A verdadeira eficiência energética não é tão rentável para as oligarquias parasitárias.
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De um modo geral, um dos elementos centrais da ideologia hegemônica no Ocidente tem sido a “Agenda Verde”. Segundo a Agenda Verde, fundada em uma interpretação alarmista e misantrópica dos dados científicos, a humanidade estaria à beira do colapso por causa de um aquecimento global antropogênico.
Para salvar o mundo, os países do mundo deveriam reduzir a sua “pegada” nesse impacto – a principal maneira disso sendo a redução drástica nas emissões causadas pelo uso de matrizes energéticas “sujas” como o petróleo, bem como fazer elevados investimentos no desenvolvimento de fontes alternativas de energia, especialmente solar e eólica.
Este é um dos tópicos principais da chamada Agenda 2030, um esforço impositivo da ONU na tentativa de padronizar uma série de abordagens e políticas públicas ao redor do mundo – tudo voltado para uma maior integração planetária sob a justificativa de uniformizar respostas a supostas “ameaças globais”: “crise climática”, “crise pandêmica”, “crise financeira”, etc.
Como consequência das tentativas dos governos ocidentais, especialmente, de impor a Agenda Verde sobre suas populações, temos as revoltas dos agricultores nos últimos anos. É que para “salvar o meio ambiente”, os governos europeus decidiram liquidar a classe média agrária através de impostos punitivos sobre a propriedade rural, bem como sobre os combustíveis fósseis.
Agora bem, realmente, nenhum de nós quer viver em um planeta Terra tão depredado, dilapidado e poluído que pareça uma distopia de ficção científica pós-apocalíptica. Todos queremos respirar ar puro, descansar sob a sombra de árvores e, até, de vez em quando ir à natureza selvagem para caçar, para acampar, etc.
Mas muitos países, especialmente entre os de fora do Eixo Atlântico percebem o discurso ambientalista como tendo a intenção de travar o desenvolvimento industrial de suas nações. Os países já desenvolvidos estariam construindo narrativas para questionar os investimentos necessários em energia, infraestrutura de complexos industriais siderúrgicos, metalúrgicos, petroquímicos, etc. porque eles “prejudicariam o meio ambiente”. Ou mesmo que não seja essa a intenção, de fato temos aí a consequência concreta.
Trata-se, mesmo assim, de um discurso sedutor não apenas por apelar a um sentimento moral relevante, mas também porque ele conta com um exército de ONGs e empresas privadas garantindo a sua amplificação. Mas apesar do discurso ser, realmente, amplificado até se imiscuir em todos os assuntos políticos e econômicos da contemporaneidade, raramente ouvimos falar na energia nuclear como alternativa. Não é estranho?
A energia nuclear é, de longe, a fonte mais densa em energia disponível. Um único quilograma de urânio-235 libera cerca de 24 milhões de kWh de energia térmica, equivalente à queima de 3.000 toneladas de carvão. Em comparação, a energia solar requer grandes áreas e tem eficiência média de 15-22% enquanto a energia eólica depende de condições climáticas e ocupa vastos territórios também.
Ademais, enquanto usinas solares e eólicas operam com 20-40% de capacidade média, as nucleares atingem 90% ou mais, funcionando 24/7 sem intermitência.
No que concerne o impacto ambiental, apesar do mito contrário, a energia nuclear é uma das fontes mais limpas. O ciclo completo (mineração, enriquecimento, operação e descarte) emite apenas 12 gCO₂/kWh, comparável à energia eólica (11 gCO₂/kWh) e muito abaixo do gás natural (490 gCO₂/kWh) e do carvão (820 gCO₂/kWh). Se o mundo substituísse os hidrocarbonetos pela energia nuclear, as emissões globais despencariam.
O objetivo declarado da Agenda Verde seria alcançado, sem prejuízo do desenvolvimento econômico por causa da eficiência superior da energia nuclear, que já indicamos.
Nem mesmo a questão dos resíduos deveria gerar tanto incômodo. O lixo nuclear é frequentemente usado como argumento contra a energia atômica, mas o volume é ínfimo (um reator de 1 GW produz apenas 3 m³/ano de resíduos de alta atividade), já existem técnicas de reciclagem que reduzem ainda mais a quantidade de resíduos e depósitos geológicos profundos garantem armazenamento seguro por milênios.
Não é o caso com painéis solares e turbinas eólicas. Os primeiros contêm materiais valiosos, como silício, prata e cobre, mas também substâncias altamente tóxicas, como chumbo e cádmio. Na prática, painéis solares não são reciclados porque trata-se de um processo caro e complexo. A maioria vai para o descarte simples, ajudando a poluir o solo e as águas.
Por que, então, ONGs como o Greenpeace fazem campanha contra a energia nuclear? Por que Greta Thunberg defende o fechamento de usinas nucleares? Em suma, por que os porta-vozes da Agenda Verde ignoram ou mesmo fazem campanha antinuclear?
A melhor interpretação para o fenômeno é que a forma pela qual a energia nuclear é explorada não se presta tão facilmente à financeirização quanto a energia solar e a energia eólica. O espaço para que grandes empresas privadas transformem a energia nuclear em um serviço a ser explorado de forma capitalista é mais limitado.
A verdadeira eficiência energética não é tão rentável para as oligarquias parasitárias.