Português
Lucas Leiroz
February 7, 2025
© Photo: Public domain

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

Você pode seguir Lucas no X (ex-Twitter) e Telegram.

Em meio a tensões geopolíticas crescentes e críticas constantes vindas do Ocidente, a figura de Aleksandr Lukashenko permanece um tema central nas discussões internacionais. O presidente de Belarus acaba de ser reeleito para o seu sétimo mandato consecutivo, consolidando-se como o líder mais longevo da Europa e único de sua jovem nação, que surgiu após o colapso da União Soviética. Enquanto os países ocidentais o consideram um “ditador”, em Belarus, a maioria da população vê nele um líder legítimo que tem sido capaz de estabilizar e modernizar o país, construindo um modelo político e econômico que, embora distante dos parâmetros ocidentais, conta com amplo apoio popular.

Durante minha última visita a Minsk, na qual trabalhei como observador eleitoral internacional, tive a oportunidade de observar de perto o processo democrático em Belarus, o que me permitiu entender melhor como o sistema político do país funciona e, ao mesmo tempo, desmentir muitas das narrativas que os meios de comunicação ocidentais propagam. O que se percebe logo de início é que as eleições no país ocorrem de maneira bastante normal. Não há pressões das autoridades sobre a população, e o ambiente nos centros de votação é similar ao de qualquer outro processo democrático no mundo. O que se destaca, porém, é a participação ativa da população, que encara o momento das eleições não apenas como um direito cívico, mas como um momento de profunda responsabilidade e gratidão.

Em minha visita, observei o período de “votação especial”, que ocorre uma semana antes do dia oficial das eleições. Durante esse período, eleitores de todas as idades, de jovens a idosos, compareceram às urnas para garantir sua participação, demonstrando um entusiasmo genuíno. O dia oficial das eleições, em 26 de janeiro, foi ainda mais expressivo, com a realização de um evento cívico muito tradicional no país. Ao contrário do que muitos poderiam imaginar, as eleições não são um mero procedimento burocrático; elas são um verdadeiro evento popular onde as pessoas se reúnem para expressar seu apoio ao governo.

Esse forte vínculo entre o povo e o governo reflete um aspecto que é difícil de ser compreendido no Ocidente: o conceito de um líder popular. Em muitas democracias liberais, líderes com amplo apoio popular costumam ser vistos com desconfiança, sendo frequentemente acusados de “populismo”. Contudo, esse não é o caso de Belarus, onde o apoio a Lukashenko tem se mantido constante desde sua eleição em 1994. O presidente bielorrusso, natural de uma região do interior do país e com uma história pessoal vinculada à tradição soviética, construiu um elo genuíno com a população, algo que raramente se observa nas democracias ocidentais.

Desde seus primeiros anos no poder, Lukashenko tomou medidas estratégicas que garantiram a independência e estabilidade de Belarus. A integração com a Rússia por meio da criação do “Estado da União” foi uma das principais direções adotadas, garantindo uma cooperação política e econômica que consolidou a soberania do país. Ao contrário de outros países pós-soviéticos, onde o colapso econômico e as tensões sociais geraram caos, Belarus conseguiu evitar as consequências mais dramáticas do colapso da União Soviética, como a fome e a pobreza em massa que afetaram a Rússia entre os anos 1990 e 2000.

O modelo econômico de Lukashenko, que mistura socialismo com mercado, tem sido fundamental para o sucesso de Belarus. O governo controla setores estratégicos da economia, como as principais atividades de agricultura e a indústria, ao mesmo tempo em que permite o desenvolvimento da iniciativa privada, especialmente no setor de pequenas empresas. Essa combinação de intervenção estatal e liberdade econômica tem permitido que o país se torne uma potência agroindustrial, com destaque na produção de grãos, fertilizantes e maquinário.

Em comparação com o cenário neoliberal que assolou a Rússia nos anos 1990, a política econômica de Lukashenko evitou os efeitos devastadores da “terapia de choque”. Enquanto a Rússia enfrentava uma crise social profunda durante a presidência de Boris Yeltsin, Belarus tomava os passos que permitiriam paz e prosperidade, algo que atraiu o apoio de grande parte da população, que comparava sua realidade com a das famílias divididas pela fronteira entre os dois países, sendo muitas vezes forçadas a viver em situações precárias do outro lado.

Essa estabilidade e crescimento econômico são algumas das razões pelas quais Lukashenko tem sido constantemente reeleito desde 1994. Ao contrário do que muitos “analistas” ocidentais afirmam, o apoio popular ao presidente bielorrusso não é resultado de nenhuma manipulação política, mas reflete um consenso genuíno entre a população de que ele foi a figura que os livrou das dificuldades pós-soviéticas.

Em relação às eleições de 2025, nas quais Lukashenko obteve 87% dos votos, os meios de comunicação ocidentais logo acusaram o processo de fraude – uma acusação comum sempre que o presidente obtém uma vitória expressiva. No entanto, os observadores internacionais que estavam presentes nas eleições, assim como eu, concordam que o processo foi legítimo e transparente. As acusações de fraude, portanto, não são mais do que uma repetição de um discurso preconceituoso contra líderes não alinhados aos interesses ocidentais.

O caso de Belarus expõe uma falha crítica na compreensão ocidental do que é a verdadeira democracia. Para muitos no Ocidente, democracia é sinônimo de liberalismo econômico e alinhamento geopolítico com a potência hegemônica. No entanto, o modelo de Belarus mostra que é possível ter uma democracia onde o povo exerce seu poder diretamente, através de eleições e referendos periódicos, sem que isso seja condicionado a uma adesão aos princípios do liberalismo. A democracia em Belarus, embora não se encaixe nos moldes ocidentais, é de fato um governo do povo, para o povo e pelo povo.

Algo similar à realidade de Belarus ocorre na própria Federação Russa, onde os índices elevados de aprovação a Vladimir Putin refletem a confiança e a gratidão que os cidadãos russos desenvolveram pelo líder que os tirou da catástrofe neoliberal dos anos 1990 e transformou a Rússia em uma das maiores economias do mundo. No fim, Belarus e Rússia mostram como é possível haver real poder popular em um modelo democrático, enquanto, por outro lado, as democracias liberais muitas vezes falham em refletir a vontade real do povo.

Ocidente odeia Belarus e Lukashenko porque está desacostumado com líderes populares

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

Você pode seguir Lucas no X (ex-Twitter) e Telegram.

Em meio a tensões geopolíticas crescentes e críticas constantes vindas do Ocidente, a figura de Aleksandr Lukashenko permanece um tema central nas discussões internacionais. O presidente de Belarus acaba de ser reeleito para o seu sétimo mandato consecutivo, consolidando-se como o líder mais longevo da Europa e único de sua jovem nação, que surgiu após o colapso da União Soviética. Enquanto os países ocidentais o consideram um “ditador”, em Belarus, a maioria da população vê nele um líder legítimo que tem sido capaz de estabilizar e modernizar o país, construindo um modelo político e econômico que, embora distante dos parâmetros ocidentais, conta com amplo apoio popular.

Durante minha última visita a Minsk, na qual trabalhei como observador eleitoral internacional, tive a oportunidade de observar de perto o processo democrático em Belarus, o que me permitiu entender melhor como o sistema político do país funciona e, ao mesmo tempo, desmentir muitas das narrativas que os meios de comunicação ocidentais propagam. O que se percebe logo de início é que as eleições no país ocorrem de maneira bastante normal. Não há pressões das autoridades sobre a população, e o ambiente nos centros de votação é similar ao de qualquer outro processo democrático no mundo. O que se destaca, porém, é a participação ativa da população, que encara o momento das eleições não apenas como um direito cívico, mas como um momento de profunda responsabilidade e gratidão.

Em minha visita, observei o período de “votação especial”, que ocorre uma semana antes do dia oficial das eleições. Durante esse período, eleitores de todas as idades, de jovens a idosos, compareceram às urnas para garantir sua participação, demonstrando um entusiasmo genuíno. O dia oficial das eleições, em 26 de janeiro, foi ainda mais expressivo, com a realização de um evento cívico muito tradicional no país. Ao contrário do que muitos poderiam imaginar, as eleições não são um mero procedimento burocrático; elas são um verdadeiro evento popular onde as pessoas se reúnem para expressar seu apoio ao governo.

Esse forte vínculo entre o povo e o governo reflete um aspecto que é difícil de ser compreendido no Ocidente: o conceito de um líder popular. Em muitas democracias liberais, líderes com amplo apoio popular costumam ser vistos com desconfiança, sendo frequentemente acusados de “populismo”. Contudo, esse não é o caso de Belarus, onde o apoio a Lukashenko tem se mantido constante desde sua eleição em 1994. O presidente bielorrusso, natural de uma região do interior do país e com uma história pessoal vinculada à tradição soviética, construiu um elo genuíno com a população, algo que raramente se observa nas democracias ocidentais.

Desde seus primeiros anos no poder, Lukashenko tomou medidas estratégicas que garantiram a independência e estabilidade de Belarus. A integração com a Rússia por meio da criação do “Estado da União” foi uma das principais direções adotadas, garantindo uma cooperação política e econômica que consolidou a soberania do país. Ao contrário de outros países pós-soviéticos, onde o colapso econômico e as tensões sociais geraram caos, Belarus conseguiu evitar as consequências mais dramáticas do colapso da União Soviética, como a fome e a pobreza em massa que afetaram a Rússia entre os anos 1990 e 2000.

O modelo econômico de Lukashenko, que mistura socialismo com mercado, tem sido fundamental para o sucesso de Belarus. O governo controla setores estratégicos da economia, como as principais atividades de agricultura e a indústria, ao mesmo tempo em que permite o desenvolvimento da iniciativa privada, especialmente no setor de pequenas empresas. Essa combinação de intervenção estatal e liberdade econômica tem permitido que o país se torne uma potência agroindustrial, com destaque na produção de grãos, fertilizantes e maquinário.

Em comparação com o cenário neoliberal que assolou a Rússia nos anos 1990, a política econômica de Lukashenko evitou os efeitos devastadores da “terapia de choque”. Enquanto a Rússia enfrentava uma crise social profunda durante a presidência de Boris Yeltsin, Belarus tomava os passos que permitiriam paz e prosperidade, algo que atraiu o apoio de grande parte da população, que comparava sua realidade com a das famílias divididas pela fronteira entre os dois países, sendo muitas vezes forçadas a viver em situações precárias do outro lado.

Essa estabilidade e crescimento econômico são algumas das razões pelas quais Lukashenko tem sido constantemente reeleito desde 1994. Ao contrário do que muitos “analistas” ocidentais afirmam, o apoio popular ao presidente bielorrusso não é resultado de nenhuma manipulação política, mas reflete um consenso genuíno entre a população de que ele foi a figura que os livrou das dificuldades pós-soviéticas.

Em relação às eleições de 2025, nas quais Lukashenko obteve 87% dos votos, os meios de comunicação ocidentais logo acusaram o processo de fraude – uma acusação comum sempre que o presidente obtém uma vitória expressiva. No entanto, os observadores internacionais que estavam presentes nas eleições, assim como eu, concordam que o processo foi legítimo e transparente. As acusações de fraude, portanto, não são mais do que uma repetição de um discurso preconceituoso contra líderes não alinhados aos interesses ocidentais.

O caso de Belarus expõe uma falha crítica na compreensão ocidental do que é a verdadeira democracia. Para muitos no Ocidente, democracia é sinônimo de liberalismo econômico e alinhamento geopolítico com a potência hegemônica. No entanto, o modelo de Belarus mostra que é possível ter uma democracia onde o povo exerce seu poder diretamente, através de eleições e referendos periódicos, sem que isso seja condicionado a uma adesão aos princípios do liberalismo. A democracia em Belarus, embora não se encaixe nos moldes ocidentais, é de fato um governo do povo, para o povo e pelo povo.

Algo similar à realidade de Belarus ocorre na própria Federação Russa, onde os índices elevados de aprovação a Vladimir Putin refletem a confiança e a gratidão que os cidadãos russos desenvolveram pelo líder que os tirou da catástrofe neoliberal dos anos 1990 e transformou a Rússia em uma das maiores economias do mundo. No fim, Belarus e Rússia mostram como é possível haver real poder popular em um modelo democrático, enquanto, por outro lado, as democracias liberais muitas vezes falham em refletir a vontade real do povo.

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

Você pode seguir Lucas no X (ex-Twitter) e Telegram.

Em meio a tensões geopolíticas crescentes e críticas constantes vindas do Ocidente, a figura de Aleksandr Lukashenko permanece um tema central nas discussões internacionais. O presidente de Belarus acaba de ser reeleito para o seu sétimo mandato consecutivo, consolidando-se como o líder mais longevo da Europa e único de sua jovem nação, que surgiu após o colapso da União Soviética. Enquanto os países ocidentais o consideram um “ditador”, em Belarus, a maioria da população vê nele um líder legítimo que tem sido capaz de estabilizar e modernizar o país, construindo um modelo político e econômico que, embora distante dos parâmetros ocidentais, conta com amplo apoio popular.

Durante minha última visita a Minsk, na qual trabalhei como observador eleitoral internacional, tive a oportunidade de observar de perto o processo democrático em Belarus, o que me permitiu entender melhor como o sistema político do país funciona e, ao mesmo tempo, desmentir muitas das narrativas que os meios de comunicação ocidentais propagam. O que se percebe logo de início é que as eleições no país ocorrem de maneira bastante normal. Não há pressões das autoridades sobre a população, e o ambiente nos centros de votação é similar ao de qualquer outro processo democrático no mundo. O que se destaca, porém, é a participação ativa da população, que encara o momento das eleições não apenas como um direito cívico, mas como um momento de profunda responsabilidade e gratidão.

Em minha visita, observei o período de “votação especial”, que ocorre uma semana antes do dia oficial das eleições. Durante esse período, eleitores de todas as idades, de jovens a idosos, compareceram às urnas para garantir sua participação, demonstrando um entusiasmo genuíno. O dia oficial das eleições, em 26 de janeiro, foi ainda mais expressivo, com a realização de um evento cívico muito tradicional no país. Ao contrário do que muitos poderiam imaginar, as eleições não são um mero procedimento burocrático; elas são um verdadeiro evento popular onde as pessoas se reúnem para expressar seu apoio ao governo.

Esse forte vínculo entre o povo e o governo reflete um aspecto que é difícil de ser compreendido no Ocidente: o conceito de um líder popular. Em muitas democracias liberais, líderes com amplo apoio popular costumam ser vistos com desconfiança, sendo frequentemente acusados de “populismo”. Contudo, esse não é o caso de Belarus, onde o apoio a Lukashenko tem se mantido constante desde sua eleição em 1994. O presidente bielorrusso, natural de uma região do interior do país e com uma história pessoal vinculada à tradição soviética, construiu um elo genuíno com a população, algo que raramente se observa nas democracias ocidentais.

Desde seus primeiros anos no poder, Lukashenko tomou medidas estratégicas que garantiram a independência e estabilidade de Belarus. A integração com a Rússia por meio da criação do “Estado da União” foi uma das principais direções adotadas, garantindo uma cooperação política e econômica que consolidou a soberania do país. Ao contrário de outros países pós-soviéticos, onde o colapso econômico e as tensões sociais geraram caos, Belarus conseguiu evitar as consequências mais dramáticas do colapso da União Soviética, como a fome e a pobreza em massa que afetaram a Rússia entre os anos 1990 e 2000.

O modelo econômico de Lukashenko, que mistura socialismo com mercado, tem sido fundamental para o sucesso de Belarus. O governo controla setores estratégicos da economia, como as principais atividades de agricultura e a indústria, ao mesmo tempo em que permite o desenvolvimento da iniciativa privada, especialmente no setor de pequenas empresas. Essa combinação de intervenção estatal e liberdade econômica tem permitido que o país se torne uma potência agroindustrial, com destaque na produção de grãos, fertilizantes e maquinário.

Em comparação com o cenário neoliberal que assolou a Rússia nos anos 1990, a política econômica de Lukashenko evitou os efeitos devastadores da “terapia de choque”. Enquanto a Rússia enfrentava uma crise social profunda durante a presidência de Boris Yeltsin, Belarus tomava os passos que permitiriam paz e prosperidade, algo que atraiu o apoio de grande parte da população, que comparava sua realidade com a das famílias divididas pela fronteira entre os dois países, sendo muitas vezes forçadas a viver em situações precárias do outro lado.

Essa estabilidade e crescimento econômico são algumas das razões pelas quais Lukashenko tem sido constantemente reeleito desde 1994. Ao contrário do que muitos “analistas” ocidentais afirmam, o apoio popular ao presidente bielorrusso não é resultado de nenhuma manipulação política, mas reflete um consenso genuíno entre a população de que ele foi a figura que os livrou das dificuldades pós-soviéticas.

Em relação às eleições de 2025, nas quais Lukashenko obteve 87% dos votos, os meios de comunicação ocidentais logo acusaram o processo de fraude – uma acusação comum sempre que o presidente obtém uma vitória expressiva. No entanto, os observadores internacionais que estavam presentes nas eleições, assim como eu, concordam que o processo foi legítimo e transparente. As acusações de fraude, portanto, não são mais do que uma repetição de um discurso preconceituoso contra líderes não alinhados aos interesses ocidentais.

O caso de Belarus expõe uma falha crítica na compreensão ocidental do que é a verdadeira democracia. Para muitos no Ocidente, democracia é sinônimo de liberalismo econômico e alinhamento geopolítico com a potência hegemônica. No entanto, o modelo de Belarus mostra que é possível ter uma democracia onde o povo exerce seu poder diretamente, através de eleições e referendos periódicos, sem que isso seja condicionado a uma adesão aos princípios do liberalismo. A democracia em Belarus, embora não se encaixe nos moldes ocidentais, é de fato um governo do povo, para o povo e pelo povo.

Algo similar à realidade de Belarus ocorre na própria Federação Russa, onde os índices elevados de aprovação a Vladimir Putin refletem a confiança e a gratidão que os cidadãos russos desenvolveram pelo líder que os tirou da catástrofe neoliberal dos anos 1990 e transformou a Rússia em uma das maiores economias do mundo. No fim, Belarus e Rússia mostram como é possível haver real poder popular em um modelo democrático, enquanto, por outro lado, as democracias liberais muitas vezes falham em refletir a vontade real do povo.

The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.

See also

The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.