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September 6, 2025
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Como é que o Conselho Europeu permite que a Comissão assume o poder e, dentro dele, a sua Presidente assume um poder absoluto?

Diogo Pacheco de Amorim

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A Senhora von der Leyen controla, com poder pessoal e absoluto, a partir de Bruxelas, os 27 países da União Europeia. Três exemplos:

1. O Orçamento da UE dentro do quadro plurianual 2028-2034. Estamos a falar de 2.000 biliões de euros o que dá cerca de 333,3 biliões por ano, verba esta superior à do orçamento anual do Estado francês. É uma proposta da Comissão para durante dois anos ser discutida a nível dos Estados-Membros. Da Comissão e não da Presidente da Comissão. Como decorreu o processo de proposta do orçamento plurianual da UE? Tanto quanto julgo saber, da seguinte forma: Foi preparado no mais apertado sigilo apenas entre Ursula e duas pessoas da sua estrita confiança: o seu chefe de gabinete e a diretora geral do orçamento. Num domingo, os comissários receberam as grandes linhas. Na terça-feira receberam o orçamento e no dia seguinte, quarta-feira, aprovaram-no. Ou seja, viram-se obrigados a assinar de cruz um documento da máxima relevância. Ursula pode, quer e manda.

2. Muito se tem falado sobre a capitulação de von der Leyen frente a Trump. Uma capitulação que envolveu os 27 países da União. Como foi preparada a reunião? Tanto quanto também julgo saber, da seguinte forma: no dia 28 de junho reuniu o Conselho Europeu. Nessa mesma manhã Ursula recebe uma proposta do Presidente Trump da qual não deu conhecimento ao Conselho alegando, mais tarde, não ter tido tempo de a analisar.

3. O negócio com a Pfizer: um contrato que terá sido de 35 mil milhões. Tratado pessoalmente entre Ursula e o dono da Pfizer. Cujo teor completo ela se recusa a revelar. Tal como se recusa a revelar as mensagens de WA trocadas entre ela e o referido Presidente

Chegámos aqui por um lento deslizamento. Tratados assinados nas costas dos povos, caso dos dois essenciais, Maastricht e Lisboa, particularmente este último. Chegámos aqui porque os partidos tradicionais dos países da UE não passam, hoje, de delegações locais, sem qualquer autonomia estratégica, dos partidos que operam a partir de Bruxelas e que de há dezenas de anos a esta parte governam coligados o Berlaymont: EPP, S&D, RE e verdes. Quase todos os primeiros-ministros da União pertencem a um desses partidos, particularmente aos dois primeiros. E assim se entende a razão pela qual o Conselho Europeu se deixa subalternizar pela Comissão. E assim se entende como se criou esta casta europeia que sente fugir o chão debaixo dos pés porque os povos dos vários países já perceberam que só se libertam desta tirania quando as delegações locais daqueles partidos desaparecerem do mapa político. Mas estes estão a resistir. De forma pouco democrática. Já aqui abordei, há tempos, a forma que está a assumir essa resistência. Um misto de lawfare centrado num conceito mais do que impreciso qual é o do ‘discurso de ódio’ de censura ao abrigo de outro conceito que pode ser tudo e o seu contrário, qual é o de ‘desinformação’ e, finalmente, usar o gigantesco orçamento da EU para influenciar as políticas ‘amigas’. Iremos desenvolver isto.

Vice-presidente da Assembleia da República

Publicado originalmente por: Sol

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O poder absoluto da Senhora von der Leyen

Como é que o Conselho Europeu permite que a Comissão assume o poder e, dentro dele, a sua Presidente assume um poder absoluto?

Diogo Pacheco de Amorim

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A Senhora von der Leyen controla, com poder pessoal e absoluto, a partir de Bruxelas, os 27 países da União Europeia. Três exemplos:

1. O Orçamento da UE dentro do quadro plurianual 2028-2034. Estamos a falar de 2.000 biliões de euros o que dá cerca de 333,3 biliões por ano, verba esta superior à do orçamento anual do Estado francês. É uma proposta da Comissão para durante dois anos ser discutida a nível dos Estados-Membros. Da Comissão e não da Presidente da Comissão. Como decorreu o processo de proposta do orçamento plurianual da UE? Tanto quanto julgo saber, da seguinte forma: Foi preparado no mais apertado sigilo apenas entre Ursula e duas pessoas da sua estrita confiança: o seu chefe de gabinete e a diretora geral do orçamento. Num domingo, os comissários receberam as grandes linhas. Na terça-feira receberam o orçamento e no dia seguinte, quarta-feira, aprovaram-no. Ou seja, viram-se obrigados a assinar de cruz um documento da máxima relevância. Ursula pode, quer e manda.

2. Muito se tem falado sobre a capitulação de von der Leyen frente a Trump. Uma capitulação que envolveu os 27 países da União. Como foi preparada a reunião? Tanto quanto também julgo saber, da seguinte forma: no dia 28 de junho reuniu o Conselho Europeu. Nessa mesma manhã Ursula recebe uma proposta do Presidente Trump da qual não deu conhecimento ao Conselho alegando, mais tarde, não ter tido tempo de a analisar.

3. O negócio com a Pfizer: um contrato que terá sido de 35 mil milhões. Tratado pessoalmente entre Ursula e o dono da Pfizer. Cujo teor completo ela se recusa a revelar. Tal como se recusa a revelar as mensagens de WA trocadas entre ela e o referido Presidente

Chegámos aqui por um lento deslizamento. Tratados assinados nas costas dos povos, caso dos dois essenciais, Maastricht e Lisboa, particularmente este último. Chegámos aqui porque os partidos tradicionais dos países da UE não passam, hoje, de delegações locais, sem qualquer autonomia estratégica, dos partidos que operam a partir de Bruxelas e que de há dezenas de anos a esta parte governam coligados o Berlaymont: EPP, S&D, RE e verdes. Quase todos os primeiros-ministros da União pertencem a um desses partidos, particularmente aos dois primeiros. E assim se entende a razão pela qual o Conselho Europeu se deixa subalternizar pela Comissão. E assim se entende como se criou esta casta europeia que sente fugir o chão debaixo dos pés porque os povos dos vários países já perceberam que só se libertam desta tirania quando as delegações locais daqueles partidos desaparecerem do mapa político. Mas estes estão a resistir. De forma pouco democrática. Já aqui abordei, há tempos, a forma que está a assumir essa resistência. Um misto de lawfare centrado num conceito mais do que impreciso qual é o do ‘discurso de ódio’ de censura ao abrigo de outro conceito que pode ser tudo e o seu contrário, qual é o de ‘desinformação’ e, finalmente, usar o gigantesco orçamento da EU para influenciar as políticas ‘amigas’. Iremos desenvolver isto.

Vice-presidente da Assembleia da República

Publicado originalmente por: Sol