Português
Raphael Machado
July 30, 2024
© Photo: Public domain

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

Nicolás Maduro, atual Presidente da Venezuela, foi reeleito para seguir governando seu país até 2031, com, por enquanto, 51,2% dos votos contra seu opositor Edmundo González, que teria recebido aproximadamente 44% dos votos.

Não se pode dizer, porém, que essa jornada eleitoral realmente se encerrou, já que ainda falta encerrar algumas contagens de votos e, ademais, a oposição e seus apoiadores externos já deram início a tentativas de desestabilizar o processo eleitoral com acusações de fraude.

Nenhuma novidade aí, já que há 20 anos inexistem eleições venezuelanas que não tenham sido questionadas e acusadas de fraudulentas pela oposição e pelas potências atlantistas. A esses questionamentos geralmente se seguem tentativas violentas de desestabilização. Quando o Estado, então, faz uso seu monopólio legítimo da violência para restaurar a ordem, então vêm as acusações internacionais de violação de direitos humanos e, potencialmente, sanções.

Dessa vez, o cenário já havia sido preparado por pesquisas de opinião que indicavam vitórias acachapantes de González sobre Maduro, com o opositor recebendo de 70-80%. Notícias com pesquisas de opinião desse tipo circularam o mundo nas semanas que antecederam as eleições. Nenhuma dessas notícias explicava que os institutos de pesquisa em questão, como Meganálisis e Poder y Estrategia, entre outros, pertencem a opositores do governo, e não podem ser consideradas empresas neutras.

Essas pesquisas de opinião, portanto, acabam sendo usadas como ferramenta de desestabilização (constituindo, portanto, armas de guerra híbrida), já que criam de antemão um clima de inevitabilidade de vitória da oposição – de modo que qualquer resultado diferente, naturalmente, será visto como fruto de fraude.

E não se deu de outra forma.

Logo que a votação se aproximava do fim soube-se de várias tentativas de desestabilizar os procedimentos. Grupos de baderneiros dificultaram o trabalho de contagem de votos e transmissão dos mesmos para a CNE, e, em alguns casos, também tentaram impediram o transcurso da votação com pessoas ainda na fila. Ao mesmo tempo, algumas atas que, supostamente (já que não há prova de sua autenticidade), indicavam vitória de González em determinadas mesas de votação, foram disponibilizadas na internet para já construir uma narrativa favorável a González.

Logo soube-se, também, que houve uma tentativa de ataque hacker contra o sistema eleitoral venezuelano a partir do exterior, o qual teria sido impedido pelos aparatos de cibersegurança do país.

Os observadores que estavam lá, porém, indicam que puderam observar processos eleitorais absolutamente normais. O observador internacional Aníbal Garzón, da Espanha, por exemplo, diz que visitou 3 colégios eleitorais onde ele diz ter visto um ambiente de participação, democracia e transparência. Por sua vez, o observador argentino Fernando Esteche respaldou o resultado oficial anunciado pela CNE como expressão da vontade soberana do povo venezuelano, e denunciou as tentativas de ingerência internacional no processo eleitoral venezuelano.

No plano internacional, países como Rússia, China, Irã, Síria, Nicarágua, Cuba, Honduras e alguns outros já reconheceram os resultados em um curto espaço de tempo, mas a chamada “comunidade internacional” (ou seja, os países atlantistas) e suas colônias na América Ibérica está já pondo em questão os resultados e exigindo uma recontagem dos votos pela oposição.

Alguns países, porém, como a Argentina de Javier Milei já declararam não reconhecer o resultado das eleições antes mesmo dos resultados serem anunciados, o que já demonstra uma indisposição inata contra o governo venezuelano.

Apesar do fato de que certamente veremos protestos e tentativas de desestabilização empreendidos por agentes estrangeiros e idiotas úteis venezuelanos, bem como possíveis novas sanções por causa dos resultados eleitorais e da necessária repressão contra os desordeiros, essas eleições só podem ser consideradas legítimas e satisfatórias.

No caso, temos visto nos últimos anos um impulso do Ocidente atlantista na direção da América Ibérica, com uma aceleração das tentativas de revolução colorida, golpe de Estado e mudança de regime, além do aumento da ingerência de embaixadas, ONGs estrangeiras e do SOUTHCOM nos assuntos regionais.

Essa pressão tem levado a região a se inclinar perigosamente na direção do hegemon unipolar e seus aliados, o que põe em risco as chances da América Ibérica de se erigir como polo em uma futura ordem mundial multipolar. Para nós, seria trágico, por exemplo, se a multipolaridade chegar, mas nosso continente permanecer sob tutela dos EUA.

Nesse sentido, a permanência de Maduro como condutor da Venezuela e a continuidade do percurso multipolar por parte do governo bolivariano, constituem um bom resultado que interrompe as sequências de conquistas diretas e indiretas do Ocidente na região.

Na medida em que a Venezuela mantem estreitas relações com a Rússia e a China, ademais, esse resultado é positivo porque permite às potências contra-hegemônicas desafiar o hegemon unipolar no próprio megacontinente americano que Washington considera sua propriedade inviolável.

Ainda assim, é necessário que Rússia, China e outras potências antiglobalistas deem uma maior atenção a essa região do mundo, sob assédio constante dos EUA, sob pena de perderem os importantes aliados de que essas potências dispõem aqui. Acordos comerciais, energéticos, militares e culturais são necessários entre os países ibero-americanos e as potências contra-hegemônicas para equilibrar a pressão ocidental.

No caso específico da Venezuela, considerando que o resultado foi apertado e que Maduro está longe de contar com um amplo consenso popular, será necessário que Rússia e China se envolvam mais ativamente com a Venezuela, de um modo mutuamente benéfico, já que não há melhor maneira da Venezuela seguir no eixo multipolar do que garantir crescimento econômico, desenvolvimento e melhoria nos padrões de vida da população.

Venezuela: Entre a vitória de Maduro e as sementes de uma nova revolução colorida

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

Nicolás Maduro, atual Presidente da Venezuela, foi reeleito para seguir governando seu país até 2031, com, por enquanto, 51,2% dos votos contra seu opositor Edmundo González, que teria recebido aproximadamente 44% dos votos.

Não se pode dizer, porém, que essa jornada eleitoral realmente se encerrou, já que ainda falta encerrar algumas contagens de votos e, ademais, a oposição e seus apoiadores externos já deram início a tentativas de desestabilizar o processo eleitoral com acusações de fraude.

Nenhuma novidade aí, já que há 20 anos inexistem eleições venezuelanas que não tenham sido questionadas e acusadas de fraudulentas pela oposição e pelas potências atlantistas. A esses questionamentos geralmente se seguem tentativas violentas de desestabilização. Quando o Estado, então, faz uso seu monopólio legítimo da violência para restaurar a ordem, então vêm as acusações internacionais de violação de direitos humanos e, potencialmente, sanções.

Dessa vez, o cenário já havia sido preparado por pesquisas de opinião que indicavam vitórias acachapantes de González sobre Maduro, com o opositor recebendo de 70-80%. Notícias com pesquisas de opinião desse tipo circularam o mundo nas semanas que antecederam as eleições. Nenhuma dessas notícias explicava que os institutos de pesquisa em questão, como Meganálisis e Poder y Estrategia, entre outros, pertencem a opositores do governo, e não podem ser consideradas empresas neutras.

Essas pesquisas de opinião, portanto, acabam sendo usadas como ferramenta de desestabilização (constituindo, portanto, armas de guerra híbrida), já que criam de antemão um clima de inevitabilidade de vitória da oposição – de modo que qualquer resultado diferente, naturalmente, será visto como fruto de fraude.

E não se deu de outra forma.

Logo que a votação se aproximava do fim soube-se de várias tentativas de desestabilizar os procedimentos. Grupos de baderneiros dificultaram o trabalho de contagem de votos e transmissão dos mesmos para a CNE, e, em alguns casos, também tentaram impediram o transcurso da votação com pessoas ainda na fila. Ao mesmo tempo, algumas atas que, supostamente (já que não há prova de sua autenticidade), indicavam vitória de González em determinadas mesas de votação, foram disponibilizadas na internet para já construir uma narrativa favorável a González.

Logo soube-se, também, que houve uma tentativa de ataque hacker contra o sistema eleitoral venezuelano a partir do exterior, o qual teria sido impedido pelos aparatos de cibersegurança do país.

Os observadores que estavam lá, porém, indicam que puderam observar processos eleitorais absolutamente normais. O observador internacional Aníbal Garzón, da Espanha, por exemplo, diz que visitou 3 colégios eleitorais onde ele diz ter visto um ambiente de participação, democracia e transparência. Por sua vez, o observador argentino Fernando Esteche respaldou o resultado oficial anunciado pela CNE como expressão da vontade soberana do povo venezuelano, e denunciou as tentativas de ingerência internacional no processo eleitoral venezuelano.

No plano internacional, países como Rússia, China, Irã, Síria, Nicarágua, Cuba, Honduras e alguns outros já reconheceram os resultados em um curto espaço de tempo, mas a chamada “comunidade internacional” (ou seja, os países atlantistas) e suas colônias na América Ibérica está já pondo em questão os resultados e exigindo uma recontagem dos votos pela oposição.

Alguns países, porém, como a Argentina de Javier Milei já declararam não reconhecer o resultado das eleições antes mesmo dos resultados serem anunciados, o que já demonstra uma indisposição inata contra o governo venezuelano.

Apesar do fato de que certamente veremos protestos e tentativas de desestabilização empreendidos por agentes estrangeiros e idiotas úteis venezuelanos, bem como possíveis novas sanções por causa dos resultados eleitorais e da necessária repressão contra os desordeiros, essas eleições só podem ser consideradas legítimas e satisfatórias.

No caso, temos visto nos últimos anos um impulso do Ocidente atlantista na direção da América Ibérica, com uma aceleração das tentativas de revolução colorida, golpe de Estado e mudança de regime, além do aumento da ingerência de embaixadas, ONGs estrangeiras e do SOUTHCOM nos assuntos regionais.

Essa pressão tem levado a região a se inclinar perigosamente na direção do hegemon unipolar e seus aliados, o que põe em risco as chances da América Ibérica de se erigir como polo em uma futura ordem mundial multipolar. Para nós, seria trágico, por exemplo, se a multipolaridade chegar, mas nosso continente permanecer sob tutela dos EUA.

Nesse sentido, a permanência de Maduro como condutor da Venezuela e a continuidade do percurso multipolar por parte do governo bolivariano, constituem um bom resultado que interrompe as sequências de conquistas diretas e indiretas do Ocidente na região.

Na medida em que a Venezuela mantem estreitas relações com a Rússia e a China, ademais, esse resultado é positivo porque permite às potências contra-hegemônicas desafiar o hegemon unipolar no próprio megacontinente americano que Washington considera sua propriedade inviolável.

Ainda assim, é necessário que Rússia, China e outras potências antiglobalistas deem uma maior atenção a essa região do mundo, sob assédio constante dos EUA, sob pena de perderem os importantes aliados de que essas potências dispõem aqui. Acordos comerciais, energéticos, militares e culturais são necessários entre os países ibero-americanos e as potências contra-hegemônicas para equilibrar a pressão ocidental.

No caso específico da Venezuela, considerando que o resultado foi apertado e que Maduro está longe de contar com um amplo consenso popular, será necessário que Rússia e China se envolvam mais ativamente com a Venezuela, de um modo mutuamente benéfico, já que não há melhor maneira da Venezuela seguir no eixo multipolar do que garantir crescimento econômico, desenvolvimento e melhoria nos padrões de vida da população.

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

Nicolás Maduro, atual Presidente da Venezuela, foi reeleito para seguir governando seu país até 2031, com, por enquanto, 51,2% dos votos contra seu opositor Edmundo González, que teria recebido aproximadamente 44% dos votos.

Não se pode dizer, porém, que essa jornada eleitoral realmente se encerrou, já que ainda falta encerrar algumas contagens de votos e, ademais, a oposição e seus apoiadores externos já deram início a tentativas de desestabilizar o processo eleitoral com acusações de fraude.

Nenhuma novidade aí, já que há 20 anos inexistem eleições venezuelanas que não tenham sido questionadas e acusadas de fraudulentas pela oposição e pelas potências atlantistas. A esses questionamentos geralmente se seguem tentativas violentas de desestabilização. Quando o Estado, então, faz uso seu monopólio legítimo da violência para restaurar a ordem, então vêm as acusações internacionais de violação de direitos humanos e, potencialmente, sanções.

Dessa vez, o cenário já havia sido preparado por pesquisas de opinião que indicavam vitórias acachapantes de González sobre Maduro, com o opositor recebendo de 70-80%. Notícias com pesquisas de opinião desse tipo circularam o mundo nas semanas que antecederam as eleições. Nenhuma dessas notícias explicava que os institutos de pesquisa em questão, como Meganálisis e Poder y Estrategia, entre outros, pertencem a opositores do governo, e não podem ser consideradas empresas neutras.

Essas pesquisas de opinião, portanto, acabam sendo usadas como ferramenta de desestabilização (constituindo, portanto, armas de guerra híbrida), já que criam de antemão um clima de inevitabilidade de vitória da oposição – de modo que qualquer resultado diferente, naturalmente, será visto como fruto de fraude.

E não se deu de outra forma.

Logo que a votação se aproximava do fim soube-se de várias tentativas de desestabilizar os procedimentos. Grupos de baderneiros dificultaram o trabalho de contagem de votos e transmissão dos mesmos para a CNE, e, em alguns casos, também tentaram impediram o transcurso da votação com pessoas ainda na fila. Ao mesmo tempo, algumas atas que, supostamente (já que não há prova de sua autenticidade), indicavam vitória de González em determinadas mesas de votação, foram disponibilizadas na internet para já construir uma narrativa favorável a González.

Logo soube-se, também, que houve uma tentativa de ataque hacker contra o sistema eleitoral venezuelano a partir do exterior, o qual teria sido impedido pelos aparatos de cibersegurança do país.

Os observadores que estavam lá, porém, indicam que puderam observar processos eleitorais absolutamente normais. O observador internacional Aníbal Garzón, da Espanha, por exemplo, diz que visitou 3 colégios eleitorais onde ele diz ter visto um ambiente de participação, democracia e transparência. Por sua vez, o observador argentino Fernando Esteche respaldou o resultado oficial anunciado pela CNE como expressão da vontade soberana do povo venezuelano, e denunciou as tentativas de ingerência internacional no processo eleitoral venezuelano.

No plano internacional, países como Rússia, China, Irã, Síria, Nicarágua, Cuba, Honduras e alguns outros já reconheceram os resultados em um curto espaço de tempo, mas a chamada “comunidade internacional” (ou seja, os países atlantistas) e suas colônias na América Ibérica está já pondo em questão os resultados e exigindo uma recontagem dos votos pela oposição.

Alguns países, porém, como a Argentina de Javier Milei já declararam não reconhecer o resultado das eleições antes mesmo dos resultados serem anunciados, o que já demonstra uma indisposição inata contra o governo venezuelano.

Apesar do fato de que certamente veremos protestos e tentativas de desestabilização empreendidos por agentes estrangeiros e idiotas úteis venezuelanos, bem como possíveis novas sanções por causa dos resultados eleitorais e da necessária repressão contra os desordeiros, essas eleições só podem ser consideradas legítimas e satisfatórias.

No caso, temos visto nos últimos anos um impulso do Ocidente atlantista na direção da América Ibérica, com uma aceleração das tentativas de revolução colorida, golpe de Estado e mudança de regime, além do aumento da ingerência de embaixadas, ONGs estrangeiras e do SOUTHCOM nos assuntos regionais.

Essa pressão tem levado a região a se inclinar perigosamente na direção do hegemon unipolar e seus aliados, o que põe em risco as chances da América Ibérica de se erigir como polo em uma futura ordem mundial multipolar. Para nós, seria trágico, por exemplo, se a multipolaridade chegar, mas nosso continente permanecer sob tutela dos EUA.

Nesse sentido, a permanência de Maduro como condutor da Venezuela e a continuidade do percurso multipolar por parte do governo bolivariano, constituem um bom resultado que interrompe as sequências de conquistas diretas e indiretas do Ocidente na região.

Na medida em que a Venezuela mantem estreitas relações com a Rússia e a China, ademais, esse resultado é positivo porque permite às potências contra-hegemônicas desafiar o hegemon unipolar no próprio megacontinente americano que Washington considera sua propriedade inviolável.

Ainda assim, é necessário que Rússia, China e outras potências antiglobalistas deem uma maior atenção a essa região do mundo, sob assédio constante dos EUA, sob pena de perderem os importantes aliados de que essas potências dispõem aqui. Acordos comerciais, energéticos, militares e culturais são necessários entre os países ibero-americanos e as potências contra-hegemônicas para equilibrar a pressão ocidental.

No caso específico da Venezuela, considerando que o resultado foi apertado e que Maduro está longe de contar com um amplo consenso popular, será necessário que Rússia e China se envolvam mais ativamente com a Venezuela, de um modo mutuamente benéfico, já que não há melhor maneira da Venezuela seguir no eixo multipolar do que garantir crescimento econômico, desenvolvimento e melhoria nos padrões de vida da população.

The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.

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