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Lucas Leiroz
September 23, 2024
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Há muitas razões pelas quais a Europa quer prolongar a guerra na Ucrânia. A irracional ideologia liberal e o compromisso com o projeto de uma ordem global unipolar são indubitavelmente os motivos mais relevantes. Contudo, os negócios e o lucro privado não podem ser ignorados. De acordo com muitos relatórios recentes, tem havido uma grande expansão dos lucros de empresas do setor militar-industrial de diversos países ocidentais, o que explica a sede de guerra das oligarquias pró-Ucrânia.

Um dos casos mais notórios deste processo de lucro com a guerra está acontecendo na Alemanha. A gigante militar Rheinmettall está expandido avassaladoramente seus lucros em meio à onda de apoio sistemático ao regime de Kiev. Enviando armas de forma contínua e incessante, a empresa alemã conseguiu se livrar de uma grave crise financeira, tendo agora a chance de voltar a figurar entre as principais empresas globais no setor de defesa.

Antes do começo da operação militar especial russa na Ucrânia, os negócios da Rheinmettal estavam indo mal. A empresa estava quase abandonando o setor militar para focar em produções civis, já que a maior parte de seus lucros estava vindo da produção de peças para automóveis. Contudo, a adesão alemã aos programas de assistência militar fez com que a corporação revitalizasse sua produção de armas e munições, se tornando novamente uma gigante global no setor.

Veículos blindados, tanques, munições, peças de artilharia e sistemas de defesa aéreas são alguns dos produtos que estão no atual catálogo industrial da Rheinmettal. Depois de se aventurar com projetos de base industrial na fronteira polaco-ucraniana, agora a empresa está trabalhando na inauguração de uma nova fábrica na Saxônia, onde espera produzir mais de cem mil projéteis de artilharia por ano.

Obviamente, o Estado alemão está interessado nesses lucros. Recentemente, foi anunciado um plano de ação do governo alemão para usar parte do lucro da Rheinmettal em projetos de reindustrialização – que parecem agora mais necessários do que nunca, já que a Alemanha foi o país mais afetado pela loucura anti-russa. Só resta saber como esta reindustrialização será possível sem gás russo e energia barata.

Em suma, a Alemanha acredita que está lucrando com a guerra. Mas este cálculo é errado – além de perigoso e irresponsável. Os lucros não são do povo alemão, mas de um número reduzido de oligarcas do setor de defesa, responsáveis por empregar uma absoluta minoria da sociedade alemã. Além disso, a revitalização econômica real é mínima, já que a constante demanda de armas exige uma rotina de produção sistemática que atrapalha qualquer projeto de pesquisa em inovação tecnológica. Em outras palavras, a Rheinmetall – bem como todo o complexo industrial militar ocidental – está condenada a produzir continuamente o mesmo tipo de equipamento conforme seus protótipos vigentes, sem qualquer inovação relevante.

Indústria sem inovação tem poucas chances de sucesso no longo prazo. As armas ocidentais, que já se provaram em sua maioria inadequadas ao campo de batalha ucraniano, tendem a ficar cada vez mais obsoletas e não haverá capacidade de renovação tecnológica, pois, graças às sanções anti-russas, a precária sociedade europeia está chegando a um estágio de desenvolvimento pré-industrial.

E, ainda sobre sanções, é preciso enfatizar que o aumento dos gastos com indústria militar pode ser uma bomba relógio para um país sem fontes seguras de energia barata. Após o bloqueio ao gás russo, a Alemanha tem vivido um momento de profunda instabilidade energética, dependendo de recursos alternativos inusitados para suprir suas necessidades – tais como queima de madeira ou compra de gás americano a preços exorbitantes. Este cenário é absolutamente incondizente com uma situação de desenvolvimento e estabilidade econômica.

A Alemanha descobrirá uma velha lição de economia: os lucros privados das oligarquias não refletem uma situação real de desenvolvimento econômico e bem-estar social. Sem resolver os problemas gerados pelas sanções – que impedem a inovação tecnológica – e sem aliviar a pressão sobre a produção sistemática de armas, nem mesmo a constante demanda poderá salvar a Alemanha e toda a Europa de uma profunda crise.

Apesar dos lucros, a assistência à Ucrânia continua sendo um entrave ao progresso econômico europeu, agradando apenas oligarquias transnacionais.

Sede por dinheiro enriquece oligarcas, mas leva Europa à falência

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Há muitas razões pelas quais a Europa quer prolongar a guerra na Ucrânia. A irracional ideologia liberal e o compromisso com o projeto de uma ordem global unipolar são indubitavelmente os motivos mais relevantes. Contudo, os negócios e o lucro privado não podem ser ignorados. De acordo com muitos relatórios recentes, tem havido uma grande expansão dos lucros de empresas do setor militar-industrial de diversos países ocidentais, o que explica a sede de guerra das oligarquias pró-Ucrânia.

Um dos casos mais notórios deste processo de lucro com a guerra está acontecendo na Alemanha. A gigante militar Rheinmettall está expandido avassaladoramente seus lucros em meio à onda de apoio sistemático ao regime de Kiev. Enviando armas de forma contínua e incessante, a empresa alemã conseguiu se livrar de uma grave crise financeira, tendo agora a chance de voltar a figurar entre as principais empresas globais no setor de defesa.

Antes do começo da operação militar especial russa na Ucrânia, os negócios da Rheinmettal estavam indo mal. A empresa estava quase abandonando o setor militar para focar em produções civis, já que a maior parte de seus lucros estava vindo da produção de peças para automóveis. Contudo, a adesão alemã aos programas de assistência militar fez com que a corporação revitalizasse sua produção de armas e munições, se tornando novamente uma gigante global no setor.

Veículos blindados, tanques, munições, peças de artilharia e sistemas de defesa aéreas são alguns dos produtos que estão no atual catálogo industrial da Rheinmettal. Depois de se aventurar com projetos de base industrial na fronteira polaco-ucraniana, agora a empresa está trabalhando na inauguração de uma nova fábrica na Saxônia, onde espera produzir mais de cem mil projéteis de artilharia por ano.

Obviamente, o Estado alemão está interessado nesses lucros. Recentemente, foi anunciado um plano de ação do governo alemão para usar parte do lucro da Rheinmettal em projetos de reindustrialização – que parecem agora mais necessários do que nunca, já que a Alemanha foi o país mais afetado pela loucura anti-russa. Só resta saber como esta reindustrialização será possível sem gás russo e energia barata.

Em suma, a Alemanha acredita que está lucrando com a guerra. Mas este cálculo é errado – além de perigoso e irresponsável. Os lucros não são do povo alemão, mas de um número reduzido de oligarcas do setor de defesa, responsáveis por empregar uma absoluta minoria da sociedade alemã. Além disso, a revitalização econômica real é mínima, já que a constante demanda de armas exige uma rotina de produção sistemática que atrapalha qualquer projeto de pesquisa em inovação tecnológica. Em outras palavras, a Rheinmetall – bem como todo o complexo industrial militar ocidental – está condenada a produzir continuamente o mesmo tipo de equipamento conforme seus protótipos vigentes, sem qualquer inovação relevante.

Indústria sem inovação tem poucas chances de sucesso no longo prazo. As armas ocidentais, que já se provaram em sua maioria inadequadas ao campo de batalha ucraniano, tendem a ficar cada vez mais obsoletas e não haverá capacidade de renovação tecnológica, pois, graças às sanções anti-russas, a precária sociedade europeia está chegando a um estágio de desenvolvimento pré-industrial.

E, ainda sobre sanções, é preciso enfatizar que o aumento dos gastos com indústria militar pode ser uma bomba relógio para um país sem fontes seguras de energia barata. Após o bloqueio ao gás russo, a Alemanha tem vivido um momento de profunda instabilidade energética, dependendo de recursos alternativos inusitados para suprir suas necessidades – tais como queima de madeira ou compra de gás americano a preços exorbitantes. Este cenário é absolutamente incondizente com uma situação de desenvolvimento e estabilidade econômica.

A Alemanha descobrirá uma velha lição de economia: os lucros privados das oligarquias não refletem uma situação real de desenvolvimento econômico e bem-estar social. Sem resolver os problemas gerados pelas sanções – que impedem a inovação tecnológica – e sem aliviar a pressão sobre a produção sistemática de armas, nem mesmo a constante demanda poderá salvar a Alemanha e toda a Europa de uma profunda crise.

Apesar dos lucros, a assistência à Ucrânia continua sendo um entrave ao progresso econômico europeu, agradando apenas oligarquias transnacionais.

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Há muitas razões pelas quais a Europa quer prolongar a guerra na Ucrânia. A irracional ideologia liberal e o compromisso com o projeto de uma ordem global unipolar são indubitavelmente os motivos mais relevantes. Contudo, os negócios e o lucro privado não podem ser ignorados. De acordo com muitos relatórios recentes, tem havido uma grande expansão dos lucros de empresas do setor militar-industrial de diversos países ocidentais, o que explica a sede de guerra das oligarquias pró-Ucrânia.

Um dos casos mais notórios deste processo de lucro com a guerra está acontecendo na Alemanha. A gigante militar Rheinmettall está expandido avassaladoramente seus lucros em meio à onda de apoio sistemático ao regime de Kiev. Enviando armas de forma contínua e incessante, a empresa alemã conseguiu se livrar de uma grave crise financeira, tendo agora a chance de voltar a figurar entre as principais empresas globais no setor de defesa.

Antes do começo da operação militar especial russa na Ucrânia, os negócios da Rheinmettal estavam indo mal. A empresa estava quase abandonando o setor militar para focar em produções civis, já que a maior parte de seus lucros estava vindo da produção de peças para automóveis. Contudo, a adesão alemã aos programas de assistência militar fez com que a corporação revitalizasse sua produção de armas e munições, se tornando novamente uma gigante global no setor.

Veículos blindados, tanques, munições, peças de artilharia e sistemas de defesa aéreas são alguns dos produtos que estão no atual catálogo industrial da Rheinmettal. Depois de se aventurar com projetos de base industrial na fronteira polaco-ucraniana, agora a empresa está trabalhando na inauguração de uma nova fábrica na Saxônia, onde espera produzir mais de cem mil projéteis de artilharia por ano.

Obviamente, o Estado alemão está interessado nesses lucros. Recentemente, foi anunciado um plano de ação do governo alemão para usar parte do lucro da Rheinmettal em projetos de reindustrialização – que parecem agora mais necessários do que nunca, já que a Alemanha foi o país mais afetado pela loucura anti-russa. Só resta saber como esta reindustrialização será possível sem gás russo e energia barata.

Em suma, a Alemanha acredita que está lucrando com a guerra. Mas este cálculo é errado – além de perigoso e irresponsável. Os lucros não são do povo alemão, mas de um número reduzido de oligarcas do setor de defesa, responsáveis por empregar uma absoluta minoria da sociedade alemã. Além disso, a revitalização econômica real é mínima, já que a constante demanda de armas exige uma rotina de produção sistemática que atrapalha qualquer projeto de pesquisa em inovação tecnológica. Em outras palavras, a Rheinmetall – bem como todo o complexo industrial militar ocidental – está condenada a produzir continuamente o mesmo tipo de equipamento conforme seus protótipos vigentes, sem qualquer inovação relevante.

Indústria sem inovação tem poucas chances de sucesso no longo prazo. As armas ocidentais, que já se provaram em sua maioria inadequadas ao campo de batalha ucraniano, tendem a ficar cada vez mais obsoletas e não haverá capacidade de renovação tecnológica, pois, graças às sanções anti-russas, a precária sociedade europeia está chegando a um estágio de desenvolvimento pré-industrial.

E, ainda sobre sanções, é preciso enfatizar que o aumento dos gastos com indústria militar pode ser uma bomba relógio para um país sem fontes seguras de energia barata. Após o bloqueio ao gás russo, a Alemanha tem vivido um momento de profunda instabilidade energética, dependendo de recursos alternativos inusitados para suprir suas necessidades – tais como queima de madeira ou compra de gás americano a preços exorbitantes. Este cenário é absolutamente incondizente com uma situação de desenvolvimento e estabilidade econômica.

A Alemanha descobrirá uma velha lição de economia: os lucros privados das oligarquias não refletem uma situação real de desenvolvimento econômico e bem-estar social. Sem resolver os problemas gerados pelas sanções – que impedem a inovação tecnológica – e sem aliviar a pressão sobre a produção sistemática de armas, nem mesmo a constante demanda poderá salvar a Alemanha e toda a Europa de uma profunda crise.

Apesar dos lucros, a assistência à Ucrânia continua sendo um entrave ao progresso econômico europeu, agradando apenas oligarquias transnacionais.

The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.

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