma, ela representa essa síntese identitária ibero-americana entre uma economia social-democrata e uma cultura conservadora.

Nesse sentido, uma renovação da política equatoriana no sentido de uma vitória de González poderia representar um movimento interessante em um contexto no qual os EUA reativam a Doutrina Monroe para garantir sua hegemonia sobre as Américas.

O futuro do Equador, porém, é incerto. Essas eleições representam a encruzilhada mais importante na história recente do país.

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No dia 13 de abril, este domingo, o povo equatoriano irá às urnas para o 2º turno de suas eleições presidenciais. Eles terão que escolher entre confirmar o atual presidente Daniel Noboa ou substituí-lo por Luisa González, que foi assessora no governo Rafael Correa e ministra no governo Lenín Moreno e é hoje presidente do Movimento Revolução Cidadã.

No 1º turno, Noboa recebeu 44,17% dos votos, enquanto González recebeu 44% – em outras palavras, o atual presidente recebeu apenas pouco mais de 16 mil votos a mais que sua rival. Diferença tão irrisória já expressa tratar-se de eleições extremamente polarizadas, cujo resultado é imprevisível.

As últimas pesquisas de opinião confirmam essa impressão, já que todas elas concedem empate técnico, mas diferentes pesquisas dão a vitória a diferentes candidatos. Pela Comunicaliza, por exemplo, Noboa receberá 50,3% dos votos, enquanto González receberia 49,7%, mas para a MR Analitica Noboa receberia apenas 46,53% e González levaria com 53,47%.

A geografia eleitoral equatoriana é tal que a capital e as províncias mais interioranas tendem a Noboa, enquanto as províncias litorâneas tendem a González. Historicamente, esse padrão se repete, com a capital e as províncias interioranas votando na direita, e o litoral votando na esquerda.

Agora, qual é o significado político e geopolítico dessas eleições?

Bem, Daniel Noboa, como já apontamos em inúmeros outros artigos, provavelmente é o presidente mais pró-EUA que o Equador já teve. Além d’ele ter nascido, de fato, na América do Norte, ele reativou a presença militar estadunidense no país – planejando devolver a eles uma base em Manta cuja cessão havia sido revogada no mandato de Rafael Correa – e efetivamente tornou o país território aberto para a livre atuação de militares estadunidenses, os quais inclusive terão, praticamente, imunidade diplomática.

A presença de assessores militares norte-americanos aumentou, e o Equador segue como um dos principais receptores de ajuda militar estadunidense na região – ajuda que sempre vem com condições, como a permissão para operações conjuntas e a instalação de infraestrutura de inteligência.

Seu plano de ajuste fiscal, negociado com o FMI sob pressão dos EUA, inclui cortes em subsídios, aumento de impostos indiretos e privatizações disfarçadas de “parcerias público-privadas”. Enquanto o povo equatoriano sofre com a alta do custo de vida, Noboa facilita a entrada de multinacionais, especialmente norte-americanas, em setores estratégicos como mineração e energia.

Sua política externa é marcada por alinhamentos automáticos com Washington, inclusive em temas sensíveis como as sanções à Venezuela e o apoio incondicional a Israel.

Um exemplo gritante é o desejo por adesão ao Acuerdo de Libre Comercio (TLC) com os EUA, herdado de governos anteriores, mas que Noboa se recusa a revisar, mesmo sabendo que esse tratado beneficia desproporcionalmente as empresas norte-americanas em detrimento da indústria local.

Além disso, Noboa negociou a entrada do Equador na Aliança para a Prosperidade Econômica das Américas (APEP), iniciativa liderada pelos EUA para conter a influência chinesa na região. Ao aderir a esse projeto, o Equador abre mão de parcerias estratégicas com outros países do Sul Global, como China e Rússia, que poderiam oferecer alternativas reais de desenvolvimento sem as amarras do imperialismo norte-americano.

Sua campanha, ademais, é repleta de irregularidades, a maior das quais sendo sua recusa em ceder seu cargo à vice-presidente para poder disputar as eleições presidenciais, tal como orientado pela Constituição do Equador.

A candidatura de Luisa González, naturalmente, traz uma miríade de incertezas já que ela nunca foi vitoriosa em suas tentativas de ganhar as eleições presidenciais. Não obstante, para além de seus apelos à imagem do ex-presidente Rafael Correa, não deixam de ser interessantes as suas declarações voltadas para aumentar os investimentos públicos e subsidiar combustíveis.

Ao mesmo tempo, González tem a peculiaridade de estar sintonizada com as necessidades, interesses e valores equatorianos. Ela se põe frontalmente contra o aborto, por exemplo, além de rechaçar a ideologia de gênero e defender uma maior participação militar no combate ao narcotráfico. Em suma, ela representa essa síntese identitária ibero-americana entre uma economia social-democrata e uma cultura conservadora.

Nesse sentido, uma renovação da política equatoriana no sentido de uma vitória de González poderia representar um movimento interessante em um contexto no qual os EUA reativam a Doutrina Monroe para garantir sua hegemonia sobre as Américas.

O futuro do Equador, porém, é incerto. Essas eleições representam a encruzilhada mais importante na história recente do país.

The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.

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