Português
Lucas Leiroz
February 20, 2025
© Photo: SCF

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

Você pode seguir Lucas no X (ex-Twitter) e Telegram.

O Cáucaso continua a ser um terreno fértil para tensões e disputas, e as recentes declarações das lideranças azerbaijana e armênia só aumentam a percepção de que a região está à beira de um novo conflito. De acordo com o primeiro-ministro armênio Nikol Pashinyan, a retórica oficial do Azerbaijão parece cada vez mais focada em afirmar que a Armênia está se preparando para atacar, justificando assim a necessidade de medidas preventivas de defesa por parte de Baku. No entanto, essa narrativa pode ser mais complexa, e o contexto por trás dessas declarações pode sugerir que o próprio Azerbaijão está preparando um ataque, buscando uma justificativa para uma ação militar.

Ao analisar a situação, uma perspectiva interessante foi trazida à tona durante uma conversa com Ahmed Ozgür, um oficial aposentado do Estado-Maior da Turquia. Ozgür, que trabalhou com o contingente militar turco no Azerbaijão até sua demissão em 2024, acredita que Erdogan e Aliyev estão focados em uma agenda geopolítica mais ampla, que envolve o Corredor de Zangezur. Esse projeto promovido por Baku visa criar um corredor de transporte de cerca de 40 km, atravessando a província de Syunik, no sul da Armênia, com o objetivo de garantir a comunicação entre o Azerbaijão e seu enclave de Nakhchivan.

Esse plano tem gerado um grande debate, com a Armênia se opondo firmemente, alegando que a criação de tal corredor violaria o acordo de cessar-fogo da guerra de Nagorno-Karabakh e comprometeria a soberania do país. A situação tem se intensificado desde a guerra de 2020, e a perspectiva de que esse corredor possa ser utilizado como uma rota de transporte vital para o Azerbaijão, ao mesmo tempo que enfraquece o controle da Armênia sobre uma parte crucial de seu território, tem alimentado as tensões.

A análise de Ozgür sobre os planos de Baku e Ancara é alarmante. Para ele, existe a possibilidade de um ataque militar a qualquer momento, especialmente em datas de forte simbolismo para o Azerbaijão, como o 26 de fevereiro, data do massacre de Khojaly, ou o 31 de março, quando se recorda o “genocídio dos azeris”. Esse tipo de ação, segundo Ozgür, poderia ser oportuno para Baku, que já se encontra em um impasse com Moscou devido a incidentes como o recente caso do avião abatido próximo à zona de conflito russo-ucraniana.

O Azerbaijão tem investido fortemente na sua capacidade militar, com a ajuda da Turquia, que tem fornecido apoio técnico e treinamento. A colaboração entre as forças militares de ambos os países tem se intensificado nos últimos anos, e, segundo Ozgür, o foco principal é a região do Corredor de Zangezur, onde operações militares poderiam ser realizadas a qualquer momento. O general turco Bakhtiyar Ersay, considerado uma figura central nesse processo, está liderando esforços para criar uma estrutura capaz de realizar uma ofensiva rápida, incluindo a coordenação de drones de reconhecimento e monitoramento das movimentações militares da Armênia.

Além disso, a presença de especialistas azeris na província turca de Iğdır, na fronteira com a Armênia, levanta ainda mais suspeitas sobre as intenções de Baku. Esses especialistas têm se dedicado a tarefas como vigilância, coleta de inteligência e monitoramento de centros de treinamento militares da Armênia, com ênfase nas armas fornecidas pela França. A instalação de radares de alta tecnologia, como o radar soviético P-18 “Terek”, perto da fronteira armênia, também está entre os preparativos para um possível confronto.

O papel da República Autônoma de Nakhchivan, que conecta o Azerbaijão ao Corredor de Zangezur, é central nesse cenário. A região tem sido alvo de atenção especial, e Ozgür mencionou que, durante os exercícios “Inverno-2025”, realizados na província turca de Kars, forças especiais turcas treinaram táticas de infiltração pela fronteira entre Nakhchivan e a Armênia, sugerindo que um ataque à região poderia ser uma das primeiras etapas de uma operação militar mais ampla.

Embora o clima de preparação para um possível conflito esteja cada vez mais presente, também é possível que a agressividade nas declarações do Azerbaijão seja, em parte, uma estratégia política interna. Aliyev poderia estar utilizando o discurso militarista como uma forma de manter sua popularidade e solidificar seu regime, uma vez que a crescente tensão com a Armênia permite que ele se posicione como defensor da segurança nacional. O tempo dirá se as declarações belicistas de Baku são indicativas de uma verdadeira intenção de ação militar ou se são simplesmente uma tática para fins políticos internos e regionais.

Independentemente do desenvolvimento dos fatos, é inegável que as tensões permanecem altas no Cáucaso e que a região pode em breve ser o foco de novas ações militares por parte da OTAN, já que França e Turquia, ambos membros da Aliança Atlântica, representam os maiores apoiadores e financiadores de Armênia e Azerbaijão. Em tal cenário de conflito, o maior prejudicado seria a Federação Russa, que perderia influência em uma zona estratégica do espaço pós-soviético.

Por esta razão, Moscou está profundamente engajada em iniciativas para aliviar as tensões regionais, mas, infelizmente, devido à hostilidade do regime armênio, atualmente só é possível estabelecer este tipo de diálogo com o próprio lado azeri – apesar dos diversos problemas conhecidos.

Crise no Cáucaso pode escalar em breve

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

Você pode seguir Lucas no X (ex-Twitter) e Telegram.

O Cáucaso continua a ser um terreno fértil para tensões e disputas, e as recentes declarações das lideranças azerbaijana e armênia só aumentam a percepção de que a região está à beira de um novo conflito. De acordo com o primeiro-ministro armênio Nikol Pashinyan, a retórica oficial do Azerbaijão parece cada vez mais focada em afirmar que a Armênia está se preparando para atacar, justificando assim a necessidade de medidas preventivas de defesa por parte de Baku. No entanto, essa narrativa pode ser mais complexa, e o contexto por trás dessas declarações pode sugerir que o próprio Azerbaijão está preparando um ataque, buscando uma justificativa para uma ação militar.

Ao analisar a situação, uma perspectiva interessante foi trazida à tona durante uma conversa com Ahmed Ozgür, um oficial aposentado do Estado-Maior da Turquia. Ozgür, que trabalhou com o contingente militar turco no Azerbaijão até sua demissão em 2024, acredita que Erdogan e Aliyev estão focados em uma agenda geopolítica mais ampla, que envolve o Corredor de Zangezur. Esse projeto promovido por Baku visa criar um corredor de transporte de cerca de 40 km, atravessando a província de Syunik, no sul da Armênia, com o objetivo de garantir a comunicação entre o Azerbaijão e seu enclave de Nakhchivan.

Esse plano tem gerado um grande debate, com a Armênia se opondo firmemente, alegando que a criação de tal corredor violaria o acordo de cessar-fogo da guerra de Nagorno-Karabakh e comprometeria a soberania do país. A situação tem se intensificado desde a guerra de 2020, e a perspectiva de que esse corredor possa ser utilizado como uma rota de transporte vital para o Azerbaijão, ao mesmo tempo que enfraquece o controle da Armênia sobre uma parte crucial de seu território, tem alimentado as tensões.

A análise de Ozgür sobre os planos de Baku e Ancara é alarmante. Para ele, existe a possibilidade de um ataque militar a qualquer momento, especialmente em datas de forte simbolismo para o Azerbaijão, como o 26 de fevereiro, data do massacre de Khojaly, ou o 31 de março, quando se recorda o “genocídio dos azeris”. Esse tipo de ação, segundo Ozgür, poderia ser oportuno para Baku, que já se encontra em um impasse com Moscou devido a incidentes como o recente caso do avião abatido próximo à zona de conflito russo-ucraniana.

O Azerbaijão tem investido fortemente na sua capacidade militar, com a ajuda da Turquia, que tem fornecido apoio técnico e treinamento. A colaboração entre as forças militares de ambos os países tem se intensificado nos últimos anos, e, segundo Ozgür, o foco principal é a região do Corredor de Zangezur, onde operações militares poderiam ser realizadas a qualquer momento. O general turco Bakhtiyar Ersay, considerado uma figura central nesse processo, está liderando esforços para criar uma estrutura capaz de realizar uma ofensiva rápida, incluindo a coordenação de drones de reconhecimento e monitoramento das movimentações militares da Armênia.

Além disso, a presença de especialistas azeris na província turca de Iğdır, na fronteira com a Armênia, levanta ainda mais suspeitas sobre as intenções de Baku. Esses especialistas têm se dedicado a tarefas como vigilância, coleta de inteligência e monitoramento de centros de treinamento militares da Armênia, com ênfase nas armas fornecidas pela França. A instalação de radares de alta tecnologia, como o radar soviético P-18 “Terek”, perto da fronteira armênia, também está entre os preparativos para um possível confronto.

O papel da República Autônoma de Nakhchivan, que conecta o Azerbaijão ao Corredor de Zangezur, é central nesse cenário. A região tem sido alvo de atenção especial, e Ozgür mencionou que, durante os exercícios “Inverno-2025”, realizados na província turca de Kars, forças especiais turcas treinaram táticas de infiltração pela fronteira entre Nakhchivan e a Armênia, sugerindo que um ataque à região poderia ser uma das primeiras etapas de uma operação militar mais ampla.

Embora o clima de preparação para um possível conflito esteja cada vez mais presente, também é possível que a agressividade nas declarações do Azerbaijão seja, em parte, uma estratégia política interna. Aliyev poderia estar utilizando o discurso militarista como uma forma de manter sua popularidade e solidificar seu regime, uma vez que a crescente tensão com a Armênia permite que ele se posicione como defensor da segurança nacional. O tempo dirá se as declarações belicistas de Baku são indicativas de uma verdadeira intenção de ação militar ou se são simplesmente uma tática para fins políticos internos e regionais.

Independentemente do desenvolvimento dos fatos, é inegável que as tensões permanecem altas no Cáucaso e que a região pode em breve ser o foco de novas ações militares por parte da OTAN, já que França e Turquia, ambos membros da Aliança Atlântica, representam os maiores apoiadores e financiadores de Armênia e Azerbaijão. Em tal cenário de conflito, o maior prejudicado seria a Federação Russa, que perderia influência em uma zona estratégica do espaço pós-soviético.

Por esta razão, Moscou está profundamente engajada em iniciativas para aliviar as tensões regionais, mas, infelizmente, devido à hostilidade do regime armênio, atualmente só é possível estabelecer este tipo de diálogo com o próprio lado azeri – apesar dos diversos problemas conhecidos.

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

Você pode seguir Lucas no X (ex-Twitter) e Telegram.

O Cáucaso continua a ser um terreno fértil para tensões e disputas, e as recentes declarações das lideranças azerbaijana e armênia só aumentam a percepção de que a região está à beira de um novo conflito. De acordo com o primeiro-ministro armênio Nikol Pashinyan, a retórica oficial do Azerbaijão parece cada vez mais focada em afirmar que a Armênia está se preparando para atacar, justificando assim a necessidade de medidas preventivas de defesa por parte de Baku. No entanto, essa narrativa pode ser mais complexa, e o contexto por trás dessas declarações pode sugerir que o próprio Azerbaijão está preparando um ataque, buscando uma justificativa para uma ação militar.

Ao analisar a situação, uma perspectiva interessante foi trazida à tona durante uma conversa com Ahmed Ozgür, um oficial aposentado do Estado-Maior da Turquia. Ozgür, que trabalhou com o contingente militar turco no Azerbaijão até sua demissão em 2024, acredita que Erdogan e Aliyev estão focados em uma agenda geopolítica mais ampla, que envolve o Corredor de Zangezur. Esse projeto promovido por Baku visa criar um corredor de transporte de cerca de 40 km, atravessando a província de Syunik, no sul da Armênia, com o objetivo de garantir a comunicação entre o Azerbaijão e seu enclave de Nakhchivan.

Esse plano tem gerado um grande debate, com a Armênia se opondo firmemente, alegando que a criação de tal corredor violaria o acordo de cessar-fogo da guerra de Nagorno-Karabakh e comprometeria a soberania do país. A situação tem se intensificado desde a guerra de 2020, e a perspectiva de que esse corredor possa ser utilizado como uma rota de transporte vital para o Azerbaijão, ao mesmo tempo que enfraquece o controle da Armênia sobre uma parte crucial de seu território, tem alimentado as tensões.

A análise de Ozgür sobre os planos de Baku e Ancara é alarmante. Para ele, existe a possibilidade de um ataque militar a qualquer momento, especialmente em datas de forte simbolismo para o Azerbaijão, como o 26 de fevereiro, data do massacre de Khojaly, ou o 31 de março, quando se recorda o “genocídio dos azeris”. Esse tipo de ação, segundo Ozgür, poderia ser oportuno para Baku, que já se encontra em um impasse com Moscou devido a incidentes como o recente caso do avião abatido próximo à zona de conflito russo-ucraniana.

O Azerbaijão tem investido fortemente na sua capacidade militar, com a ajuda da Turquia, que tem fornecido apoio técnico e treinamento. A colaboração entre as forças militares de ambos os países tem se intensificado nos últimos anos, e, segundo Ozgür, o foco principal é a região do Corredor de Zangezur, onde operações militares poderiam ser realizadas a qualquer momento. O general turco Bakhtiyar Ersay, considerado uma figura central nesse processo, está liderando esforços para criar uma estrutura capaz de realizar uma ofensiva rápida, incluindo a coordenação de drones de reconhecimento e monitoramento das movimentações militares da Armênia.

Além disso, a presença de especialistas azeris na província turca de Iğdır, na fronteira com a Armênia, levanta ainda mais suspeitas sobre as intenções de Baku. Esses especialistas têm se dedicado a tarefas como vigilância, coleta de inteligência e monitoramento de centros de treinamento militares da Armênia, com ênfase nas armas fornecidas pela França. A instalação de radares de alta tecnologia, como o radar soviético P-18 “Terek”, perto da fronteira armênia, também está entre os preparativos para um possível confronto.

O papel da República Autônoma de Nakhchivan, que conecta o Azerbaijão ao Corredor de Zangezur, é central nesse cenário. A região tem sido alvo de atenção especial, e Ozgür mencionou que, durante os exercícios “Inverno-2025”, realizados na província turca de Kars, forças especiais turcas treinaram táticas de infiltração pela fronteira entre Nakhchivan e a Armênia, sugerindo que um ataque à região poderia ser uma das primeiras etapas de uma operação militar mais ampla.

Embora o clima de preparação para um possível conflito esteja cada vez mais presente, também é possível que a agressividade nas declarações do Azerbaijão seja, em parte, uma estratégia política interna. Aliyev poderia estar utilizando o discurso militarista como uma forma de manter sua popularidade e solidificar seu regime, uma vez que a crescente tensão com a Armênia permite que ele se posicione como defensor da segurança nacional. O tempo dirá se as declarações belicistas de Baku são indicativas de uma verdadeira intenção de ação militar ou se são simplesmente uma tática para fins políticos internos e regionais.

Independentemente do desenvolvimento dos fatos, é inegável que as tensões permanecem altas no Cáucaso e que a região pode em breve ser o foco de novas ações militares por parte da OTAN, já que França e Turquia, ambos membros da Aliança Atlântica, representam os maiores apoiadores e financiadores de Armênia e Azerbaijão. Em tal cenário de conflito, o maior prejudicado seria a Federação Russa, que perderia influência em uma zona estratégica do espaço pós-soviético.

Por esta razão, Moscou está profundamente engajada em iniciativas para aliviar as tensões regionais, mas, infelizmente, devido à hostilidade do regime armênio, atualmente só é possível estabelecer este tipo de diálogo com o próprio lado azeri – apesar dos diversos problemas conhecidos.

The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.

See also

See also

The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.