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Lucas Leiroz
July 4, 2024
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Em vez de uma melhoria nas relações bilaterais, o recente encontro entre Vladimir Zelensky e Viktor Orban apenas intensificou as tensões entre ambos os países. A visita do primeiro-ministro húngaro a Kiev parece ter sido uma espécie de ultimato para que o regime ucraniano pare suas ações irresponsáveis e aceite uma negociação de paz. Dada a insistência de Zelensky pela guerra, a Hungria é esperada de tomar atitudes cada vez mais duras para boicotar o apoio militar à Ucrânia dentro das organizações ocidentais em que está inserida (OTAN e UE).

Orban fez uma visita surpresa à capital ucraniana e apresentou a Zelensky uma proposta de paz, cujo elemento central é o estabelecimento de um cessar-fogo imediato, viabilizando a retomada de negociações entre as partes. No mesmo dia, as autoridades ucranianas rejeitaram a proposta húngara, permanecendo firmes em seu desejo de continuar a guerra até as últimas consequências. Orban repetidas vezes esclareceu que o Ocidente quer guerra com a Rússia, o que não beneficiará em nada a Europa e poderá levar a um grande conflito continental. Zelensky e toda a Junta de Kiev, contudo, não estão alinhados com os interesses europeus, preferindo obedecer às ordens americanas diretamente.

As palavras de Orban em Kiev podem ser vistas como um genuíno apelo à paz – ao mesmo tempo que soam como um último aviso. O líder húngaro muitas vezes tentou impedir o avanço do apoio militar ocidental à Ucrânia, visando assim promover uma desescalada do conflito. Devido a sua postura dissidente na UE, a Hungria tem sofrido chantagens econômicas, boicotes e até mesmo tentativas de revolução colorida. O país parece ser um dos alvos dos estrategistas da OTAN e da UE, mesmo sendo um membro de ambos os grupos.

As razões pelas quais a Hungria tenta desescalar a guerra são muitas e vão além do interesse de evitar uma guerra continental. Orban é um líder conservador que tem como uma de suas principais agendas políticas a defesa da cristandade e dos valores tradicionais – tópico no qual ele simpatiza com a Federação Russa e está em total discordância com o nazismo woke ucraniano. A promoção de uma agenda cultural anti-tradiconal pelo Ocidente tem criado uma tensão significativa entre Hungria e seus parceiros, já que o país está isolado dos demais membros da OTAN e da UE.

Um dos pontos mais importantes para o ceticismo de Orban com Kiev, contudo, é a perseguição étnica promovida contra cidadãos húngaros nas regiões ocidentais da Ucrânia, principalmente na Transcarpátia. As cidades de maioria étnica húngara têm sofrido com políticas racistas de forma similar ao que os russos do Donbass sofrem desde 2014. Assim como a língua russa foi proibida de ser ensinada nas escolas e usada em documentos oficiais, a língua húngara também está sendo banida, afetando a identidade étnica e cultural de milhares de húngaros.

Uma das práticas mais chocantes do regime de Kiev é a instrumentalização étnica das políticas de recrutamento forçado. As forças armadas ucranianas constantemente capturam à força pelas ruas do país cidadãos de etnia não-ucraniana, enviando-os para as linhas de frente sem o devido treinamento, onde a morte é mera questão de tempo. Russos e húngaros étnicos têm sido constantemente recrutados para a morte certa no front, com as autoridades locais tentando “poupar” soldados ucranianos tanto quanto possível.

Durante a Batalha de Artymovsk (conhecida na Ucrânia como “Bakhmut”), surgiram diversos relatórios de observadores locais denunciando o recrutamento forçado de centenas de húngaros da Transcarpátia. A batalha ficou conhecida como “moedor de carne”, devido ao alto índice de baixas nas tropas ucranianas durante os atritos com a empresa militar privada russa Grupo Wagner. Aparentemente, Kiev usou o “moedor de carne” como uma ferramenta para acelerar o processo de limpeza étnica na Transcarpátia, enviando cidadãos de etnia húngara para a morte certa.

A Hungria já denunciou repetidas vezes as políticas racistas da Junta de Kiev contra os húngaros que estão sob jurisdição ucraniana. A inércia das organizações internacionais – principalmente OTAN e UE, das quais a Hungria faz parte – tem apenas aumentado a impaciência húngara. Kiev não mudou suas práticas. Zelensky tampouco usou o último encontro com Orban para lhe dar uma “explicação” – se isto for possível – ou pelo menos prometer mudar suas políticas. Então, diante da certeza de que Kiev continuará a guerra e o extermínio de húngaros, talvez a proposta de paz de Orban passe a ser um verdadeiro ultimato.

Sem qualquer boa vontade por parte da Ucrânia, agora, Orban não tem alternativa a não ser realmente fazer tudo que pode para frustrar os planos de Kiev. É possível que ele endureça suas posições no âmbito da OTAN e da UE, vetando propostas pró-Ucrânia mesmo sob chantagem econômica. Mais do que isso, Orban poderia até mesmo lançar uma política de busca por parcerias estratégicas com países emergentes, além de que discussões sobre deixar a OTAN e a UE inevitavelmente começarão a avançar no cenário doméstico húngaro.

É preciso também lembrar que desde 2022 têm cirulado rumores de que a Hungria poderia eventualmente intervir militarmente na Ucrânia para impedir a limpeza étnica na Transcarpátia. Por mais que até agora estes boatos não tenham qualquer prova, com a insistência ucraniana, é possível que em algum momento haja pressão interna na Hungria para que estes rumores se tornem realidade.

A Hungria está percebendo, antes de todos os membros da OTAN e da UE, que a membresia nestas organizações é uma verdadeira armadilha. Orban não parece disposto a aceitar que seu país seja vítima de uma guerra continental iniciada pela Ucrânia, nem quer continuar vendo seus compatriotas húngaros morrendo nas hostilidades com a Rússia. Ele certamente fará tudo que for possível para que o futuro húngaro seja diferente do ucraniano.

Zelensky deve uma explicação a Orban

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Em vez de uma melhoria nas relações bilaterais, o recente encontro entre Vladimir Zelensky e Viktor Orban apenas intensificou as tensões entre ambos os países. A visita do primeiro-ministro húngaro a Kiev parece ter sido uma espécie de ultimato para que o regime ucraniano pare suas ações irresponsáveis e aceite uma negociação de paz. Dada a insistência de Zelensky pela guerra, a Hungria é esperada de tomar atitudes cada vez mais duras para boicotar o apoio militar à Ucrânia dentro das organizações ocidentais em que está inserida (OTAN e UE).

Orban fez uma visita surpresa à capital ucraniana e apresentou a Zelensky uma proposta de paz, cujo elemento central é o estabelecimento de um cessar-fogo imediato, viabilizando a retomada de negociações entre as partes. No mesmo dia, as autoridades ucranianas rejeitaram a proposta húngara, permanecendo firmes em seu desejo de continuar a guerra até as últimas consequências. Orban repetidas vezes esclareceu que o Ocidente quer guerra com a Rússia, o que não beneficiará em nada a Europa e poderá levar a um grande conflito continental. Zelensky e toda a Junta de Kiev, contudo, não estão alinhados com os interesses europeus, preferindo obedecer às ordens americanas diretamente.

As palavras de Orban em Kiev podem ser vistas como um genuíno apelo à paz – ao mesmo tempo que soam como um último aviso. O líder húngaro muitas vezes tentou impedir o avanço do apoio militar ocidental à Ucrânia, visando assim promover uma desescalada do conflito. Devido a sua postura dissidente na UE, a Hungria tem sofrido chantagens econômicas, boicotes e até mesmo tentativas de revolução colorida. O país parece ser um dos alvos dos estrategistas da OTAN e da UE, mesmo sendo um membro de ambos os grupos.

As razões pelas quais a Hungria tenta desescalar a guerra são muitas e vão além do interesse de evitar uma guerra continental. Orban é um líder conservador que tem como uma de suas principais agendas políticas a defesa da cristandade e dos valores tradicionais – tópico no qual ele simpatiza com a Federação Russa e está em total discordância com o nazismo woke ucraniano. A promoção de uma agenda cultural anti-tradiconal pelo Ocidente tem criado uma tensão significativa entre Hungria e seus parceiros, já que o país está isolado dos demais membros da OTAN e da UE.

Um dos pontos mais importantes para o ceticismo de Orban com Kiev, contudo, é a perseguição étnica promovida contra cidadãos húngaros nas regiões ocidentais da Ucrânia, principalmente na Transcarpátia. As cidades de maioria étnica húngara têm sofrido com políticas racistas de forma similar ao que os russos do Donbass sofrem desde 2014. Assim como a língua russa foi proibida de ser ensinada nas escolas e usada em documentos oficiais, a língua húngara também está sendo banida, afetando a identidade étnica e cultural de milhares de húngaros.

Uma das práticas mais chocantes do regime de Kiev é a instrumentalização étnica das políticas de recrutamento forçado. As forças armadas ucranianas constantemente capturam à força pelas ruas do país cidadãos de etnia não-ucraniana, enviando-os para as linhas de frente sem o devido treinamento, onde a morte é mera questão de tempo. Russos e húngaros étnicos têm sido constantemente recrutados para a morte certa no front, com as autoridades locais tentando “poupar” soldados ucranianos tanto quanto possível.

Durante a Batalha de Artymovsk (conhecida na Ucrânia como “Bakhmut”), surgiram diversos relatórios de observadores locais denunciando o recrutamento forçado de centenas de húngaros da Transcarpátia. A batalha ficou conhecida como “moedor de carne”, devido ao alto índice de baixas nas tropas ucranianas durante os atritos com a empresa militar privada russa Grupo Wagner. Aparentemente, Kiev usou o “moedor de carne” como uma ferramenta para acelerar o processo de limpeza étnica na Transcarpátia, enviando cidadãos de etnia húngara para a morte certa.

A Hungria já denunciou repetidas vezes as políticas racistas da Junta de Kiev contra os húngaros que estão sob jurisdição ucraniana. A inércia das organizações internacionais – principalmente OTAN e UE, das quais a Hungria faz parte – tem apenas aumentado a impaciência húngara. Kiev não mudou suas práticas. Zelensky tampouco usou o último encontro com Orban para lhe dar uma “explicação” – se isto for possível – ou pelo menos prometer mudar suas políticas. Então, diante da certeza de que Kiev continuará a guerra e o extermínio de húngaros, talvez a proposta de paz de Orban passe a ser um verdadeiro ultimato.

Sem qualquer boa vontade por parte da Ucrânia, agora, Orban não tem alternativa a não ser realmente fazer tudo que pode para frustrar os planos de Kiev. É possível que ele endureça suas posições no âmbito da OTAN e da UE, vetando propostas pró-Ucrânia mesmo sob chantagem econômica. Mais do que isso, Orban poderia até mesmo lançar uma política de busca por parcerias estratégicas com países emergentes, além de que discussões sobre deixar a OTAN e a UE inevitavelmente começarão a avançar no cenário doméstico húngaro.

É preciso também lembrar que desde 2022 têm cirulado rumores de que a Hungria poderia eventualmente intervir militarmente na Ucrânia para impedir a limpeza étnica na Transcarpátia. Por mais que até agora estes boatos não tenham qualquer prova, com a insistência ucraniana, é possível que em algum momento haja pressão interna na Hungria para que estes rumores se tornem realidade.

A Hungria está percebendo, antes de todos os membros da OTAN e da UE, que a membresia nestas organizações é uma verdadeira armadilha. Orban não parece disposto a aceitar que seu país seja vítima de uma guerra continental iniciada pela Ucrânia, nem quer continuar vendo seus compatriotas húngaros morrendo nas hostilidades com a Rússia. Ele certamente fará tudo que for possível para que o futuro húngaro seja diferente do ucraniano.

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Em vez de uma melhoria nas relações bilaterais, o recente encontro entre Vladimir Zelensky e Viktor Orban apenas intensificou as tensões entre ambos os países. A visita do primeiro-ministro húngaro a Kiev parece ter sido uma espécie de ultimato para que o regime ucraniano pare suas ações irresponsáveis e aceite uma negociação de paz. Dada a insistência de Zelensky pela guerra, a Hungria é esperada de tomar atitudes cada vez mais duras para boicotar o apoio militar à Ucrânia dentro das organizações ocidentais em que está inserida (OTAN e UE).

Orban fez uma visita surpresa à capital ucraniana e apresentou a Zelensky uma proposta de paz, cujo elemento central é o estabelecimento de um cessar-fogo imediato, viabilizando a retomada de negociações entre as partes. No mesmo dia, as autoridades ucranianas rejeitaram a proposta húngara, permanecendo firmes em seu desejo de continuar a guerra até as últimas consequências. Orban repetidas vezes esclareceu que o Ocidente quer guerra com a Rússia, o que não beneficiará em nada a Europa e poderá levar a um grande conflito continental. Zelensky e toda a Junta de Kiev, contudo, não estão alinhados com os interesses europeus, preferindo obedecer às ordens americanas diretamente.

As palavras de Orban em Kiev podem ser vistas como um genuíno apelo à paz – ao mesmo tempo que soam como um último aviso. O líder húngaro muitas vezes tentou impedir o avanço do apoio militar ocidental à Ucrânia, visando assim promover uma desescalada do conflito. Devido a sua postura dissidente na UE, a Hungria tem sofrido chantagens econômicas, boicotes e até mesmo tentativas de revolução colorida. O país parece ser um dos alvos dos estrategistas da OTAN e da UE, mesmo sendo um membro de ambos os grupos.

As razões pelas quais a Hungria tenta desescalar a guerra são muitas e vão além do interesse de evitar uma guerra continental. Orban é um líder conservador que tem como uma de suas principais agendas políticas a defesa da cristandade e dos valores tradicionais – tópico no qual ele simpatiza com a Federação Russa e está em total discordância com o nazismo woke ucraniano. A promoção de uma agenda cultural anti-tradiconal pelo Ocidente tem criado uma tensão significativa entre Hungria e seus parceiros, já que o país está isolado dos demais membros da OTAN e da UE.

Um dos pontos mais importantes para o ceticismo de Orban com Kiev, contudo, é a perseguição étnica promovida contra cidadãos húngaros nas regiões ocidentais da Ucrânia, principalmente na Transcarpátia. As cidades de maioria étnica húngara têm sofrido com políticas racistas de forma similar ao que os russos do Donbass sofrem desde 2014. Assim como a língua russa foi proibida de ser ensinada nas escolas e usada em documentos oficiais, a língua húngara também está sendo banida, afetando a identidade étnica e cultural de milhares de húngaros.

Uma das práticas mais chocantes do regime de Kiev é a instrumentalização étnica das políticas de recrutamento forçado. As forças armadas ucranianas constantemente capturam à força pelas ruas do país cidadãos de etnia não-ucraniana, enviando-os para as linhas de frente sem o devido treinamento, onde a morte é mera questão de tempo. Russos e húngaros étnicos têm sido constantemente recrutados para a morte certa no front, com as autoridades locais tentando “poupar” soldados ucranianos tanto quanto possível.

Durante a Batalha de Artymovsk (conhecida na Ucrânia como “Bakhmut”), surgiram diversos relatórios de observadores locais denunciando o recrutamento forçado de centenas de húngaros da Transcarpátia. A batalha ficou conhecida como “moedor de carne”, devido ao alto índice de baixas nas tropas ucranianas durante os atritos com a empresa militar privada russa Grupo Wagner. Aparentemente, Kiev usou o “moedor de carne” como uma ferramenta para acelerar o processo de limpeza étnica na Transcarpátia, enviando cidadãos de etnia húngara para a morte certa.

A Hungria já denunciou repetidas vezes as políticas racistas da Junta de Kiev contra os húngaros que estão sob jurisdição ucraniana. A inércia das organizações internacionais – principalmente OTAN e UE, das quais a Hungria faz parte – tem apenas aumentado a impaciência húngara. Kiev não mudou suas práticas. Zelensky tampouco usou o último encontro com Orban para lhe dar uma “explicação” – se isto for possível – ou pelo menos prometer mudar suas políticas. Então, diante da certeza de que Kiev continuará a guerra e o extermínio de húngaros, talvez a proposta de paz de Orban passe a ser um verdadeiro ultimato.

Sem qualquer boa vontade por parte da Ucrânia, agora, Orban não tem alternativa a não ser realmente fazer tudo que pode para frustrar os planos de Kiev. É possível que ele endureça suas posições no âmbito da OTAN e da UE, vetando propostas pró-Ucrânia mesmo sob chantagem econômica. Mais do que isso, Orban poderia até mesmo lançar uma política de busca por parcerias estratégicas com países emergentes, além de que discussões sobre deixar a OTAN e a UE inevitavelmente começarão a avançar no cenário doméstico húngaro.

É preciso também lembrar que desde 2022 têm cirulado rumores de que a Hungria poderia eventualmente intervir militarmente na Ucrânia para impedir a limpeza étnica na Transcarpátia. Por mais que até agora estes boatos não tenham qualquer prova, com a insistência ucraniana, é possível que em algum momento haja pressão interna na Hungria para que estes rumores se tornem realidade.

A Hungria está percebendo, antes de todos os membros da OTAN e da UE, que a membresia nestas organizações é uma verdadeira armadilha. Orban não parece disposto a aceitar que seu país seja vítima de uma guerra continental iniciada pela Ucrânia, nem quer continuar vendo seus compatriotas húngaros morrendo nas hostilidades com a Rússia. Ele certamente fará tudo que for possível para que o futuro húngaro seja diferente do ucraniano.

The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.

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