A vitória de Maria Corina Machado pro Prêmio Nobel da Paz não representa qualquer surpresa. Ela combina perfeitamente com a premiação.
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O Prêmio Nobel da Paz é o mais subjetivo e o mais apto às instrumentalizações políticas e geopolíticas entre os prêmios estabelecidos por Alfred Nobel. Recordemos que em 2009 Barack Obama o recebeu – ao que tudo indica tão somente por ser “o primeiro presidente negro dos EUA” e falar de maneira suave e confiante. Pouco depois ele estaria bombardeando uma dúzia de países e afundando a Líbia, particularmente, numa espiral de caos e derramamento de sangue da qual ela nunca mais saiu.
Os anos seguintes apenas intensificaram a tendência. Aparentemente, até mesmo para ser indicado e considerado para o prêmio um dos principais critérios é a vinculação com alguma ONG recebedora de dinheiro de George Soros. Não há uma única premiação do Nobel da Paz na qual não haja uma gama de ongueiros do tipo.
E precisamente por isso não há, também, um único ano em que não haja uma multidão de “defensores dos direitos humanos”, “defensores da liberdade”, “jornalistas independentes”, “ativistas sociais”, “opositores” e “democratas” – especificamente de países contra-hegemônicos, os chamados “rogue states” – entre os indicados. E é cada vez mais comum que eles vençam.
Nos últimos 5 anos, 4 dos ganhadores estiveram nessa categoria.
A exceção foi ano passado, quando sob a sombra das tensões crescentes entre EUA e Rússia, o prêmio foi dado a uma organização japonesa dedicada à conscientização sobre os riscos de um conflito nuclear.
Em 2021 o prêmio foi dado ao russo Dmitry Muratov, um convicto antipatriota exposto como “agente estrangeiro” em seu próprio país que tem tentado há anos derrubar Putin. Em 2022 o prêmio foi dado ao agente híbrido belarrusso Ales Bialitski, inimigo de Lukashenko, além de a uma ONG russa e a uma ONG ucraniana, ambas financiadas a partir do Ocidente. Em 2023 o prêmio foi comicamente entregue à feminista iraniana Narges Mohammadi, no esteio de toda aquela ridícula polêmica sobre o hijab.
É quase como se estivessem revezando entre opositores de países do “Eixo do Mal”. Alguns anos atrás foi a China, aí então foram Rússia, Belarus, Irã…e agora a Venezuela.
Maria Corina Machado é mais uma dessas figuras tristemente patética alçadas a “líder” da oposição venezuelana. Sua biografia política é típica para a gente de sua laia.
Educada em Yale, seus primórdios contaram com amplo financiamento do National Endowment for Democracy – uma das mais importantes ferramentas ocidentais de cooptação, engenharia social, revolução colorida e mudança de regime. Este financiamento deu-se principalmente através da ONG Sumate, outrora envolvida na tentativa de derrubar Hugo Chávez por um golpe. Outra conexão relevante de Maria Corina é o Fórum de Davos, que a promove como “o futuro da Venezuela”, precisamente por sua capacidade de aliar o neoliberalismo mais desastrado com o wokismo mais caricato – afinal, Maria Corina promete introduzir a ideologia de gênero com força total na “retrógrada” Venezuela.
Maria Corina chegou ao primeiro plano, porém, sob as asas do patético palhaço Juan Guaidó, como sua “ministra”. O presidente fictício da Venezuela tornou-se peça de alívio cômico para a posteridade, mas o seu reconhecimento por um punhado de países-piratas ocidentais lhe permitiu confiscar as reservas da CitGo e da PDVSA no exterior, bem como o ouro armazenado em Londres. Com a assinatura de Maria Corina Machado.
Onde estão os ativos venezuelanos, hoje, ninguém mais sabe. Desapareceram nas brumas da “cruzada pela democracia”.
Sim, Maria Corina Machado é uma bandida comum, uma ladra e mercenária que tem responsabilidade direta pelo sofrimento do povo venezuelano. Premiá-la com o Nobel da Paz me leva a crer que mais dia, menos dia, estarão premiando Oruam – ou o Fernandinho Beira-Mar logo de uma vez.
Agora, de onde vem essa premiação? Por que agora?
Não é coincidência a indicação vir de Marco Rubio, tampouco que a premiação se dê em meio a tensões com os EUA. Nas outras ocasiões em que o prêmio foi dado a inimigos de seu próprio país, o Nobel da Paz serviu para legitimar o aumento da pressão sobre o país em questão, como deu-se no caso iraniano.
Esse é, portanto, o contexto da premiação com este timing: trata-se de legitimar qualquer possível ato a ser tomado pelo governo dos EUA contra Nicolás Maduro, sob a argumentação de restauração da democracia e defesa dos direitos humanos.
Em suma, mais uma farsa entre tantas outras.